Discussão sobre ESG precisa ganhar mais espaço nas graduações, dizem especialistas


Tema tem aparecido em cursos de pós-graduação desde 2020, mas ainda é pouco abordado nos currículos das graduações

Por Sofia Lungui

Na era do chamado “capitalismo de stakeholders”, em que as empresas buscam agregar valor a longo prazo e levar em conta as necessidades da sociedade como um todo, o ESG tem ganhado mais espaço. Essa sigla, que significa “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança), serve como mecanismo de fomento de boas práticas nas organizações e de zelo pela reputação institucional.

O debate começou a se fortalecer no País a partir de 2020. A busca pelo termo ESG triplicou no Brasil entre 2021 e 2022, conforme um levantamento do Google Trends. Mas de acordo com educadores, o ensino superior precisa abordar de forma mais frequente e aprofundada essa discussão.

Embora o mercado já esteja absorvendo essas práticas e demandando profissionais com esses conhecimentos, especialistas avaliam que os cursos de graduação brasileiros ainda precisam avançar muito para incluir o tema de forma mais transversal nos currículos. A visão ESG é uma competência muito importante para as lideranças, mas o ideal é que esse conteúdo esteja presente ao longo de toda a formação, trazendo um olhar mais sistêmico, e nos mais diversos campos de conhecimento.

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“Muitas vezes, os profissionais estão chegando nas empresas sem ter essa base, e buscam aprender depois para sanar esse gap. Vejo que alguns cursos de Administração já possuem matérias sobre questões ambientais, por exemplo. Mas não é suficiente, estamos numa fase muito embrionária. Os cursos de graduação de todas as áreas precisam rever as ementas das disciplinas como um todo, para que os alunos tenham a formação necessária em ESG”, afirma Julianna Spinelli, doutora em administração e professora de Educação Executiva da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Agenda ESG ainda não é amplamente abordado nas faculdades Foto: FIA Business School

A pós-graduação em ESG e Sustentabilidade da FGV é uma das mais procuradas do Brasil. Nos últimos anos, multiplicaram-se cursos de especialização e de pós-graduação sobre ESG, práticas sustentáveis, gestão ambiental, atração de investimentos verdes, impacto social de práticas corporativas e outros assuntos relacionados.

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Essa é uma tendência mundial. Diversos estudantes brasileiros têm buscado formação sobre o tema no exterior. De acordo com um estudo do Student Travel Bureau (STB), consultoria em educação internacional, o número de alunos brasileiros procurando um intercâmbio nessa área em 2022 registrou um aumento de 80% em relação ao ano de 2019.

A demanda no mercado de trabalho exige que, cada vez mais, os profissionais já cheguem com esses conhecimentos nas organizações. Para Sonia Consiglio, especialista em Sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas, o ideal seria termos diretrizes nacionais de educação e políticas públicas orientando a inclusão dos temas ESG nos currículos.

“Enquanto isso não acontece, precisamos formar professores mais conscientes e garantir que as instituições de ensino abordem a agenda ESG”. Segundo ela, as novas gerações já estão vindo com o “chip” da sustentabilidade. “Os jovens de hoje já têm consciência muito mais forte sobre esses temas do que as gerações anteriores. Os cursos de graduação que não endereçarem esse conteúdo serão questionados”, destaca.

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De acordo com Janine Fleith de Medeiros, uma das coordenadoras do Núcleo de Inovação e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já avançamos em alguns pontos. Ela observa que, atualmente, a preocupação com as questões sociais e de governança é maior, por conta da pressão da agenda ESG. Anos atrás, na Engenharia de Produção, por exemplo, o foco era somente em minimizar os impactos ambientais sem prejudicar a eficiência operacional das atividades.

“Hoje, os engenheiros se preocupam em ampliar o ciclo de vida dos produtos. Eles são obrigados a pensar de forma sistêmica no caminho daquele item, desde sua produção até o fim da vida. Isso inclui planejar como os materiais serão comercializados, a busca por parceiros comprometidos com práticas sustentáveis, como serão reutilizados, como aproveitar os insumos que sobram e práticas de logística reversa, por exemplo”, explica a pesquisadora e pós-doutora em Engenharia de Produção pela UFRGS.

As profissões estão ‘migrando’ para a agenda ESG?

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Segundo o relatório “O Futuro do Trabalho 2023″, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com apoio da Fundação Dom Cabral no Brasil, a previsão é que 23% das ocupações devem mudar até 2027. De acordo com o estudo, realizado em 45 países, um dos motivos é a preocupação com práticas sustentáveis e ESG.

Divulgado no final de abril, o documento aponta que a tendência é surgirem demandas por novos postos de trabalho em diversos setores, com a transição verde dos negócios e a adoção de novas práticas. “Especialista em sustentabilidade” está entre as profissões citadas pelo material como profissões com potencial de crescimento.

“A adaptação às mudanças climáticas e o bônus demográfico em economias emergentes são fatores vistos como criadores líquidos de empregos. Essa oportunidade vem acompanhada de maior interesse sobre essas carreiras ligadas à sustentabilidade e gestão”, explica Cláudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e head de ESG da companhia. O Yduqs é um grupo de serviços em educação e tecnologia, dono da Estácio e do Ibmec, entre outras instituições de ensino.

Na era do chamado “capitalismo de stakeholders”, em que as empresas buscam agregar valor a longo prazo e levar em conta as necessidades da sociedade como um todo, o ESG tem ganhado mais espaço. Essa sigla, que significa “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança), serve como mecanismo de fomento de boas práticas nas organizações e de zelo pela reputação institucional.

O debate começou a se fortalecer no País a partir de 2020. A busca pelo termo ESG triplicou no Brasil entre 2021 e 2022, conforme um levantamento do Google Trends. Mas de acordo com educadores, o ensino superior precisa abordar de forma mais frequente e aprofundada essa discussão.

Embora o mercado já esteja absorvendo essas práticas e demandando profissionais com esses conhecimentos, especialistas avaliam que os cursos de graduação brasileiros ainda precisam avançar muito para incluir o tema de forma mais transversal nos currículos. A visão ESG é uma competência muito importante para as lideranças, mas o ideal é que esse conteúdo esteja presente ao longo de toda a formação, trazendo um olhar mais sistêmico, e nos mais diversos campos de conhecimento.

“Muitas vezes, os profissionais estão chegando nas empresas sem ter essa base, e buscam aprender depois para sanar esse gap. Vejo que alguns cursos de Administração já possuem matérias sobre questões ambientais, por exemplo. Mas não é suficiente, estamos numa fase muito embrionária. Os cursos de graduação de todas as áreas precisam rever as ementas das disciplinas como um todo, para que os alunos tenham a formação necessária em ESG”, afirma Julianna Spinelli, doutora em administração e professora de Educação Executiva da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Agenda ESG ainda não é amplamente abordado nas faculdades Foto: FIA Business School

A pós-graduação em ESG e Sustentabilidade da FGV é uma das mais procuradas do Brasil. Nos últimos anos, multiplicaram-se cursos de especialização e de pós-graduação sobre ESG, práticas sustentáveis, gestão ambiental, atração de investimentos verdes, impacto social de práticas corporativas e outros assuntos relacionados.

Essa é uma tendência mundial. Diversos estudantes brasileiros têm buscado formação sobre o tema no exterior. De acordo com um estudo do Student Travel Bureau (STB), consultoria em educação internacional, o número de alunos brasileiros procurando um intercâmbio nessa área em 2022 registrou um aumento de 80% em relação ao ano de 2019.

A demanda no mercado de trabalho exige que, cada vez mais, os profissionais já cheguem com esses conhecimentos nas organizações. Para Sonia Consiglio, especialista em Sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas, o ideal seria termos diretrizes nacionais de educação e políticas públicas orientando a inclusão dos temas ESG nos currículos.

“Enquanto isso não acontece, precisamos formar professores mais conscientes e garantir que as instituições de ensino abordem a agenda ESG”. Segundo ela, as novas gerações já estão vindo com o “chip” da sustentabilidade. “Os jovens de hoje já têm consciência muito mais forte sobre esses temas do que as gerações anteriores. Os cursos de graduação que não endereçarem esse conteúdo serão questionados”, destaca.

De acordo com Janine Fleith de Medeiros, uma das coordenadoras do Núcleo de Inovação e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já avançamos em alguns pontos. Ela observa que, atualmente, a preocupação com as questões sociais e de governança é maior, por conta da pressão da agenda ESG. Anos atrás, na Engenharia de Produção, por exemplo, o foco era somente em minimizar os impactos ambientais sem prejudicar a eficiência operacional das atividades.

“Hoje, os engenheiros se preocupam em ampliar o ciclo de vida dos produtos. Eles são obrigados a pensar de forma sistêmica no caminho daquele item, desde sua produção até o fim da vida. Isso inclui planejar como os materiais serão comercializados, a busca por parceiros comprometidos com práticas sustentáveis, como serão reutilizados, como aproveitar os insumos que sobram e práticas de logística reversa, por exemplo”, explica a pesquisadora e pós-doutora em Engenharia de Produção pela UFRGS.

As profissões estão ‘migrando’ para a agenda ESG?

Segundo o relatório “O Futuro do Trabalho 2023″, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com apoio da Fundação Dom Cabral no Brasil, a previsão é que 23% das ocupações devem mudar até 2027. De acordo com o estudo, realizado em 45 países, um dos motivos é a preocupação com práticas sustentáveis e ESG.

Divulgado no final de abril, o documento aponta que a tendência é surgirem demandas por novos postos de trabalho em diversos setores, com a transição verde dos negócios e a adoção de novas práticas. “Especialista em sustentabilidade” está entre as profissões citadas pelo material como profissões com potencial de crescimento.

“A adaptação às mudanças climáticas e o bônus demográfico em economias emergentes são fatores vistos como criadores líquidos de empregos. Essa oportunidade vem acompanhada de maior interesse sobre essas carreiras ligadas à sustentabilidade e gestão”, explica Cláudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e head de ESG da companhia. O Yduqs é um grupo de serviços em educação e tecnologia, dono da Estácio e do Ibmec, entre outras instituições de ensino.

Na era do chamado “capitalismo de stakeholders”, em que as empresas buscam agregar valor a longo prazo e levar em conta as necessidades da sociedade como um todo, o ESG tem ganhado mais espaço. Essa sigla, que significa “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança), serve como mecanismo de fomento de boas práticas nas organizações e de zelo pela reputação institucional.

O debate começou a se fortalecer no País a partir de 2020. A busca pelo termo ESG triplicou no Brasil entre 2021 e 2022, conforme um levantamento do Google Trends. Mas de acordo com educadores, o ensino superior precisa abordar de forma mais frequente e aprofundada essa discussão.

Embora o mercado já esteja absorvendo essas práticas e demandando profissionais com esses conhecimentos, especialistas avaliam que os cursos de graduação brasileiros ainda precisam avançar muito para incluir o tema de forma mais transversal nos currículos. A visão ESG é uma competência muito importante para as lideranças, mas o ideal é que esse conteúdo esteja presente ao longo de toda a formação, trazendo um olhar mais sistêmico, e nos mais diversos campos de conhecimento.

“Muitas vezes, os profissionais estão chegando nas empresas sem ter essa base, e buscam aprender depois para sanar esse gap. Vejo que alguns cursos de Administração já possuem matérias sobre questões ambientais, por exemplo. Mas não é suficiente, estamos numa fase muito embrionária. Os cursos de graduação de todas as áreas precisam rever as ementas das disciplinas como um todo, para que os alunos tenham a formação necessária em ESG”, afirma Julianna Spinelli, doutora em administração e professora de Educação Executiva da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Agenda ESG ainda não é amplamente abordado nas faculdades Foto: FIA Business School

A pós-graduação em ESG e Sustentabilidade da FGV é uma das mais procuradas do Brasil. Nos últimos anos, multiplicaram-se cursos de especialização e de pós-graduação sobre ESG, práticas sustentáveis, gestão ambiental, atração de investimentos verdes, impacto social de práticas corporativas e outros assuntos relacionados.

Essa é uma tendência mundial. Diversos estudantes brasileiros têm buscado formação sobre o tema no exterior. De acordo com um estudo do Student Travel Bureau (STB), consultoria em educação internacional, o número de alunos brasileiros procurando um intercâmbio nessa área em 2022 registrou um aumento de 80% em relação ao ano de 2019.

A demanda no mercado de trabalho exige que, cada vez mais, os profissionais já cheguem com esses conhecimentos nas organizações. Para Sonia Consiglio, especialista em Sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas, o ideal seria termos diretrizes nacionais de educação e políticas públicas orientando a inclusão dos temas ESG nos currículos.

“Enquanto isso não acontece, precisamos formar professores mais conscientes e garantir que as instituições de ensino abordem a agenda ESG”. Segundo ela, as novas gerações já estão vindo com o “chip” da sustentabilidade. “Os jovens de hoje já têm consciência muito mais forte sobre esses temas do que as gerações anteriores. Os cursos de graduação que não endereçarem esse conteúdo serão questionados”, destaca.

De acordo com Janine Fleith de Medeiros, uma das coordenadoras do Núcleo de Inovação e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já avançamos em alguns pontos. Ela observa que, atualmente, a preocupação com as questões sociais e de governança é maior, por conta da pressão da agenda ESG. Anos atrás, na Engenharia de Produção, por exemplo, o foco era somente em minimizar os impactos ambientais sem prejudicar a eficiência operacional das atividades.

“Hoje, os engenheiros se preocupam em ampliar o ciclo de vida dos produtos. Eles são obrigados a pensar de forma sistêmica no caminho daquele item, desde sua produção até o fim da vida. Isso inclui planejar como os materiais serão comercializados, a busca por parceiros comprometidos com práticas sustentáveis, como serão reutilizados, como aproveitar os insumos que sobram e práticas de logística reversa, por exemplo”, explica a pesquisadora e pós-doutora em Engenharia de Produção pela UFRGS.

As profissões estão ‘migrando’ para a agenda ESG?

Segundo o relatório “O Futuro do Trabalho 2023″, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com apoio da Fundação Dom Cabral no Brasil, a previsão é que 23% das ocupações devem mudar até 2027. De acordo com o estudo, realizado em 45 países, um dos motivos é a preocupação com práticas sustentáveis e ESG.

Divulgado no final de abril, o documento aponta que a tendência é surgirem demandas por novos postos de trabalho em diversos setores, com a transição verde dos negócios e a adoção de novas práticas. “Especialista em sustentabilidade” está entre as profissões citadas pelo material como profissões com potencial de crescimento.

“A adaptação às mudanças climáticas e o bônus demográfico em economias emergentes são fatores vistos como criadores líquidos de empregos. Essa oportunidade vem acompanhada de maior interesse sobre essas carreiras ligadas à sustentabilidade e gestão”, explica Cláudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e head de ESG da companhia. O Yduqs é um grupo de serviços em educação e tecnologia, dono da Estácio e do Ibmec, entre outras instituições de ensino.

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