Você já perguntou a algum professor o que ele acha do uso das tecnologias digitais para apoio ao trabalho pedagógico? Uma pesquisa coordenada pelo movimento Todos Pela Educação em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Instituto Natura, Itaú BBA, Fundação Telefônica Vivo e Samsung, envolvendo quatro mil professores mostra que o Brasil vem avançando na construção de uma escola inovadora, mas ainda tem muito a melhorar quando analisamos as condições técnicas e tecnológicas para preparar nossas crianças e jovens para os desafios do Século XXI.
O levantamento apontou que os docentes estão mais capacitados para uso de recursos tecnológicos como ferramentas pedagógicas - 62% disseram já ter participado de curso de informática básica (como uso de processadores de texto, planilhas e Internet), 59% participaram de cursos sobre o uso de tecnologias digitais na Educação, 28% de formação para o uso específico de softwares ou games educacionais e 18% de cursos de programação ou desenvolvimento de aplicativos.
Apesar de estarem mais preparados, os educadores ainda veem como desafiador utilizar as tecnologias digitais no dia a dia com os alunos. Menos de 40% apontaram utilizar estes recursos semanalmente para atividades rotineiras, tais como dar retorno aos alunos sobre seu desempenho, organizar ou mediar troca de informações entre os alunos e se comunicar com os pais ou responsáveis.
Mesmo sendo desafiador, mais de 80% concordam totalmente com a afirmação de que o uso das tecnologias digitais ajuda a contextualizar melhor os conteúdos para os alunos, permite diversificar a aula e torná-las mais interessantes e engajadoras, como estabelece a estratégia 2.6 do Plano Nacional de Educação.
No entanto, quando olhamos para os fatores apontados como empecilhos a esse processo, mais de 60% afirmam ter problemas ligados à infraestrutura e conexão, como o número insuficiente de computadores, velocidade baixa de conexão para a internet e muitos equipamentos desatualizados e com defeitos, além da falta de capacitação dos professores, material didático digital e modelos pedagógicos que ajudem a promover a integração entre a tecnologia e a pedagogia.
A partir desse retrato apontado pelos professores, quais são então os passos que a escola precisa trilhar para se alinhar aos desafios da sociedade contemporânea?
Estudos e vivências, liderados pela Fundação Telefônica Vivo, como a publicação lançada em 2016 do "Inova Escola - Práticas para quem quer inovar na Educação" apontam alguns caminhos rumo à inovação.Ter o aluno no centro do processo de aprendizagem é um primeiro passo importante. Outros indicadores que devemos ter em mente são:
1) Personalização - a escola trata cada aluno como se fosse único e dá a ele a oportunidade de construir o próprio caminho de aprendizagem?
2) Projeto de Vida - o estudante tem espaço e apoio para se dedicar aos seus próprios interesses e objetivos de vida?
3) Papel do Professor - o docente é um mentor que ajuda o aluno a entender o mundo com toda a sua complexidade?
4) Recursos Tecnológicos - eles já estão incorporados na rotina escolar, sendo ferramentas estratégicas no processo de ensino e aprendizagem?
5) Espaços Diferenciados - a aprendizagem se dá a qualquer hora e em qualquer lugar, inclusive extrapolando os muros da escola?
6) Gestão Inovadora - o gestor é flexível, proativo, planeja e envolve a comunidade escolar, de forma que os objetivos e anseios de todos sejam levados em consideração?
Diante dos resultados da pesquisa e de alguns caminhos apontados, reafirmamos que a melhoria da qualidade da Educação de nosso País é questão urgente e somente com um novo olhar, muita criatividade, coragem e disposição serão revertidos os resultados educacionais, colaborando para que crianças e jovens sejam capazes de ter e perseguir seus sonhos.
*Este artigo contou com a colaboração de Luciana Allan, diretora técnica do Instituto Crescer e articulista da revista ANEC, Profissão Mestre, Blog da Exame e Portal Educar para Crescer.
**Fundação Telefônica , organização parceira do movimento Todos Pela Educação no Observatório do PNE