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Ensino Médio inclusivo: agulha no palheiro?


"Experiências exitosas de inclusão escolar acontecem em muitas escolas e podem ser significativamente ampliadas, desde que apostemos no protagonismo dos gestores, dos educadores e, acima de tudo, no protagonismo estudantil", afirma Rodrigo Mendes, do Instituto Rodrigo Mendes

Por Todos Pela Educação
 

Rodrigo Hübner Mendes*

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"Pensar em inclusão no Fundamental é uma coisa. Agora, quando chega o Ensino Médio, a coisa complica bastante". Lembro-me dessa frase quando entrevistei uma diretora que relatava as experiências de Educação Inclusiva vivenciadas em sua escola. Muito tem se discutido sobre o anacronismo do modelo adotado por esse nível de ensino no Brasil. O excessivo número de disciplinas, a falta de contextualização dos conteúdos curriculares em relação à vida dos estudantes e o sufocante foco nas provas que propiciam o ingresso à Educação Superior são alguns dos elementos comumente criticados e relacionados aos altos índices de evasão que temos constatado.

Quando consideramos a participação dos estudantes com deficiência, o tema torna-se ainda mais complexo, tendo em vista a grande quantidade de barreiras já naturalizadas pelo modus operandi das escolas. A padronização das estratégias pedagógicas, dos materiais didáticos e das expectativas de resultados são exemplos claros de obstáculos que prejudicam toda pessoa que se distancia de um tipo idealizado de aluno. Ou seja, atrapalham a maioria. Será justificável nos entregarmos ao discurso da inviabilidade da inclusão no Ensino Médio?

Desde 2016, tenho participado de perto da concepção e da implementação de um curso de formação continuada para profissionais de redes estaduais de ensino, promovido pelo Instituto Unibanco e pelo Instituto Rodrigo Mendes. A iniciativa começou em Minas Gerais e Pernambuco e, em sua segunda edição, foi realizada em São Paulo. O objetivo era prover conhecimento e referências práticas sobre o atendimento de adolescentes com deficiência em salas de aula comuns das escolas que compõem tais redes.

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Durante o curso, os participantes assumiam o compromisso de elaborar um diagnóstico sobre as escolas em que atuavam, identificando barreiras e facilitadores para o acolhimento das diferenças humanas. Com base nesse retrato, os cursistas elaboravam um projeto de intervenção, envolvendo os demais integrantes das respectivas equipes pedagógicas. Como resultado, em um horizonte de dois anos, foram realizados 135 projetos nessas escolas. Apresentarei a seguir uma síntese de alguns desses projetos em São Paulo.

Escola Estadual Eunice Marques

A diversidade dos estudantes era um dos predicados que caracterizavam a escola Eunice Marques, localizada na zona leste da cidade de São Paulo. Dentre seus 1.303 alunos, havia imigrantes, refugiados, mães adolescentes, pessoas LGBT, pessoas com deficiência (física, visual, auditiva e intelectual) e transtorno do espectro autista. A comunidade do entorno era formada por famílias de classe média-baixa, com renda média de dois salários mínimos.

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O projeto de intervenção implementado nessa escola tinha como objetivos reconhecer o direito à inclusão, incentivar a criatividade dos alunos e valorizar as habilidades e competências por eles demonstradas. Almejava-se, também, melhorar sua autoestima. Como resultado, o grupo conseguiu repensar atitudes discriminatórias sofridas e impostas por eles. Tiveram, também, a percepção de que havia muitas barreiras físicas no espaço escolar, até então invisíveis, que prejudicavam a participação plena de alguns colegas. De acordo com a coordenadora pedagógica, o projeto gerou uma importante transformação na comunidade.

Escola Estadual Maria José

Localizada na região central da cidade de São Paulo, a escola Maria José atendia a mais de 1.000 estudantes do Ensino Fundamental, Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). De acordo com seus professores, a instituição carecia de ações pensadas para a inclusão de adolescentes com deficiência. Havia um entendimento de que era preciso sensibilizar toda a comunidade para essa questão. O projeto elaborado para a E. E. Maria José partia do pressuposto de que valeria a pena criar um canal de escuta dos jovens e apostar na sua capacidade de expressão. A estratégia elegida foi a produção de curtas-metragens que tratassem do acolhimento das diferenças.

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O projeto foi batizado de "Luz, câmera e inclusão" e teve como participantes os alunos da turma do primeiro ano do Ensino Médio. Após aprenderem noções básicas sobre recursos de acessibilidade para produções audiovisuais, os estudantes criaram os roteiros de seus curtas-metragens, assumindo como objeto de suas narrativas o cotidiano das pessoas com deficiência. O resultado final foi celebrado por todos e os curtas foram postados na página do Facebook da escola.

Escola Estadual Joaquim Adolfo

Situada em Santo Amaro, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, a escola Joaquim Adolfo atendia a 938 estudantes do Ensino Fundamental e Médio. De acordo com os educadores dessa instituição, a falta de conhecimento sobre a temática da Educação Inclusiva era o principal obstáculo para o atendimento dos alunos com deficiência. Diante desse contexto, surgiu a proposta de se oferecer formação durante as aulas de trabalho pedagógico coletivo. Um dos focos elegidos para esse processo foi a diversificação de estratégias pedagógicas.

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Não há dúvida de que o Ensino Médio nos impõe um conjunto de desafios urgentes, que pedem soluções capazes de dialogar com as demandas dos adolescentes do século XXI. É bom lembrar que as impreteríveis mudanças dizem respeito a todos os estudantes. Nesse sentido, as experiências apresentadas anteriormente, pautadas pela garantia do direito à Educação, trazem evidências de que é possível sair da inércia e prover oportunidades de aprendizagem para todos.

Tenho trabalhado a partir da visão de que uma escola inclusiva acolhe todos e persegue altas expectativas para cada um. Para que isso ocorra, algumas premissas precisam ser levadas em conta. A começar pela consciência de que as expectativas devem conversar com as singularidades de cada estudante e, portanto, precisam ser personalizadas e constantemente revistas. Outra premissa é a convicção de que não há como educar para a diversidade sem que haja planejamento pedagógico contínuo e diversificação do formato dos conteúdos, da mediação da aprendizagem e do engajamento dos alunos.

Com a reformulação do Ensino Médio e a construção da Base Nacional Comum Curricular para essa etapa, mais do que nunca, se faz necessário garantir que a discussão sobre equidade e valorização das diferenças ocupe a agenda do debate, de forma contundente e democrática. Experiências exitosas de inclusão escolar no Ensino Médio não são mais agulhas no palheiro. Já acontecem em muitas escolas e podem ser significativamente ampliadas, desde que apostemos no protagonismo dos gestores, dos educadores e, acima de tudo, no protagonismo estudantil.Para mais informações, acesse: http://rm.org.br/ensino-medio-inclusivo

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*Rodrigo Hübner Mendes, 46, é fundador do Instituto Rodrigo Mendes, organização que desenvolve programas de educação inclusiva. É mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP), membro do Young Global Leaders (Fórum Econômico Mundial) e Empreendedor Social Ashoka

 

Rodrigo Hübner Mendes*

"Pensar em inclusão no Fundamental é uma coisa. Agora, quando chega o Ensino Médio, a coisa complica bastante". Lembro-me dessa frase quando entrevistei uma diretora que relatava as experiências de Educação Inclusiva vivenciadas em sua escola. Muito tem se discutido sobre o anacronismo do modelo adotado por esse nível de ensino no Brasil. O excessivo número de disciplinas, a falta de contextualização dos conteúdos curriculares em relação à vida dos estudantes e o sufocante foco nas provas que propiciam o ingresso à Educação Superior são alguns dos elementos comumente criticados e relacionados aos altos índices de evasão que temos constatado.

Quando consideramos a participação dos estudantes com deficiência, o tema torna-se ainda mais complexo, tendo em vista a grande quantidade de barreiras já naturalizadas pelo modus operandi das escolas. A padronização das estratégias pedagógicas, dos materiais didáticos e das expectativas de resultados são exemplos claros de obstáculos que prejudicam toda pessoa que se distancia de um tipo idealizado de aluno. Ou seja, atrapalham a maioria. Será justificável nos entregarmos ao discurso da inviabilidade da inclusão no Ensino Médio?

Desde 2016, tenho participado de perto da concepção e da implementação de um curso de formação continuada para profissionais de redes estaduais de ensino, promovido pelo Instituto Unibanco e pelo Instituto Rodrigo Mendes. A iniciativa começou em Minas Gerais e Pernambuco e, em sua segunda edição, foi realizada em São Paulo. O objetivo era prover conhecimento e referências práticas sobre o atendimento de adolescentes com deficiência em salas de aula comuns das escolas que compõem tais redes.

Durante o curso, os participantes assumiam o compromisso de elaborar um diagnóstico sobre as escolas em que atuavam, identificando barreiras e facilitadores para o acolhimento das diferenças humanas. Com base nesse retrato, os cursistas elaboravam um projeto de intervenção, envolvendo os demais integrantes das respectivas equipes pedagógicas. Como resultado, em um horizonte de dois anos, foram realizados 135 projetos nessas escolas. Apresentarei a seguir uma síntese de alguns desses projetos em São Paulo.

Escola Estadual Eunice Marques

A diversidade dos estudantes era um dos predicados que caracterizavam a escola Eunice Marques, localizada na zona leste da cidade de São Paulo. Dentre seus 1.303 alunos, havia imigrantes, refugiados, mães adolescentes, pessoas LGBT, pessoas com deficiência (física, visual, auditiva e intelectual) e transtorno do espectro autista. A comunidade do entorno era formada por famílias de classe média-baixa, com renda média de dois salários mínimos.

O projeto de intervenção implementado nessa escola tinha como objetivos reconhecer o direito à inclusão, incentivar a criatividade dos alunos e valorizar as habilidades e competências por eles demonstradas. Almejava-se, também, melhorar sua autoestima. Como resultado, o grupo conseguiu repensar atitudes discriminatórias sofridas e impostas por eles. Tiveram, também, a percepção de que havia muitas barreiras físicas no espaço escolar, até então invisíveis, que prejudicavam a participação plena de alguns colegas. De acordo com a coordenadora pedagógica, o projeto gerou uma importante transformação na comunidade.

Escola Estadual Maria José

Localizada na região central da cidade de São Paulo, a escola Maria José atendia a mais de 1.000 estudantes do Ensino Fundamental, Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). De acordo com seus professores, a instituição carecia de ações pensadas para a inclusão de adolescentes com deficiência. Havia um entendimento de que era preciso sensibilizar toda a comunidade para essa questão. O projeto elaborado para a E. E. Maria José partia do pressuposto de que valeria a pena criar um canal de escuta dos jovens e apostar na sua capacidade de expressão. A estratégia elegida foi a produção de curtas-metragens que tratassem do acolhimento das diferenças.

O projeto foi batizado de "Luz, câmera e inclusão" e teve como participantes os alunos da turma do primeiro ano do Ensino Médio. Após aprenderem noções básicas sobre recursos de acessibilidade para produções audiovisuais, os estudantes criaram os roteiros de seus curtas-metragens, assumindo como objeto de suas narrativas o cotidiano das pessoas com deficiência. O resultado final foi celebrado por todos e os curtas foram postados na página do Facebook da escola.

Escola Estadual Joaquim Adolfo

Situada em Santo Amaro, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, a escola Joaquim Adolfo atendia a 938 estudantes do Ensino Fundamental e Médio. De acordo com os educadores dessa instituição, a falta de conhecimento sobre a temática da Educação Inclusiva era o principal obstáculo para o atendimento dos alunos com deficiência. Diante desse contexto, surgiu a proposta de se oferecer formação durante as aulas de trabalho pedagógico coletivo. Um dos focos elegidos para esse processo foi a diversificação de estratégias pedagógicas.

Não há dúvida de que o Ensino Médio nos impõe um conjunto de desafios urgentes, que pedem soluções capazes de dialogar com as demandas dos adolescentes do século XXI. É bom lembrar que as impreteríveis mudanças dizem respeito a todos os estudantes. Nesse sentido, as experiências apresentadas anteriormente, pautadas pela garantia do direito à Educação, trazem evidências de que é possível sair da inércia e prover oportunidades de aprendizagem para todos.

Tenho trabalhado a partir da visão de que uma escola inclusiva acolhe todos e persegue altas expectativas para cada um. Para que isso ocorra, algumas premissas precisam ser levadas em conta. A começar pela consciência de que as expectativas devem conversar com as singularidades de cada estudante e, portanto, precisam ser personalizadas e constantemente revistas. Outra premissa é a convicção de que não há como educar para a diversidade sem que haja planejamento pedagógico contínuo e diversificação do formato dos conteúdos, da mediação da aprendizagem e do engajamento dos alunos.

Com a reformulação do Ensino Médio e a construção da Base Nacional Comum Curricular para essa etapa, mais do que nunca, se faz necessário garantir que a discussão sobre equidade e valorização das diferenças ocupe a agenda do debate, de forma contundente e democrática. Experiências exitosas de inclusão escolar no Ensino Médio não são mais agulhas no palheiro. Já acontecem em muitas escolas e podem ser significativamente ampliadas, desde que apostemos no protagonismo dos gestores, dos educadores e, acima de tudo, no protagonismo estudantil.Para mais informações, acesse: http://rm.org.br/ensino-medio-inclusivo

 

*Rodrigo Hübner Mendes, 46, é fundador do Instituto Rodrigo Mendes, organização que desenvolve programas de educação inclusiva. É mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP), membro do Young Global Leaders (Fórum Econômico Mundial) e Empreendedor Social Ashoka

 

Rodrigo Hübner Mendes*

"Pensar em inclusão no Fundamental é uma coisa. Agora, quando chega o Ensino Médio, a coisa complica bastante". Lembro-me dessa frase quando entrevistei uma diretora que relatava as experiências de Educação Inclusiva vivenciadas em sua escola. Muito tem se discutido sobre o anacronismo do modelo adotado por esse nível de ensino no Brasil. O excessivo número de disciplinas, a falta de contextualização dos conteúdos curriculares em relação à vida dos estudantes e o sufocante foco nas provas que propiciam o ingresso à Educação Superior são alguns dos elementos comumente criticados e relacionados aos altos índices de evasão que temos constatado.

Quando consideramos a participação dos estudantes com deficiência, o tema torna-se ainda mais complexo, tendo em vista a grande quantidade de barreiras já naturalizadas pelo modus operandi das escolas. A padronização das estratégias pedagógicas, dos materiais didáticos e das expectativas de resultados são exemplos claros de obstáculos que prejudicam toda pessoa que se distancia de um tipo idealizado de aluno. Ou seja, atrapalham a maioria. Será justificável nos entregarmos ao discurso da inviabilidade da inclusão no Ensino Médio?

Desde 2016, tenho participado de perto da concepção e da implementação de um curso de formação continuada para profissionais de redes estaduais de ensino, promovido pelo Instituto Unibanco e pelo Instituto Rodrigo Mendes. A iniciativa começou em Minas Gerais e Pernambuco e, em sua segunda edição, foi realizada em São Paulo. O objetivo era prover conhecimento e referências práticas sobre o atendimento de adolescentes com deficiência em salas de aula comuns das escolas que compõem tais redes.

Durante o curso, os participantes assumiam o compromisso de elaborar um diagnóstico sobre as escolas em que atuavam, identificando barreiras e facilitadores para o acolhimento das diferenças humanas. Com base nesse retrato, os cursistas elaboravam um projeto de intervenção, envolvendo os demais integrantes das respectivas equipes pedagógicas. Como resultado, em um horizonte de dois anos, foram realizados 135 projetos nessas escolas. Apresentarei a seguir uma síntese de alguns desses projetos em São Paulo.

Escola Estadual Eunice Marques

A diversidade dos estudantes era um dos predicados que caracterizavam a escola Eunice Marques, localizada na zona leste da cidade de São Paulo. Dentre seus 1.303 alunos, havia imigrantes, refugiados, mães adolescentes, pessoas LGBT, pessoas com deficiência (física, visual, auditiva e intelectual) e transtorno do espectro autista. A comunidade do entorno era formada por famílias de classe média-baixa, com renda média de dois salários mínimos.

O projeto de intervenção implementado nessa escola tinha como objetivos reconhecer o direito à inclusão, incentivar a criatividade dos alunos e valorizar as habilidades e competências por eles demonstradas. Almejava-se, também, melhorar sua autoestima. Como resultado, o grupo conseguiu repensar atitudes discriminatórias sofridas e impostas por eles. Tiveram, também, a percepção de que havia muitas barreiras físicas no espaço escolar, até então invisíveis, que prejudicavam a participação plena de alguns colegas. De acordo com a coordenadora pedagógica, o projeto gerou uma importante transformação na comunidade.

Escola Estadual Maria José

Localizada na região central da cidade de São Paulo, a escola Maria José atendia a mais de 1.000 estudantes do Ensino Fundamental, Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). De acordo com seus professores, a instituição carecia de ações pensadas para a inclusão de adolescentes com deficiência. Havia um entendimento de que era preciso sensibilizar toda a comunidade para essa questão. O projeto elaborado para a E. E. Maria José partia do pressuposto de que valeria a pena criar um canal de escuta dos jovens e apostar na sua capacidade de expressão. A estratégia elegida foi a produção de curtas-metragens que tratassem do acolhimento das diferenças.

O projeto foi batizado de "Luz, câmera e inclusão" e teve como participantes os alunos da turma do primeiro ano do Ensino Médio. Após aprenderem noções básicas sobre recursos de acessibilidade para produções audiovisuais, os estudantes criaram os roteiros de seus curtas-metragens, assumindo como objeto de suas narrativas o cotidiano das pessoas com deficiência. O resultado final foi celebrado por todos e os curtas foram postados na página do Facebook da escola.

Escola Estadual Joaquim Adolfo

Situada em Santo Amaro, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, a escola Joaquim Adolfo atendia a 938 estudantes do Ensino Fundamental e Médio. De acordo com os educadores dessa instituição, a falta de conhecimento sobre a temática da Educação Inclusiva era o principal obstáculo para o atendimento dos alunos com deficiência. Diante desse contexto, surgiu a proposta de se oferecer formação durante as aulas de trabalho pedagógico coletivo. Um dos focos elegidos para esse processo foi a diversificação de estratégias pedagógicas.

Não há dúvida de que o Ensino Médio nos impõe um conjunto de desafios urgentes, que pedem soluções capazes de dialogar com as demandas dos adolescentes do século XXI. É bom lembrar que as impreteríveis mudanças dizem respeito a todos os estudantes. Nesse sentido, as experiências apresentadas anteriormente, pautadas pela garantia do direito à Educação, trazem evidências de que é possível sair da inércia e prover oportunidades de aprendizagem para todos.

Tenho trabalhado a partir da visão de que uma escola inclusiva acolhe todos e persegue altas expectativas para cada um. Para que isso ocorra, algumas premissas precisam ser levadas em conta. A começar pela consciência de que as expectativas devem conversar com as singularidades de cada estudante e, portanto, precisam ser personalizadas e constantemente revistas. Outra premissa é a convicção de que não há como educar para a diversidade sem que haja planejamento pedagógico contínuo e diversificação do formato dos conteúdos, da mediação da aprendizagem e do engajamento dos alunos.

Com a reformulação do Ensino Médio e a construção da Base Nacional Comum Curricular para essa etapa, mais do que nunca, se faz necessário garantir que a discussão sobre equidade e valorização das diferenças ocupe a agenda do debate, de forma contundente e democrática. Experiências exitosas de inclusão escolar no Ensino Médio não são mais agulhas no palheiro. Já acontecem em muitas escolas e podem ser significativamente ampliadas, desde que apostemos no protagonismo dos gestores, dos educadores e, acima de tudo, no protagonismo estudantil.Para mais informações, acesse: http://rm.org.br/ensino-medio-inclusivo

 

*Rodrigo Hübner Mendes, 46, é fundador do Instituto Rodrigo Mendes, organização que desenvolve programas de educação inclusiva. É mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP), membro do Young Global Leaders (Fórum Econômico Mundial) e Empreendedor Social Ashoka

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