Por Verônica Bochio, coordenação de Inglês da Escola da Vila e Sandra Durazzo, núcleo de internacionalização e idiomas da Bahema Educação
Esta pergunta é feita tanto por famílias imigrantes como por aquelas que entendem a importância de saber inglês, hoje considerado como língua franca, mas têm dúvidas se há algum momento ideal para iniciar esse aprendizado.
Não há resposta única, mas, sim, considerações sobre as vantagens de cada etapa do desenvolvimento.
Em famílias bilíngues ou imigrantes, o aprendizado da segunda língua, seja inglês ou outra, acontece desde o nascimento. Estes são os chamados bilingual at birth, que estão naturalmente expostos a mais de um idioma. Essas crianças podem apresentar, inicialmente, alguma confusão entre o uso dos idiomas ou até mesmo demorar um pouco mais para falar. Em todos os casos, depois de um tempo de acomodação, a criança lida tranquilamente com as duas línguas, fazendo escolhas de acordo com seu interlocutor ou espaço (casa e escola, por exemplo).
Alguns pesquisadores, como a linguista Merrill Swain, afirmam que o bilinguismo desde cedo promove uma consciência metalinguística nas crianças à medida que elas vão ficando capazes de manipular e classificar os idiomas, contribuindo também para a apropriação de sua língua materna. Esse argumento contradiz alguns educadores que ainda temiam uma influência negativa no processo de desenvolvimento linguístico da criança.
Também o processo de alfabetização é influenciado de maneira positiva pela exposição a mais de um idioma. Novamente, é preciso considerar que pode ser necessário um tempo maior para que as confusões entre as línguas sejam eliminadas da escrita das crianças, o que não tem influência alguma sobre a proficiência na escrita que será desenvolvida.
Hoje em dia, inglês é parte do cotidiano das crianças desde pequenas. São nomes de colegas com grafia estrangeira, palavras do universo da tecnologia e tantas outras já apropriadas no repertório nacional. Sendo assim, as hipóteses sobre a escrita envolverão essas grafias da língua inglesa, mesmo em contextos não bilíngues. E, portanto, podem tranquilamente aparecer de forma mais intencional, colocando as crianças em contato também com histórias, músicas, jogos e inputs em inglês desde pequenas.
Outro importante argumento a favor do início do aprendizado de inglês na primeira infância vem da abertura auditiva que permite às crianças diferenciar e se apropriar da sonoridade desse idioma com maior facilidade.
Ao participar das brincadeiras e das propostas da aula, os pequenos e as pequenas se divertem sem nem mesmo perceber tudo o que estão aprendendo na língua inglesa. De acordo com Susan Halliwell, a criança tem não apenas o instinto natural de se divertir e de brincar (intuitive play and fun), mas também de interagir e conversar (intuitive interaction and talk), algo muito benéfico para o aprendizado de uma língua adicional.
Finalmente, a disponibilidade para aprender, para tentar sem autocrítica, traços característicos das crianças pequenas, é bastante favorável para a aquisição de idiomas em geral.
Vale ressaltar que, caso não seja possível iniciar o aprendizado de idiomas em idade nos anos iniciais, a aprendizagem da língua em idade mais avançada tem também as suas vantagens. A primeira delas é que o aprendiz traz uma série de conhecimentos sobre os textos e as interlocuções; sobre a gramática, a estrutura da língua e os seus usos, que facilitam as relações com o novo idioma, fazendo com que aprendam mais rapidamente. Também o conhecimento de mundo e sobre as muitas implicações das situações de comunicação faz com que os aprendizes mais velhos deem conta dessas situações mesmo com menor repertório de vocabulário ou estruturas.