Faculdade fora: Escolas particulares de SP cada vez mais preparam os alunos para o exterior


Pais já questionam sobre a possibilidade ao matricularem a criança na educação infantil; instituições de ensino orientam sobre diferenças de processos seletivos de universidades estrangeiras

Por Renata Cafardo
Atualização:

Escolas particulares de São Paulo passaram cada vez mais a preparar estudantes que queiram fazer faculdade no exterior. Algo que era comum em colégios internacionais, agora os brasileiros também têm áreas específicas para lidar com a documentação, preparação em línguas e orientação geral para que seus alunos se tornem candidatos competitivos lá fora.

Em algumas escolas, o índice de alunos aprovados em universidades no exterior chegou a 40% em 2024, mas em geral fica em até 10% em cerca de 15 colégios da capital consultados pelo Estadão. Mas o interesse, segundo educadores, é crescente.

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Em 2014, o Colégio Dante Alighieri tinha quatro alunos aprovados em universidades no exterior e neste ano, foram 89 - dos 219 que finalizaram o ensino médio. Desde o 6º ano do fundamental, a escola já organiza palestras para falar da possibilidade de estudar fora para estudantes e pais.

No Colégio Porto Seguro, famílias que matriculam seus filhos na educação infantil, com 1 ou 2 anos de idade, já têm questionado sobre as oportunidades que a escola oferece para que o aluno faça graduação no exterior, conta o Diretor de Relações Institucionais, Mauritius von Dubnitz.

A estudante brasileira Carolina Brandão, de 18 anos, que era aluna do Porto Seguro e vai estudar na Johannes Gutenberg Universität Mainz, na Alemanha Foto: Giovanna Beloni
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Mesmo com a desvalorização do real e as contingências geopolíticas, tem aumentado o interesse das classes média e alta em fazer graduação fora do País. O movimento preocupa até dirigentes de faculdades privadas de excelência e universidades públicas, instituições que seriam o destino desses estudantes de escolas particulares.

Para especialistas, os jovens não buscam apenas a melhor opção acadêmica, mas valorizam as oportunidades e experiências que estudar no exterior podem proporcionar para a vida pessoal e profissional.

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Portugal, que não tem universidades no topo dos rankings internacionais, por exemplo, tem atraído cada vez mais brasileiros. O interesse pela Europa, e não só pelos Estados Unidos, segundo especialistas e escolas, cresce por causa dos valores mais acessíveis e pela possibilidade de viver em grandes centros.

O custo varia: supera os R$ 500 mil anuais em instituições americanas de ponta, como Harvard ou Stanford, mas brasileiros com cidadania europeia podem gastar menos de R$ 30 mil por ano em universidades do continente.

“Você fica mais independente. Como é tudo em outra língua, são mais desafios, você aprende a lidar melhor com a decepção de não tirar sempre as melhores notas, com a frustração, é um amadurecimento pessoal”, diz Carolina Brandão, que era aluna do Porto Seguro e foi aprovada na Johannes Gutenberg Universität Mainz, na Alemanha, este ano.

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“Minha meta é ter experiência internacional, não ficar só no Brasil ou só na Alemanha, ter um trabalho mais flexível”, acrescenta ela, que tem 18 anos.

Não só as notas importam

Além de ajudar nas documentações, cujas exigências das faculdades incluem até um perfil da escola e comparações da nota do candidato com o restante da turma, o Porto Seguro estimula o aluno a fazer atividades extracurriculares. Essas experiências são consideradas positivas nos processos de seleção lá fora.

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“Não apenas as notas importam. Eles querem saber que benefício o aluno trouxe para a comunidade escolar. Então, o estimulamos a ser representante de classe, desenvolver espírito de liderança, autonomia, se engajar em campanhas de doação, trabalhos voluntários”, explica Dubnitz, responsável pela área internacional na escola. Cerca de 15% dos alunos deste ano foram aprovados no exterior ao fim do ensino médio.

O Dante tem uma plataforma própria na internet só com informações sobre universidades estrangeiras e seleções, faz preparação das redações que são exigidas nos processos e encontros individuais com os estudantes.

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“Conversamos muito sobre o projeto de vida deles, os destinos possíveis, os perfis de universidades lá fora e também fazemos um trabalho de autorreflexão, para que ele chegue à conclusão se está pronto ou não”, diz Laura Vetere, que é Guidance Counselor da U-Connection, a área criada pelo Dante para estudos internacionais.

Sofia Ramos, estudante brasileira na Stephens College, no Missouri (EUA), que é goleira do time da faculdade e tem sua foto estampada no ônibus Foto: Arquivo Pessoal

“A parte acadêmica é a menor das coisas. É mais melhorar como pessoa, ampliar seu mundo, expandir a bolha”, afirma a estudante Sofia Ramos, de 21 anos, que estuda Design de Moda no Stephens College, no Estado de Missouri (EUA). Ela cursou o ensino médio do Colégio Santa Cruz e conseguiu vaga na universidade principalmente por ser goleira de futebol.

Hoje ela tem uma rotina de treinos, além das aulas da graduação, e sua foto está estampada no ônibus na cidade onde mora. “Percebi que não estava preparada para deixar de jogar porque iria para a faculdade. E nos EUA tinha essa oportunidade de fazer as duas coisas.”

O Santa Cruz também tem uma área hoje só para orientar alunos que querem estudar no exterior. Foram 23 aprovações (cerca de 10% dos formandos) em 2023, ante 9 em 2015, último ano em que o colégio tabulou.

“No passado, eram somente os estudantes cujas famílias já conheciam o processo, famílias estrangeiras. Hoje, os próprios estudantes já sabem as ferramentas, nos procuram”, diz Airton Pretini Junior, coordenador de Estudos Internacionais do Santa Cruz.

As escolas também têm parcerias com consultorias especializadas em preparar brasileiros para fazer graduação no exterior, como a Daqui para Fora e a De Luca e Leão Sports (essa focada em estudantes que jogam futebol).

“As palestras mais cheias hoje são as de famílias do 1º ao 5º ano do fundamental. São pais mais jovens, que muitas vezes já foram para fora, já querem saber mais cedo sobre como se preparar, até financeiramente”, diz o head de operações da Daqui pra Fora, Philippe Silveira.

Segundo ele, essa preocupação é expressada pelos pais quando buscam a primeira escola do filho. “Não basta hoje os colégios dizerem que preparam bem para o Enem.”

Todos os representantes de colégios ouvidos pela reportagem, no entanto, enfatizam que a preparação para universidades brasileiras ainda é prioridade. “Vamos dar uma base muito boa para as universidades no Brasil, mas também mostrar que há opções lá fora”, afirma Dubnitz.

O engenheiro Jarbas Melo de Cerqueira conta que a filha chegou a passar no vestibular no Brasil, mas preferiu estudar na Universidade de Toronto, no Canadá. “Foi muito interesse dela. Há mais de 5 anos ela fala da vontade de ter uma experiência internacional, pesquisava alternativas. A gente apoiou”, diz.

“A escola me ajudou muito com os processos, documentos, fez até contato com a universidade”, diz a filha dele, Maria, de 18 anos, ex-aluna do Dante. “Vai ser intenso. Vou ficar longe da minha família, mas é a concretização de um sonho.”

Escolas particulares de São Paulo passaram cada vez mais a preparar estudantes que queiram fazer faculdade no exterior. Algo que era comum em colégios internacionais, agora os brasileiros também têm áreas específicas para lidar com a documentação, preparação em línguas e orientação geral para que seus alunos se tornem candidatos competitivos lá fora.

Em algumas escolas, o índice de alunos aprovados em universidades no exterior chegou a 40% em 2024, mas em geral fica em até 10% em cerca de 15 colégios da capital consultados pelo Estadão. Mas o interesse, segundo educadores, é crescente.

Em 2014, o Colégio Dante Alighieri tinha quatro alunos aprovados em universidades no exterior e neste ano, foram 89 - dos 219 que finalizaram o ensino médio. Desde o 6º ano do fundamental, a escola já organiza palestras para falar da possibilidade de estudar fora para estudantes e pais.

No Colégio Porto Seguro, famílias que matriculam seus filhos na educação infantil, com 1 ou 2 anos de idade, já têm questionado sobre as oportunidades que a escola oferece para que o aluno faça graduação no exterior, conta o Diretor de Relações Institucionais, Mauritius von Dubnitz.

A estudante brasileira Carolina Brandão, de 18 anos, que era aluna do Porto Seguro e vai estudar na Johannes Gutenberg Universität Mainz, na Alemanha Foto: Giovanna Beloni

Mesmo com a desvalorização do real e as contingências geopolíticas, tem aumentado o interesse das classes média e alta em fazer graduação fora do País. O movimento preocupa até dirigentes de faculdades privadas de excelência e universidades públicas, instituições que seriam o destino desses estudantes de escolas particulares.

Para especialistas, os jovens não buscam apenas a melhor opção acadêmica, mas valorizam as oportunidades e experiências que estudar no exterior podem proporcionar para a vida pessoal e profissional.

Portugal, que não tem universidades no topo dos rankings internacionais, por exemplo, tem atraído cada vez mais brasileiros. O interesse pela Europa, e não só pelos Estados Unidos, segundo especialistas e escolas, cresce por causa dos valores mais acessíveis e pela possibilidade de viver em grandes centros.

O custo varia: supera os R$ 500 mil anuais em instituições americanas de ponta, como Harvard ou Stanford, mas brasileiros com cidadania europeia podem gastar menos de R$ 30 mil por ano em universidades do continente.

“Você fica mais independente. Como é tudo em outra língua, são mais desafios, você aprende a lidar melhor com a decepção de não tirar sempre as melhores notas, com a frustração, é um amadurecimento pessoal”, diz Carolina Brandão, que era aluna do Porto Seguro e foi aprovada na Johannes Gutenberg Universität Mainz, na Alemanha, este ano.

“Minha meta é ter experiência internacional, não ficar só no Brasil ou só na Alemanha, ter um trabalho mais flexível”, acrescenta ela, que tem 18 anos.

Não só as notas importam

Além de ajudar nas documentações, cujas exigências das faculdades incluem até um perfil da escola e comparações da nota do candidato com o restante da turma, o Porto Seguro estimula o aluno a fazer atividades extracurriculares. Essas experiências são consideradas positivas nos processos de seleção lá fora.

“Não apenas as notas importam. Eles querem saber que benefício o aluno trouxe para a comunidade escolar. Então, o estimulamos a ser representante de classe, desenvolver espírito de liderança, autonomia, se engajar em campanhas de doação, trabalhos voluntários”, explica Dubnitz, responsável pela área internacional na escola. Cerca de 15% dos alunos deste ano foram aprovados no exterior ao fim do ensino médio.

O Dante tem uma plataforma própria na internet só com informações sobre universidades estrangeiras e seleções, faz preparação das redações que são exigidas nos processos e encontros individuais com os estudantes.

“Conversamos muito sobre o projeto de vida deles, os destinos possíveis, os perfis de universidades lá fora e também fazemos um trabalho de autorreflexão, para que ele chegue à conclusão se está pronto ou não”, diz Laura Vetere, que é Guidance Counselor da U-Connection, a área criada pelo Dante para estudos internacionais.

Sofia Ramos, estudante brasileira na Stephens College, no Missouri (EUA), que é goleira do time da faculdade e tem sua foto estampada no ônibus Foto: Arquivo Pessoal

“A parte acadêmica é a menor das coisas. É mais melhorar como pessoa, ampliar seu mundo, expandir a bolha”, afirma a estudante Sofia Ramos, de 21 anos, que estuda Design de Moda no Stephens College, no Estado de Missouri (EUA). Ela cursou o ensino médio do Colégio Santa Cruz e conseguiu vaga na universidade principalmente por ser goleira de futebol.

Hoje ela tem uma rotina de treinos, além das aulas da graduação, e sua foto está estampada no ônibus na cidade onde mora. “Percebi que não estava preparada para deixar de jogar porque iria para a faculdade. E nos EUA tinha essa oportunidade de fazer as duas coisas.”

O Santa Cruz também tem uma área hoje só para orientar alunos que querem estudar no exterior. Foram 23 aprovações (cerca de 10% dos formandos) em 2023, ante 9 em 2015, último ano em que o colégio tabulou.

“No passado, eram somente os estudantes cujas famílias já conheciam o processo, famílias estrangeiras. Hoje, os próprios estudantes já sabem as ferramentas, nos procuram”, diz Airton Pretini Junior, coordenador de Estudos Internacionais do Santa Cruz.

As escolas também têm parcerias com consultorias especializadas em preparar brasileiros para fazer graduação no exterior, como a Daqui para Fora e a De Luca e Leão Sports (essa focada em estudantes que jogam futebol).

“As palestras mais cheias hoje são as de famílias do 1º ao 5º ano do fundamental. São pais mais jovens, que muitas vezes já foram para fora, já querem saber mais cedo sobre como se preparar, até financeiramente”, diz o head de operações da Daqui pra Fora, Philippe Silveira.

Segundo ele, essa preocupação é expressada pelos pais quando buscam a primeira escola do filho. “Não basta hoje os colégios dizerem que preparam bem para o Enem.”

Todos os representantes de colégios ouvidos pela reportagem, no entanto, enfatizam que a preparação para universidades brasileiras ainda é prioridade. “Vamos dar uma base muito boa para as universidades no Brasil, mas também mostrar que há opções lá fora”, afirma Dubnitz.

O engenheiro Jarbas Melo de Cerqueira conta que a filha chegou a passar no vestibular no Brasil, mas preferiu estudar na Universidade de Toronto, no Canadá. “Foi muito interesse dela. Há mais de 5 anos ela fala da vontade de ter uma experiência internacional, pesquisava alternativas. A gente apoiou”, diz.

“A escola me ajudou muito com os processos, documentos, fez até contato com a universidade”, diz a filha dele, Maria, de 18 anos, ex-aluna do Dante. “Vai ser intenso. Vou ficar longe da minha família, mas é a concretização de um sonho.”

Escolas particulares de São Paulo passaram cada vez mais a preparar estudantes que queiram fazer faculdade no exterior. Algo que era comum em colégios internacionais, agora os brasileiros também têm áreas específicas para lidar com a documentação, preparação em línguas e orientação geral para que seus alunos se tornem candidatos competitivos lá fora.

Em algumas escolas, o índice de alunos aprovados em universidades no exterior chegou a 40% em 2024, mas em geral fica em até 10% em cerca de 15 colégios da capital consultados pelo Estadão. Mas o interesse, segundo educadores, é crescente.

Em 2014, o Colégio Dante Alighieri tinha quatro alunos aprovados em universidades no exterior e neste ano, foram 89 - dos 219 que finalizaram o ensino médio. Desde o 6º ano do fundamental, a escola já organiza palestras para falar da possibilidade de estudar fora para estudantes e pais.

No Colégio Porto Seguro, famílias que matriculam seus filhos na educação infantil, com 1 ou 2 anos de idade, já têm questionado sobre as oportunidades que a escola oferece para que o aluno faça graduação no exterior, conta o Diretor de Relações Institucionais, Mauritius von Dubnitz.

A estudante brasileira Carolina Brandão, de 18 anos, que era aluna do Porto Seguro e vai estudar na Johannes Gutenberg Universität Mainz, na Alemanha Foto: Giovanna Beloni

Mesmo com a desvalorização do real e as contingências geopolíticas, tem aumentado o interesse das classes média e alta em fazer graduação fora do País. O movimento preocupa até dirigentes de faculdades privadas de excelência e universidades públicas, instituições que seriam o destino desses estudantes de escolas particulares.

Para especialistas, os jovens não buscam apenas a melhor opção acadêmica, mas valorizam as oportunidades e experiências que estudar no exterior podem proporcionar para a vida pessoal e profissional.

Portugal, que não tem universidades no topo dos rankings internacionais, por exemplo, tem atraído cada vez mais brasileiros. O interesse pela Europa, e não só pelos Estados Unidos, segundo especialistas e escolas, cresce por causa dos valores mais acessíveis e pela possibilidade de viver em grandes centros.

O custo varia: supera os R$ 500 mil anuais em instituições americanas de ponta, como Harvard ou Stanford, mas brasileiros com cidadania europeia podem gastar menos de R$ 30 mil por ano em universidades do continente.

“Você fica mais independente. Como é tudo em outra língua, são mais desafios, você aprende a lidar melhor com a decepção de não tirar sempre as melhores notas, com a frustração, é um amadurecimento pessoal”, diz Carolina Brandão, que era aluna do Porto Seguro e foi aprovada na Johannes Gutenberg Universität Mainz, na Alemanha, este ano.

“Minha meta é ter experiência internacional, não ficar só no Brasil ou só na Alemanha, ter um trabalho mais flexível”, acrescenta ela, que tem 18 anos.

Não só as notas importam

Além de ajudar nas documentações, cujas exigências das faculdades incluem até um perfil da escola e comparações da nota do candidato com o restante da turma, o Porto Seguro estimula o aluno a fazer atividades extracurriculares. Essas experiências são consideradas positivas nos processos de seleção lá fora.

“Não apenas as notas importam. Eles querem saber que benefício o aluno trouxe para a comunidade escolar. Então, o estimulamos a ser representante de classe, desenvolver espírito de liderança, autonomia, se engajar em campanhas de doação, trabalhos voluntários”, explica Dubnitz, responsável pela área internacional na escola. Cerca de 15% dos alunos deste ano foram aprovados no exterior ao fim do ensino médio.

O Dante tem uma plataforma própria na internet só com informações sobre universidades estrangeiras e seleções, faz preparação das redações que são exigidas nos processos e encontros individuais com os estudantes.

“Conversamos muito sobre o projeto de vida deles, os destinos possíveis, os perfis de universidades lá fora e também fazemos um trabalho de autorreflexão, para que ele chegue à conclusão se está pronto ou não”, diz Laura Vetere, que é Guidance Counselor da U-Connection, a área criada pelo Dante para estudos internacionais.

Sofia Ramos, estudante brasileira na Stephens College, no Missouri (EUA), que é goleira do time da faculdade e tem sua foto estampada no ônibus Foto: Arquivo Pessoal

“A parte acadêmica é a menor das coisas. É mais melhorar como pessoa, ampliar seu mundo, expandir a bolha”, afirma a estudante Sofia Ramos, de 21 anos, que estuda Design de Moda no Stephens College, no Estado de Missouri (EUA). Ela cursou o ensino médio do Colégio Santa Cruz e conseguiu vaga na universidade principalmente por ser goleira de futebol.

Hoje ela tem uma rotina de treinos, além das aulas da graduação, e sua foto está estampada no ônibus na cidade onde mora. “Percebi que não estava preparada para deixar de jogar porque iria para a faculdade. E nos EUA tinha essa oportunidade de fazer as duas coisas.”

O Santa Cruz também tem uma área hoje só para orientar alunos que querem estudar no exterior. Foram 23 aprovações (cerca de 10% dos formandos) em 2023, ante 9 em 2015, último ano em que o colégio tabulou.

“No passado, eram somente os estudantes cujas famílias já conheciam o processo, famílias estrangeiras. Hoje, os próprios estudantes já sabem as ferramentas, nos procuram”, diz Airton Pretini Junior, coordenador de Estudos Internacionais do Santa Cruz.

As escolas também têm parcerias com consultorias especializadas em preparar brasileiros para fazer graduação no exterior, como a Daqui para Fora e a De Luca e Leão Sports (essa focada em estudantes que jogam futebol).

“As palestras mais cheias hoje são as de famílias do 1º ao 5º ano do fundamental. São pais mais jovens, que muitas vezes já foram para fora, já querem saber mais cedo sobre como se preparar, até financeiramente”, diz o head de operações da Daqui pra Fora, Philippe Silveira.

Segundo ele, essa preocupação é expressada pelos pais quando buscam a primeira escola do filho. “Não basta hoje os colégios dizerem que preparam bem para o Enem.”

Todos os representantes de colégios ouvidos pela reportagem, no entanto, enfatizam que a preparação para universidades brasileiras ainda é prioridade. “Vamos dar uma base muito boa para as universidades no Brasil, mas também mostrar que há opções lá fora”, afirma Dubnitz.

O engenheiro Jarbas Melo de Cerqueira conta que a filha chegou a passar no vestibular no Brasil, mas preferiu estudar na Universidade de Toronto, no Canadá. “Foi muito interesse dela. Há mais de 5 anos ela fala da vontade de ter uma experiência internacional, pesquisava alternativas. A gente apoiou”, diz.

“A escola me ajudou muito com os processos, documentos, fez até contato com a universidade”, diz a filha dele, Maria, de 18 anos, ex-aluna do Dante. “Vai ser intenso. Vou ficar longe da minha família, mas é a concretização de um sonho.”

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