Futuro escrito com quatro letras


Em 25 anos, Enem consolida-se como etapa decisiva para o destino universitário dos jovens brasileiros

Por Estadão Blue Studio
Atualização:

Aos 17 anos, aluna do 3º ano de um colégio particular de Mogi das Cruzes (SP), Rafaella Cunha fez as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 5 e 12 de novembro, dois domingos consecutivos, assim como quase 4 milhões de brasileiros. Ela resistiu à tentação de conferir o gabarito e prefere aguardar o resultado oficial, a ser divulgado em 16 de janeiro. Ciente de que depende de um desempenho excelente para alcançar a meta de estudar Medicina numa universidade pública, Rafaella diz que qualquer opção com esse perfil será bem-vinda, não importa a distância de casa. “Irei aonde for necessário. Será uma etapa importante para construir o meu futuro e a minha autonomia”, projeta.

A possibilidade de aprovação simultânea para um grande número de universidades, localizadas em todo o Brasil e até em Portugal, é parte da revolução promovida pelo Enem. Antes dele, era preciso prestar presencialmente os vestibulares específicos de cada instituição. “Não podemos esquecer o quanto o Enem contribuiu para otimizar a gestão dos recursos públicos”, lembra Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna.

Divulgação Foto: FG Trade
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Com a nacionalização das vagas possibilitada pela criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em 2009, aumentaram as chances de que alguém do Nordeste pudesse estudar no Sul, ou vice-versa. Esse é apenas um entre vários aspectos relacionados à democratização do ensino que o Enem vem proporcionando gradativamente desde a criação, em 1998.

Além do ingresso nas universidades públicas brasileiras por meio das vagas disponibilizadas no Sisu, a nota obtida pelo candidato no Enem é referência para a concessão de bolsas de estudo parciais e integrais em universidades privadas, objetivo do Programa Universidade para Todos (ProUni). É também o caminho para chegar às bolsas do programa Ciências Sem Fronteiras e permite o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal.

“O Enem se tornou um processo bem estável com o passar dos anos. O que temos visto, em geral, é que os estudantes que sobressaem no ensino médio e nos simulados conseguem ter uma boa nota no exame”, diz o professor Cassio Dias, coordenador pedagógico do colégio em que Rafaella estuda. “As surpresas são raras e normalmente acontecem mais em relação ao bom desempenho de quem a gente não esperava tanto do que o contrário.”

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Início tímido

O Enem foi concebido durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, sob a liderança do ministro da Educação Paulo Renato Souza. Baseada em dois modelos – o Scholastic Aptitude Test (SAT), dos Estados Unidos, e o Baccalaureate, da França –, a prova tinha o objetivo inicial de avaliar o desempenho dos estudantes ao término da educação básica. Adaptações graduais ao longo dos anos levaram ao perfil atual, em que o Enem se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior.

Influenciado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), aprovada dois anos antes para estabelecer as competências e habilidades que o aluno deveria dominar ao final do ensino médio, o Enem teve como uma das principais inovações o desenvolvimento de questões com perfil menos conteudista e mais interdisciplinar, baseadas na fusão de diferentes áreas do conhecimento. Assim, passou a incentivar uma visão mais sistêmica, diferente do “decoreba” que predominava até então.

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“Espera-se que o candidato saiba interpretar e avaliar diferentes ângulos de um problema complexo, especialmente na redação. Isso exige não apenas uma gama de conhecimentos relacionados ao tema, mas também empatia, consciência social e visão coletiva, habilidades essenciais para os profissionais do século 21″, ressalta Carlos Walter Dorlass, consultor especializado em educação.

Linha do tempo

Os pontos altos dos 25 anos do Enem

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1998

A primeira edição do exame foi composta por redação e 63 questões sobre conhecimentos gerais, com três horas para resolução.

2004

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A nota do Enem passou a ser usada para a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em universidades privadas, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Em decorrência disso, o número de inscritos dobraria no ano seguinte, chegando à marca de 3 milhões.

2009

Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Enem foi ampliado para 180 questões objetivas, além da redação. Com isso, passou a ser realizado em dois dias. Essa edição foi marcada pelo vazamento da prova, o que exigiu a preparação de um novo instrumento e ajustes no cronograma.

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2010

Os resultados do Enem passaram a ser adotados como critério para que os estudantes tenham acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa do governo federal.

2014

As universidades de Coimbra e Algarve, em Portugal, passaram a aceitar o Enem em seus processos seletivos. Era o início das parcerias com instituições de ensino portuguesas, que hoje englobam mais de 50 universidades.

2017

Em vez de dois dias no mesmo fim de semana, a prova passa a ser feita em dois domingos consecutivos. O ranking dos resultados por escola deixa de ser divulgado pelo Inep, diante da constatação de que incentivava exageros de propaganda.

2020

Versão digital do Enem é lançada, em caráter de teste. O plano do Ministério da Educação é que o exame se torne inteiramente online em 2026.

Aos 17 anos, aluna do 3º ano de um colégio particular de Mogi das Cruzes (SP), Rafaella Cunha fez as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 5 e 12 de novembro, dois domingos consecutivos, assim como quase 4 milhões de brasileiros. Ela resistiu à tentação de conferir o gabarito e prefere aguardar o resultado oficial, a ser divulgado em 16 de janeiro. Ciente de que depende de um desempenho excelente para alcançar a meta de estudar Medicina numa universidade pública, Rafaella diz que qualquer opção com esse perfil será bem-vinda, não importa a distância de casa. “Irei aonde for necessário. Será uma etapa importante para construir o meu futuro e a minha autonomia”, projeta.

A possibilidade de aprovação simultânea para um grande número de universidades, localizadas em todo o Brasil e até em Portugal, é parte da revolução promovida pelo Enem. Antes dele, era preciso prestar presencialmente os vestibulares específicos de cada instituição. “Não podemos esquecer o quanto o Enem contribuiu para otimizar a gestão dos recursos públicos”, lembra Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna.

Divulgação Foto: FG Trade

Com a nacionalização das vagas possibilitada pela criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em 2009, aumentaram as chances de que alguém do Nordeste pudesse estudar no Sul, ou vice-versa. Esse é apenas um entre vários aspectos relacionados à democratização do ensino que o Enem vem proporcionando gradativamente desde a criação, em 1998.

Além do ingresso nas universidades públicas brasileiras por meio das vagas disponibilizadas no Sisu, a nota obtida pelo candidato no Enem é referência para a concessão de bolsas de estudo parciais e integrais em universidades privadas, objetivo do Programa Universidade para Todos (ProUni). É também o caminho para chegar às bolsas do programa Ciências Sem Fronteiras e permite o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal.

“O Enem se tornou um processo bem estável com o passar dos anos. O que temos visto, em geral, é que os estudantes que sobressaem no ensino médio e nos simulados conseguem ter uma boa nota no exame”, diz o professor Cassio Dias, coordenador pedagógico do colégio em que Rafaella estuda. “As surpresas são raras e normalmente acontecem mais em relação ao bom desempenho de quem a gente não esperava tanto do que o contrário.”

Início tímido

O Enem foi concebido durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, sob a liderança do ministro da Educação Paulo Renato Souza. Baseada em dois modelos – o Scholastic Aptitude Test (SAT), dos Estados Unidos, e o Baccalaureate, da França –, a prova tinha o objetivo inicial de avaliar o desempenho dos estudantes ao término da educação básica. Adaptações graduais ao longo dos anos levaram ao perfil atual, em que o Enem se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior.

Influenciado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), aprovada dois anos antes para estabelecer as competências e habilidades que o aluno deveria dominar ao final do ensino médio, o Enem teve como uma das principais inovações o desenvolvimento de questões com perfil menos conteudista e mais interdisciplinar, baseadas na fusão de diferentes áreas do conhecimento. Assim, passou a incentivar uma visão mais sistêmica, diferente do “decoreba” que predominava até então.

“Espera-se que o candidato saiba interpretar e avaliar diferentes ângulos de um problema complexo, especialmente na redação. Isso exige não apenas uma gama de conhecimentos relacionados ao tema, mas também empatia, consciência social e visão coletiva, habilidades essenciais para os profissionais do século 21″, ressalta Carlos Walter Dorlass, consultor especializado em educação.

Linha do tempo

Os pontos altos dos 25 anos do Enem

1998

A primeira edição do exame foi composta por redação e 63 questões sobre conhecimentos gerais, com três horas para resolução.

2004

A nota do Enem passou a ser usada para a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em universidades privadas, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Em decorrência disso, o número de inscritos dobraria no ano seguinte, chegando à marca de 3 milhões.

2009

Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Enem foi ampliado para 180 questões objetivas, além da redação. Com isso, passou a ser realizado em dois dias. Essa edição foi marcada pelo vazamento da prova, o que exigiu a preparação de um novo instrumento e ajustes no cronograma.

2010

Os resultados do Enem passaram a ser adotados como critério para que os estudantes tenham acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa do governo federal.

2014

As universidades de Coimbra e Algarve, em Portugal, passaram a aceitar o Enem em seus processos seletivos. Era o início das parcerias com instituições de ensino portuguesas, que hoje englobam mais de 50 universidades.

2017

Em vez de dois dias no mesmo fim de semana, a prova passa a ser feita em dois domingos consecutivos. O ranking dos resultados por escola deixa de ser divulgado pelo Inep, diante da constatação de que incentivava exageros de propaganda.

2020

Versão digital do Enem é lançada, em caráter de teste. O plano do Ministério da Educação é que o exame se torne inteiramente online em 2026.

Aos 17 anos, aluna do 3º ano de um colégio particular de Mogi das Cruzes (SP), Rafaella Cunha fez as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 5 e 12 de novembro, dois domingos consecutivos, assim como quase 4 milhões de brasileiros. Ela resistiu à tentação de conferir o gabarito e prefere aguardar o resultado oficial, a ser divulgado em 16 de janeiro. Ciente de que depende de um desempenho excelente para alcançar a meta de estudar Medicina numa universidade pública, Rafaella diz que qualquer opção com esse perfil será bem-vinda, não importa a distância de casa. “Irei aonde for necessário. Será uma etapa importante para construir o meu futuro e a minha autonomia”, projeta.

A possibilidade de aprovação simultânea para um grande número de universidades, localizadas em todo o Brasil e até em Portugal, é parte da revolução promovida pelo Enem. Antes dele, era preciso prestar presencialmente os vestibulares específicos de cada instituição. “Não podemos esquecer o quanto o Enem contribuiu para otimizar a gestão dos recursos públicos”, lembra Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna.

Divulgação Foto: FG Trade

Com a nacionalização das vagas possibilitada pela criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em 2009, aumentaram as chances de que alguém do Nordeste pudesse estudar no Sul, ou vice-versa. Esse é apenas um entre vários aspectos relacionados à democratização do ensino que o Enem vem proporcionando gradativamente desde a criação, em 1998.

Além do ingresso nas universidades públicas brasileiras por meio das vagas disponibilizadas no Sisu, a nota obtida pelo candidato no Enem é referência para a concessão de bolsas de estudo parciais e integrais em universidades privadas, objetivo do Programa Universidade para Todos (ProUni). É também o caminho para chegar às bolsas do programa Ciências Sem Fronteiras e permite o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal.

“O Enem se tornou um processo bem estável com o passar dos anos. O que temos visto, em geral, é que os estudantes que sobressaem no ensino médio e nos simulados conseguem ter uma boa nota no exame”, diz o professor Cassio Dias, coordenador pedagógico do colégio em que Rafaella estuda. “As surpresas são raras e normalmente acontecem mais em relação ao bom desempenho de quem a gente não esperava tanto do que o contrário.”

Início tímido

O Enem foi concebido durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, sob a liderança do ministro da Educação Paulo Renato Souza. Baseada em dois modelos – o Scholastic Aptitude Test (SAT), dos Estados Unidos, e o Baccalaureate, da França –, a prova tinha o objetivo inicial de avaliar o desempenho dos estudantes ao término da educação básica. Adaptações graduais ao longo dos anos levaram ao perfil atual, em que o Enem se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior.

Influenciado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), aprovada dois anos antes para estabelecer as competências e habilidades que o aluno deveria dominar ao final do ensino médio, o Enem teve como uma das principais inovações o desenvolvimento de questões com perfil menos conteudista e mais interdisciplinar, baseadas na fusão de diferentes áreas do conhecimento. Assim, passou a incentivar uma visão mais sistêmica, diferente do “decoreba” que predominava até então.

“Espera-se que o candidato saiba interpretar e avaliar diferentes ângulos de um problema complexo, especialmente na redação. Isso exige não apenas uma gama de conhecimentos relacionados ao tema, mas também empatia, consciência social e visão coletiva, habilidades essenciais para os profissionais do século 21″, ressalta Carlos Walter Dorlass, consultor especializado em educação.

Linha do tempo

Os pontos altos dos 25 anos do Enem

1998

A primeira edição do exame foi composta por redação e 63 questões sobre conhecimentos gerais, com três horas para resolução.

2004

A nota do Enem passou a ser usada para a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em universidades privadas, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Em decorrência disso, o número de inscritos dobraria no ano seguinte, chegando à marca de 3 milhões.

2009

Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Enem foi ampliado para 180 questões objetivas, além da redação. Com isso, passou a ser realizado em dois dias. Essa edição foi marcada pelo vazamento da prova, o que exigiu a preparação de um novo instrumento e ajustes no cronograma.

2010

Os resultados do Enem passaram a ser adotados como critério para que os estudantes tenham acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa do governo federal.

2014

As universidades de Coimbra e Algarve, em Portugal, passaram a aceitar o Enem em seus processos seletivos. Era o início das parcerias com instituições de ensino portuguesas, que hoje englobam mais de 50 universidades.

2017

Em vez de dois dias no mesmo fim de semana, a prova passa a ser feita em dois domingos consecutivos. O ranking dos resultados por escola deixa de ser divulgado pelo Inep, diante da constatação de que incentivava exageros de propaganda.

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Versão digital do Enem é lançada, em caráter de teste. O plano do Ministério da Educação é que o exame se torne inteiramente online em 2026.

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