Alunos de ao menos cinco faculdades da Universidade de São Paulo (USP) decidiram encerrar a greve que paralisava as atividades acadêmicas na instituição desde 20 de setembro. Os cursos de Direito, Economia/Administração e o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) votaram na noite desta terça-feira, 10, para retomar as aulas na próxima segunda-feira, 16. As unidades se juntam à Escola Politécnica e à Faculdade de Odontologia, que também já tinham decidido suspender a paralisação.
A decisão de sair da greve foi tomada em assembleias, algumas delas realizadas horas depois da reitoria apresentar uma carta com mais de 20 compromissos que visam atender as demandas dos estudantes na terça-feira.
Entre os compromissos apresentados pela reitoria, estão a contratação de 1.027 professores, aumento no número de bolsas de permanência para estudantes de baixa renda, a garantia de que a USP não vai fechar nenhum curso em virtude da falta de docentes, a construção de uma creche no câmpus da USP Leste, além da promessa de que nenhum manifestante vai sofrer represálias por participar da greve.
“Então, vamos voltar às aulas, às pesquisas e às nossas rotinas, é isso que a sociedade espera de nós”, disse o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti, em pronunciamento na terça por meio de vídeo.
O centro acadêmico XI de Agosto, do curso de Direito, confirmou à reportagem que os alunos definiram pelo encerramento da greve e também pela desmontagem dos piquetes que impediam o acesso ao prédio da faculdade, que fica no Largo São Francisco, centro da capital. As aulas na unidade devem retornar na próxima segunda-feira, 16, após o feriado.
Com 162 votos contrários à continuidade da greve e 111 favoráveis (e 3 abstenções), os alunos da Faculdade de Economia, Administração, Ciências Contábeis e Atuárias (FEA) também decidiram encerrar as paralisações. “Continuemos mobilizados para que possamos garantir avanços nas reivindicações”, escreveu o Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), que representa a faculdade, em suas redes sociais.
À reportagem, o Centro Acadêmico do IAG (Caiag) afirmou que “semana que vem o IAG volta às atividades normais”.
Já os estudantes de Letras votaram, também em assembleia, pela permanência na greve e seguem paralisados até segunda ordem, disse Amanda Coelho, do Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários Oswald de Andrade (CAELL). “Faremos uma nova assembleia de curso na terça que vem”, disse.
Uma assembleia geral convocada pelo Diretório Central dos Estudantes da USP, reunindo os graduandos de todos os cursos, está marcada para noite desta quarta, 11.
Também na terça, os professores da USP se reuniram em uma assembleia geral e votaram para sair da greve. A categoria, em carta endereçada à reitoria, diz que reconhece os avanços conquistados nas negociações, como a contratação de 1.027 professores, e de que a universidade não vai fechar nenhum curso em decorrência da falta de docentes.
Mesmo assim, eles reafirmaram o apoio aos estudantes e defenderem a continuidade de mobilizações para assegurar que a reitoria vai cumprir com as promessas apresentadas.
Estudantes da USP estão em greve desde o dia 20 e a adesão à paralisação foi sendo aprovada nas unidades ao longo dos dias. Na semana passada, em reunião de negociação com os grevistas, a USP anunciou que iria liberar mais 148 novas vagas para contratação de professores, adicionais às 879 que já tinham sido aprovadas para diferentes unidades. A principal reivindicação da greve era o déficit de professores na instituição, que perdeu 800 docentes em uma década.
O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, ofereceu nesta terça-feira, 10, aumentar o número de bolsas que ajudam na permanência de alunos pobres na instituição e se comprometeu novamente em contratar 1.027 novos professores, numa tentativa de encerrar a greve de estudantes. Ele entregou um documento com 24 propostas aos alunos que faziam manifestação na porta da reitoria. “Cada dia sem aula na USP é para mim um dia triste e difícil. Uma universidade como a nossa não pode parar”, afirmou.
Nos últimos dias, professores da FEA e do Direito também já tinham pedido publicamente, em cartas, que os alunos voltassem às aulas, alegando que as reivindicações já haviam sido atendidas.