A governadora do Ceará, Izolda Cela, cotada para ser ministra da Educação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ovacionada por uma plateia de educadores e gestores em encontro anual da Fundação Lemann nesta sexta-feira, 2. “Ministra”, gritou o público ao ouvir o nome de Izolda, que participou de uma mesa intitulada “Construindo o Brasil com a potência da nossa gente”.
O diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, ao apresentar Izolda, disse que “o Ceará é a Cingapura brasileira”. Ele fazia referência à palestra anterior no mesmo evento em que o ministro da Educação de Cingapura, Vivian Balakrishnan, falou dos investimentos na área, que levaram o país nos últimos anos a ser um dos grandes exemplos de políticas públicas educacionais do mundo. O Ceará também é reconhecido como referência no Brasil, especialmente na área de alfabetização, após décadas de políticas de priorização da aprendizagem dos alunos.
O nome de Izolda é defendido amplamente por especialistas, em especial os que fazem parte de organizações da sociedade civil que apoiam a educação, como a Lemann. Seu nome foi um dos primeiros a surgir para Educação e continua forte entre os integrantes da grupo da transição, segundo o Estadão apurou.
“Precisamos ser capazes de sentir que, no nosso país, a educação está sendo colocada no status de prioridade”, afirmou Izolda no evento. Ela disse que espera que o governo federal, na área da educação, “se apresente para um diálogo verdadeiro com os Estados e municípios, para mediação e coordenação de políticas, puxar uma liderança, uma palavra de compromisso”. Ao comentar a palestra do ministro de Cingapura, ela disse ter uma “inveja” de o país ter todos os setores do governo, inclusive o da economia, defendendo o maior investimento na educação.
Um dos exemplos que ela deu sobre essa coordenação do governo federal na educação foi o incentivo à Base Nacional Comum Curricular. Ela ainda complementou, dizendo que a União precisa “ajudar e não atrapalhar” Estados e municípios. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), governadores e prefeitos reclamaram da omissão e falta de política educacional do MEC, e de não terem recebido ajuda durante a pandemia para as escolas, por exemplo.
Izolda nunca foi filiada ao PT e deixou o PDT após racha este ano dos dois partidos, que foram aliados por décadas no Ceará. Nascida em Sobral, a psicóloga e mestre em gestão esteve entre 2001 e 2006 na secretaria da cidade, que então passou a ser considerada o maior exemplo de política educacional de sucesso no Brasil. Depois, levou as experiências com alfabetização de crianças para todo o Ceará, quando se tornou secretária estadual em 2007. O governo, na época do PDT, passou a dar incentivos materiais e financeiros para que municípios melhorassem a aprendizagem dos alunos.
A política foi continuada por Camilo Santana, eleito governador pelo PT em 2014, quando ela assumiu a cadeira de vice. O Ceará tem há anos alguns dos melhores resultados em educação pública do País, no ensino fundamental e médio. Izolda se tornou governadora quando Camilo resolveu se candidatar a senador este ano; ele foi eleito no dia 2.
A plateia do evento “O Brasil com a potência da nossa gente” é formada por membros da academia, educadores que trabalham escolas, organismos internacionais, setor privado, setor público e terceiro setor.