Graduação entra de vez na era online


Do improviso inicial às experiências com êxito, aulas remotas se estabelecem como um possível caminho para um ensino superior híbrido no futuro

Por Ocimara Balmant e Alex Gomes

Há seis meses, a pandemia fechou as portas das instituições de ensino superior. A partir daí, a maioria das públicas interrompeu as aulas por cerca de quatro meses e retomou há pouco com conteúdos remotos. Já as universidades privadas, em grande parte, transferiram o presencial para o online já em março. A partir do improviso inicial, a vivência adquirida nesse período fez com que muitas delas obtivessem êxito em experiências acadêmicas e administrativas, com a possibilidade de serem adotadas de forma perene no futuro.

O vestibular é um exemplo. Realizar seleções online era um dos maiores desafios. Afinal, como garantir que o aluno não use o Google ou peça ajuda a conhecidos para preencher as questões? Enquanto muitas instituições preferiram abolir a prova e usaram evidências de desempenho como as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), outras mudaram completamente seus testes. Na Belas Artes, a solução foi adotar um digital que, além de se mostrar praticamente à prova de fraudes, funciona como uma espécie de pré-atividade acadêmica.

Taline Azzi estuda Moda na Belas Artes de Sorocaba e mora em Salto, também no interior paulista Foto: Epitacio Pessoa/ Estadão
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Com cursos ligados às áreas de comunicação, artes e design, a instituição criou um exame a partir de análises de ações de sucesso feitas por empresas atuantes em setores relacionados. “Elaboramos questões baseadas em aspectos dos processos de inovação das companhias. O tema da prova de redação também foi associado ao case, com o objetivo de avaliar o quanto o candidato está atualizado com temáticas emergentes”, explica Josiane Tonelotto, superintendente acadêmica da Belas Artes. 

Essa abordagem da prova também permitiu à instituição avaliar o perfil dos alunos: se são mais realizadores, voltados a aspectos técnicos, ou idealizadores, com interesses em desenvolver conceitos e ideias. Bem recebido na instituição, o processo será adotado de forma permanente, com uma versão presencial como alternativa para quem preferir. A edição para ingresso em 2021 terá cases baseados em temas de economia criativa.

Quanto ao ensino, a Belas Artes adotou o modo remoto assim que a quarentena foi estabelecida no País. Os relatos dos estudantes apontam que, enquanto alguns tiveram dificuldade na adaptação, outros não querem mais o formato só presencial. 

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Taline da Silveira Azzi, que cursa o 3.º semestre do curso de Moda, não se imagina voltando para as aulas presenciais todos os dias. “Adoraria continuar com pelo menos as teóricas de modo remoto”, diz. O modelo online deu comodidade à aluna, que vive na cidade de Salto, no interior de São Paulo, e estuda no câmpus de Sorocaba da Belas Artes, a cerca de 40 quilômetros da sua casa. Com as duas horas economizadas nos deslocamentos, ela fez cursos livres em plataformas digitais como Udemy, Eduk e Escola Conquer.

Imaginar um futuro de ensino híbrido - com o digital incrementado por mais novidades tecnológicas - deixa Taline animada. “Conheço aplicativos em que eu uso a câmera do celular e faço um manequim em 3D com as medidas de uma pessoa. Creio que isso tende a evoluir, com mais possibilidades de testes e personalizações.”

Neste mês, a Escola Nacional de Seguros (ENS), por exemplo, inaugura, em São Paulo, a Sala do Futuro. É um ambiente de ensino que permite conectar até 64 pessoas (parte presencial, parte virtual) como se estivessem no mesmo lugar. O espaço tem ferramentas que estimulam o trabalho colaborativo - separados em grupos, os alunos podem responder a perguntas, pesquisas de opinião e testes com resultado em tempo real. É possível compartilhar aplicativos e mídias e fazer a edição de arquivos de forma colaborativa.

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Aprovado

Para avaliar a forma como as aulas remotas foram conduzidas na pandemia e especular sobre um possível aumento de atividades online nos currículos, o Insper fez uma pesquisa com cerca de 500 alunos em agosto e consultas ao corpo acadêmico. Os resultados foram animadores: a maioria aprovou o modelo remoto implementado, bem como as soluções digitais para o relacionamento com a instituição (por exemplo, processos seletivos e matrículas). 

“Temos uma grande quantidade de estudantes que não mora na cidade de São Paulo, para os quais a experiência remota foi mais satisfatória que a presencial”, diz Guilherme Martins, diretor dos cursos de graduação. “Mesmo aqueles que não gostam do ensino a distância, preferem o cara a cara do presencial, elogiaram a forma pela qual conduzimos as aulas na pandemia.”

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Grande parte do êxito ficou por conta da forma como o processo foi instituído, acredita Martins. A instituição fez formações de suporte geral e personalizadas. Os professores participaram de treinamentos sobre as ferramentas assíncronas e as dinâmicas das aulas live. Nessas últimas, o objetivo era mostrar estratégias para não cansar a audiência em classes expositivas. Se na presencial, a turma é capaz de ficar duas horas sentada e concentrada, nos encontros virtuais é preciso menos falatório e mais interação, sob o risco de ver as câmeras fechadas. 

Em relação aos alunos, a grande novidade é pedagógica. O Insper estabeleceu diagnósticos de desempenho. A cada etapa, a ferramenta permite verificar se o estudante está apto a prosseguir com o plano do curso. “Supondo que o aluno tenha feito uma disciplina como Cálculo 1 e tenha sido aprovado. Antes de seguir para Cálculo 2, passa por uma avaliação na qual vemos se reteve todos os conhecimentos essenciais. Caso tenha deficiências, deverá ter aulas e receber tutoriais individuais para chegar ao nível esperado.”

Há outro aprendizado da pandemia que deve ficar no Insper de forma permanente: o trabalho remoto colaborativo. “Os professores se surpreenderam com a qualidade das entregas. É uma tendência do mercado.”

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Tanto na Belas Artes como no Insper - e na maioria das instituições de ensino superior públicas e privadas - o fim da pandemia deve abrir as portas físicas, mas nunca mais fechará o caminho do aprendizado mediado pela tecnologia. Do vestibular ao diploma, tudo será permeado pelo digital. O futuro do ensino superior é híbrido.

Há seis meses, a pandemia fechou as portas das instituições de ensino superior. A partir daí, a maioria das públicas interrompeu as aulas por cerca de quatro meses e retomou há pouco com conteúdos remotos. Já as universidades privadas, em grande parte, transferiram o presencial para o online já em março. A partir do improviso inicial, a vivência adquirida nesse período fez com que muitas delas obtivessem êxito em experiências acadêmicas e administrativas, com a possibilidade de serem adotadas de forma perene no futuro.

O vestibular é um exemplo. Realizar seleções online era um dos maiores desafios. Afinal, como garantir que o aluno não use o Google ou peça ajuda a conhecidos para preencher as questões? Enquanto muitas instituições preferiram abolir a prova e usaram evidências de desempenho como as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), outras mudaram completamente seus testes. Na Belas Artes, a solução foi adotar um digital que, além de se mostrar praticamente à prova de fraudes, funciona como uma espécie de pré-atividade acadêmica.

Taline Azzi estuda Moda na Belas Artes de Sorocaba e mora em Salto, também no interior paulista Foto: Epitacio Pessoa/ Estadão

Com cursos ligados às áreas de comunicação, artes e design, a instituição criou um exame a partir de análises de ações de sucesso feitas por empresas atuantes em setores relacionados. “Elaboramos questões baseadas em aspectos dos processos de inovação das companhias. O tema da prova de redação também foi associado ao case, com o objetivo de avaliar o quanto o candidato está atualizado com temáticas emergentes”, explica Josiane Tonelotto, superintendente acadêmica da Belas Artes. 

Essa abordagem da prova também permitiu à instituição avaliar o perfil dos alunos: se são mais realizadores, voltados a aspectos técnicos, ou idealizadores, com interesses em desenvolver conceitos e ideias. Bem recebido na instituição, o processo será adotado de forma permanente, com uma versão presencial como alternativa para quem preferir. A edição para ingresso em 2021 terá cases baseados em temas de economia criativa.

Quanto ao ensino, a Belas Artes adotou o modo remoto assim que a quarentena foi estabelecida no País. Os relatos dos estudantes apontam que, enquanto alguns tiveram dificuldade na adaptação, outros não querem mais o formato só presencial. 

Taline da Silveira Azzi, que cursa o 3.º semestre do curso de Moda, não se imagina voltando para as aulas presenciais todos os dias. “Adoraria continuar com pelo menos as teóricas de modo remoto”, diz. O modelo online deu comodidade à aluna, que vive na cidade de Salto, no interior de São Paulo, e estuda no câmpus de Sorocaba da Belas Artes, a cerca de 40 quilômetros da sua casa. Com as duas horas economizadas nos deslocamentos, ela fez cursos livres em plataformas digitais como Udemy, Eduk e Escola Conquer.

Imaginar um futuro de ensino híbrido - com o digital incrementado por mais novidades tecnológicas - deixa Taline animada. “Conheço aplicativos em que eu uso a câmera do celular e faço um manequim em 3D com as medidas de uma pessoa. Creio que isso tende a evoluir, com mais possibilidades de testes e personalizações.”

Neste mês, a Escola Nacional de Seguros (ENS), por exemplo, inaugura, em São Paulo, a Sala do Futuro. É um ambiente de ensino que permite conectar até 64 pessoas (parte presencial, parte virtual) como se estivessem no mesmo lugar. O espaço tem ferramentas que estimulam o trabalho colaborativo - separados em grupos, os alunos podem responder a perguntas, pesquisas de opinião e testes com resultado em tempo real. É possível compartilhar aplicativos e mídias e fazer a edição de arquivos de forma colaborativa.

Aprovado

Para avaliar a forma como as aulas remotas foram conduzidas na pandemia e especular sobre um possível aumento de atividades online nos currículos, o Insper fez uma pesquisa com cerca de 500 alunos em agosto e consultas ao corpo acadêmico. Os resultados foram animadores: a maioria aprovou o modelo remoto implementado, bem como as soluções digitais para o relacionamento com a instituição (por exemplo, processos seletivos e matrículas). 

“Temos uma grande quantidade de estudantes que não mora na cidade de São Paulo, para os quais a experiência remota foi mais satisfatória que a presencial”, diz Guilherme Martins, diretor dos cursos de graduação. “Mesmo aqueles que não gostam do ensino a distância, preferem o cara a cara do presencial, elogiaram a forma pela qual conduzimos as aulas na pandemia.”

Grande parte do êxito ficou por conta da forma como o processo foi instituído, acredita Martins. A instituição fez formações de suporte geral e personalizadas. Os professores participaram de treinamentos sobre as ferramentas assíncronas e as dinâmicas das aulas live. Nessas últimas, o objetivo era mostrar estratégias para não cansar a audiência em classes expositivas. Se na presencial, a turma é capaz de ficar duas horas sentada e concentrada, nos encontros virtuais é preciso menos falatório e mais interação, sob o risco de ver as câmeras fechadas. 

Em relação aos alunos, a grande novidade é pedagógica. O Insper estabeleceu diagnósticos de desempenho. A cada etapa, a ferramenta permite verificar se o estudante está apto a prosseguir com o plano do curso. “Supondo que o aluno tenha feito uma disciplina como Cálculo 1 e tenha sido aprovado. Antes de seguir para Cálculo 2, passa por uma avaliação na qual vemos se reteve todos os conhecimentos essenciais. Caso tenha deficiências, deverá ter aulas e receber tutoriais individuais para chegar ao nível esperado.”

Há outro aprendizado da pandemia que deve ficar no Insper de forma permanente: o trabalho remoto colaborativo. “Os professores se surpreenderam com a qualidade das entregas. É uma tendência do mercado.”

Tanto na Belas Artes como no Insper - e na maioria das instituições de ensino superior públicas e privadas - o fim da pandemia deve abrir as portas físicas, mas nunca mais fechará o caminho do aprendizado mediado pela tecnologia. Do vestibular ao diploma, tudo será permeado pelo digital. O futuro do ensino superior é híbrido.

Há seis meses, a pandemia fechou as portas das instituições de ensino superior. A partir daí, a maioria das públicas interrompeu as aulas por cerca de quatro meses e retomou há pouco com conteúdos remotos. Já as universidades privadas, em grande parte, transferiram o presencial para o online já em março. A partir do improviso inicial, a vivência adquirida nesse período fez com que muitas delas obtivessem êxito em experiências acadêmicas e administrativas, com a possibilidade de serem adotadas de forma perene no futuro.

O vestibular é um exemplo. Realizar seleções online era um dos maiores desafios. Afinal, como garantir que o aluno não use o Google ou peça ajuda a conhecidos para preencher as questões? Enquanto muitas instituições preferiram abolir a prova e usaram evidências de desempenho como as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), outras mudaram completamente seus testes. Na Belas Artes, a solução foi adotar um digital que, além de se mostrar praticamente à prova de fraudes, funciona como uma espécie de pré-atividade acadêmica.

Taline Azzi estuda Moda na Belas Artes de Sorocaba e mora em Salto, também no interior paulista Foto: Epitacio Pessoa/ Estadão

Com cursos ligados às áreas de comunicação, artes e design, a instituição criou um exame a partir de análises de ações de sucesso feitas por empresas atuantes em setores relacionados. “Elaboramos questões baseadas em aspectos dos processos de inovação das companhias. O tema da prova de redação também foi associado ao case, com o objetivo de avaliar o quanto o candidato está atualizado com temáticas emergentes”, explica Josiane Tonelotto, superintendente acadêmica da Belas Artes. 

Essa abordagem da prova também permitiu à instituição avaliar o perfil dos alunos: se são mais realizadores, voltados a aspectos técnicos, ou idealizadores, com interesses em desenvolver conceitos e ideias. Bem recebido na instituição, o processo será adotado de forma permanente, com uma versão presencial como alternativa para quem preferir. A edição para ingresso em 2021 terá cases baseados em temas de economia criativa.

Quanto ao ensino, a Belas Artes adotou o modo remoto assim que a quarentena foi estabelecida no País. Os relatos dos estudantes apontam que, enquanto alguns tiveram dificuldade na adaptação, outros não querem mais o formato só presencial. 

Taline da Silveira Azzi, que cursa o 3.º semestre do curso de Moda, não se imagina voltando para as aulas presenciais todos os dias. “Adoraria continuar com pelo menos as teóricas de modo remoto”, diz. O modelo online deu comodidade à aluna, que vive na cidade de Salto, no interior de São Paulo, e estuda no câmpus de Sorocaba da Belas Artes, a cerca de 40 quilômetros da sua casa. Com as duas horas economizadas nos deslocamentos, ela fez cursos livres em plataformas digitais como Udemy, Eduk e Escola Conquer.

Imaginar um futuro de ensino híbrido - com o digital incrementado por mais novidades tecnológicas - deixa Taline animada. “Conheço aplicativos em que eu uso a câmera do celular e faço um manequim em 3D com as medidas de uma pessoa. Creio que isso tende a evoluir, com mais possibilidades de testes e personalizações.”

Neste mês, a Escola Nacional de Seguros (ENS), por exemplo, inaugura, em São Paulo, a Sala do Futuro. É um ambiente de ensino que permite conectar até 64 pessoas (parte presencial, parte virtual) como se estivessem no mesmo lugar. O espaço tem ferramentas que estimulam o trabalho colaborativo - separados em grupos, os alunos podem responder a perguntas, pesquisas de opinião e testes com resultado em tempo real. É possível compartilhar aplicativos e mídias e fazer a edição de arquivos de forma colaborativa.

Aprovado

Para avaliar a forma como as aulas remotas foram conduzidas na pandemia e especular sobre um possível aumento de atividades online nos currículos, o Insper fez uma pesquisa com cerca de 500 alunos em agosto e consultas ao corpo acadêmico. Os resultados foram animadores: a maioria aprovou o modelo remoto implementado, bem como as soluções digitais para o relacionamento com a instituição (por exemplo, processos seletivos e matrículas). 

“Temos uma grande quantidade de estudantes que não mora na cidade de São Paulo, para os quais a experiência remota foi mais satisfatória que a presencial”, diz Guilherme Martins, diretor dos cursos de graduação. “Mesmo aqueles que não gostam do ensino a distância, preferem o cara a cara do presencial, elogiaram a forma pela qual conduzimos as aulas na pandemia.”

Grande parte do êxito ficou por conta da forma como o processo foi instituído, acredita Martins. A instituição fez formações de suporte geral e personalizadas. Os professores participaram de treinamentos sobre as ferramentas assíncronas e as dinâmicas das aulas live. Nessas últimas, o objetivo era mostrar estratégias para não cansar a audiência em classes expositivas. Se na presencial, a turma é capaz de ficar duas horas sentada e concentrada, nos encontros virtuais é preciso menos falatório e mais interação, sob o risco de ver as câmeras fechadas. 

Em relação aos alunos, a grande novidade é pedagógica. O Insper estabeleceu diagnósticos de desempenho. A cada etapa, a ferramenta permite verificar se o estudante está apto a prosseguir com o plano do curso. “Supondo que o aluno tenha feito uma disciplina como Cálculo 1 e tenha sido aprovado. Antes de seguir para Cálculo 2, passa por uma avaliação na qual vemos se reteve todos os conhecimentos essenciais. Caso tenha deficiências, deverá ter aulas e receber tutoriais individuais para chegar ao nível esperado.”

Há outro aprendizado da pandemia que deve ficar no Insper de forma permanente: o trabalho remoto colaborativo. “Os professores se surpreenderam com a qualidade das entregas. É uma tendência do mercado.”

Tanto na Belas Artes como no Insper - e na maioria das instituições de ensino superior públicas e privadas - o fim da pandemia deve abrir as portas físicas, mas nunca mais fechará o caminho do aprendizado mediado pela tecnologia. Do vestibular ao diploma, tudo será permeado pelo digital. O futuro do ensino superior é híbrido.

Há seis meses, a pandemia fechou as portas das instituições de ensino superior. A partir daí, a maioria das públicas interrompeu as aulas por cerca de quatro meses e retomou há pouco com conteúdos remotos. Já as universidades privadas, em grande parte, transferiram o presencial para o online já em março. A partir do improviso inicial, a vivência adquirida nesse período fez com que muitas delas obtivessem êxito em experiências acadêmicas e administrativas, com a possibilidade de serem adotadas de forma perene no futuro.

O vestibular é um exemplo. Realizar seleções online era um dos maiores desafios. Afinal, como garantir que o aluno não use o Google ou peça ajuda a conhecidos para preencher as questões? Enquanto muitas instituições preferiram abolir a prova e usaram evidências de desempenho como as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), outras mudaram completamente seus testes. Na Belas Artes, a solução foi adotar um digital que, além de se mostrar praticamente à prova de fraudes, funciona como uma espécie de pré-atividade acadêmica.

Taline Azzi estuda Moda na Belas Artes de Sorocaba e mora em Salto, também no interior paulista Foto: Epitacio Pessoa/ Estadão

Com cursos ligados às áreas de comunicação, artes e design, a instituição criou um exame a partir de análises de ações de sucesso feitas por empresas atuantes em setores relacionados. “Elaboramos questões baseadas em aspectos dos processos de inovação das companhias. O tema da prova de redação também foi associado ao case, com o objetivo de avaliar o quanto o candidato está atualizado com temáticas emergentes”, explica Josiane Tonelotto, superintendente acadêmica da Belas Artes. 

Essa abordagem da prova também permitiu à instituição avaliar o perfil dos alunos: se são mais realizadores, voltados a aspectos técnicos, ou idealizadores, com interesses em desenvolver conceitos e ideias. Bem recebido na instituição, o processo será adotado de forma permanente, com uma versão presencial como alternativa para quem preferir. A edição para ingresso em 2021 terá cases baseados em temas de economia criativa.

Quanto ao ensino, a Belas Artes adotou o modo remoto assim que a quarentena foi estabelecida no País. Os relatos dos estudantes apontam que, enquanto alguns tiveram dificuldade na adaptação, outros não querem mais o formato só presencial. 

Taline da Silveira Azzi, que cursa o 3.º semestre do curso de Moda, não se imagina voltando para as aulas presenciais todos os dias. “Adoraria continuar com pelo menos as teóricas de modo remoto”, diz. O modelo online deu comodidade à aluna, que vive na cidade de Salto, no interior de São Paulo, e estuda no câmpus de Sorocaba da Belas Artes, a cerca de 40 quilômetros da sua casa. Com as duas horas economizadas nos deslocamentos, ela fez cursos livres em plataformas digitais como Udemy, Eduk e Escola Conquer.

Imaginar um futuro de ensino híbrido - com o digital incrementado por mais novidades tecnológicas - deixa Taline animada. “Conheço aplicativos em que eu uso a câmera do celular e faço um manequim em 3D com as medidas de uma pessoa. Creio que isso tende a evoluir, com mais possibilidades de testes e personalizações.”

Neste mês, a Escola Nacional de Seguros (ENS), por exemplo, inaugura, em São Paulo, a Sala do Futuro. É um ambiente de ensino que permite conectar até 64 pessoas (parte presencial, parte virtual) como se estivessem no mesmo lugar. O espaço tem ferramentas que estimulam o trabalho colaborativo - separados em grupos, os alunos podem responder a perguntas, pesquisas de opinião e testes com resultado em tempo real. É possível compartilhar aplicativos e mídias e fazer a edição de arquivos de forma colaborativa.

Aprovado

Para avaliar a forma como as aulas remotas foram conduzidas na pandemia e especular sobre um possível aumento de atividades online nos currículos, o Insper fez uma pesquisa com cerca de 500 alunos em agosto e consultas ao corpo acadêmico. Os resultados foram animadores: a maioria aprovou o modelo remoto implementado, bem como as soluções digitais para o relacionamento com a instituição (por exemplo, processos seletivos e matrículas). 

“Temos uma grande quantidade de estudantes que não mora na cidade de São Paulo, para os quais a experiência remota foi mais satisfatória que a presencial”, diz Guilherme Martins, diretor dos cursos de graduação. “Mesmo aqueles que não gostam do ensino a distância, preferem o cara a cara do presencial, elogiaram a forma pela qual conduzimos as aulas na pandemia.”

Grande parte do êxito ficou por conta da forma como o processo foi instituído, acredita Martins. A instituição fez formações de suporte geral e personalizadas. Os professores participaram de treinamentos sobre as ferramentas assíncronas e as dinâmicas das aulas live. Nessas últimas, o objetivo era mostrar estratégias para não cansar a audiência em classes expositivas. Se na presencial, a turma é capaz de ficar duas horas sentada e concentrada, nos encontros virtuais é preciso menos falatório e mais interação, sob o risco de ver as câmeras fechadas. 

Em relação aos alunos, a grande novidade é pedagógica. O Insper estabeleceu diagnósticos de desempenho. A cada etapa, a ferramenta permite verificar se o estudante está apto a prosseguir com o plano do curso. “Supondo que o aluno tenha feito uma disciplina como Cálculo 1 e tenha sido aprovado. Antes de seguir para Cálculo 2, passa por uma avaliação na qual vemos se reteve todos os conhecimentos essenciais. Caso tenha deficiências, deverá ter aulas e receber tutoriais individuais para chegar ao nível esperado.”

Há outro aprendizado da pandemia que deve ficar no Insper de forma permanente: o trabalho remoto colaborativo. “Os professores se surpreenderam com a qualidade das entregas. É uma tendência do mercado.”

Tanto na Belas Artes como no Insper - e na maioria das instituições de ensino superior públicas e privadas - o fim da pandemia deve abrir as portas físicas, mas nunca mais fechará o caminho do aprendizado mediado pela tecnologia. Do vestibular ao diploma, tudo será permeado pelo digital. O futuro do ensino superior é híbrido.

Há seis meses, a pandemia fechou as portas das instituições de ensino superior. A partir daí, a maioria das públicas interrompeu as aulas por cerca de quatro meses e retomou há pouco com conteúdos remotos. Já as universidades privadas, em grande parte, transferiram o presencial para o online já em março. A partir do improviso inicial, a vivência adquirida nesse período fez com que muitas delas obtivessem êxito em experiências acadêmicas e administrativas, com a possibilidade de serem adotadas de forma perene no futuro.

O vestibular é um exemplo. Realizar seleções online era um dos maiores desafios. Afinal, como garantir que o aluno não use o Google ou peça ajuda a conhecidos para preencher as questões? Enquanto muitas instituições preferiram abolir a prova e usaram evidências de desempenho como as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), outras mudaram completamente seus testes. Na Belas Artes, a solução foi adotar um digital que, além de se mostrar praticamente à prova de fraudes, funciona como uma espécie de pré-atividade acadêmica.

Taline Azzi estuda Moda na Belas Artes de Sorocaba e mora em Salto, também no interior paulista Foto: Epitacio Pessoa/ Estadão

Com cursos ligados às áreas de comunicação, artes e design, a instituição criou um exame a partir de análises de ações de sucesso feitas por empresas atuantes em setores relacionados. “Elaboramos questões baseadas em aspectos dos processos de inovação das companhias. O tema da prova de redação também foi associado ao case, com o objetivo de avaliar o quanto o candidato está atualizado com temáticas emergentes”, explica Josiane Tonelotto, superintendente acadêmica da Belas Artes. 

Essa abordagem da prova também permitiu à instituição avaliar o perfil dos alunos: se são mais realizadores, voltados a aspectos técnicos, ou idealizadores, com interesses em desenvolver conceitos e ideias. Bem recebido na instituição, o processo será adotado de forma permanente, com uma versão presencial como alternativa para quem preferir. A edição para ingresso em 2021 terá cases baseados em temas de economia criativa.

Quanto ao ensino, a Belas Artes adotou o modo remoto assim que a quarentena foi estabelecida no País. Os relatos dos estudantes apontam que, enquanto alguns tiveram dificuldade na adaptação, outros não querem mais o formato só presencial. 

Taline da Silveira Azzi, que cursa o 3.º semestre do curso de Moda, não se imagina voltando para as aulas presenciais todos os dias. “Adoraria continuar com pelo menos as teóricas de modo remoto”, diz. O modelo online deu comodidade à aluna, que vive na cidade de Salto, no interior de São Paulo, e estuda no câmpus de Sorocaba da Belas Artes, a cerca de 40 quilômetros da sua casa. Com as duas horas economizadas nos deslocamentos, ela fez cursos livres em plataformas digitais como Udemy, Eduk e Escola Conquer.

Imaginar um futuro de ensino híbrido - com o digital incrementado por mais novidades tecnológicas - deixa Taline animada. “Conheço aplicativos em que eu uso a câmera do celular e faço um manequim em 3D com as medidas de uma pessoa. Creio que isso tende a evoluir, com mais possibilidades de testes e personalizações.”

Neste mês, a Escola Nacional de Seguros (ENS), por exemplo, inaugura, em São Paulo, a Sala do Futuro. É um ambiente de ensino que permite conectar até 64 pessoas (parte presencial, parte virtual) como se estivessem no mesmo lugar. O espaço tem ferramentas que estimulam o trabalho colaborativo - separados em grupos, os alunos podem responder a perguntas, pesquisas de opinião e testes com resultado em tempo real. É possível compartilhar aplicativos e mídias e fazer a edição de arquivos de forma colaborativa.

Aprovado

Para avaliar a forma como as aulas remotas foram conduzidas na pandemia e especular sobre um possível aumento de atividades online nos currículos, o Insper fez uma pesquisa com cerca de 500 alunos em agosto e consultas ao corpo acadêmico. Os resultados foram animadores: a maioria aprovou o modelo remoto implementado, bem como as soluções digitais para o relacionamento com a instituição (por exemplo, processos seletivos e matrículas). 

“Temos uma grande quantidade de estudantes que não mora na cidade de São Paulo, para os quais a experiência remota foi mais satisfatória que a presencial”, diz Guilherme Martins, diretor dos cursos de graduação. “Mesmo aqueles que não gostam do ensino a distância, preferem o cara a cara do presencial, elogiaram a forma pela qual conduzimos as aulas na pandemia.”

Grande parte do êxito ficou por conta da forma como o processo foi instituído, acredita Martins. A instituição fez formações de suporte geral e personalizadas. Os professores participaram de treinamentos sobre as ferramentas assíncronas e as dinâmicas das aulas live. Nessas últimas, o objetivo era mostrar estratégias para não cansar a audiência em classes expositivas. Se na presencial, a turma é capaz de ficar duas horas sentada e concentrada, nos encontros virtuais é preciso menos falatório e mais interação, sob o risco de ver as câmeras fechadas. 

Em relação aos alunos, a grande novidade é pedagógica. O Insper estabeleceu diagnósticos de desempenho. A cada etapa, a ferramenta permite verificar se o estudante está apto a prosseguir com o plano do curso. “Supondo que o aluno tenha feito uma disciplina como Cálculo 1 e tenha sido aprovado. Antes de seguir para Cálculo 2, passa por uma avaliação na qual vemos se reteve todos os conhecimentos essenciais. Caso tenha deficiências, deverá ter aulas e receber tutoriais individuais para chegar ao nível esperado.”

Há outro aprendizado da pandemia que deve ficar no Insper de forma permanente: o trabalho remoto colaborativo. “Os professores se surpreenderam com a qualidade das entregas. É uma tendência do mercado.”

Tanto na Belas Artes como no Insper - e na maioria das instituições de ensino superior públicas e privadas - o fim da pandemia deve abrir as portas físicas, mas nunca mais fechará o caminho do aprendizado mediado pela tecnologia. Do vestibular ao diploma, tudo será permeado pelo digital. O futuro do ensino superior é híbrido.

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