Escola gratuita ensina programação sem professor e tem 4 mil na lista de espera; veja como funciona


Instituição francesa École 42 tem três unidades no Brasil: em São Paulo, Rio e Belo Horizonte

Por Renata Cafardo

Uma escola que ensina programação sem professor, sem mensalidade e que não precisa nem se formar. Parece o sonho dos jovens. Mas para estudar na francesa École 42, referência em tecnologia mundial, é preciso saber colaborar e ajudar os outros a aprender. “A gente diz que antes de aprender qualquer código, você precisa rever os seus”, diz Karen Kannan, sócia da instituição, que chegou ao Brasil no meio da pandemia e tem 4 mil alunos na fila de espera para participar da seleção.

O conceito da École 42 inclui acabar com o estereótipo tech, de pessoas “esquisitas”, que fazem tudo sozinhas. “Não dá para ensinar tecnologia sem pensar no ser humano. Programar vai além de digitar um código, passa pela forma, pela escuta, é sobre como você vai construir algo programando.”

Qualquer pessoa com mais de 18 anos, mesmo que não tenha terminado o ensino médio ou que nunca tenha programado, pode se candidatar. A seleção dura dias e são testadas resiliência, garra, vontade de aprender. Há jogos de memória, lógica e os candidatos precisam encontrar soluções para problemas trabalhando junto com outros concorrentes. Quatro vezes por ano são escolhidos cerca de 300 estudantes, que só progridem na École 42 se cumprirem projetos, feitos sempre em grupo e avaliados pelos colegas.

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“No começo achei que seria impossível, que eu nunca aprenderia nada, ainda mais sem professor”, diz Michele Prado, de 36 anos, que é bióloga e foi para a École 42 para mudar de carreira, sem nunca ter programado. Mas ela conta que encontrou um ambiente de colaboração em que até os mais tímidos não deixam de pedir ajuda.

Logo no primeiro dia, os alunos são colocados em salas – chamadas de naves – apenas com computadores e precisam cumprir as tarefas a partir de tutoriais. “Ou você se comunica ou você não evolui. Você percebe que tem sempre alguém que sabe algo para te ajudar”, afirma.

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A nova forma de estudar, aos poucos, se torna natural e defendida pelos alunos. “Se você aprende como um robô, vai ser substituído por um robô”, diz Renan Giullen, de 28 anos, que tinha um restaurante antes de conseguir uma vaga na 42. Ele lembra dos tempos de escola, em que o professor parecia ser detentor do conhecimento, mas nem sequer tinha tempo para se dedicar a cada aluno.

Renan Silva, de 27 anos, trabalhava numa fábrica de mortadela e foi atrás da 42 depois de ver um vídeo no YouTube. Hoje, é um dos mais procurados pelos colegas para ajudar a encontrar soluções. Além de não ter que pagar para estudar, estudantes de baixa renda recebem uma bolsa permanência.

“Para resolver um problema complexo precisamos de muita diversidade. Se tivermos só branco, de classe alta, eles vão sempre resolver do mesmo jeito”, diz Karen. Por isso, 40% dos alunos são de famílias vulneráveis, 40% autistas, com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou com outra neurodiversidade e 26% são não masculinos, com meta de chegar a 35%.

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Da esquerda para a direita, Aurora, Michele, Renan e Douglas na sede da École 42 na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Rotina

Aurora Cardoso, de 28 anos, é uma mulher trans, que veio de Belém e começou do zero em tecnologia. Ela chega cedo ao prédio da escola, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, divide a geladeira e os aprendizados com os colegas. Mas cada aluno faz sua rotina. Os espaços da École 42 ficam abertos 24 horas e os estudantes escolhem como querem cumprir suas 35 horas semanais.

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Antes mesmo de terminar os dois anos de curso, quase todos já foram procurados por empresas do setor de tecnologia e estão empregados. O diploma lá fora tem valor de uma graduação, o que não ocorre no Brasil, mas ninguém se importa.

Muitos vão para as próprias empresas financiadoras da escola, como Itaú, Vivo, Localiza, Ultra e Zup, mas também abastecem um mercado ávido por pessoas qualificadas em tecnologia. “O estudante fica na escola até quando ele achar que precisa ou o mercado achar que precisa”, afirma Karen.

A École 42 surgiu na França em 2013 com a ideia de transformar o país numa potência digital e suprir a necessidade de profissionais para a área. Hoje está em 26 países e tem três unidades no Brasil (São Paulo, Rio e Belo Horizonte). O 42 é uma referência ao livro Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, em que o número seria a resposta dada por um computador para todas as questões do universo.

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Adolescentes

A sócia da École 42 quer trazer para o País uma escola com perfil parecido, mas para adolescentes. Ela procura financiadores para montar aqui a Tumo, instituição de tecnologia da Armênia, também gratuita, que atende estudantes de 12 a 18 anos. Por aqui, ela seria uma opção para o contraturno escolar.

O projeto da Tumo junta a aprendizagem autônoma, projetos e workshops, passando por 14 habilidades, entre elas animação, desenvolvimento de games, música e robótica. A escola tem atualmente 20 mil alunos na Armênia, além de Paris, Berlim, Moscou e outras cidades. E ainda leva os chamados Tomo Boxes, unidades montadas em comunidades, para atender os adolescentes perto de onde moram.

Uma escola que ensina programação sem professor, sem mensalidade e que não precisa nem se formar. Parece o sonho dos jovens. Mas para estudar na francesa École 42, referência em tecnologia mundial, é preciso saber colaborar e ajudar os outros a aprender. “A gente diz que antes de aprender qualquer código, você precisa rever os seus”, diz Karen Kannan, sócia da instituição, que chegou ao Brasil no meio da pandemia e tem 4 mil alunos na fila de espera para participar da seleção.

O conceito da École 42 inclui acabar com o estereótipo tech, de pessoas “esquisitas”, que fazem tudo sozinhas. “Não dá para ensinar tecnologia sem pensar no ser humano. Programar vai além de digitar um código, passa pela forma, pela escuta, é sobre como você vai construir algo programando.”

Qualquer pessoa com mais de 18 anos, mesmo que não tenha terminado o ensino médio ou que nunca tenha programado, pode se candidatar. A seleção dura dias e são testadas resiliência, garra, vontade de aprender. Há jogos de memória, lógica e os candidatos precisam encontrar soluções para problemas trabalhando junto com outros concorrentes. Quatro vezes por ano são escolhidos cerca de 300 estudantes, que só progridem na École 42 se cumprirem projetos, feitos sempre em grupo e avaliados pelos colegas.

“No começo achei que seria impossível, que eu nunca aprenderia nada, ainda mais sem professor”, diz Michele Prado, de 36 anos, que é bióloga e foi para a École 42 para mudar de carreira, sem nunca ter programado. Mas ela conta que encontrou um ambiente de colaboração em que até os mais tímidos não deixam de pedir ajuda.

Logo no primeiro dia, os alunos são colocados em salas – chamadas de naves – apenas com computadores e precisam cumprir as tarefas a partir de tutoriais. “Ou você se comunica ou você não evolui. Você percebe que tem sempre alguém que sabe algo para te ajudar”, afirma.

A nova forma de estudar, aos poucos, se torna natural e defendida pelos alunos. “Se você aprende como um robô, vai ser substituído por um robô”, diz Renan Giullen, de 28 anos, que tinha um restaurante antes de conseguir uma vaga na 42. Ele lembra dos tempos de escola, em que o professor parecia ser detentor do conhecimento, mas nem sequer tinha tempo para se dedicar a cada aluno.

Renan Silva, de 27 anos, trabalhava numa fábrica de mortadela e foi atrás da 42 depois de ver um vídeo no YouTube. Hoje, é um dos mais procurados pelos colegas para ajudar a encontrar soluções. Além de não ter que pagar para estudar, estudantes de baixa renda recebem uma bolsa permanência.

“Para resolver um problema complexo precisamos de muita diversidade. Se tivermos só branco, de classe alta, eles vão sempre resolver do mesmo jeito”, diz Karen. Por isso, 40% dos alunos são de famílias vulneráveis, 40% autistas, com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou com outra neurodiversidade e 26% são não masculinos, com meta de chegar a 35%.

Da esquerda para a direita, Aurora, Michele, Renan e Douglas na sede da École 42 na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Rotina

Aurora Cardoso, de 28 anos, é uma mulher trans, que veio de Belém e começou do zero em tecnologia. Ela chega cedo ao prédio da escola, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, divide a geladeira e os aprendizados com os colegas. Mas cada aluno faz sua rotina. Os espaços da École 42 ficam abertos 24 horas e os estudantes escolhem como querem cumprir suas 35 horas semanais.

Antes mesmo de terminar os dois anos de curso, quase todos já foram procurados por empresas do setor de tecnologia e estão empregados. O diploma lá fora tem valor de uma graduação, o que não ocorre no Brasil, mas ninguém se importa.

Muitos vão para as próprias empresas financiadoras da escola, como Itaú, Vivo, Localiza, Ultra e Zup, mas também abastecem um mercado ávido por pessoas qualificadas em tecnologia. “O estudante fica na escola até quando ele achar que precisa ou o mercado achar que precisa”, afirma Karen.

A École 42 surgiu na França em 2013 com a ideia de transformar o país numa potência digital e suprir a necessidade de profissionais para a área. Hoje está em 26 países e tem três unidades no Brasil (São Paulo, Rio e Belo Horizonte). O 42 é uma referência ao livro Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, em que o número seria a resposta dada por um computador para todas as questões do universo.

Adolescentes

A sócia da École 42 quer trazer para o País uma escola com perfil parecido, mas para adolescentes. Ela procura financiadores para montar aqui a Tumo, instituição de tecnologia da Armênia, também gratuita, que atende estudantes de 12 a 18 anos. Por aqui, ela seria uma opção para o contraturno escolar.

O projeto da Tumo junta a aprendizagem autônoma, projetos e workshops, passando por 14 habilidades, entre elas animação, desenvolvimento de games, música e robótica. A escola tem atualmente 20 mil alunos na Armênia, além de Paris, Berlim, Moscou e outras cidades. E ainda leva os chamados Tomo Boxes, unidades montadas em comunidades, para atender os adolescentes perto de onde moram.

Uma escola que ensina programação sem professor, sem mensalidade e que não precisa nem se formar. Parece o sonho dos jovens. Mas para estudar na francesa École 42, referência em tecnologia mundial, é preciso saber colaborar e ajudar os outros a aprender. “A gente diz que antes de aprender qualquer código, você precisa rever os seus”, diz Karen Kannan, sócia da instituição, que chegou ao Brasil no meio da pandemia e tem 4 mil alunos na fila de espera para participar da seleção.

O conceito da École 42 inclui acabar com o estereótipo tech, de pessoas “esquisitas”, que fazem tudo sozinhas. “Não dá para ensinar tecnologia sem pensar no ser humano. Programar vai além de digitar um código, passa pela forma, pela escuta, é sobre como você vai construir algo programando.”

Qualquer pessoa com mais de 18 anos, mesmo que não tenha terminado o ensino médio ou que nunca tenha programado, pode se candidatar. A seleção dura dias e são testadas resiliência, garra, vontade de aprender. Há jogos de memória, lógica e os candidatos precisam encontrar soluções para problemas trabalhando junto com outros concorrentes. Quatro vezes por ano são escolhidos cerca de 300 estudantes, que só progridem na École 42 se cumprirem projetos, feitos sempre em grupo e avaliados pelos colegas.

“No começo achei que seria impossível, que eu nunca aprenderia nada, ainda mais sem professor”, diz Michele Prado, de 36 anos, que é bióloga e foi para a École 42 para mudar de carreira, sem nunca ter programado. Mas ela conta que encontrou um ambiente de colaboração em que até os mais tímidos não deixam de pedir ajuda.

Logo no primeiro dia, os alunos são colocados em salas – chamadas de naves – apenas com computadores e precisam cumprir as tarefas a partir de tutoriais. “Ou você se comunica ou você não evolui. Você percebe que tem sempre alguém que sabe algo para te ajudar”, afirma.

A nova forma de estudar, aos poucos, se torna natural e defendida pelos alunos. “Se você aprende como um robô, vai ser substituído por um robô”, diz Renan Giullen, de 28 anos, que tinha um restaurante antes de conseguir uma vaga na 42. Ele lembra dos tempos de escola, em que o professor parecia ser detentor do conhecimento, mas nem sequer tinha tempo para se dedicar a cada aluno.

Renan Silva, de 27 anos, trabalhava numa fábrica de mortadela e foi atrás da 42 depois de ver um vídeo no YouTube. Hoje, é um dos mais procurados pelos colegas para ajudar a encontrar soluções. Além de não ter que pagar para estudar, estudantes de baixa renda recebem uma bolsa permanência.

“Para resolver um problema complexo precisamos de muita diversidade. Se tivermos só branco, de classe alta, eles vão sempre resolver do mesmo jeito”, diz Karen. Por isso, 40% dos alunos são de famílias vulneráveis, 40% autistas, com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou com outra neurodiversidade e 26% são não masculinos, com meta de chegar a 35%.

Da esquerda para a direita, Aurora, Michele, Renan e Douglas na sede da École 42 na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Aurora Cardoso, de 28 anos, é uma mulher trans, que veio de Belém e começou do zero em tecnologia. Ela chega cedo ao prédio da escola, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, divide a geladeira e os aprendizados com os colegas. Mas cada aluno faz sua rotina. Os espaços da École 42 ficam abertos 24 horas e os estudantes escolhem como querem cumprir suas 35 horas semanais.

Antes mesmo de terminar os dois anos de curso, quase todos já foram procurados por empresas do setor de tecnologia e estão empregados. O diploma lá fora tem valor de uma graduação, o que não ocorre no Brasil, mas ninguém se importa.

Muitos vão para as próprias empresas financiadoras da escola, como Itaú, Vivo, Localiza, Ultra e Zup, mas também abastecem um mercado ávido por pessoas qualificadas em tecnologia. “O estudante fica na escola até quando ele achar que precisa ou o mercado achar que precisa”, afirma Karen.

A École 42 surgiu na França em 2013 com a ideia de transformar o país numa potência digital e suprir a necessidade de profissionais para a área. Hoje está em 26 países e tem três unidades no Brasil (São Paulo, Rio e Belo Horizonte). O 42 é uma referência ao livro Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, em que o número seria a resposta dada por um computador para todas as questões do universo.

Adolescentes

A sócia da École 42 quer trazer para o País uma escola com perfil parecido, mas para adolescentes. Ela procura financiadores para montar aqui a Tumo, instituição de tecnologia da Armênia, também gratuita, que atende estudantes de 12 a 18 anos. Por aqui, ela seria uma opção para o contraturno escolar.

O projeto da Tumo junta a aprendizagem autônoma, projetos e workshops, passando por 14 habilidades, entre elas animação, desenvolvimento de games, música e robótica. A escola tem atualmente 20 mil alunos na Armênia, além de Paris, Berlim, Moscou e outras cidades. E ainda leva os chamados Tomo Boxes, unidades montadas em comunidades, para atender os adolescentes perto de onde moram.

Uma escola que ensina programação sem professor, sem mensalidade e que não precisa nem se formar. Parece o sonho dos jovens. Mas para estudar na francesa École 42, referência em tecnologia mundial, é preciso saber colaborar e ajudar os outros a aprender. “A gente diz que antes de aprender qualquer código, você precisa rever os seus”, diz Karen Kannan, sócia da instituição, que chegou ao Brasil no meio da pandemia e tem 4 mil alunos na fila de espera para participar da seleção.

O conceito da École 42 inclui acabar com o estereótipo tech, de pessoas “esquisitas”, que fazem tudo sozinhas. “Não dá para ensinar tecnologia sem pensar no ser humano. Programar vai além de digitar um código, passa pela forma, pela escuta, é sobre como você vai construir algo programando.”

Qualquer pessoa com mais de 18 anos, mesmo que não tenha terminado o ensino médio ou que nunca tenha programado, pode se candidatar. A seleção dura dias e são testadas resiliência, garra, vontade de aprender. Há jogos de memória, lógica e os candidatos precisam encontrar soluções para problemas trabalhando junto com outros concorrentes. Quatro vezes por ano são escolhidos cerca de 300 estudantes, que só progridem na École 42 se cumprirem projetos, feitos sempre em grupo e avaliados pelos colegas.

“No começo achei que seria impossível, que eu nunca aprenderia nada, ainda mais sem professor”, diz Michele Prado, de 36 anos, que é bióloga e foi para a École 42 para mudar de carreira, sem nunca ter programado. Mas ela conta que encontrou um ambiente de colaboração em que até os mais tímidos não deixam de pedir ajuda.

Logo no primeiro dia, os alunos são colocados em salas – chamadas de naves – apenas com computadores e precisam cumprir as tarefas a partir de tutoriais. “Ou você se comunica ou você não evolui. Você percebe que tem sempre alguém que sabe algo para te ajudar”, afirma.

A nova forma de estudar, aos poucos, se torna natural e defendida pelos alunos. “Se você aprende como um robô, vai ser substituído por um robô”, diz Renan Giullen, de 28 anos, que tinha um restaurante antes de conseguir uma vaga na 42. Ele lembra dos tempos de escola, em que o professor parecia ser detentor do conhecimento, mas nem sequer tinha tempo para se dedicar a cada aluno.

Renan Silva, de 27 anos, trabalhava numa fábrica de mortadela e foi atrás da 42 depois de ver um vídeo no YouTube. Hoje, é um dos mais procurados pelos colegas para ajudar a encontrar soluções. Além de não ter que pagar para estudar, estudantes de baixa renda recebem uma bolsa permanência.

“Para resolver um problema complexo precisamos de muita diversidade. Se tivermos só branco, de classe alta, eles vão sempre resolver do mesmo jeito”, diz Karen. Por isso, 40% dos alunos são de famílias vulneráveis, 40% autistas, com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou com outra neurodiversidade e 26% são não masculinos, com meta de chegar a 35%.

Da esquerda para a direita, Aurora, Michele, Renan e Douglas na sede da École 42 na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Aurora Cardoso, de 28 anos, é uma mulher trans, que veio de Belém e começou do zero em tecnologia. Ela chega cedo ao prédio da escola, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, divide a geladeira e os aprendizados com os colegas. Mas cada aluno faz sua rotina. Os espaços da École 42 ficam abertos 24 horas e os estudantes escolhem como querem cumprir suas 35 horas semanais.

Antes mesmo de terminar os dois anos de curso, quase todos já foram procurados por empresas do setor de tecnologia e estão empregados. O diploma lá fora tem valor de uma graduação, o que não ocorre no Brasil, mas ninguém se importa.

Muitos vão para as próprias empresas financiadoras da escola, como Itaú, Vivo, Localiza, Ultra e Zup, mas também abastecem um mercado ávido por pessoas qualificadas em tecnologia. “O estudante fica na escola até quando ele achar que precisa ou o mercado achar que precisa”, afirma Karen.

A École 42 surgiu na França em 2013 com a ideia de transformar o país numa potência digital e suprir a necessidade de profissionais para a área. Hoje está em 26 países e tem três unidades no Brasil (São Paulo, Rio e Belo Horizonte). O 42 é uma referência ao livro Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, em que o número seria a resposta dada por um computador para todas as questões do universo.

Adolescentes

A sócia da École 42 quer trazer para o País uma escola com perfil parecido, mas para adolescentes. Ela procura financiadores para montar aqui a Tumo, instituição de tecnologia da Armênia, também gratuita, que atende estudantes de 12 a 18 anos. Por aqui, ela seria uma opção para o contraturno escolar.

O projeto da Tumo junta a aprendizagem autônoma, projetos e workshops, passando por 14 habilidades, entre elas animação, desenvolvimento de games, música e robótica. A escola tem atualmente 20 mil alunos na Armênia, além de Paris, Berlim, Moscou e outras cidades. E ainda leva os chamados Tomo Boxes, unidades montadas em comunidades, para atender os adolescentes perto de onde moram.

Uma escola que ensina programação sem professor, sem mensalidade e que não precisa nem se formar. Parece o sonho dos jovens. Mas para estudar na francesa École 42, referência em tecnologia mundial, é preciso saber colaborar e ajudar os outros a aprender. “A gente diz que antes de aprender qualquer código, você precisa rever os seus”, diz Karen Kannan, sócia da instituição, que chegou ao Brasil no meio da pandemia e tem 4 mil alunos na fila de espera para participar da seleção.

O conceito da École 42 inclui acabar com o estereótipo tech, de pessoas “esquisitas”, que fazem tudo sozinhas. “Não dá para ensinar tecnologia sem pensar no ser humano. Programar vai além de digitar um código, passa pela forma, pela escuta, é sobre como você vai construir algo programando.”

Qualquer pessoa com mais de 18 anos, mesmo que não tenha terminado o ensino médio ou que nunca tenha programado, pode se candidatar. A seleção dura dias e são testadas resiliência, garra, vontade de aprender. Há jogos de memória, lógica e os candidatos precisam encontrar soluções para problemas trabalhando junto com outros concorrentes. Quatro vezes por ano são escolhidos cerca de 300 estudantes, que só progridem na École 42 se cumprirem projetos, feitos sempre em grupo e avaliados pelos colegas.

“No começo achei que seria impossível, que eu nunca aprenderia nada, ainda mais sem professor”, diz Michele Prado, de 36 anos, que é bióloga e foi para a École 42 para mudar de carreira, sem nunca ter programado. Mas ela conta que encontrou um ambiente de colaboração em que até os mais tímidos não deixam de pedir ajuda.

Logo no primeiro dia, os alunos são colocados em salas – chamadas de naves – apenas com computadores e precisam cumprir as tarefas a partir de tutoriais. “Ou você se comunica ou você não evolui. Você percebe que tem sempre alguém que sabe algo para te ajudar”, afirma.

A nova forma de estudar, aos poucos, se torna natural e defendida pelos alunos. “Se você aprende como um robô, vai ser substituído por um robô”, diz Renan Giullen, de 28 anos, que tinha um restaurante antes de conseguir uma vaga na 42. Ele lembra dos tempos de escola, em que o professor parecia ser detentor do conhecimento, mas nem sequer tinha tempo para se dedicar a cada aluno.

Renan Silva, de 27 anos, trabalhava numa fábrica de mortadela e foi atrás da 42 depois de ver um vídeo no YouTube. Hoje, é um dos mais procurados pelos colegas para ajudar a encontrar soluções. Além de não ter que pagar para estudar, estudantes de baixa renda recebem uma bolsa permanência.

“Para resolver um problema complexo precisamos de muita diversidade. Se tivermos só branco, de classe alta, eles vão sempre resolver do mesmo jeito”, diz Karen. Por isso, 40% dos alunos são de famílias vulneráveis, 40% autistas, com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou com outra neurodiversidade e 26% são não masculinos, com meta de chegar a 35%.

Da esquerda para a direita, Aurora, Michele, Renan e Douglas na sede da École 42 na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Rotina

Aurora Cardoso, de 28 anos, é uma mulher trans, que veio de Belém e começou do zero em tecnologia. Ela chega cedo ao prédio da escola, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, divide a geladeira e os aprendizados com os colegas. Mas cada aluno faz sua rotina. Os espaços da École 42 ficam abertos 24 horas e os estudantes escolhem como querem cumprir suas 35 horas semanais.

Antes mesmo de terminar os dois anos de curso, quase todos já foram procurados por empresas do setor de tecnologia e estão empregados. O diploma lá fora tem valor de uma graduação, o que não ocorre no Brasil, mas ninguém se importa.

Muitos vão para as próprias empresas financiadoras da escola, como Itaú, Vivo, Localiza, Ultra e Zup, mas também abastecem um mercado ávido por pessoas qualificadas em tecnologia. “O estudante fica na escola até quando ele achar que precisa ou o mercado achar que precisa”, afirma Karen.

A École 42 surgiu na França em 2013 com a ideia de transformar o país numa potência digital e suprir a necessidade de profissionais para a área. Hoje está em 26 países e tem três unidades no Brasil (São Paulo, Rio e Belo Horizonte). O 42 é uma referência ao livro Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, em que o número seria a resposta dada por um computador para todas as questões do universo.

Adolescentes

A sócia da École 42 quer trazer para o País uma escola com perfil parecido, mas para adolescentes. Ela procura financiadores para montar aqui a Tumo, instituição de tecnologia da Armênia, também gratuita, que atende estudantes de 12 a 18 anos. Por aqui, ela seria uma opção para o contraturno escolar.

O projeto da Tumo junta a aprendizagem autônoma, projetos e workshops, passando por 14 habilidades, entre elas animação, desenvolvimento de games, música e robótica. A escola tem atualmente 20 mil alunos na Armênia, além de Paris, Berlim, Moscou e outras cidades. E ainda leva os chamados Tomo Boxes, unidades montadas em comunidades, para atender os adolescentes perto de onde moram.

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