Os portões para o segundo fim de semana de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 abriram ao meio-dia deste domingo, 20, enquanto parte dos estudantes se dividia entre a ansiedade da avaliação e o clima de Copa do Mundo, que também começou às 13h. No campus da UNIP na Aclimação, os jovens que esperavam sob o sol forte da capital paulista entraram tranquilamente no prédio para fazerem os exames de Matemática e Ciências da Natureza, muitos deles vestidos com as cores e símbolos do Brasil.
Erika Barreto, de 21 anos, chegou usando uma camiseta bordada com o escudo da Seleção. Fã de futebol, ela faz a prova pela quarta vez, mas agora “pra valer”. “Eu sou uma pessoa de humanas querendo estudar medicina”, contou a jovem, que se disse um pouco nervosa com o tema das avaliações de hoje, mas tranquila por já ter prestado o exame outras três vezes como treineira.
“É importante, mas não fico mais tão ansiosa porque já sei o que vou encarar” explica. Este ano, ao invés de fazer simulados e revisões de última hora, Erika diz que preferiu relaxar antes da prova: “Eu acabava ficando mais ansiosa. Dessa vez só fiquei ouvindo música e descansando”.
Às 12:45, a maioria dos jovens que se concentrava na calçada começaram a entrar no prédio. Além das camisas de futebol e do Brasil, canetas e comidas, a maioria deles também chegava com máscara facial. Em São Paulo, o aumento de casos da covid fez a Prefeitura recomendar novamente o uso da proteção facial em locais fechados e aglomerações.
“Eu não tenho usado tanto como no início (da pandemia), mas como aqui tem muita gente desconhecida, foi uma decisão minha mesmo de vir usando”, conta Edwy Hung, de 17 anos, que pretende usar a nota do Enem para conseguir uma vaga de Oceanografia.
Em busca de uma vaga no curso de Medicina, José Octávio Peixoto, de 17 anos, diz que ama futebol e queria ter visto a primeira partida do jogo entre Catar e Equador, mas “nem cogitou” abandonar a prova pela Copa. Também fã do esporte, o amigo João Vitor Drudi diz que desta vez se sente mais tranquilo de não acompanhar a disputa pelo hexa: “Não gosto do Neymar, então tanto faz”, explica o adolescente de 17 anos.
Esta foi a segunda vez que Fernanda Mori fez o Enem, mas a primeira que não está como “treineira”. Empenhada em conseguir uma vaga no curso de Arquitetura, ela conta que o segundo fim de semana da prova é o seu preferido por se sentir mais à vontade com as áreas cobradas. “Acho que a prova de Exatas é mais fácil e me sinto mais confiante porque não tem redação”, explica a jovem de 18 anos, que foi acompanhada da mãe, a recepcionista Rosailde Mori, de 52.
Os portões fecharam pontualmente às 13h, mas nenhum atrasado do Enem passou pela Unip da Aclimação. Pouco antes, uma funcionária da universidade foi anunciando minuto a minuto o tempo restante e chamando os retardatários para dentro do prédio.
As provas
Os candidatos terão cinco horas para realizar as provas de Matemática e Ciências da Natureza. Serão 90 questões de múltipla escolha. O exame é o principal vestibular de universidades públicas e privadas do País.
Na última semana, os candidatos fizeram provas de Redação, Linguagens e Ciências Humanas. O primeiro dia de prova teve 26,7% de abstenção – 2,5 milhões de estudantes fizeram o exame. O número de inscritos foi de 3,4 milhões, o segundo menor patamar desde 2005. O Enem tem passado por uma queda do total de inscritos nos últimos anos.
Para evitar contratempos neste domingo de prova, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) orientou os participantes a atentarem-se para o horário e para o local de aplicação do exame. Reforça também que eles confiram, antes de sair de casa, se estão levando documento de identificação válido.
Os portões de acesso foram abertos às 12h e fechados às 13h. A aplicação começa às 13h30 e termina cinco horas depois, às 18h30. Aqueles que tiveram os pedidos de tempo adicional aprovados terão uma hora a mais para concluírem as provas. Serão 90 questões de Ciências da Natureza e suas tecnologias e de Matemática e suas tecnologias.
Para realizar o exame, é obrigatória a apresentação da via original de documento de identificação oficial com foto, como cédulas de identidade expedidas por secretarias de Segurança Pública, polícias Militar e Federal ou pelas Forças Armadas. Também é aceita identidade expedida pelo Ministério da Justiça para estrangeiros.
São válidos ainda para identificação do participante documentos digitais com foto (e-Título, CNH Digital e RG Digital), apresentados nos respectivos aplicativos oficiais. Não serão aceitas capturas de tela. A relação dos outros documentos válidos, além de outras informações, pode ser acessada na Página do Participante.
Regras para o momento da prova
A prova deve ser respondida com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente. Os participantes que solicitaram atendimento especializado para transtorno do espectro autista e que tiveram o pedido aprovado poderão utilizar caneta fabricada em material transparente com tinta colorida. O uso é exclusivo para marcação no Caderno de Questões, mas o Cartão-Resposta deve ser preenchido com caneta de tinta preta.
No momento da aplicação, não será permitido o uso de qualquer objeto eletrônico. O estudante deverá guardar esses materiais, desligados, no envelope porta-objetos, antes de entrar no local de aplicação. O envelope deve ser mantido debaixo da carteira, lacrado e identificado, durante toda a permanência do estudante no local de provas.
No caso dos participantes do Enem Digital, o Inep disponibilizou, no seu canal do YouTube, o tutorial da plataforma de aplicação da versão digital do exame. O material orienta o participante sobre a usabilidade do sistema durante a realização da prova. Ao todo, 32,4 mil alunos fizeram o primeiro dia de provas no modo online neste ano.
A prova da última semana trouxe questões sobre o papel da mulher na sociedade, democracia e meio ambiente. Professores ouvidos pelo Estadão elogiaram o nível de questões e o grau de atualidade do teste. O tema da redação foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.
O Enem deste ano reúne gerações de alunos que tiveram grande parte da formação do ensino médio em aulas a distância, por causa da pandemia que já dura quase três anos. Com isso, a rotina de preparação teve de ser reinventada, para superar desafios de aprendizagem e saúde mental. A prova tem visto uma gradativa queda do total de inscritos. Foram 3,4 milhões nesta edição, ante um pico de 8,7 milhões em 2014.