De olho nos rankings, universidades paulistas criam ‘núcleos de inteligência’


Comissões fazem ponte com agências responsáveis pelas principais avaliações internacionais e dão dicas práticas a pesquisadores para melhorar visibilidade de publicações

Por Julia Marques
Radar. USP criou órgão de desempenho acadêmico em junho Foto: RAFAEL ARBEX / ESTADÃO

De olho nos rankings internacionais, as universidades estaduais paulistas criam “núcleos de inteligência” para monitorar a própria performance acadêmica. São escritórios ou comissões que fazem a ponte com as agências responsáveis pelas principais avaliações e dão dicas práticas a pesquisadores sobre como melhorar a visibilidade das publicações científicas. Juntas, as universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) participam também de um projeto para criar as próprias medidas de desempenho. 

Ligados a publicações ou consultorias estrangeiras, os principais rankings foram criados na década passada. Só recentemente começaram a ganhar atenção no País, depois que a USP apareceu pela primeira vez, há oito anos, em um deles. Hoje, as três estaduais têm boas posições ante as demais da América Latina, mas ainda estão bem longe do topo, ocupado pelas elites britânica (como Oxford) e americana (Stanford, por exemplo), e perdem para colegas emergentes (como a Universidade de Pequim).

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A persistência da crise econômica já tem afetado o ensino superior do País, como alertou a revista Times Higher Education, que faz um dos principais rankings. USP e Unicamp caíram em edições recentes. 

Em junho, a USP criou o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico, que “assumiu o papel de interlocutor institucional da USP com todos os rankings acadêmicos internacionais aos quais a universidade se encontra afiliada”, segundo o professor Aluisio Segurado, coordenador do órgão. O escritório, afirma ele, não está voltado para melhorar o ranqueamento da USP. “(A meta) é prover os sistemas de avaliação de informações acuradas relativas às suas atividades.”

Na Unesp, uma comissão de rankings, criada no ano passado, já estabelece rotinas de coleta de dados. São dadas até dicas práticas a professores e pesquisadores sobre como usar melhor as palavras-chave nas publicações científicas e identificar em inglês a universidade para facilitar a localização dos dados sobre pesquisas acadêmicas. 

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“Esses rankings constituem um fato do qual não podemos nos esquivar, pois atingem uma realidade de abrangência mundial”, informa a Unesp. Na Unicamp, o monitoramento é feito pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário. Segundo a pró-reitora Marisa Beppu, o órgão acompanha os principais rankings internacionais, como o britânico Quacquarelli Symonds (QS) e o chinês Academic Ranking of World Universities. 

Impacto social

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Esses “núcleos de inteligência” não são invenção brasileira – há modelos iguais de acompanhamento pelo mundo. “A Universidade da Califórnia (instituição dos EUA que agrupa várias universidades semiautônomas) tem um exemplo de unidade de inteligência que catalisa todos esses dados”, explica o ex-reitor da USP Jacques Marcovitch. 

Ele coordena um projeto de pesquisa que reúne USP, Unesp e Unicamp em debates sobre indicadores de desempenho. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), termina em 2019. A ideia é que as três tenham seus “núcleos de inteligência” estruturados, com coleta e publicação de dados em tempo real. “O que se espera é desenvolver competências humanas e tecnológicas para lidar com o desafio das métricas, que é dinâmico”, diz Marcovitch. 

Também há a previsão de que as universidades desenhem os próprios indicadores de desempenho – que podem ser comparáveis – com aspectos que os rankings não mostram. “Um indicador considerado interessante é o impacto dos câmpus nas cidades”, diz José Goldemberg, presidente da Fapesp. 

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“Temos o maior e único hospital de alta complexidade de uma região de 6 milhões de habitantes (Hospital de Clínicas da Unicamp). Investimos 20% de nosso orçamento na área de saúde e isso não aparece em nenhum ranking”, afirma Marcelo Knobel, reitor da Unicamp. Para Solange Santos, coordenadora de produção e publicação da biblioteca eletrônica SciELO, as classificações têm lacunas e há o risco de comparar instituições muito diferentes. “Mas, se têm algum benefício, seria o de botar as universidades para arrumar a casa e olhar para seu próprio desempenho.”

2 PERGUNTAS PARA...

Phil Baty, diretor editorial de rankings globais da THE

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1. Em geral, as universidades estão preocupadas com os rankings? Em muitos países, como Rússia e Índia, governos implementaram políticas para garantir que suas universidades sejam mais competitivas, usando indicadores de desempenho do ranking THE.

2. Instituições brasileiras dizem que rankings não consideram o impacto social. O que pensa disso? Nenhuma classificação global fornece dados abrangentes sobre impacto social. Estamos prestes a anunciar planos para capturar dados sobre a contribuição das universidades para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Radar. USP criou órgão de desempenho acadêmico em junho Foto: RAFAEL ARBEX / ESTADÃO

De olho nos rankings internacionais, as universidades estaduais paulistas criam “núcleos de inteligência” para monitorar a própria performance acadêmica. São escritórios ou comissões que fazem a ponte com as agências responsáveis pelas principais avaliações e dão dicas práticas a pesquisadores sobre como melhorar a visibilidade das publicações científicas. Juntas, as universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) participam também de um projeto para criar as próprias medidas de desempenho. 

Ligados a publicações ou consultorias estrangeiras, os principais rankings foram criados na década passada. Só recentemente começaram a ganhar atenção no País, depois que a USP apareceu pela primeira vez, há oito anos, em um deles. Hoje, as três estaduais têm boas posições ante as demais da América Latina, mas ainda estão bem longe do topo, ocupado pelas elites britânica (como Oxford) e americana (Stanford, por exemplo), e perdem para colegas emergentes (como a Universidade de Pequim).

A persistência da crise econômica já tem afetado o ensino superior do País, como alertou a revista Times Higher Education, que faz um dos principais rankings. USP e Unicamp caíram em edições recentes. 

Em junho, a USP criou o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico, que “assumiu o papel de interlocutor institucional da USP com todos os rankings acadêmicos internacionais aos quais a universidade se encontra afiliada”, segundo o professor Aluisio Segurado, coordenador do órgão. O escritório, afirma ele, não está voltado para melhorar o ranqueamento da USP. “(A meta) é prover os sistemas de avaliação de informações acuradas relativas às suas atividades.”

Na Unesp, uma comissão de rankings, criada no ano passado, já estabelece rotinas de coleta de dados. São dadas até dicas práticas a professores e pesquisadores sobre como usar melhor as palavras-chave nas publicações científicas e identificar em inglês a universidade para facilitar a localização dos dados sobre pesquisas acadêmicas. 

“Esses rankings constituem um fato do qual não podemos nos esquivar, pois atingem uma realidade de abrangência mundial”, informa a Unesp. Na Unicamp, o monitoramento é feito pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário. Segundo a pró-reitora Marisa Beppu, o órgão acompanha os principais rankings internacionais, como o britânico Quacquarelli Symonds (QS) e o chinês Academic Ranking of World Universities. 

Impacto social

Esses “núcleos de inteligência” não são invenção brasileira – há modelos iguais de acompanhamento pelo mundo. “A Universidade da Califórnia (instituição dos EUA que agrupa várias universidades semiautônomas) tem um exemplo de unidade de inteligência que catalisa todos esses dados”, explica o ex-reitor da USP Jacques Marcovitch. 

Ele coordena um projeto de pesquisa que reúne USP, Unesp e Unicamp em debates sobre indicadores de desempenho. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), termina em 2019. A ideia é que as três tenham seus “núcleos de inteligência” estruturados, com coleta e publicação de dados em tempo real. “O que se espera é desenvolver competências humanas e tecnológicas para lidar com o desafio das métricas, que é dinâmico”, diz Marcovitch. 

Também há a previsão de que as universidades desenhem os próprios indicadores de desempenho – que podem ser comparáveis – com aspectos que os rankings não mostram. “Um indicador considerado interessante é o impacto dos câmpus nas cidades”, diz José Goldemberg, presidente da Fapesp. 

“Temos o maior e único hospital de alta complexidade de uma região de 6 milhões de habitantes (Hospital de Clínicas da Unicamp). Investimos 20% de nosso orçamento na área de saúde e isso não aparece em nenhum ranking”, afirma Marcelo Knobel, reitor da Unicamp. Para Solange Santos, coordenadora de produção e publicação da biblioteca eletrônica SciELO, as classificações têm lacunas e há o risco de comparar instituições muito diferentes. “Mas, se têm algum benefício, seria o de botar as universidades para arrumar a casa e olhar para seu próprio desempenho.”

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Phil Baty, diretor editorial de rankings globais da THE

1. Em geral, as universidades estão preocupadas com os rankings? Em muitos países, como Rússia e Índia, governos implementaram políticas para garantir que suas universidades sejam mais competitivas, usando indicadores de desempenho do ranking THE.

2. Instituições brasileiras dizem que rankings não consideram o impacto social. O que pensa disso? Nenhuma classificação global fornece dados abrangentes sobre impacto social. Estamos prestes a anunciar planos para capturar dados sobre a contribuição das universidades para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Radar. USP criou órgão de desempenho acadêmico em junho Foto: RAFAEL ARBEX / ESTADÃO

De olho nos rankings internacionais, as universidades estaduais paulistas criam “núcleos de inteligência” para monitorar a própria performance acadêmica. São escritórios ou comissões que fazem a ponte com as agências responsáveis pelas principais avaliações e dão dicas práticas a pesquisadores sobre como melhorar a visibilidade das publicações científicas. Juntas, as universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) participam também de um projeto para criar as próprias medidas de desempenho. 

Ligados a publicações ou consultorias estrangeiras, os principais rankings foram criados na década passada. Só recentemente começaram a ganhar atenção no País, depois que a USP apareceu pela primeira vez, há oito anos, em um deles. Hoje, as três estaduais têm boas posições ante as demais da América Latina, mas ainda estão bem longe do topo, ocupado pelas elites britânica (como Oxford) e americana (Stanford, por exemplo), e perdem para colegas emergentes (como a Universidade de Pequim).

A persistência da crise econômica já tem afetado o ensino superior do País, como alertou a revista Times Higher Education, que faz um dos principais rankings. USP e Unicamp caíram em edições recentes. 

Em junho, a USP criou o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico, que “assumiu o papel de interlocutor institucional da USP com todos os rankings acadêmicos internacionais aos quais a universidade se encontra afiliada”, segundo o professor Aluisio Segurado, coordenador do órgão. O escritório, afirma ele, não está voltado para melhorar o ranqueamento da USP. “(A meta) é prover os sistemas de avaliação de informações acuradas relativas às suas atividades.”

Na Unesp, uma comissão de rankings, criada no ano passado, já estabelece rotinas de coleta de dados. São dadas até dicas práticas a professores e pesquisadores sobre como usar melhor as palavras-chave nas publicações científicas e identificar em inglês a universidade para facilitar a localização dos dados sobre pesquisas acadêmicas. 

“Esses rankings constituem um fato do qual não podemos nos esquivar, pois atingem uma realidade de abrangência mundial”, informa a Unesp. Na Unicamp, o monitoramento é feito pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário. Segundo a pró-reitora Marisa Beppu, o órgão acompanha os principais rankings internacionais, como o britânico Quacquarelli Symonds (QS) e o chinês Academic Ranking of World Universities. 

Impacto social

Esses “núcleos de inteligência” não são invenção brasileira – há modelos iguais de acompanhamento pelo mundo. “A Universidade da Califórnia (instituição dos EUA que agrupa várias universidades semiautônomas) tem um exemplo de unidade de inteligência que catalisa todos esses dados”, explica o ex-reitor da USP Jacques Marcovitch. 

Ele coordena um projeto de pesquisa que reúne USP, Unesp e Unicamp em debates sobre indicadores de desempenho. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), termina em 2019. A ideia é que as três tenham seus “núcleos de inteligência” estruturados, com coleta e publicação de dados em tempo real. “O que se espera é desenvolver competências humanas e tecnológicas para lidar com o desafio das métricas, que é dinâmico”, diz Marcovitch. 

Também há a previsão de que as universidades desenhem os próprios indicadores de desempenho – que podem ser comparáveis – com aspectos que os rankings não mostram. “Um indicador considerado interessante é o impacto dos câmpus nas cidades”, diz José Goldemberg, presidente da Fapesp. 

“Temos o maior e único hospital de alta complexidade de uma região de 6 milhões de habitantes (Hospital de Clínicas da Unicamp). Investimos 20% de nosso orçamento na área de saúde e isso não aparece em nenhum ranking”, afirma Marcelo Knobel, reitor da Unicamp. Para Solange Santos, coordenadora de produção e publicação da biblioteca eletrônica SciELO, as classificações têm lacunas e há o risco de comparar instituições muito diferentes. “Mas, se têm algum benefício, seria o de botar as universidades para arrumar a casa e olhar para seu próprio desempenho.”

2 PERGUNTAS PARA...

Phil Baty, diretor editorial de rankings globais da THE

1. Em geral, as universidades estão preocupadas com os rankings? Em muitos países, como Rússia e Índia, governos implementaram políticas para garantir que suas universidades sejam mais competitivas, usando indicadores de desempenho do ranking THE.

2. Instituições brasileiras dizem que rankings não consideram o impacto social. O que pensa disso? Nenhuma classificação global fornece dados abrangentes sobre impacto social. Estamos prestes a anunciar planos para capturar dados sobre a contribuição das universidades para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

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