O tsunami da crise econômica que arrasa diversos setores econômicos na pandemia não é uniforme. Enquanto determinados segmentos são deixados em situação de terra arrasada, outros são levemente afetados.
Em pelo menos partes de um setor, o tal tsunami passou longe: o de tecnologia. Em 2020, as contratações na área explodiram. Dados da GeekHunter, empresa de recrutamento de profissionais de tecnologia, mostram que o número de vagas abertas na área cresceu 310% no Brasil durante o ano passado. Em São Paulo, os dados de aquecimento são ainda mais surpreendentes: um aumento de até 671% na abertura de oportunidades de trabalho em tecnologia, conforme a plataforma de recrutamento e seleção Catho.
Cientistas de dados, programadores, profissionais de automação industrial e desenvolvedores, entre outros da área, foram o sonho de consumo de diversas áreas de recursos humanos pelo País. Um dos efeitos diretos dessa procura por profissionais foi sentida nas instituições de ensino superior: alunos também passaram a ser cobiçados pelas empresas.
“Vimos alunos do curso de análise e desenvolvimento de sistemas sendo contratados já nos primeiros semestres”, comenta André Braun, diretor do Departamento Acadêmico Pedagógico do Centro Paula Souza. “Já havíamos identificado a tendência de crescimento pelo próprio contato com o setor produtivo e o mercado de trabalho. Sem dúvida é uma área com alta demanda no País.”
Tal aquecimento do setor tecnológico provoca também um aumento na procura por cursos superiores de tecnologia. O processo seletivo do segundo semestre de 2020 das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado de São Paulo, geridas pelo Centro Paula Souza, contou com 96.109 inscritos, um crescimento de 53% em relação aos 62.598 inscritos de 2019.
Dessa forma, a edição do segundo semestre de 2021 dos processos seletivos da entidade terá uma ampliação no número de vagas. Serão 18.160, distribuídas entre 84 cursos superiores de tecnologia. Em 2020, foram oferecidas 15.800 vagas para o mesmo período de inscrições.
A perspectiva é de que o interesse cresça ainda mais nos próximos anos. A partir de 2022, todos os estudantes do ensino médio terão acesso aos itinerários de formação – são cinco eixos formativos, sendo um deles a formação técnica e profissional. O projeto-piloto realizado na rede estadual de São Paulo trouxe alguns apontamentos, como a predileção pelo itinerário profissionalizante. Por isso, a projeção da secretaria é oferecer a opção em pelo menos 30% das escolas – hoje chega a 10% da rede. É um público que, ao terminar a educação básica, tende a buscar cursos superiores de tecnologia. “Em países da Europa e nos Estados Unidos, a educação profissionalizante dos jovens anda em paralelo com a científica, dos cursos superiores e de pós-graduação. Essa tendência pode se repetir aqui, como uma trilha de formação profissional que estimula a continuidade dos alunos”, diz Braun.
A pandemia impulsiona o interesse: com o isolamento social, a necessidade de adaptar os mais variados serviços para o modo remoto exigiu o trabalho dos especialistas em tecnologia. O ambiente digital não é apenas o campo de trabalho desses profissionais, é o meio em que se sentem mais à vontade para se aprimorar. Isso representou uma vantagem para os cursos superiores de tecnologia, mais facilmente adaptados ao formato remoto. “Tanto alunos, professores e profissionais do ramo já têm a cultura de trabalhar remotamente como executivos da área de análise e desenvolvimento de sistemas trabalham em casa, programando para empresas como a IBM”, conclui Braun.
Uso de novos recursos favorece empreendedorismo
O boom da tecnologia é propício ao empreendedorismo. Inspiração não falta, pois é justamente na área que se vê uma profusão de startups que mesclam a criatividade com tecnologia para solucionar problemas do dia a dia das pessoas ou empresas. Fintechs, edutechs, healthecs são termos que descrevem empresas do segmento, que atraiu R$ 19,7 bilhões de investidores em 2020.
No Senac, o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) envolve estudantes, docentes e empresas parceiras. Na lista de projetos estão aplicativos, sistemas, sites e games – atividades que abrangem automação de tarefas e processamento de dados, além de ferramentas para celulares, computadores e apetrechos vestíveis, como os smartwatches.
Apesar de ações com eixo em tecnologia, o CIT tem um caráter multidisciplinar e as propostas são organizadas em grupos de alunos dos mais diferentes cursos e semestres. “Mesclamos alunos iniciantes com veteranos, para estimular o aprendizado em conjunto. Quanto à interdisciplinaridade, temos exemplos como um projeto de gastronomia que reuniu estudantes de tecnologia, design e gastronomia”, diz Leandro Mastropasqua, coordenador de Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Senac Santo Amaro.
Serviço
Nome: SenacCurso: Análise e Desenvolvimento de SistemasPeríodo de inscrições: Até 16/8Site: sp.senac.br/vestibularNome: Fatec IpirangaCurso: Análise e Desenvolvimento de SistemasPeríodo de inscrições: Até 7/6Site: vestibularfatec.com.br