Enem 2023: candidatos de SP relatam mais de 1h30 no transporte até local de prova


Edição é marcada por reclamações sobre locais de prova distantes e impactos do temporal; neste domingo, candidatos fazem provas de linguagens e ciências humanas, além de redação

Por Priscila Mengue e José Maria Tomazela
Atualização:

O primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em São Paulo neste domingo, 5, é marcado pelos impactos do temporal e da falta de energia em parte do Estado e problemas na alocação de participantes longe de casa. Parte dos candidatos acordou cedo para cruzar a cidade até o local de prova, com relatos de deslocamentos de até mais de 1h30. Além disso, bairros da capital e de municípios do interior, com o Sorocaba, seguem sem o fornecimento de luz normalizado.

Neste domingo, os candidatos realizam as provas de linguagens (40 questões de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol), ciências humanas (45 questões) – além da redação. O início da aplicação da prova está marcado para às 13h30.

Candidatos chegam para a prova do Enem 2023 em Universidade na zona sul de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão
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O Estadão falou com diversos candidatos em um ponto de aplicação da prova Aclimação, no centro expandido. Todos moravam na zona leste, alguns em bairros no extremo da cidade, como Guaianases e Ermelino Matarazzo.

Com expectativa para cursar Direito, Carolina Baruti, de 17 anos, disse que não conseguiu descansar o suficiente. Ela dormiu apenas às 2 horas da madrugada e teve de acordar às 7 horas, para se organizar e alimentar com calma antes de sair do bairro José Bonifácio, na zona leste, até um ponto de aplicação do exame.

No ano passado, a estudante do último ano do Ensino Médio prestou o Enem em uma escola a 5 minutos a pé de onde mora. Dessa vez, como não conhecia o local de aplicação, saiu bem mais cedo, para garantir que acharia o endereço sem contratempos. Ela também ficou cerca de 7 horas sem energia em casa no sábado, por causa da queda de uma árvore na vizinhança.

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Os últimos dias foram marcados por reclamações de candidatos alocados em pontos de aplicação longe do endereço de residência – em alguns casos, até em outras cidades. A alocação a uma distância superior a 30 quilômetros da casa descumpre os termos definidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no contrato com a empresa responsável pela aplicação.

A instituição anunciou na segunda-feira, 30, que os candidatos alocados a mais de 30 quilômetros de distância de onde residem poderão fazer a prova em 12 e 13 de dezembro, mediante solicitação e avaliação caso a caso. Cerca de 50 mil pessoas estão nessa situação, o que representaria 1% do total, segundo o Inep.

Também da zona leste, a estudante do 3° ano do Ensino Médio Maiara Silva, de 18 anos, pegou trem e metrô desde Guaianases, no extremo leste. Ela compara que outros candidatos que estavam mais próximos do local de aplicação saíram perto das 12h de casa.

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Maiara conta que passou todo o percurso pensando no que estava por vir na prova. “Depois da redação, já vai ser um alívio”, avalia a jovem, que busca cursar Letras.

Igualmente aluna do 3° ano, Mariana de Melo, de 17 anos, levou uma hora até o local de prova. Moradora da Vila Guilhermina, na zona leste, saiu de casa às 9h30, para garantir que não se atrasaria.

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Já a treineira Sophia Akemi, de 17 anos, aluna do 2° ano, saiu de Ermelino Matarazzo, no extremo leste. Ela diz que o percurso foi tranquilo porque veio de carro, com o pai. Mesmo assim, preferiu sair cedo e deixou para almoçar um sushi que comprou em um mercado do entorno.

Sophia também comenta que o temporal impactou um pouco na qualidade da internet em casa, mas que melhorou depois de um dia. Sobre a redação, arrisca dizer que é difícil acertar o tema: “Para mim, não seriam os mais óbvios”.

Como outros candidatos abordados pelo Estadão na Unip da região da Vergueiro, Heloisa Noia, de 24 anos, também veio da zona leste. Ela disse que o trajeto foi tranquilo, e ainda grátis, com o passe livre determinado no transporte coletivo metropolitano.

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“Almoçamos às 11h20, no caminho”, conta. Ela se recorda que já chegou a prestar o Enem no ABC Paulista. No último ano, contudo, pode ir a pé. “Não esperava que fosse longe neste ano”, comenta a candidata à vaga em Medicina.

Já a estudante do 3° ano Ana Carolina Maia, de 17 anos, veio de Itaquera, também na zona leste. Ela avalia que a distância não impactou tanto, ainda mais porque tem se preparado ao longo do ano.

“Andei vendo muitas teorias sobre o que pode ter (na redação) e li bastante notícia”, relata. “Estou mais tranquila porque fiz simulações dois sábados por mês.”

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Também aluna do 3° ano, Thalita Menezes, de 17 anos, diz que esperava fazer a prova mais perto de casa, na Vila Matilde, na zona leste. Ela conta que tem buscado estar pronta para o Enem, mas que, na hora da prova, tudo pode ser diferente. “A gente estuda e, mesmo assim, parece que não está preparada.”

Neste domingo, os candidatos realizam as provas de linguagens e ciências humanas, além de redação Foto: TABA BENEDICTO

Apagão dificultou preparativos de candidatos em Sorocaba

“Ainda há pouco, quando saí de casa para fazer a prova, ainda estava sem energia. O apagão começou com o temporal, por volta de 15h30 de sexta-feira, 3, e a energia ainda não foi restabelecida”, disse a estudante Nicolly de Oliveira Santos, de 18 anos, que esperava a abertura dos portões no prédio da Universidade Paulista (Unip).

Ela mora na zona norte da cidade e não conseguiu revisar os conteúdos como pretendia. “Todo bairro estava sem luz e internet, inclusive minha escola, então não tinha o que fazer. Relaxei e estou aqui”, disse a estudante, que cursou o ensino médio em escola pública e faria seu primeiro Enem.

Victor Felipe Lima da Silva, de 17 anos, mora na mesma região e também ficou sem energia em casa. Ele já fez o Enem no ano passado e se acha mais preparado. “Tive que me adaptar ao novo itinerário do Ensino Médio, e isso atrapalhou um pouco.”

Ele pretende cursar Tecnologia da Informação e se preocupa com a prova de redação. “Acho que vai ser algo relacionado às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza ou sobre a questão ambiental”, disse.

O estudante Maurício Maccool, 18 anos, também saiu direto do ensino médio em escola pública para o Enem, mas sem a base que desejava. “O ensino médio público deixou a desejar. Neste último ano não tivemos física, biologia e química, que são importantes no vestibular.”

Candidato a uma vaga em Direito, ele apostava em temas como a segurança pública nas provas deste ano. “Está em evidência por conta dos problemas no Rio e na Bahia”, disse.

Já para a estudante Jessika Rosiska, de 18 anos, que pretende conseguir uma vaga em curso público de Medicina Veterinária em seu primeiro Enem, o tema dominante deste Enem deve ser a guerra. “Tivemos muitas discussões na escola, principalmente sobre a questão de Israel e do Hamas”, disse.

A concessionária CPFL informou que mobilizou todos os recursos para restabelecer a energia no mais curto espaço de tempo nas regiões afetadas pela tempestade, em Sorocaba. A prefeitura disse que organizou os sistemas de trânsito e transporte para atender o Enem.

Enel garantiu energia em todos os locais de prova

A aplicação ocorre após o temor de que a energia elétrica não fosse restabelecida em todos os pontos de aplicação da prova após as fortes rajadas de vento de sexta-feira, 3. A concessionária Enel se comprometeu em restabelecer o serviço em todos os locais de prova, com a disponibilização de gerador em casos excepcionais.

Como solicitar reaplicação

Os pedidos de reaplicação por alocação em local distante da residência poderão ser feitos na página do participante entre os dias 13 e 17 de novembro. As solicitações serão analisadas pelo Inep. Candidatos afetados por problemas logísticos durante a aplicação ou acometidos por doenças infectocontagiosas na semana que antecede o primeiro ou o segundo dia de aplicação das provas também podem solicitar a reaplicação.

O Enem 2023 recebeu 3,9 milhões de inscrições, um crescimento de 13,1% em relação ao ano passado. A duração máxima de realização da prova neste domingo é de 5 horas e 30 minutos. O exame será feito apenas presencialmente. No próximo domingo,12, será a vez das provas de ciências da natureza e matemática. A aplicação terá 5 horas de duração.

Capitais como Porto Alegre, Salvador e Belém estão com o transporte público gratuito nos dois dias de aplicação da prova. Na capital paulista, a liberação está em vigor nos ônibus municipais e metropolitanos, trens e linhas de metrô.

Em 2022, o tema da redação foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Os gabaritos das provas objetivas serão divulgados em 24 de novembro. O participante poderá acessar os resultados individuais do Enem, mediante acesso com login único, a partir de 16 de janeiro.

O primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em São Paulo neste domingo, 5, é marcado pelos impactos do temporal e da falta de energia em parte do Estado e problemas na alocação de participantes longe de casa. Parte dos candidatos acordou cedo para cruzar a cidade até o local de prova, com relatos de deslocamentos de até mais de 1h30. Além disso, bairros da capital e de municípios do interior, com o Sorocaba, seguem sem o fornecimento de luz normalizado.

Neste domingo, os candidatos realizam as provas de linguagens (40 questões de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol), ciências humanas (45 questões) – além da redação. O início da aplicação da prova está marcado para às 13h30.

Candidatos chegam para a prova do Enem 2023 em Universidade na zona sul de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O Estadão falou com diversos candidatos em um ponto de aplicação da prova Aclimação, no centro expandido. Todos moravam na zona leste, alguns em bairros no extremo da cidade, como Guaianases e Ermelino Matarazzo.

Com expectativa para cursar Direito, Carolina Baruti, de 17 anos, disse que não conseguiu descansar o suficiente. Ela dormiu apenas às 2 horas da madrugada e teve de acordar às 7 horas, para se organizar e alimentar com calma antes de sair do bairro José Bonifácio, na zona leste, até um ponto de aplicação do exame.

No ano passado, a estudante do último ano do Ensino Médio prestou o Enem em uma escola a 5 minutos a pé de onde mora. Dessa vez, como não conhecia o local de aplicação, saiu bem mais cedo, para garantir que acharia o endereço sem contratempos. Ela também ficou cerca de 7 horas sem energia em casa no sábado, por causa da queda de uma árvore na vizinhança.

Os últimos dias foram marcados por reclamações de candidatos alocados em pontos de aplicação longe do endereço de residência – em alguns casos, até em outras cidades. A alocação a uma distância superior a 30 quilômetros da casa descumpre os termos definidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no contrato com a empresa responsável pela aplicação.

A instituição anunciou na segunda-feira, 30, que os candidatos alocados a mais de 30 quilômetros de distância de onde residem poderão fazer a prova em 12 e 13 de dezembro, mediante solicitação e avaliação caso a caso. Cerca de 50 mil pessoas estão nessa situação, o que representaria 1% do total, segundo o Inep.

Também da zona leste, a estudante do 3° ano do Ensino Médio Maiara Silva, de 18 anos, pegou trem e metrô desde Guaianases, no extremo leste. Ela compara que outros candidatos que estavam mais próximos do local de aplicação saíram perto das 12h de casa.

Maiara conta que passou todo o percurso pensando no que estava por vir na prova. “Depois da redação, já vai ser um alívio”, avalia a jovem, que busca cursar Letras.

Igualmente aluna do 3° ano, Mariana de Melo, de 17 anos, levou uma hora até o local de prova. Moradora da Vila Guilhermina, na zona leste, saiu de casa às 9h30, para garantir que não se atrasaria.

Já a treineira Sophia Akemi, de 17 anos, aluna do 2° ano, saiu de Ermelino Matarazzo, no extremo leste. Ela diz que o percurso foi tranquilo porque veio de carro, com o pai. Mesmo assim, preferiu sair cedo e deixou para almoçar um sushi que comprou em um mercado do entorno.

Sophia também comenta que o temporal impactou um pouco na qualidade da internet em casa, mas que melhorou depois de um dia. Sobre a redação, arrisca dizer que é difícil acertar o tema: “Para mim, não seriam os mais óbvios”.

Como outros candidatos abordados pelo Estadão na Unip da região da Vergueiro, Heloisa Noia, de 24 anos, também veio da zona leste. Ela disse que o trajeto foi tranquilo, e ainda grátis, com o passe livre determinado no transporte coletivo metropolitano.

“Almoçamos às 11h20, no caminho”, conta. Ela se recorda que já chegou a prestar o Enem no ABC Paulista. No último ano, contudo, pode ir a pé. “Não esperava que fosse longe neste ano”, comenta a candidata à vaga em Medicina.

Já a estudante do 3° ano Ana Carolina Maia, de 17 anos, veio de Itaquera, também na zona leste. Ela avalia que a distância não impactou tanto, ainda mais porque tem se preparado ao longo do ano.

“Andei vendo muitas teorias sobre o que pode ter (na redação) e li bastante notícia”, relata. “Estou mais tranquila porque fiz simulações dois sábados por mês.”

Também aluna do 3° ano, Thalita Menezes, de 17 anos, diz que esperava fazer a prova mais perto de casa, na Vila Matilde, na zona leste. Ela conta que tem buscado estar pronta para o Enem, mas que, na hora da prova, tudo pode ser diferente. “A gente estuda e, mesmo assim, parece que não está preparada.”

Neste domingo, os candidatos realizam as provas de linguagens e ciências humanas, além de redação Foto: TABA BENEDICTO

Apagão dificultou preparativos de candidatos em Sorocaba

“Ainda há pouco, quando saí de casa para fazer a prova, ainda estava sem energia. O apagão começou com o temporal, por volta de 15h30 de sexta-feira, 3, e a energia ainda não foi restabelecida”, disse a estudante Nicolly de Oliveira Santos, de 18 anos, que esperava a abertura dos portões no prédio da Universidade Paulista (Unip).

Ela mora na zona norte da cidade e não conseguiu revisar os conteúdos como pretendia. “Todo bairro estava sem luz e internet, inclusive minha escola, então não tinha o que fazer. Relaxei e estou aqui”, disse a estudante, que cursou o ensino médio em escola pública e faria seu primeiro Enem.

Victor Felipe Lima da Silva, de 17 anos, mora na mesma região e também ficou sem energia em casa. Ele já fez o Enem no ano passado e se acha mais preparado. “Tive que me adaptar ao novo itinerário do Ensino Médio, e isso atrapalhou um pouco.”

Ele pretende cursar Tecnologia da Informação e se preocupa com a prova de redação. “Acho que vai ser algo relacionado às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza ou sobre a questão ambiental”, disse.

O estudante Maurício Maccool, 18 anos, também saiu direto do ensino médio em escola pública para o Enem, mas sem a base que desejava. “O ensino médio público deixou a desejar. Neste último ano não tivemos física, biologia e química, que são importantes no vestibular.”

Candidato a uma vaga em Direito, ele apostava em temas como a segurança pública nas provas deste ano. “Está em evidência por conta dos problemas no Rio e na Bahia”, disse.

Já para a estudante Jessika Rosiska, de 18 anos, que pretende conseguir uma vaga em curso público de Medicina Veterinária em seu primeiro Enem, o tema dominante deste Enem deve ser a guerra. “Tivemos muitas discussões na escola, principalmente sobre a questão de Israel e do Hamas”, disse.

A concessionária CPFL informou que mobilizou todos os recursos para restabelecer a energia no mais curto espaço de tempo nas regiões afetadas pela tempestade, em Sorocaba. A prefeitura disse que organizou os sistemas de trânsito e transporte para atender o Enem.

Enel garantiu energia em todos os locais de prova

A aplicação ocorre após o temor de que a energia elétrica não fosse restabelecida em todos os pontos de aplicação da prova após as fortes rajadas de vento de sexta-feira, 3. A concessionária Enel se comprometeu em restabelecer o serviço em todos os locais de prova, com a disponibilização de gerador em casos excepcionais.

Como solicitar reaplicação

Os pedidos de reaplicação por alocação em local distante da residência poderão ser feitos na página do participante entre os dias 13 e 17 de novembro. As solicitações serão analisadas pelo Inep. Candidatos afetados por problemas logísticos durante a aplicação ou acometidos por doenças infectocontagiosas na semana que antecede o primeiro ou o segundo dia de aplicação das provas também podem solicitar a reaplicação.

O Enem 2023 recebeu 3,9 milhões de inscrições, um crescimento de 13,1% em relação ao ano passado. A duração máxima de realização da prova neste domingo é de 5 horas e 30 minutos. O exame será feito apenas presencialmente. No próximo domingo,12, será a vez das provas de ciências da natureza e matemática. A aplicação terá 5 horas de duração.

Capitais como Porto Alegre, Salvador e Belém estão com o transporte público gratuito nos dois dias de aplicação da prova. Na capital paulista, a liberação está em vigor nos ônibus municipais e metropolitanos, trens e linhas de metrô.

Em 2022, o tema da redação foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Os gabaritos das provas objetivas serão divulgados em 24 de novembro. O participante poderá acessar os resultados individuais do Enem, mediante acesso com login único, a partir de 16 de janeiro.

O primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em São Paulo neste domingo, 5, é marcado pelos impactos do temporal e da falta de energia em parte do Estado e problemas na alocação de participantes longe de casa. Parte dos candidatos acordou cedo para cruzar a cidade até o local de prova, com relatos de deslocamentos de até mais de 1h30. Além disso, bairros da capital e de municípios do interior, com o Sorocaba, seguem sem o fornecimento de luz normalizado.

Neste domingo, os candidatos realizam as provas de linguagens (40 questões de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol), ciências humanas (45 questões) – além da redação. O início da aplicação da prova está marcado para às 13h30.

Candidatos chegam para a prova do Enem 2023 em Universidade na zona sul de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O Estadão falou com diversos candidatos em um ponto de aplicação da prova Aclimação, no centro expandido. Todos moravam na zona leste, alguns em bairros no extremo da cidade, como Guaianases e Ermelino Matarazzo.

Com expectativa para cursar Direito, Carolina Baruti, de 17 anos, disse que não conseguiu descansar o suficiente. Ela dormiu apenas às 2 horas da madrugada e teve de acordar às 7 horas, para se organizar e alimentar com calma antes de sair do bairro José Bonifácio, na zona leste, até um ponto de aplicação do exame.

No ano passado, a estudante do último ano do Ensino Médio prestou o Enem em uma escola a 5 minutos a pé de onde mora. Dessa vez, como não conhecia o local de aplicação, saiu bem mais cedo, para garantir que acharia o endereço sem contratempos. Ela também ficou cerca de 7 horas sem energia em casa no sábado, por causa da queda de uma árvore na vizinhança.

Os últimos dias foram marcados por reclamações de candidatos alocados em pontos de aplicação longe do endereço de residência – em alguns casos, até em outras cidades. A alocação a uma distância superior a 30 quilômetros da casa descumpre os termos definidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no contrato com a empresa responsável pela aplicação.

A instituição anunciou na segunda-feira, 30, que os candidatos alocados a mais de 30 quilômetros de distância de onde residem poderão fazer a prova em 12 e 13 de dezembro, mediante solicitação e avaliação caso a caso. Cerca de 50 mil pessoas estão nessa situação, o que representaria 1% do total, segundo o Inep.

Também da zona leste, a estudante do 3° ano do Ensino Médio Maiara Silva, de 18 anos, pegou trem e metrô desde Guaianases, no extremo leste. Ela compara que outros candidatos que estavam mais próximos do local de aplicação saíram perto das 12h de casa.

Maiara conta que passou todo o percurso pensando no que estava por vir na prova. “Depois da redação, já vai ser um alívio”, avalia a jovem, que busca cursar Letras.

Igualmente aluna do 3° ano, Mariana de Melo, de 17 anos, levou uma hora até o local de prova. Moradora da Vila Guilhermina, na zona leste, saiu de casa às 9h30, para garantir que não se atrasaria.

Já a treineira Sophia Akemi, de 17 anos, aluna do 2° ano, saiu de Ermelino Matarazzo, no extremo leste. Ela diz que o percurso foi tranquilo porque veio de carro, com o pai. Mesmo assim, preferiu sair cedo e deixou para almoçar um sushi que comprou em um mercado do entorno.

Sophia também comenta que o temporal impactou um pouco na qualidade da internet em casa, mas que melhorou depois de um dia. Sobre a redação, arrisca dizer que é difícil acertar o tema: “Para mim, não seriam os mais óbvios”.

Como outros candidatos abordados pelo Estadão na Unip da região da Vergueiro, Heloisa Noia, de 24 anos, também veio da zona leste. Ela disse que o trajeto foi tranquilo, e ainda grátis, com o passe livre determinado no transporte coletivo metropolitano.

“Almoçamos às 11h20, no caminho”, conta. Ela se recorda que já chegou a prestar o Enem no ABC Paulista. No último ano, contudo, pode ir a pé. “Não esperava que fosse longe neste ano”, comenta a candidata à vaga em Medicina.

Já a estudante do 3° ano Ana Carolina Maia, de 17 anos, veio de Itaquera, também na zona leste. Ela avalia que a distância não impactou tanto, ainda mais porque tem se preparado ao longo do ano.

“Andei vendo muitas teorias sobre o que pode ter (na redação) e li bastante notícia”, relata. “Estou mais tranquila porque fiz simulações dois sábados por mês.”

Também aluna do 3° ano, Thalita Menezes, de 17 anos, diz que esperava fazer a prova mais perto de casa, na Vila Matilde, na zona leste. Ela conta que tem buscado estar pronta para o Enem, mas que, na hora da prova, tudo pode ser diferente. “A gente estuda e, mesmo assim, parece que não está preparada.”

Neste domingo, os candidatos realizam as provas de linguagens e ciências humanas, além de redação Foto: TABA BENEDICTO

Apagão dificultou preparativos de candidatos em Sorocaba

“Ainda há pouco, quando saí de casa para fazer a prova, ainda estava sem energia. O apagão começou com o temporal, por volta de 15h30 de sexta-feira, 3, e a energia ainda não foi restabelecida”, disse a estudante Nicolly de Oliveira Santos, de 18 anos, que esperava a abertura dos portões no prédio da Universidade Paulista (Unip).

Ela mora na zona norte da cidade e não conseguiu revisar os conteúdos como pretendia. “Todo bairro estava sem luz e internet, inclusive minha escola, então não tinha o que fazer. Relaxei e estou aqui”, disse a estudante, que cursou o ensino médio em escola pública e faria seu primeiro Enem.

Victor Felipe Lima da Silva, de 17 anos, mora na mesma região e também ficou sem energia em casa. Ele já fez o Enem no ano passado e se acha mais preparado. “Tive que me adaptar ao novo itinerário do Ensino Médio, e isso atrapalhou um pouco.”

Ele pretende cursar Tecnologia da Informação e se preocupa com a prova de redação. “Acho que vai ser algo relacionado às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza ou sobre a questão ambiental”, disse.

O estudante Maurício Maccool, 18 anos, também saiu direto do ensino médio em escola pública para o Enem, mas sem a base que desejava. “O ensino médio público deixou a desejar. Neste último ano não tivemos física, biologia e química, que são importantes no vestibular.”

Candidato a uma vaga em Direito, ele apostava em temas como a segurança pública nas provas deste ano. “Está em evidência por conta dos problemas no Rio e na Bahia”, disse.

Já para a estudante Jessika Rosiska, de 18 anos, que pretende conseguir uma vaga em curso público de Medicina Veterinária em seu primeiro Enem, o tema dominante deste Enem deve ser a guerra. “Tivemos muitas discussões na escola, principalmente sobre a questão de Israel e do Hamas”, disse.

A concessionária CPFL informou que mobilizou todos os recursos para restabelecer a energia no mais curto espaço de tempo nas regiões afetadas pela tempestade, em Sorocaba. A prefeitura disse que organizou os sistemas de trânsito e transporte para atender o Enem.

Enel garantiu energia em todos os locais de prova

A aplicação ocorre após o temor de que a energia elétrica não fosse restabelecida em todos os pontos de aplicação da prova após as fortes rajadas de vento de sexta-feira, 3. A concessionária Enel se comprometeu em restabelecer o serviço em todos os locais de prova, com a disponibilização de gerador em casos excepcionais.

Como solicitar reaplicação

Os pedidos de reaplicação por alocação em local distante da residência poderão ser feitos na página do participante entre os dias 13 e 17 de novembro. As solicitações serão analisadas pelo Inep. Candidatos afetados por problemas logísticos durante a aplicação ou acometidos por doenças infectocontagiosas na semana que antecede o primeiro ou o segundo dia de aplicação das provas também podem solicitar a reaplicação.

O Enem 2023 recebeu 3,9 milhões de inscrições, um crescimento de 13,1% em relação ao ano passado. A duração máxima de realização da prova neste domingo é de 5 horas e 30 minutos. O exame será feito apenas presencialmente. No próximo domingo,12, será a vez das provas de ciências da natureza e matemática. A aplicação terá 5 horas de duração.

Capitais como Porto Alegre, Salvador e Belém estão com o transporte público gratuito nos dois dias de aplicação da prova. Na capital paulista, a liberação está em vigor nos ônibus municipais e metropolitanos, trens e linhas de metrô.

Em 2022, o tema da redação foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Os gabaritos das provas objetivas serão divulgados em 24 de novembro. O participante poderá acessar os resultados individuais do Enem, mediante acesso com login único, a partir de 16 de janeiro.

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