Escolas de SP recorrem ao ensino remoto diante de nova alta de casos de covid


Solução emergencial tem sido adotada em colégios particulares e em escolas públicas após piora da pandemia no último mês; médicos alertam sobre necessidade de prevenir o contágio para evitar afastamento de turmas

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

SÃO PAULO – A nova alta de casos de covid-19 tem feito escolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação e recorrerem outra vez ao ensino remoto como alternativa. Isso ocorre tanto em colégios particulares, que têm regras distintas, quanto em escolas da rede municipal, que seguem protocolo da Prefeitura. A gestão municipal voltou a recomendar o uso de máscara em ambientes de ensino. Educadores alertam ainda sobre a importância de priorizar aulas presenciais, em detrimento de outras atividades, diante do longo fechamento no Brasil em 2021 e 2022.

A pandemia piorou em São Paulo ao longo das últimas semanas. Em um um mês, o total de internados por covid-19 subiu até 275% em hospitais privados. Na rede pública, os hospitalizados também aumentaram. Os números ainda seguem distantes do pico da variante Ômicron, no começo do ano, mas põem autoridades e diretores de colégios em alerta. Em outros países, escolas conseguem controlar melhor o contágio diante da oferta mais ampla de testes e autotestes, o que facilita o monitoramento da transmissão. No Brasil, porém, a disponibilidade de exames é menor e os custos, maiores.

Nova alta de casos de covid tem feitoescolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação; efeito é observado em colégios com diferentes perfis Foto: Taba Benedicto/Estadao - 11/09/20
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O Colégio Franciscano Pio XII, no Morumbi, zona sul paulistana, registrou afastamento de 69 alunos contaminados e de uma turma do 8º ano das aulas presenciais no mês de maio. Na atual fase do protocolo da escola, uma turma inteira é afastada a partir do 5º caso de contaminação confirmada dentro do período de sete dias.

“O número de maio significa um aumento considerável quando comparado ao total de casos de janeiro a abril, em que houve a ocorrência de 44 confirmações ao longo dos quatro meses”, informou o colégio. O total não inclui estudantes com casos suspeitos, que também são afastados. Conforme o colégio, alunos sem acesso à aula presencial por problemas de saúde podem acompanhá-las de forma remota, exceto nos casos de avaliações escolares.

No Colégio Humboldt, escola bilíngue em Interlagos, zona sul paulistana, quatro turmas foram suspensas recentemente por um período de sete dias devido à alta de casos de covid. “Se em uma sala tiver três casos, suspendem a turma e os alunos vão para o ensino remoto”, informou o colégio.

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Também há relatos de turmas afastadas de forma simultânea no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Pompeia, zona oeste. A escola inclusive adiou a festa junina para o fim do mês diante da alta de casos. Procurado, o colégio não comentou. 

O Estadão escutou relatos ainda que a alta de casos acarretou em suspensão de aulas presenciais no Colégio Marista Glória, no Cambuci, região central. Procurada, a escola informou que não comenta casos específicos, mas destacou que, “em determinadas situações, faz-se necessário o afastamento dos estudantes das atividades presenciais”. “Estes casos são orientados pela Vigilância Epidemiológica e seguem as determinações de normas técnicas específicas: caso três alunos da mesma turma apresentem sintomas, o grupo é suspenso das aulas”, explicou.

No Colégio São Francisco de Assis, com sede no Tatuapé, zona leste, a covid ainda não levou à suspensão das aulas, mas ela está prevista em protocolo. Conforme o documento, caso uma turma ultrapasse o limite de 30% dos alunos contaminados, as atividades presenciais são suspensas. O percentual é maior do que o de outros colégios ouvidos pelo Estadão, cuja limitação fica em torno de 10% da turma – ou seja, em salas com 30 alunos, as aulas são paralisadas quando três deles são infectados. 

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Na rede municipal de ensino, ao menos duas escolas tiveram turmas afastadas pela alta de casos de covid nos últimos dias. A primeira é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Enzo Silvestrin, no Jardim Pirituba, zona norte, que teve uma turma suspensa no final de maio. A segunda, a Emef Euclides Custodio da Silveira, na Lapa, zona oeste, que está com uma turma afastada das atividades presenciais neste momento.

Conforme funcionários deste último colégio, a medida foi tomada porque não só a professora da turma, de ensino fundamental, foi infectada com a covid, como também o professor que a substituiria, um dos alunos e o motorista do transporte escolar que levava os estudantes à escola. Com isso, a direção enviou recado aos pais dos alunos informando que as atividades seriam conduzidas de forma remota a partir do início desta semana até a próxima segunda-feira, 6. 

É importante tomar outras medidas para evitar afastamento, dizem médicos

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“Se houve uma lição aprendida nos últimos anos, é que temos que lutar com todos os esforços para manter as escolas abertas”, diz o médico Marco Aurélio Sáfadi. Professor de pediatria e de infectologia da Santa Casa de São Paulo, ele entende que o afastamento é inevitável em alguns casos, mas reforça que “todas as medidas possíveis têm de ser tomadas” para manter as escolas funcionando com atividades presenciais. “A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir.”

O médico destaca que alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos e, principalmente, o Reino Unido, adotaram medidas amplas para evitar o afastamento de turmas em que houve registro de alunos com covid. “Quando há algum caso, eles começam a testar os alunos das classes onde foi a contaminação, testam em intervalos normalmente de 48 horas. Foi uma estratégia que funcionou muito bem para não ter de afastar os alunos”, reforça Sáfadi. Para isso, explica, costumam ser usados os autotestes, que também já são aprovados no Brasil.

O médico reconhece que não dá para adotar a estratégia em nível público no País, mas entende que a estratégia poderia funcionar em colégios privados – evitando que os alunos tenham o aprendizado comprometido. De forma ampla, o que inclui escolas da rede pública, o médico aponta que outras medidas mais simples podem ser tomadas para evitar afastamento. “Tem que reforçar estratégias que estão ao nosso alcance: aumentar as taxas de vacinação de crianças, manter o uso de máscaras e evitar ao máximo que crianças frequentem as escolas doentes.”

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Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka também reconhece que o afastamento de turmas em certos casos é necessário, mas defende medidas preventivas para evitar a situação “Se há um caso, e depois um segundo na mesma turma que pode ser relacionado a esse primeiro, o que depende do intervalo entre as infecções, já é um motivo para isso (afastar)."

Para ele, ficar atento aos sintomas é uma das ações para evitar mais afastamentos. “Se tenho alguém com um quadro respiratório em casa que pode ser covid, é lógico que aquela criança que mora em casa, até se descartar que é covid, não pode ir à escola”, reforça. No entendimento dele, isso ainda tem sido feito de forma incipiente, o que tem agravado o problema nas escolas.

Ele também alerta para o fato de a vacinação de crianças estar estagnada no País. Só 34,93% das crianças de 5 a 11 tomaram as duas doses e 61,45%, pelo menos uma. “Para a população vacinada, o aumento de casos pode não representar um problema maior. Entretanto, para a população não vacinada ou parcialmente vacinada, e para aqueles que têm comorbidades, pode ser um grande problema, e aqui a gente inclui as crianças”, alerta.

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Divulgado no fim de março pela Prefeitura, o documento com as orientações para retorno seguro às aulas prevê que, “a partir do segundo caso de covid-19 na mesma sala de aula, pode-se recomendar o afastamento por 14 dias (contados a partir da data do último contato com os casos confirmados) de todos os alunos e professores/funcionários da mesma sala de aula”. A medida vale para turmas dos ensinos fundamental, médio e de nível técnico ou superior.

A gestão municipal acrescentou, em nota, que as áreas da Saúde e Educação fazem um trabalho conjunto visando ao controle da transmissão da covid-19 na comunidade escolar. “As Diretorias Regionais de Educação (DREs) acompanham as escolas e prestam todo o apoio pedagógico necessário para as aprendizagens dos estudantes, inclusive quando a unidade se encontra em atividades remotas, seja de forma parcial ou total.”

Já segundo a secretaria da Educação do Estado, a análise e a definição para suspensão de atividades presenciais por questões epidemiológicas cabem à Vigilância em Saúde Municipal. “A pasta continua monitorando o funcionamento das unidades de ensino da rede estadual, sob sua administração, e seguindo as orientações das autoridades sanitárias em prevenção à covid-19”, informou a secretaria. Neste momento, acrescentou a pasta, há oito unidades escolares estaduais com interrupção temporária das aulas presenciais no Estado. “Os estudantes seguem com aulas remotas via Centro de Mídias de São Paulo, sem prejuízo ao aprendizado.”

SP vê alta de infecções, mas números seguem distantes de pico da Ômicron

Dados da Fundação Seade apontam que a média móvel de casos de covid no Estado estava em 5,8 mil nesta quinta-feira, 2. Há exatamente um mês, o índice estava em 4,3 mil. Como um dos efeitos da alta, a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença saltou de 174 para 442 no mesmo intervalo de tempo. 

Apesar de seguir bem abaixo do pico da variante Ômicron – no fim de janeiro, a média móvel de novas hospitalizações chegou a ficar em 1.521 no Estado – a variação tem ligado o alerta das autoridades. 

O Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo sobre ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar nesta terça-feira, 31, o uso de máscaras em ambientes fechados. A orientação, porém, não altera a legislação vigente, que prevê o uso obrigatório apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo.

Um dia depois, na quarta-feira, 1º, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid de São Paulo decidiu seguir a recomendação do Estado de uso da proteção em locais fechados, mas também sem obrigatoriedade. O grupo ampliou a sugestão para escolas públicas e privadas como forma de se evitar casos não apenas de covid, mas outros vírus respiratórios. Como mostrou o Estadão nesta terça, o número de internados aumentou 251,8% na rede municipal em um período de um mês.

SÃO PAULO – A nova alta de casos de covid-19 tem feito escolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação e recorrerem outra vez ao ensino remoto como alternativa. Isso ocorre tanto em colégios particulares, que têm regras distintas, quanto em escolas da rede municipal, que seguem protocolo da Prefeitura. A gestão municipal voltou a recomendar o uso de máscara em ambientes de ensino. Educadores alertam ainda sobre a importância de priorizar aulas presenciais, em detrimento de outras atividades, diante do longo fechamento no Brasil em 2021 e 2022.

A pandemia piorou em São Paulo ao longo das últimas semanas. Em um um mês, o total de internados por covid-19 subiu até 275% em hospitais privados. Na rede pública, os hospitalizados também aumentaram. Os números ainda seguem distantes do pico da variante Ômicron, no começo do ano, mas põem autoridades e diretores de colégios em alerta. Em outros países, escolas conseguem controlar melhor o contágio diante da oferta mais ampla de testes e autotestes, o que facilita o monitoramento da transmissão. No Brasil, porém, a disponibilidade de exames é menor e os custos, maiores.

Nova alta de casos de covid tem feitoescolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação; efeito é observado em colégios com diferentes perfis Foto: Taba Benedicto/Estadao - 11/09/20

O Colégio Franciscano Pio XII, no Morumbi, zona sul paulistana, registrou afastamento de 69 alunos contaminados e de uma turma do 8º ano das aulas presenciais no mês de maio. Na atual fase do protocolo da escola, uma turma inteira é afastada a partir do 5º caso de contaminação confirmada dentro do período de sete dias.

“O número de maio significa um aumento considerável quando comparado ao total de casos de janeiro a abril, em que houve a ocorrência de 44 confirmações ao longo dos quatro meses”, informou o colégio. O total não inclui estudantes com casos suspeitos, que também são afastados. Conforme o colégio, alunos sem acesso à aula presencial por problemas de saúde podem acompanhá-las de forma remota, exceto nos casos de avaliações escolares.

No Colégio Humboldt, escola bilíngue em Interlagos, zona sul paulistana, quatro turmas foram suspensas recentemente por um período de sete dias devido à alta de casos de covid. “Se em uma sala tiver três casos, suspendem a turma e os alunos vão para o ensino remoto”, informou o colégio.

Também há relatos de turmas afastadas de forma simultânea no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Pompeia, zona oeste. A escola inclusive adiou a festa junina para o fim do mês diante da alta de casos. Procurado, o colégio não comentou. 

O Estadão escutou relatos ainda que a alta de casos acarretou em suspensão de aulas presenciais no Colégio Marista Glória, no Cambuci, região central. Procurada, a escola informou que não comenta casos específicos, mas destacou que, “em determinadas situações, faz-se necessário o afastamento dos estudantes das atividades presenciais”. “Estes casos são orientados pela Vigilância Epidemiológica e seguem as determinações de normas técnicas específicas: caso três alunos da mesma turma apresentem sintomas, o grupo é suspenso das aulas”, explicou.

No Colégio São Francisco de Assis, com sede no Tatuapé, zona leste, a covid ainda não levou à suspensão das aulas, mas ela está prevista em protocolo. Conforme o documento, caso uma turma ultrapasse o limite de 30% dos alunos contaminados, as atividades presenciais são suspensas. O percentual é maior do que o de outros colégios ouvidos pelo Estadão, cuja limitação fica em torno de 10% da turma – ou seja, em salas com 30 alunos, as aulas são paralisadas quando três deles são infectados. 

Na rede municipal de ensino, ao menos duas escolas tiveram turmas afastadas pela alta de casos de covid nos últimos dias. A primeira é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Enzo Silvestrin, no Jardim Pirituba, zona norte, que teve uma turma suspensa no final de maio. A segunda, a Emef Euclides Custodio da Silveira, na Lapa, zona oeste, que está com uma turma afastada das atividades presenciais neste momento.

Conforme funcionários deste último colégio, a medida foi tomada porque não só a professora da turma, de ensino fundamental, foi infectada com a covid, como também o professor que a substituiria, um dos alunos e o motorista do transporte escolar que levava os estudantes à escola. Com isso, a direção enviou recado aos pais dos alunos informando que as atividades seriam conduzidas de forma remota a partir do início desta semana até a próxima segunda-feira, 6. 

É importante tomar outras medidas para evitar afastamento, dizem médicos

“Se houve uma lição aprendida nos últimos anos, é que temos que lutar com todos os esforços para manter as escolas abertas”, diz o médico Marco Aurélio Sáfadi. Professor de pediatria e de infectologia da Santa Casa de São Paulo, ele entende que o afastamento é inevitável em alguns casos, mas reforça que “todas as medidas possíveis têm de ser tomadas” para manter as escolas funcionando com atividades presenciais. “A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir.”

O médico destaca que alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos e, principalmente, o Reino Unido, adotaram medidas amplas para evitar o afastamento de turmas em que houve registro de alunos com covid. “Quando há algum caso, eles começam a testar os alunos das classes onde foi a contaminação, testam em intervalos normalmente de 48 horas. Foi uma estratégia que funcionou muito bem para não ter de afastar os alunos”, reforça Sáfadi. Para isso, explica, costumam ser usados os autotestes, que também já são aprovados no Brasil.

O médico reconhece que não dá para adotar a estratégia em nível público no País, mas entende que a estratégia poderia funcionar em colégios privados – evitando que os alunos tenham o aprendizado comprometido. De forma ampla, o que inclui escolas da rede pública, o médico aponta que outras medidas mais simples podem ser tomadas para evitar afastamento. “Tem que reforçar estratégias que estão ao nosso alcance: aumentar as taxas de vacinação de crianças, manter o uso de máscaras e evitar ao máximo que crianças frequentem as escolas doentes.”

Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka também reconhece que o afastamento de turmas em certos casos é necessário, mas defende medidas preventivas para evitar a situação “Se há um caso, e depois um segundo na mesma turma que pode ser relacionado a esse primeiro, o que depende do intervalo entre as infecções, já é um motivo para isso (afastar)."

Para ele, ficar atento aos sintomas é uma das ações para evitar mais afastamentos. “Se tenho alguém com um quadro respiratório em casa que pode ser covid, é lógico que aquela criança que mora em casa, até se descartar que é covid, não pode ir à escola”, reforça. No entendimento dele, isso ainda tem sido feito de forma incipiente, o que tem agravado o problema nas escolas.

Ele também alerta para o fato de a vacinação de crianças estar estagnada no País. Só 34,93% das crianças de 5 a 11 tomaram as duas doses e 61,45%, pelo menos uma. “Para a população vacinada, o aumento de casos pode não representar um problema maior. Entretanto, para a população não vacinada ou parcialmente vacinada, e para aqueles que têm comorbidades, pode ser um grande problema, e aqui a gente inclui as crianças”, alerta.

Divulgado no fim de março pela Prefeitura, o documento com as orientações para retorno seguro às aulas prevê que, “a partir do segundo caso de covid-19 na mesma sala de aula, pode-se recomendar o afastamento por 14 dias (contados a partir da data do último contato com os casos confirmados) de todos os alunos e professores/funcionários da mesma sala de aula”. A medida vale para turmas dos ensinos fundamental, médio e de nível técnico ou superior.

A gestão municipal acrescentou, em nota, que as áreas da Saúde e Educação fazem um trabalho conjunto visando ao controle da transmissão da covid-19 na comunidade escolar. “As Diretorias Regionais de Educação (DREs) acompanham as escolas e prestam todo o apoio pedagógico necessário para as aprendizagens dos estudantes, inclusive quando a unidade se encontra em atividades remotas, seja de forma parcial ou total.”

Já segundo a secretaria da Educação do Estado, a análise e a definição para suspensão de atividades presenciais por questões epidemiológicas cabem à Vigilância em Saúde Municipal. “A pasta continua monitorando o funcionamento das unidades de ensino da rede estadual, sob sua administração, e seguindo as orientações das autoridades sanitárias em prevenção à covid-19”, informou a secretaria. Neste momento, acrescentou a pasta, há oito unidades escolares estaduais com interrupção temporária das aulas presenciais no Estado. “Os estudantes seguem com aulas remotas via Centro de Mídias de São Paulo, sem prejuízo ao aprendizado.”

SP vê alta de infecções, mas números seguem distantes de pico da Ômicron

Dados da Fundação Seade apontam que a média móvel de casos de covid no Estado estava em 5,8 mil nesta quinta-feira, 2. Há exatamente um mês, o índice estava em 4,3 mil. Como um dos efeitos da alta, a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença saltou de 174 para 442 no mesmo intervalo de tempo. 

Apesar de seguir bem abaixo do pico da variante Ômicron – no fim de janeiro, a média móvel de novas hospitalizações chegou a ficar em 1.521 no Estado – a variação tem ligado o alerta das autoridades. 

O Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo sobre ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar nesta terça-feira, 31, o uso de máscaras em ambientes fechados. A orientação, porém, não altera a legislação vigente, que prevê o uso obrigatório apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo.

Um dia depois, na quarta-feira, 1º, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid de São Paulo decidiu seguir a recomendação do Estado de uso da proteção em locais fechados, mas também sem obrigatoriedade. O grupo ampliou a sugestão para escolas públicas e privadas como forma de se evitar casos não apenas de covid, mas outros vírus respiratórios. Como mostrou o Estadão nesta terça, o número de internados aumentou 251,8% na rede municipal em um período de um mês.

SÃO PAULO – A nova alta de casos de covid-19 tem feito escolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação e recorrerem outra vez ao ensino remoto como alternativa. Isso ocorre tanto em colégios particulares, que têm regras distintas, quanto em escolas da rede municipal, que seguem protocolo da Prefeitura. A gestão municipal voltou a recomendar o uso de máscara em ambientes de ensino. Educadores alertam ainda sobre a importância de priorizar aulas presenciais, em detrimento de outras atividades, diante do longo fechamento no Brasil em 2021 e 2022.

A pandemia piorou em São Paulo ao longo das últimas semanas. Em um um mês, o total de internados por covid-19 subiu até 275% em hospitais privados. Na rede pública, os hospitalizados também aumentaram. Os números ainda seguem distantes do pico da variante Ômicron, no começo do ano, mas põem autoridades e diretores de colégios em alerta. Em outros países, escolas conseguem controlar melhor o contágio diante da oferta mais ampla de testes e autotestes, o que facilita o monitoramento da transmissão. No Brasil, porém, a disponibilidade de exames é menor e os custos, maiores.

Nova alta de casos de covid tem feitoescolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação; efeito é observado em colégios com diferentes perfis Foto: Taba Benedicto/Estadao - 11/09/20

O Colégio Franciscano Pio XII, no Morumbi, zona sul paulistana, registrou afastamento de 69 alunos contaminados e de uma turma do 8º ano das aulas presenciais no mês de maio. Na atual fase do protocolo da escola, uma turma inteira é afastada a partir do 5º caso de contaminação confirmada dentro do período de sete dias.

“O número de maio significa um aumento considerável quando comparado ao total de casos de janeiro a abril, em que houve a ocorrência de 44 confirmações ao longo dos quatro meses”, informou o colégio. O total não inclui estudantes com casos suspeitos, que também são afastados. Conforme o colégio, alunos sem acesso à aula presencial por problemas de saúde podem acompanhá-las de forma remota, exceto nos casos de avaliações escolares.

No Colégio Humboldt, escola bilíngue em Interlagos, zona sul paulistana, quatro turmas foram suspensas recentemente por um período de sete dias devido à alta de casos de covid. “Se em uma sala tiver três casos, suspendem a turma e os alunos vão para o ensino remoto”, informou o colégio.

Também há relatos de turmas afastadas de forma simultânea no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Pompeia, zona oeste. A escola inclusive adiou a festa junina para o fim do mês diante da alta de casos. Procurado, o colégio não comentou. 

O Estadão escutou relatos ainda que a alta de casos acarretou em suspensão de aulas presenciais no Colégio Marista Glória, no Cambuci, região central. Procurada, a escola informou que não comenta casos específicos, mas destacou que, “em determinadas situações, faz-se necessário o afastamento dos estudantes das atividades presenciais”. “Estes casos são orientados pela Vigilância Epidemiológica e seguem as determinações de normas técnicas específicas: caso três alunos da mesma turma apresentem sintomas, o grupo é suspenso das aulas”, explicou.

No Colégio São Francisco de Assis, com sede no Tatuapé, zona leste, a covid ainda não levou à suspensão das aulas, mas ela está prevista em protocolo. Conforme o documento, caso uma turma ultrapasse o limite de 30% dos alunos contaminados, as atividades presenciais são suspensas. O percentual é maior do que o de outros colégios ouvidos pelo Estadão, cuja limitação fica em torno de 10% da turma – ou seja, em salas com 30 alunos, as aulas são paralisadas quando três deles são infectados. 

Na rede municipal de ensino, ao menos duas escolas tiveram turmas afastadas pela alta de casos de covid nos últimos dias. A primeira é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Enzo Silvestrin, no Jardim Pirituba, zona norte, que teve uma turma suspensa no final de maio. A segunda, a Emef Euclides Custodio da Silveira, na Lapa, zona oeste, que está com uma turma afastada das atividades presenciais neste momento.

Conforme funcionários deste último colégio, a medida foi tomada porque não só a professora da turma, de ensino fundamental, foi infectada com a covid, como também o professor que a substituiria, um dos alunos e o motorista do transporte escolar que levava os estudantes à escola. Com isso, a direção enviou recado aos pais dos alunos informando que as atividades seriam conduzidas de forma remota a partir do início desta semana até a próxima segunda-feira, 6. 

É importante tomar outras medidas para evitar afastamento, dizem médicos

“Se houve uma lição aprendida nos últimos anos, é que temos que lutar com todos os esforços para manter as escolas abertas”, diz o médico Marco Aurélio Sáfadi. Professor de pediatria e de infectologia da Santa Casa de São Paulo, ele entende que o afastamento é inevitável em alguns casos, mas reforça que “todas as medidas possíveis têm de ser tomadas” para manter as escolas funcionando com atividades presenciais. “A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir.”

O médico destaca que alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos e, principalmente, o Reino Unido, adotaram medidas amplas para evitar o afastamento de turmas em que houve registro de alunos com covid. “Quando há algum caso, eles começam a testar os alunos das classes onde foi a contaminação, testam em intervalos normalmente de 48 horas. Foi uma estratégia que funcionou muito bem para não ter de afastar os alunos”, reforça Sáfadi. Para isso, explica, costumam ser usados os autotestes, que também já são aprovados no Brasil.

O médico reconhece que não dá para adotar a estratégia em nível público no País, mas entende que a estratégia poderia funcionar em colégios privados – evitando que os alunos tenham o aprendizado comprometido. De forma ampla, o que inclui escolas da rede pública, o médico aponta que outras medidas mais simples podem ser tomadas para evitar afastamento. “Tem que reforçar estratégias que estão ao nosso alcance: aumentar as taxas de vacinação de crianças, manter o uso de máscaras e evitar ao máximo que crianças frequentem as escolas doentes.”

Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka também reconhece que o afastamento de turmas em certos casos é necessário, mas defende medidas preventivas para evitar a situação “Se há um caso, e depois um segundo na mesma turma que pode ser relacionado a esse primeiro, o que depende do intervalo entre as infecções, já é um motivo para isso (afastar)."

Para ele, ficar atento aos sintomas é uma das ações para evitar mais afastamentos. “Se tenho alguém com um quadro respiratório em casa que pode ser covid, é lógico que aquela criança que mora em casa, até se descartar que é covid, não pode ir à escola”, reforça. No entendimento dele, isso ainda tem sido feito de forma incipiente, o que tem agravado o problema nas escolas.

Ele também alerta para o fato de a vacinação de crianças estar estagnada no País. Só 34,93% das crianças de 5 a 11 tomaram as duas doses e 61,45%, pelo menos uma. “Para a população vacinada, o aumento de casos pode não representar um problema maior. Entretanto, para a população não vacinada ou parcialmente vacinada, e para aqueles que têm comorbidades, pode ser um grande problema, e aqui a gente inclui as crianças”, alerta.

Divulgado no fim de março pela Prefeitura, o documento com as orientações para retorno seguro às aulas prevê que, “a partir do segundo caso de covid-19 na mesma sala de aula, pode-se recomendar o afastamento por 14 dias (contados a partir da data do último contato com os casos confirmados) de todos os alunos e professores/funcionários da mesma sala de aula”. A medida vale para turmas dos ensinos fundamental, médio e de nível técnico ou superior.

A gestão municipal acrescentou, em nota, que as áreas da Saúde e Educação fazem um trabalho conjunto visando ao controle da transmissão da covid-19 na comunidade escolar. “As Diretorias Regionais de Educação (DREs) acompanham as escolas e prestam todo o apoio pedagógico necessário para as aprendizagens dos estudantes, inclusive quando a unidade se encontra em atividades remotas, seja de forma parcial ou total.”

Já segundo a secretaria da Educação do Estado, a análise e a definição para suspensão de atividades presenciais por questões epidemiológicas cabem à Vigilância em Saúde Municipal. “A pasta continua monitorando o funcionamento das unidades de ensino da rede estadual, sob sua administração, e seguindo as orientações das autoridades sanitárias em prevenção à covid-19”, informou a secretaria. Neste momento, acrescentou a pasta, há oito unidades escolares estaduais com interrupção temporária das aulas presenciais no Estado. “Os estudantes seguem com aulas remotas via Centro de Mídias de São Paulo, sem prejuízo ao aprendizado.”

SP vê alta de infecções, mas números seguem distantes de pico da Ômicron

Dados da Fundação Seade apontam que a média móvel de casos de covid no Estado estava em 5,8 mil nesta quinta-feira, 2. Há exatamente um mês, o índice estava em 4,3 mil. Como um dos efeitos da alta, a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença saltou de 174 para 442 no mesmo intervalo de tempo. 

Apesar de seguir bem abaixo do pico da variante Ômicron – no fim de janeiro, a média móvel de novas hospitalizações chegou a ficar em 1.521 no Estado – a variação tem ligado o alerta das autoridades. 

O Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo sobre ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar nesta terça-feira, 31, o uso de máscaras em ambientes fechados. A orientação, porém, não altera a legislação vigente, que prevê o uso obrigatório apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo.

Um dia depois, na quarta-feira, 1º, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid de São Paulo decidiu seguir a recomendação do Estado de uso da proteção em locais fechados, mas também sem obrigatoriedade. O grupo ampliou a sugestão para escolas públicas e privadas como forma de se evitar casos não apenas de covid, mas outros vírus respiratórios. Como mostrou o Estadão nesta terça, o número de internados aumentou 251,8% na rede municipal em um período de um mês.

SÃO PAULO – A nova alta de casos de covid-19 tem feito escolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação e recorrerem outra vez ao ensino remoto como alternativa. Isso ocorre tanto em colégios particulares, que têm regras distintas, quanto em escolas da rede municipal, que seguem protocolo da Prefeitura. A gestão municipal voltou a recomendar o uso de máscara em ambientes de ensino. Educadores alertam ainda sobre a importância de priorizar aulas presenciais, em detrimento de outras atividades, diante do longo fechamento no Brasil em 2021 e 2022.

A pandemia piorou em São Paulo ao longo das últimas semanas. Em um um mês, o total de internados por covid-19 subiu até 275% em hospitais privados. Na rede pública, os hospitalizados também aumentaram. Os números ainda seguem distantes do pico da variante Ômicron, no começo do ano, mas põem autoridades e diretores de colégios em alerta. Em outros países, escolas conseguem controlar melhor o contágio diante da oferta mais ampla de testes e autotestes, o que facilita o monitoramento da transmissão. No Brasil, porém, a disponibilidade de exames é menor e os custos, maiores.

Nova alta de casos de covid tem feitoescolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação; efeito é observado em colégios com diferentes perfis Foto: Taba Benedicto/Estadao - 11/09/20

O Colégio Franciscano Pio XII, no Morumbi, zona sul paulistana, registrou afastamento de 69 alunos contaminados e de uma turma do 8º ano das aulas presenciais no mês de maio. Na atual fase do protocolo da escola, uma turma inteira é afastada a partir do 5º caso de contaminação confirmada dentro do período de sete dias.

“O número de maio significa um aumento considerável quando comparado ao total de casos de janeiro a abril, em que houve a ocorrência de 44 confirmações ao longo dos quatro meses”, informou o colégio. O total não inclui estudantes com casos suspeitos, que também são afastados. Conforme o colégio, alunos sem acesso à aula presencial por problemas de saúde podem acompanhá-las de forma remota, exceto nos casos de avaliações escolares.

No Colégio Humboldt, escola bilíngue em Interlagos, zona sul paulistana, quatro turmas foram suspensas recentemente por um período de sete dias devido à alta de casos de covid. “Se em uma sala tiver três casos, suspendem a turma e os alunos vão para o ensino remoto”, informou o colégio.

Também há relatos de turmas afastadas de forma simultânea no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Pompeia, zona oeste. A escola inclusive adiou a festa junina para o fim do mês diante da alta de casos. Procurado, o colégio não comentou. 

O Estadão escutou relatos ainda que a alta de casos acarretou em suspensão de aulas presenciais no Colégio Marista Glória, no Cambuci, região central. Procurada, a escola informou que não comenta casos específicos, mas destacou que, “em determinadas situações, faz-se necessário o afastamento dos estudantes das atividades presenciais”. “Estes casos são orientados pela Vigilância Epidemiológica e seguem as determinações de normas técnicas específicas: caso três alunos da mesma turma apresentem sintomas, o grupo é suspenso das aulas”, explicou.

No Colégio São Francisco de Assis, com sede no Tatuapé, zona leste, a covid ainda não levou à suspensão das aulas, mas ela está prevista em protocolo. Conforme o documento, caso uma turma ultrapasse o limite de 30% dos alunos contaminados, as atividades presenciais são suspensas. O percentual é maior do que o de outros colégios ouvidos pelo Estadão, cuja limitação fica em torno de 10% da turma – ou seja, em salas com 30 alunos, as aulas são paralisadas quando três deles são infectados. 

Na rede municipal de ensino, ao menos duas escolas tiveram turmas afastadas pela alta de casos de covid nos últimos dias. A primeira é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Enzo Silvestrin, no Jardim Pirituba, zona norte, que teve uma turma suspensa no final de maio. A segunda, a Emef Euclides Custodio da Silveira, na Lapa, zona oeste, que está com uma turma afastada das atividades presenciais neste momento.

Conforme funcionários deste último colégio, a medida foi tomada porque não só a professora da turma, de ensino fundamental, foi infectada com a covid, como também o professor que a substituiria, um dos alunos e o motorista do transporte escolar que levava os estudantes à escola. Com isso, a direção enviou recado aos pais dos alunos informando que as atividades seriam conduzidas de forma remota a partir do início desta semana até a próxima segunda-feira, 6. 

É importante tomar outras medidas para evitar afastamento, dizem médicos

“Se houve uma lição aprendida nos últimos anos, é que temos que lutar com todos os esforços para manter as escolas abertas”, diz o médico Marco Aurélio Sáfadi. Professor de pediatria e de infectologia da Santa Casa de São Paulo, ele entende que o afastamento é inevitável em alguns casos, mas reforça que “todas as medidas possíveis têm de ser tomadas” para manter as escolas funcionando com atividades presenciais. “A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir.”

O médico destaca que alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos e, principalmente, o Reino Unido, adotaram medidas amplas para evitar o afastamento de turmas em que houve registro de alunos com covid. “Quando há algum caso, eles começam a testar os alunos das classes onde foi a contaminação, testam em intervalos normalmente de 48 horas. Foi uma estratégia que funcionou muito bem para não ter de afastar os alunos”, reforça Sáfadi. Para isso, explica, costumam ser usados os autotestes, que também já são aprovados no Brasil.

O médico reconhece que não dá para adotar a estratégia em nível público no País, mas entende que a estratégia poderia funcionar em colégios privados – evitando que os alunos tenham o aprendizado comprometido. De forma ampla, o que inclui escolas da rede pública, o médico aponta que outras medidas mais simples podem ser tomadas para evitar afastamento. “Tem que reforçar estratégias que estão ao nosso alcance: aumentar as taxas de vacinação de crianças, manter o uso de máscaras e evitar ao máximo que crianças frequentem as escolas doentes.”

Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka também reconhece que o afastamento de turmas em certos casos é necessário, mas defende medidas preventivas para evitar a situação “Se há um caso, e depois um segundo na mesma turma que pode ser relacionado a esse primeiro, o que depende do intervalo entre as infecções, já é um motivo para isso (afastar)."

Para ele, ficar atento aos sintomas é uma das ações para evitar mais afastamentos. “Se tenho alguém com um quadro respiratório em casa que pode ser covid, é lógico que aquela criança que mora em casa, até se descartar que é covid, não pode ir à escola”, reforça. No entendimento dele, isso ainda tem sido feito de forma incipiente, o que tem agravado o problema nas escolas.

Ele também alerta para o fato de a vacinação de crianças estar estagnada no País. Só 34,93% das crianças de 5 a 11 tomaram as duas doses e 61,45%, pelo menos uma. “Para a população vacinada, o aumento de casos pode não representar um problema maior. Entretanto, para a população não vacinada ou parcialmente vacinada, e para aqueles que têm comorbidades, pode ser um grande problema, e aqui a gente inclui as crianças”, alerta.

Divulgado no fim de março pela Prefeitura, o documento com as orientações para retorno seguro às aulas prevê que, “a partir do segundo caso de covid-19 na mesma sala de aula, pode-se recomendar o afastamento por 14 dias (contados a partir da data do último contato com os casos confirmados) de todos os alunos e professores/funcionários da mesma sala de aula”. A medida vale para turmas dos ensinos fundamental, médio e de nível técnico ou superior.

A gestão municipal acrescentou, em nota, que as áreas da Saúde e Educação fazem um trabalho conjunto visando ao controle da transmissão da covid-19 na comunidade escolar. “As Diretorias Regionais de Educação (DREs) acompanham as escolas e prestam todo o apoio pedagógico necessário para as aprendizagens dos estudantes, inclusive quando a unidade se encontra em atividades remotas, seja de forma parcial ou total.”

Já segundo a secretaria da Educação do Estado, a análise e a definição para suspensão de atividades presenciais por questões epidemiológicas cabem à Vigilância em Saúde Municipal. “A pasta continua monitorando o funcionamento das unidades de ensino da rede estadual, sob sua administração, e seguindo as orientações das autoridades sanitárias em prevenção à covid-19”, informou a secretaria. Neste momento, acrescentou a pasta, há oito unidades escolares estaduais com interrupção temporária das aulas presenciais no Estado. “Os estudantes seguem com aulas remotas via Centro de Mídias de São Paulo, sem prejuízo ao aprendizado.”

SP vê alta de infecções, mas números seguem distantes de pico da Ômicron

Dados da Fundação Seade apontam que a média móvel de casos de covid no Estado estava em 5,8 mil nesta quinta-feira, 2. Há exatamente um mês, o índice estava em 4,3 mil. Como um dos efeitos da alta, a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença saltou de 174 para 442 no mesmo intervalo de tempo. 

Apesar de seguir bem abaixo do pico da variante Ômicron – no fim de janeiro, a média móvel de novas hospitalizações chegou a ficar em 1.521 no Estado – a variação tem ligado o alerta das autoridades. 

O Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo sobre ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar nesta terça-feira, 31, o uso de máscaras em ambientes fechados. A orientação, porém, não altera a legislação vigente, que prevê o uso obrigatório apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo.

Um dia depois, na quarta-feira, 1º, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid de São Paulo decidiu seguir a recomendação do Estado de uso da proteção em locais fechados, mas também sem obrigatoriedade. O grupo ampliou a sugestão para escolas públicas e privadas como forma de se evitar casos não apenas de covid, mas outros vírus respiratórios. Como mostrou o Estadão nesta terça, o número de internados aumentou 251,8% na rede municipal em um período de um mês.

SÃO PAULO – A nova alta de casos de covid-19 tem feito escolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação e recorrerem outra vez ao ensino remoto como alternativa. Isso ocorre tanto em colégios particulares, que têm regras distintas, quanto em escolas da rede municipal, que seguem protocolo da Prefeitura. A gestão municipal voltou a recomendar o uso de máscara em ambientes de ensino. Educadores alertam ainda sobre a importância de priorizar aulas presenciais, em detrimento de outras atividades, diante do longo fechamento no Brasil em 2021 e 2022.

A pandemia piorou em São Paulo ao longo das últimas semanas. Em um um mês, o total de internados por covid-19 subiu até 275% em hospitais privados. Na rede pública, os hospitalizados também aumentaram. Os números ainda seguem distantes do pico da variante Ômicron, no começo do ano, mas põem autoridades e diretores de colégios em alerta. Em outros países, escolas conseguem controlar melhor o contágio diante da oferta mais ampla de testes e autotestes, o que facilita o monitoramento da transmissão. No Brasil, porém, a disponibilidade de exames é menor e os custos, maiores.

Nova alta de casos de covid tem feitoescolas da capital paulista suspenderem aulas de turmas com registros de contaminação; efeito é observado em colégios com diferentes perfis Foto: Taba Benedicto/Estadao - 11/09/20

O Colégio Franciscano Pio XII, no Morumbi, zona sul paulistana, registrou afastamento de 69 alunos contaminados e de uma turma do 8º ano das aulas presenciais no mês de maio. Na atual fase do protocolo da escola, uma turma inteira é afastada a partir do 5º caso de contaminação confirmada dentro do período de sete dias.

“O número de maio significa um aumento considerável quando comparado ao total de casos de janeiro a abril, em que houve a ocorrência de 44 confirmações ao longo dos quatro meses”, informou o colégio. O total não inclui estudantes com casos suspeitos, que também são afastados. Conforme o colégio, alunos sem acesso à aula presencial por problemas de saúde podem acompanhá-las de forma remota, exceto nos casos de avaliações escolares.

No Colégio Humboldt, escola bilíngue em Interlagos, zona sul paulistana, quatro turmas foram suspensas recentemente por um período de sete dias devido à alta de casos de covid. “Se em uma sala tiver três casos, suspendem a turma e os alunos vão para o ensino remoto”, informou o colégio.

Também há relatos de turmas afastadas de forma simultânea no Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Pompeia, zona oeste. A escola inclusive adiou a festa junina para o fim do mês diante da alta de casos. Procurado, o colégio não comentou. 

O Estadão escutou relatos ainda que a alta de casos acarretou em suspensão de aulas presenciais no Colégio Marista Glória, no Cambuci, região central. Procurada, a escola informou que não comenta casos específicos, mas destacou que, “em determinadas situações, faz-se necessário o afastamento dos estudantes das atividades presenciais”. “Estes casos são orientados pela Vigilância Epidemiológica e seguem as determinações de normas técnicas específicas: caso três alunos da mesma turma apresentem sintomas, o grupo é suspenso das aulas”, explicou.

No Colégio São Francisco de Assis, com sede no Tatuapé, zona leste, a covid ainda não levou à suspensão das aulas, mas ela está prevista em protocolo. Conforme o documento, caso uma turma ultrapasse o limite de 30% dos alunos contaminados, as atividades presenciais são suspensas. O percentual é maior do que o de outros colégios ouvidos pelo Estadão, cuja limitação fica em torno de 10% da turma – ou seja, em salas com 30 alunos, as aulas são paralisadas quando três deles são infectados. 

Na rede municipal de ensino, ao menos duas escolas tiveram turmas afastadas pela alta de casos de covid nos últimos dias. A primeira é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Enzo Silvestrin, no Jardim Pirituba, zona norte, que teve uma turma suspensa no final de maio. A segunda, a Emef Euclides Custodio da Silveira, na Lapa, zona oeste, que está com uma turma afastada das atividades presenciais neste momento.

Conforme funcionários deste último colégio, a medida foi tomada porque não só a professora da turma, de ensino fundamental, foi infectada com a covid, como também o professor que a substituiria, um dos alunos e o motorista do transporte escolar que levava os estudantes à escola. Com isso, a direção enviou recado aos pais dos alunos informando que as atividades seriam conduzidas de forma remota a partir do início desta semana até a próxima segunda-feira, 6. 

É importante tomar outras medidas para evitar afastamento, dizem médicos

“Se houve uma lição aprendida nos últimos anos, é que temos que lutar com todos os esforços para manter as escolas abertas”, diz o médico Marco Aurélio Sáfadi. Professor de pediatria e de infectologia da Santa Casa de São Paulo, ele entende que o afastamento é inevitável em alguns casos, mas reforça que “todas as medidas possíveis têm de ser tomadas” para manter as escolas funcionando com atividades presenciais. “A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir.”

O médico destaca que alguns países desenvolvidos, como os Estados Unidos e, principalmente, o Reino Unido, adotaram medidas amplas para evitar o afastamento de turmas em que houve registro de alunos com covid. “Quando há algum caso, eles começam a testar os alunos das classes onde foi a contaminação, testam em intervalos normalmente de 48 horas. Foi uma estratégia que funcionou muito bem para não ter de afastar os alunos”, reforça Sáfadi. Para isso, explica, costumam ser usados os autotestes, que também já são aprovados no Brasil.

O médico reconhece que não dá para adotar a estratégia em nível público no País, mas entende que a estratégia poderia funcionar em colégios privados – evitando que os alunos tenham o aprendizado comprometido. De forma ampla, o que inclui escolas da rede pública, o médico aponta que outras medidas mais simples podem ser tomadas para evitar afastamento. “Tem que reforçar estratégias que estão ao nosso alcance: aumentar as taxas de vacinação de crianças, manter o uso de máscaras e evitar ao máximo que crianças frequentem as escolas doentes.”

Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka também reconhece que o afastamento de turmas em certos casos é necessário, mas defende medidas preventivas para evitar a situação “Se há um caso, e depois um segundo na mesma turma que pode ser relacionado a esse primeiro, o que depende do intervalo entre as infecções, já é um motivo para isso (afastar)."

Para ele, ficar atento aos sintomas é uma das ações para evitar mais afastamentos. “Se tenho alguém com um quadro respiratório em casa que pode ser covid, é lógico que aquela criança que mora em casa, até se descartar que é covid, não pode ir à escola”, reforça. No entendimento dele, isso ainda tem sido feito de forma incipiente, o que tem agravado o problema nas escolas.

Ele também alerta para o fato de a vacinação de crianças estar estagnada no País. Só 34,93% das crianças de 5 a 11 tomaram as duas doses e 61,45%, pelo menos uma. “Para a população vacinada, o aumento de casos pode não representar um problema maior. Entretanto, para a população não vacinada ou parcialmente vacinada, e para aqueles que têm comorbidades, pode ser um grande problema, e aqui a gente inclui as crianças”, alerta.

Divulgado no fim de março pela Prefeitura, o documento com as orientações para retorno seguro às aulas prevê que, “a partir do segundo caso de covid-19 na mesma sala de aula, pode-se recomendar o afastamento por 14 dias (contados a partir da data do último contato com os casos confirmados) de todos os alunos e professores/funcionários da mesma sala de aula”. A medida vale para turmas dos ensinos fundamental, médio e de nível técnico ou superior.

A gestão municipal acrescentou, em nota, que as áreas da Saúde e Educação fazem um trabalho conjunto visando ao controle da transmissão da covid-19 na comunidade escolar. “As Diretorias Regionais de Educação (DREs) acompanham as escolas e prestam todo o apoio pedagógico necessário para as aprendizagens dos estudantes, inclusive quando a unidade se encontra em atividades remotas, seja de forma parcial ou total.”

Já segundo a secretaria da Educação do Estado, a análise e a definição para suspensão de atividades presenciais por questões epidemiológicas cabem à Vigilância em Saúde Municipal. “A pasta continua monitorando o funcionamento das unidades de ensino da rede estadual, sob sua administração, e seguindo as orientações das autoridades sanitárias em prevenção à covid-19”, informou a secretaria. Neste momento, acrescentou a pasta, há oito unidades escolares estaduais com interrupção temporária das aulas presenciais no Estado. “Os estudantes seguem com aulas remotas via Centro de Mídias de São Paulo, sem prejuízo ao aprendizado.”

SP vê alta de infecções, mas números seguem distantes de pico da Ômicron

Dados da Fundação Seade apontam que a média móvel de casos de covid no Estado estava em 5,8 mil nesta quinta-feira, 2. Há exatamente um mês, o índice estava em 4,3 mil. Como um dos efeitos da alta, a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença saltou de 174 para 442 no mesmo intervalo de tempo. 

Apesar de seguir bem abaixo do pico da variante Ômicron – no fim de janeiro, a média móvel de novas hospitalizações chegou a ficar em 1.521 no Estado – a variação tem ligado o alerta das autoridades. 

O Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo sobre ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar nesta terça-feira, 31, o uso de máscaras em ambientes fechados. A orientação, porém, não altera a legislação vigente, que prevê o uso obrigatório apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo.

Um dia depois, na quarta-feira, 1º, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid de São Paulo decidiu seguir a recomendação do Estado de uso da proteção em locais fechados, mas também sem obrigatoriedade. O grupo ampliou a sugestão para escolas públicas e privadas como forma de se evitar casos não apenas de covid, mas outros vírus respiratórios. Como mostrou o Estadão nesta terça, o número de internados aumentou 251,8% na rede municipal em um período de um mês.

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