Chamado de vestibular de inverno, o processo seletivo realizado no meio do ano por universidades brasileiras é uma oportunidade de o estudante ingressar no ensino superior. A concorrência tende a ser menor nesta época. Com isso, a disponibilidade do curso em uma instituição de ensino superior dentro da preferência do aluno abre a possibilidade de ele não precisar aguardar o término do ano para iniciar a graduação. Também é uma chance para aqueles estudantes que querem testar os seus conhecimentos.
Roberta Martinez, de 17 anos, finalizou o médio em 2023. Na época, ela prestou vestibular para Direito na Universidade de São Paulo (Usp), na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP), além de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Como não foi aprovada, ela foi para o cursinho no início do ano e pretende concorrer a uma vaga para a área na Universidade Presbiteriana Mackenzie e novamente na Puc-SP.
Ela acredita que está mais preparada. “Eu me sinto mais treinada. E em questão de pressão para passar acredito que no meio do ano seja mais tranquilo também”, diz a jovem. Ao fazer o cursinho, diz que conseguiu amadurecer mais, embora tivesse certa resistência no início.
“O cursinho não é algo que os estudantes gostariam de fazer. Todos gostariam de entrar em uma faculdade logo que terminam o ensino médio. Porém, nem tudo está sob nosso controle, infelizmente”, diz ela. “De início, é um choque mas, conforme o tempo passa, pelo menos posso dizer por mim, eu entendi que tudo faz parte de um processo e cada um tem de passar pelo seu. O cursinho amadurece, traz luz para algumas pessoas que ainda não se encontraram. No fim, o que todos nós queremos é ingressar na faculdade, e comigo não foi diferente. Assim, vou prestar no meio do ano porque tenho interesse em entrar na faculdade, independentemente da época do ano.”
No Mackenzie, as provas acontecem no câmpus respectivo ao que o candidato tem interesse. No de Higienópolis, o vestibular será realizado no dia 13. Já no de Alphaville e no de Campinas, o exame será no dia 8. Para mais informações sobre as inscrições, basta acessar o site. Já o Processo Seletivo de Inverno 2024 da PUC-SP oferecerá vagas em nove cursos de graduação: Administração; Ciências Econômicas; Design - Linha de Formação: Design de Interação; Direito; Engenharia Biomédica; Engenharia Civil; Engenharia de Sistemas Ciber-Físicos; Jornalismo e Relações Internacionais. A prova presencial será realizada em 16 de junho. Para informações sobre inscrições e outras formas de ingresso, também vale acessar o site da instituição.
Iara Gomes Xavier, de 17 anos, está no terceiro ano do ensino médio, e vai participar do 1.º Exame de Qualificação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para o curso de Medicina, a ser realizado em 9 de junho, para buscar uma oportunidade de classificação na área. “Vou prestar para me qualificar para a segunda fase no curso de Medicina. A Uerj tem duas etapas de qualificação, tipo duas primeiras fases, uma em junho e uma em setembro. O candidato pode fazer qualquer uma das duas como forma de passar para a segunda etapa. Eu já quero participar do primeiro exame para tentar garantir a classificação.”
O 2.º Exame de Qualificação da Uerj tem inscrições entre 15 de julho e 5 de agosto, com prova em 8 de setembro. Os exames de qualificação constituem a primeira fase do vestibular da Uerj. Participam os candidatos que tenham concluído ou estejam cursando o último ano do ensino médio. As provas ocorrem em duas ocasiões durante o ano, sendo obrigatória a realização de pelo menos uma delas.
A universidade lembra que a aprovação no Exame de Qualificação não implicará a inscrição automática para o Exame Discursivo (segunda fase), sendo obrigatória nova inscrição do candidato após a aprovação no exame de qualificação. Para mais informações, acesse aqui.
Perfil
Segundo Viktor Jean Lemos, diretor de Operações do Curso Anglo, os alunos que prestam vestibular no meio do ano estão buscando uma instituição ou curso específico. “É um aluno que não necessariamente quer esperar o vestibular no fim do ano, e essas ofertas, de cursos e universidades, atendem a essa expectativa”, afirma ele.
Sobre as vantagens do processo seletivo no meio do ano, Lemos destaca ainda que a concorrência tende a ser menor. “Como são vestibulares que não são tão visados, acaba que a concorrência é menor. E isso facilita o acesso ao ensino superior. Com relação ao número de candidatos aprovados no meio do ano, no entanto, não temos o levantamento exato. Claro que depende da quantidade de vagas e de quantos alunos acabam prestando o vestibular. Mas é um número menor que o ofertado no fim de ano”, afirma.
“Só vejo vantagens em prestar o vestibular no meio do ano. A primeira coisa é que alguns alunos já chegam mais preparados e, como os vestibulares no fim do ano são muito concorridos, algumas pessoas ficam de fora, mas não quer dizer que elas não têm condições. É importante ver os cursos que existem no meio do ano e vale tentar uma vaga. Lembrando que há faculdades excelentes (com vestibular) no meio do ano”, reforça Vera Antunes, professora e coordenadora do Curso e Colégio Objetivo.
Direcionamento
O vestibular no meio do ano também é uma oportunidade para os estudantes testarem os seus conhecimentos. É o caso do Luís Fernando Sousa Santos, de 19 anos, que está fazendo cursinho. Ele pretende prestar Medicina, mas como não há vestibular para a área no meio do ano na Unesp, ele irá prestar para Engenharia Elétrica.
“Prestei no fim do ano para USP, Unesp, Unicamp, Santa Casa e Einstein. Acredito que os meus resultados foram satisfatórios para um concluinte do ensino médio, mas não foram suficientes para ingressar no curso. Vou fazer o vestibular no meio do ano para testar meus conhecimentos, mas o meu foco é Medicina”, afirma o estudante.
“Tem também aquele aluno que terminou o ensino médio e nunca prestou vestibular. No meio do ano, o processo seletivo é uma forma de avaliar o conhecimento dele como estudante. Perceber o que é o espírito do vestibular. É um treinamento necessário”, diz a professora Vera.
Ainda no terceiro ano do ensino médio, Júlia Murakami, de 17 anos, também pretende prestar vestibular para Engenharia na Unesp, no meio do ano, para avaliar e direcionar melhor os seus estudos. “Também considero boa oportunidade para ter experiência de prova e controlar o tempo e o nervosismo. O modelo de vestibular da Unesp é ótimo, pois são cobradas todas as disciplinas, tanto na primeira, quanto na segunda fase”, afirma a estudante, que no fim do ano vai participar de outros vestibulares para o curso de Medicina.
Veja também
Entidades auxiliam na inclusão de pretos e pardos de baixa renda no ensino superior
‘Não adianta só dar mensalidade para o aluno’
Procura de curso superior tem tendência de alta, mas a evasão preocupa
Dez razões para buscar uma vaga no vestibular de meio de ano
Concessão de certificados no decorrer do curso passa a ser tendência
Papel do professor no ensino superior cresce e influencia seleção de faculdade