Aos 23 anos, Maria Cândida Wehrmann acabou de terminar o curso de Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e está prestes a começar o mestrado na Universidade de Bocconi, em Milão, uma das escolas mais renomadas da Europa. A entrada na pós-graduação é resultado do aprendizado e de contatos que fez durante o tempo em que passou na universidade italiana, cursando dupla titulação.
Quem participa termina o curso com dois diplomas de graduação, o de Administração Pública da FGV e o de Política Internacional e de Governo da Universidade de Bocconi. De modo mais informal, a dupla titulação é uma graduação-sanduíche, formato que prevê parte do curso em uma instituição fora do País. “Além de toda a questão acadêmica, há um ganho pessoal de sair de casa, estar imerso em outra cultura, conhecer gente do mundo todo”, conta a estudante. “E eu ainda tenho o privilégio de estar na Itália, berço da civilização, e de temas tão importantes como o Direito Romano, o Renascimento.”
No caso do curso de Administração Pública da FGV, os alunos interessados podem se candidatar ao duplo diploma a partir do 5.º semestre da graduação. Os aprovados seguem para Milão para fazer o último ano de curso. São poucas vagas por ano, então o processo seletivo interno é bastante concorrido. No ano em que fica fora, o estudante paga mensalidade integral da FGV, mas não tem qualquer custo com a universidade estrangeira. Na prática, estuda na Europa pagando em real, o que é uma vantagem.
Vantagens
Entre os benefícios da dupla titulação está o acesso mais rápido ao mercado de trabalho internacional, além da simplificação dos trâmites burocráticos para aqueles que desejam realizar mestrado na instituição italiana. Optar por uma graduação-sanduíche também é uma forma de estudar no exterior sem ter de arrumar as malas já na saída do ensino médio. “Isso é muito vantajoso. Porque os alunos, quando estão prestando vestibular, podem ainda ter dúvidas sobre se querem ou não sair. Um curso como o nosso dá a possibilidade de não precisar fazer a escolha quando está entrando no ensino superior, mas durante a universidade", afirma André Guzzi, vice-coordenador do curso de Administração Pública da FGV-EAESP.
Maria Cândida escolheu estudar Administração Pública com o objetivo de transformar o mundo a sua volta. Segue com o mesmo intuito e tem planos de voltar ao Brasil após o mestrado. “Não queria uma profissão que só me sustentasse. A administração pública nos habilita a atuar em qualquer área que possa gerar valor à sociedade. E isso não é só governo. Os espaços de atuação são muitos.”
Plano individualizado
Na Universidade Anhembi Morumbi, o projeto de mobilidade internacional, interrompido durante a pandemia, foi retomado no fim do ano passado. Uma vez por semestre são abertos os editais para que os estudantes se candidatem a passar um semestre fora do Brasil. Essa oferta de graduação-sanduíche é aberta a matriculados em qualquer graduação, seja presencial ou a distância, e segue um desenho curricular personalizado. Aluno e coordenador de curso montam juntos um plano de estudos que considera os interesses do estudante e as disciplinas ofertadas nas instituições parceiras.
“O coordenador já orienta a validação das unidades curriculares. Se o aluno tiver interesse por uma disciplina que não está no currículo, pode cursar e isso entra no histórico como horas de atividades complementares”, explica Danielle Santos, gerente de Internacionalização da Anhembi Morumbi. Atualmente, são 17 instituições credenciadas em 15 países de América Latina, América do Norte, Ásia e Europa. “Fazemos reunião prévia, deixamos bem claro que é um semestre de estudo e também de networking, de fazer contatos com professores e colegas do mundo todo.”