Como todo garoto, Vitor Gazel, de 10 anos, gosta de histórias de horror, música, esportes e amizades. Boa parte de suas atividades preferidas, porém, ocorre em inglês. Monta playlists gringas, lê Frankenstein no original e usa o idioma da autora, Mary Shelley, para travar conversas com estrangeiros. Um deles virou seu amigo, em um acampamento em julho, nos Estados Unidos.
“Fizemos amizade antes de uma corrida em que fomos adversários”, lembra o menino. “Conversamos sobre fliperama, o Brasil, minha escola e os parques de São Paulo, como o Villa-Lobos.”
Ele não é o único, em casa, a falar inglês fluentemente. Os irmãos Gustavo, de 8 anos, e Olívia, de 5 anos, também se soltam na língua. “Aos 3 anos, a mais nova já fazia pedidos aos funcionários da Disney”, recorda a administradora Cristina Gazel, de 42 anos. Os três são alunos desde bebês da Builders. “Falar inglês, para eles, foi mais fácil do que na minha época”, avalia a mãe.
Os quatro filhos da dentista Roberta Dale, de 38 anos, se comunicam com autonomia em viagens e não percebem a diferença quando começa um filme sem legenda. Davi, de 9 anos, Thomas, de 7 anos, Helena, de 5 anos, e Matheus, de 3 anos, estudam desde os primeiros anos na Be.Living. “Eu queria o bilinguismo já cedo pela capacidade de raciocínio desenvolvida e para que tenham a língua para a vida toda. Eu faço aula de inglês até hoje.”
A mesma desenvoltura têm Laura, de 15 anos, e Gabriela, de 13 anos, filhas da empresária Daniella Chrysman, de 44 anos, que estudam na See-Saw. A mãe mostrou ao Estado o vídeo que fez em janeiro no Museu do Louvre, em Paris, enquanto a caçula dava entrevista a uma televisão. “Meu inglês é sofrível, eu não tenho o vocabulário delas.”
Essa “facilidade” ocorre porque as crianças não aprendem a segunda língua como tradicionalmente é ensinada, explicam profissionais de escolas bilíngues. “O aluno não aprende o inglês, ele usa a língua como ferramenta de aprendizagem”, afirma Daniella Leonardi, diretora da PlayPen.
Exemplo prático. Na educação infantil, a criança vive imersão no idioma e o aprende ao interagir com professores e colegas. “Quando uma criança pede água em português, a professora diz ‘oh, water’. A gente valida a fala dela em português, mas mostra outra forma de falar”, exemplifica Patrícia Pavan, diretora da Be.Living.
A segunda língua é utilizada para tudo, de trivialidades como amarrar o tênis até o ensino, esclarece Fernanda Nyari, presidente da Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo (Oebi). “Por isso a escola precisa de professores fluentes e com a formação exigida pelo Ministério da Educação (MEC) para cada segmento.”
Em qualquer ano da educação infantil, mesmo uma criança que nunca teve contato com o idioma o aprende na rotina, diz Ana Célia Mustafá Campos, diretora da Builders.
Currículo. A maioria das escolas bilíngues usa o inglês como segundo idioma. O português ganha espaço na alfabetização, no início do ensino fundamental. Nessa fase, o período da manhã fica para as disciplinas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). A tarde é destinada às matérias complementares em outro idioma.
“De manhã tem aula de Ciências sobre água e, à tarde, questões em inglês como ‘se a água é natural, como vai parar em casa?’,” conta Patrícia, da Be.Living. Artes, Educação Física e projetos interdisciplinares também podem ser dados na outra língua.
Somente depois de alfabetizados em português os estudantes aprendem leitura e escrita na segunda língua. Há escolas que oferecem o terceiro idioma ainda no fundamental.
“Essa é a fase em que os pais percebem as maiores mudanças porque os alunos fazem apresentações orais de experimentos científicos, debates e projetos, além de atingirem nível avançado na escrita na segunda língua”, afirma Lia Armelin, diretora do ensino fundamental 2 e do ensino médio da See-Saw. No ensino médio, diz Lia, a segunda língua faz parte da matriz curricular de acordo com os PCNs. Assim, algumas matérias exigidas pelo MEC são em inglês.
Como escolher. Selma Moura, mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora de programas bilíngues do Grupo SEB, alerta que, para um bilinguismo efetivo, a carga horária deve ser estendida. “Fora da escola a criança não tem muitas ocasiões de exposição à língua.”
A recomendação da Oebi é que, no mínimo, 75% da carga horária na educação infantil seja dada no segundo idioma. No ensino fundamental 1 deve ser de um terço e no fundamental 2 e no médio, de um quarto. A maioria das escolas avalia o conhecimento de língua estrangeira do candidato a aluno para verificar necessidade de reforço. No ensino médio, porém, se o estudante não tiver fluência, será difícil acompanhar o currículo, destaca Lia, da See-Saw.
SERVIÇO DAS BILÍNGUES E INTERNACIONAIS
Be.Living Endereço: Al. Jandira, 769, Moema, tel. 5051-4408 Período de matrícula: A partir de setembro (EF1) Método de ingresso: Sondagem Alunos por turma: Até 25 (EF1) Mensalidade: De R$ 2.200 a R$ 3.600 Site: beliving.com.br Builders Educação Bilíngue Endereço: R. Ribeiro de Barros, 128, tel. 3872-3999 Período de matrícula: A partir de 15 de setembro Método de ingresso: Sondagem (a partir do 2º ano do EF1) Alunos por turma: 24 (EF1) Mensalidade: De R$ 3.336 a R$ 3.588 Site: builders.com.br Green Book Endereços: R. José dos Santos Júnior, 144, Campo Belo, tel. 2574-8953 (EF1); R. Joaquim Nabuco, 489, Campo Belo, tel. 4561-2687 (EF2) Período de matrícula: De 15 de agosto a 15 de dezembro Método de ingresso: Sondagem Alunos por turma: 20 Mensalidade: De R$ 2.600 a R$ 3.200 Site: greenbook.com.br Kinder Kampus & Kampus School Endereço: R. Deputado João Sussumu Hirata, 480 / 750, Morumbi, tel. 3743-7552 Período de matrícula: O ano todo Método de ingresso: Sondagem com a criança e entrevista com os pais Alunos por turma: 25 (EF1); 30 (EF2) Mensalidade: De R$ 2.789 a R$ 3.014 Site: kampus.com.br Escola PlayPen Cidade Jardim Endereço: Praça Professor Américo de Moura, 101, Cidade Jardim, tel. 3812-9122 Período de matrícula: A partir de setembro Método de ingresso: Avaliação escrita (EF 1 e 2) Alunos por turma: 25 (EF 1 e2) Mensalidade: De R$ 4.660 a R$ 4.700 Site: escolacidadejardim.com.br
Pueri Domus Endereço: R. Verbo Divino, 993-A, Chácara Santo Antônio, tel. 3512-2222; R. Itacema, 214, Itaim Bibi, tel. 3078-6999; Estrada Dr. Yojiro Takaoka, 3.900, Aldeia da Serra, tel. 4192-2430; R. Muniz de Souza, 1.051, Aclimação, tel. 3399-4139 (inauguração em breve) Período de matrícula: O ano todo Método de ingresso: Sondagem (EF1); avaliação oral e escrita de Inglês (EF2); avaliação de Inglês na escola ou apresentação de exame (Cambridge ou IELTS, entre outros) comprovando nível intermediário da língua (EM) Alunos por turma: Máximo de 25 (EF1 e 2 e EM:) Mensalidade: Não informada Site: pueridomus.sebsa.com.br See-Saw Panamby Escola Bilíngue Endereço: Av. Visconde de Nacar, 86, Real Parque, tel. 3758-2241 Período de matrícula: De 1º de agosto a 20 de janeiro (do EF 1 ao EM) Método de ingresso: Visita acompanhada da criança (EI e 1º ano do EF 1); sondagem e entrevista (a partir do 2º ano do EF1) Alunos por turma: De 20 a 24 (EF1); 30 (EF2 e EM) Mensalidade: De R$3.285 a R$ 3.618 Site: see-saw.com.br
Colégio Sun Port - Educação Bilíngue Endereço: R. Nossa Senhora dos Navegantes, 57, Vila Sonia, tel. 3751-5784 Período de matrícula: De setembro a janeiro Método de ingresso: Entrevista e teste de Inglês. O ensino é bilíngue no EF1 (no EF2 pode ser normal ou estendido com bilinguismo) Alunos por turma: 20 Mensalidade: R$ 1.300 Site: sunport.com.br Colégio Miguel de Cervantes Endereço: Av. Jorge João Saad, 905, Morumbi, tel. 3779-1800 Período de matrícula: De setembro a novembro Método de ingresso: Vivência Alunos por turma: Máximo de 36 (EF e EM) Mensalidade: De R$ 2.747 a R$ 3.240 Site: cmc.com.br
St. Paul’s School (a Escola Britânica) Endereço: R. Juquiá, 166, Jardim Paulistano, tel. 3087-3399 Período de matrícula: O ano letivo começa em agosto. Em setembro e em março, a escola recebe os interessados em preparação para matrícula no próximo semestre Método de ingresso: Avaliação cognitiva em inglês Alunos por turma: De 10 a 20 Mensalidade: Não informada Site: stpauls.br * Informações e valores de mensalidade não incluem ensino infantil