Alunos de colégios privados são incluídos em grupo de WhatsApp com pornografia e apologia a nazismo


Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, mandou alerta sobre o problema e chama a atenção para a responsabilidade dos pais; famílias e escolas devem ficar atentas, dizem especialistas

Por Renata Cafardo
Atualização:

Um grupo de WhatsApp chamado Meta 500 com incitação ao suicídio, apologia ao nazismo e pornografia passou a adicionar telefones de crianças e adolescentes de escolas particulares de São Paulo nesta semana. O Colégio Dante Alighieri, na região central, mandou nesta terça-feira, 19, comunicado aos pais alertando sobre o ocorrido e recomendando “enfaticamente que solicitem a seus filhos que saiam o mais rápido possível desse grupo”.

Radicalização tem crescido em redes sociais abertas e chegado a crianças e adolescentes Foto: Budimir Jevtic - stock.adobe.com

O grupo Meta 500 tinha uma descrição que dizia “Não adicione sua família, só amigos e amigas” e incluiu crianças de 10 a 14 anos. A autoria é desconhecida.

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O Estadão identificou que alunos de outras escolas da cidade também foram incluídos no grupo. Depois que a reportagem do Estadão foi publicada, no início da tarde desta quarta-feira, 20, outros colégios também divulgaram comunicados alertando sobre a questão.

“É muito mais comum do que os adultos pensam e está na superfície da internet. Começa de um jeito muito ‘soft’, as crianças vão entrando, vão achando engraçado, consumindo memes nazistas, racistas, machistas”, explica a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Telma Vinha, especialista em violência nas escolas e radicalização dos jovens. Para ela, a comunidade de ódio na rede social é vista muitas vezes como a “chance de estar num grupo, ter pertencimento, fazer algo que os adultos não sabem”, desejos comuns aos adolescentes.

Especialistas que pesquisam a radicalização na internet alertam que os pais devem estar atentos porque esses movimentos ocorrem em redes sociais comuns, como WhatsApp, Instagram e X (antigo Twitter). Segundo eles, os telefones podem ter sido repassados por colegas, aparecido em chats de games ou outros vazamentos de dados.

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Muitas vezes, integrantes de comunidades de ódio criam os grupos para cooptar crianças e adolescentes para outras plataformas, como o Discord, em comunidades que incentivam violências contra judeus, homossexuais, animais, massacres em escolas ou ainda que levam a exploração sexual de meninas.

“É muito preocupante porque essas crianças e adolescentes são inseridas nesse grupo de WhatsApp numa tentativa de serem redirecionados para outros espaços onde vão ser radicalizados, extorquidos, vão consumir conteúdo de extremismo, sobre fabricação de bomba caseira, armas, automutilação, antissemitismo”, diz a integrante do grupo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), Michele Prado, que também é fellow na Social Change Initiative.

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Segundo a pesquisadora, com o conflito entre Israel e Hamas, o antissemitismo tem crescido nas redes no mundo todo e é uma porta de entrada para outras comunidades de extremismo e terrorismo.

Os especialistas também alertam que a cooptação tem ocorrido cada vez mais cedo, com crianças a partir dos 10 anos. Muitos dos que foram incluídos no grupo Meta 500 tinha entre 10 e 14 anos. Segundo Michele, os pais precisam ficar atentos a sinais de que os filhos possam estar se envolvendo em subculturas nocivas, como:

  • Isolamento social;
  • Fixação em temas relacionados a armamentos e alemães da Segunda Guerra Mundial;
  • Discursos antagônicos recorrentes contra outros grupos minoritários;
  • Disseminação de memes antissemitas, machistas, racistas ou contra minorias;
  • Interesse repentino por conteúdos de psicologia evolutiva/biologia evolutiva;
  • Pouco contato social ou isolamento;
  • Uso de roupas fechadas mesmo no calor (podem indicar automutilação);
  • Consumo de conteúdos com violência extrema/ atentados terroristas e tiroteios em massa;
  • Crenças em teorias conspiratórias
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O Dante informou, por meio de nota, que assim que soube do grupo enviou comunicado aos pais com o alerta de que poderiam ser responsabilizados por seus filhos fazerem parte do Meta 500, já que são menores de idade.

Disse ainda que “reforça sua preocupação com os respectivos alunos e ressalta as ações educativas praticadas por seus profissionais em favor da segurança digital, as quais se fazem presentes no currículo desde o Ensino Fundamental”. Na nota, pediu “apoio e colaboração das famílias na supervisão e orientação da vida online de seus filhos”.

Procurado pelo Estadão, o Ministério da Justiça informou que, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), “tomou ciência do ocorrido e já está em contato com a Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo”. Segundo governo, o grupo “já tomou conhecimento e já está analisando o fato para tomar as providências necessárias”.

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Especialistas também deixam claro que as escolas precisam agir contra o que ocorre nas redes e não apenas transferir a responsabilidade para os pais. “É preciso pensar que esse problema é nosso enquanto escola, por que esses alunos estão entrando no grupo? Por que eles se identificam? Que trabalho estamos fazendo que não está dando certo?” questiona.

Os Colégios Vera Cruz e Oswald de Andrade, ambos na zona oeste, também divulgaram comunicados aos pais nesta quarta-feira, 20. O Oswald afirmou que pela “gravidade da situação” recomendava que as famílias pedissem a seus filhos que saíssem do grupo o quanto antes e o denunciasse. Disse ainda que coordenação pedagógica conversaria em cada sala de aula sobre a seriedade do ocorrido. “O trabalho em torno da educação midiática e segurança digital somente será efetivo a partir da parceria entre família e escola”, concluiu o comunicado.

O Vera Cruz citou o caso atual e também um outro grupo que surgiu entre alunos da escola com características semelhantes há alguns dias, com “imagens e conteúdo que disseminam racismo, pornografia, maus-tratos a animais e misoginia”. “Infelizmente, essa não será a última vez que algo dessa natureza vai se apresentar aos alunos. O importante é torná-los cada vez mais capazes de reconhecer e avaliar cada situação”. Para a escola, isso depende “em grande parte, do acompanhamento e monitoramento constantes” dos pais.

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As plataformas, o governo e o Congresso, diz Telma, também precisam ver com mais seriedade a radicalização de crianças e jovens pelas redes. O projeto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na internet, conhecido como o PL das Fake News, depois de muita polêmica, continua parado no Congresso, sem previsão de votação.

Outros casos

Neste mês, a escola Beacon School, zona oeste de São Paulo, chegou a suspender por tempo indeterminado seis estudantes do 9º ano do ensino fundamental pela prática de antissemitismo contra um aluno judeu, matriculado na mesma instituição. Todos os envolvidos estão na mesma turma e têm entre 13 e 14 anos.

De acordo com a assessoria da escola, os responsáveis pelas agressões teriam desenhado a suástica, símbolo usado pelo movimento nazista, no caderno da vítima. O colégio soube do caso pelos pais do estudante que foi alvo dos insultos.

Segundo Michele, nem todos que se estão em comunidades de ódio se envolverão em ações violentas contra outros, mas podem se realizar contra si mesmos, tentar suicídio, ser explorado sexualmente, ter sua saúde mental muito comprometida. “Os pais não têm nenhum conhecimento e muitas vezes só ficam sabendo quando a criança começa a ser chantageada ou extorquida.”

Um grupo de WhatsApp chamado Meta 500 com incitação ao suicídio, apologia ao nazismo e pornografia passou a adicionar telefones de crianças e adolescentes de escolas particulares de São Paulo nesta semana. O Colégio Dante Alighieri, na região central, mandou nesta terça-feira, 19, comunicado aos pais alertando sobre o ocorrido e recomendando “enfaticamente que solicitem a seus filhos que saiam o mais rápido possível desse grupo”.

Radicalização tem crescido em redes sociais abertas e chegado a crianças e adolescentes Foto: Budimir Jevtic - stock.adobe.com

O grupo Meta 500 tinha uma descrição que dizia “Não adicione sua família, só amigos e amigas” e incluiu crianças de 10 a 14 anos. A autoria é desconhecida.

O Estadão identificou que alunos de outras escolas da cidade também foram incluídos no grupo. Depois que a reportagem do Estadão foi publicada, no início da tarde desta quarta-feira, 20, outros colégios também divulgaram comunicados alertando sobre a questão.

“É muito mais comum do que os adultos pensam e está na superfície da internet. Começa de um jeito muito ‘soft’, as crianças vão entrando, vão achando engraçado, consumindo memes nazistas, racistas, machistas”, explica a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Telma Vinha, especialista em violência nas escolas e radicalização dos jovens. Para ela, a comunidade de ódio na rede social é vista muitas vezes como a “chance de estar num grupo, ter pertencimento, fazer algo que os adultos não sabem”, desejos comuns aos adolescentes.

Especialistas que pesquisam a radicalização na internet alertam que os pais devem estar atentos porque esses movimentos ocorrem em redes sociais comuns, como WhatsApp, Instagram e X (antigo Twitter). Segundo eles, os telefones podem ter sido repassados por colegas, aparecido em chats de games ou outros vazamentos de dados.

Muitas vezes, integrantes de comunidades de ódio criam os grupos para cooptar crianças e adolescentes para outras plataformas, como o Discord, em comunidades que incentivam violências contra judeus, homossexuais, animais, massacres em escolas ou ainda que levam a exploração sexual de meninas.

“É muito preocupante porque essas crianças e adolescentes são inseridas nesse grupo de WhatsApp numa tentativa de serem redirecionados para outros espaços onde vão ser radicalizados, extorquidos, vão consumir conteúdo de extremismo, sobre fabricação de bomba caseira, armas, automutilação, antissemitismo”, diz a integrante do grupo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), Michele Prado, que também é fellow na Social Change Initiative.

Segundo a pesquisadora, com o conflito entre Israel e Hamas, o antissemitismo tem crescido nas redes no mundo todo e é uma porta de entrada para outras comunidades de extremismo e terrorismo.

Os especialistas também alertam que a cooptação tem ocorrido cada vez mais cedo, com crianças a partir dos 10 anos. Muitos dos que foram incluídos no grupo Meta 500 tinha entre 10 e 14 anos. Segundo Michele, os pais precisam ficar atentos a sinais de que os filhos possam estar se envolvendo em subculturas nocivas, como:

  • Isolamento social;
  • Fixação em temas relacionados a armamentos e alemães da Segunda Guerra Mundial;
  • Discursos antagônicos recorrentes contra outros grupos minoritários;
  • Disseminação de memes antissemitas, machistas, racistas ou contra minorias;
  • Interesse repentino por conteúdos de psicologia evolutiva/biologia evolutiva;
  • Pouco contato social ou isolamento;
  • Uso de roupas fechadas mesmo no calor (podem indicar automutilação);
  • Consumo de conteúdos com violência extrema/ atentados terroristas e tiroteios em massa;
  • Crenças em teorias conspiratórias

O Dante informou, por meio de nota, que assim que soube do grupo enviou comunicado aos pais com o alerta de que poderiam ser responsabilizados por seus filhos fazerem parte do Meta 500, já que são menores de idade.

Disse ainda que “reforça sua preocupação com os respectivos alunos e ressalta as ações educativas praticadas por seus profissionais em favor da segurança digital, as quais se fazem presentes no currículo desde o Ensino Fundamental”. Na nota, pediu “apoio e colaboração das famílias na supervisão e orientação da vida online de seus filhos”.

Procurado pelo Estadão, o Ministério da Justiça informou que, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), “tomou ciência do ocorrido e já está em contato com a Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo”. Segundo governo, o grupo “já tomou conhecimento e já está analisando o fato para tomar as providências necessárias”.

Especialistas também deixam claro que as escolas precisam agir contra o que ocorre nas redes e não apenas transferir a responsabilidade para os pais. “É preciso pensar que esse problema é nosso enquanto escola, por que esses alunos estão entrando no grupo? Por que eles se identificam? Que trabalho estamos fazendo que não está dando certo?” questiona.

Os Colégios Vera Cruz e Oswald de Andrade, ambos na zona oeste, também divulgaram comunicados aos pais nesta quarta-feira, 20. O Oswald afirmou que pela “gravidade da situação” recomendava que as famílias pedissem a seus filhos que saíssem do grupo o quanto antes e o denunciasse. Disse ainda que coordenação pedagógica conversaria em cada sala de aula sobre a seriedade do ocorrido. “O trabalho em torno da educação midiática e segurança digital somente será efetivo a partir da parceria entre família e escola”, concluiu o comunicado.

O Vera Cruz citou o caso atual e também um outro grupo que surgiu entre alunos da escola com características semelhantes há alguns dias, com “imagens e conteúdo que disseminam racismo, pornografia, maus-tratos a animais e misoginia”. “Infelizmente, essa não será a última vez que algo dessa natureza vai se apresentar aos alunos. O importante é torná-los cada vez mais capazes de reconhecer e avaliar cada situação”. Para a escola, isso depende “em grande parte, do acompanhamento e monitoramento constantes” dos pais.

As plataformas, o governo e o Congresso, diz Telma, também precisam ver com mais seriedade a radicalização de crianças e jovens pelas redes. O projeto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na internet, conhecido como o PL das Fake News, depois de muita polêmica, continua parado no Congresso, sem previsão de votação.

Outros casos

Neste mês, a escola Beacon School, zona oeste de São Paulo, chegou a suspender por tempo indeterminado seis estudantes do 9º ano do ensino fundamental pela prática de antissemitismo contra um aluno judeu, matriculado na mesma instituição. Todos os envolvidos estão na mesma turma e têm entre 13 e 14 anos.

De acordo com a assessoria da escola, os responsáveis pelas agressões teriam desenhado a suástica, símbolo usado pelo movimento nazista, no caderno da vítima. O colégio soube do caso pelos pais do estudante que foi alvo dos insultos.

Segundo Michele, nem todos que se estão em comunidades de ódio se envolverão em ações violentas contra outros, mas podem se realizar contra si mesmos, tentar suicídio, ser explorado sexualmente, ter sua saúde mental muito comprometida. “Os pais não têm nenhum conhecimento e muitas vezes só ficam sabendo quando a criança começa a ser chantageada ou extorquida.”

Um grupo de WhatsApp chamado Meta 500 com incitação ao suicídio, apologia ao nazismo e pornografia passou a adicionar telefones de crianças e adolescentes de escolas particulares de São Paulo nesta semana. O Colégio Dante Alighieri, na região central, mandou nesta terça-feira, 19, comunicado aos pais alertando sobre o ocorrido e recomendando “enfaticamente que solicitem a seus filhos que saiam o mais rápido possível desse grupo”.

Radicalização tem crescido em redes sociais abertas e chegado a crianças e adolescentes Foto: Budimir Jevtic - stock.adobe.com

O grupo Meta 500 tinha uma descrição que dizia “Não adicione sua família, só amigos e amigas” e incluiu crianças de 10 a 14 anos. A autoria é desconhecida.

O Estadão identificou que alunos de outras escolas da cidade também foram incluídos no grupo. Depois que a reportagem do Estadão foi publicada, no início da tarde desta quarta-feira, 20, outros colégios também divulgaram comunicados alertando sobre a questão.

“É muito mais comum do que os adultos pensam e está na superfície da internet. Começa de um jeito muito ‘soft’, as crianças vão entrando, vão achando engraçado, consumindo memes nazistas, racistas, machistas”, explica a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Telma Vinha, especialista em violência nas escolas e radicalização dos jovens. Para ela, a comunidade de ódio na rede social é vista muitas vezes como a “chance de estar num grupo, ter pertencimento, fazer algo que os adultos não sabem”, desejos comuns aos adolescentes.

Especialistas que pesquisam a radicalização na internet alertam que os pais devem estar atentos porque esses movimentos ocorrem em redes sociais comuns, como WhatsApp, Instagram e X (antigo Twitter). Segundo eles, os telefones podem ter sido repassados por colegas, aparecido em chats de games ou outros vazamentos de dados.

Muitas vezes, integrantes de comunidades de ódio criam os grupos para cooptar crianças e adolescentes para outras plataformas, como o Discord, em comunidades que incentivam violências contra judeus, homossexuais, animais, massacres em escolas ou ainda que levam a exploração sexual de meninas.

“É muito preocupante porque essas crianças e adolescentes são inseridas nesse grupo de WhatsApp numa tentativa de serem redirecionados para outros espaços onde vão ser radicalizados, extorquidos, vão consumir conteúdo de extremismo, sobre fabricação de bomba caseira, armas, automutilação, antissemitismo”, diz a integrante do grupo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), Michele Prado, que também é fellow na Social Change Initiative.

Segundo a pesquisadora, com o conflito entre Israel e Hamas, o antissemitismo tem crescido nas redes no mundo todo e é uma porta de entrada para outras comunidades de extremismo e terrorismo.

Os especialistas também alertam que a cooptação tem ocorrido cada vez mais cedo, com crianças a partir dos 10 anos. Muitos dos que foram incluídos no grupo Meta 500 tinha entre 10 e 14 anos. Segundo Michele, os pais precisam ficar atentos a sinais de que os filhos possam estar se envolvendo em subculturas nocivas, como:

  • Isolamento social;
  • Fixação em temas relacionados a armamentos e alemães da Segunda Guerra Mundial;
  • Discursos antagônicos recorrentes contra outros grupos minoritários;
  • Disseminação de memes antissemitas, machistas, racistas ou contra minorias;
  • Interesse repentino por conteúdos de psicologia evolutiva/biologia evolutiva;
  • Pouco contato social ou isolamento;
  • Uso de roupas fechadas mesmo no calor (podem indicar automutilação);
  • Consumo de conteúdos com violência extrema/ atentados terroristas e tiroteios em massa;
  • Crenças em teorias conspiratórias

O Dante informou, por meio de nota, que assim que soube do grupo enviou comunicado aos pais com o alerta de que poderiam ser responsabilizados por seus filhos fazerem parte do Meta 500, já que são menores de idade.

Disse ainda que “reforça sua preocupação com os respectivos alunos e ressalta as ações educativas praticadas por seus profissionais em favor da segurança digital, as quais se fazem presentes no currículo desde o Ensino Fundamental”. Na nota, pediu “apoio e colaboração das famílias na supervisão e orientação da vida online de seus filhos”.

Procurado pelo Estadão, o Ministério da Justiça informou que, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), “tomou ciência do ocorrido e já está em contato com a Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo”. Segundo governo, o grupo “já tomou conhecimento e já está analisando o fato para tomar as providências necessárias”.

Especialistas também deixam claro que as escolas precisam agir contra o que ocorre nas redes e não apenas transferir a responsabilidade para os pais. “É preciso pensar que esse problema é nosso enquanto escola, por que esses alunos estão entrando no grupo? Por que eles se identificam? Que trabalho estamos fazendo que não está dando certo?” questiona.

Os Colégios Vera Cruz e Oswald de Andrade, ambos na zona oeste, também divulgaram comunicados aos pais nesta quarta-feira, 20. O Oswald afirmou que pela “gravidade da situação” recomendava que as famílias pedissem a seus filhos que saíssem do grupo o quanto antes e o denunciasse. Disse ainda que coordenação pedagógica conversaria em cada sala de aula sobre a seriedade do ocorrido. “O trabalho em torno da educação midiática e segurança digital somente será efetivo a partir da parceria entre família e escola”, concluiu o comunicado.

O Vera Cruz citou o caso atual e também um outro grupo que surgiu entre alunos da escola com características semelhantes há alguns dias, com “imagens e conteúdo que disseminam racismo, pornografia, maus-tratos a animais e misoginia”. “Infelizmente, essa não será a última vez que algo dessa natureza vai se apresentar aos alunos. O importante é torná-los cada vez mais capazes de reconhecer e avaliar cada situação”. Para a escola, isso depende “em grande parte, do acompanhamento e monitoramento constantes” dos pais.

As plataformas, o governo e o Congresso, diz Telma, também precisam ver com mais seriedade a radicalização de crianças e jovens pelas redes. O projeto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na internet, conhecido como o PL das Fake News, depois de muita polêmica, continua parado no Congresso, sem previsão de votação.

Outros casos

Neste mês, a escola Beacon School, zona oeste de São Paulo, chegou a suspender por tempo indeterminado seis estudantes do 9º ano do ensino fundamental pela prática de antissemitismo contra um aluno judeu, matriculado na mesma instituição. Todos os envolvidos estão na mesma turma e têm entre 13 e 14 anos.

De acordo com a assessoria da escola, os responsáveis pelas agressões teriam desenhado a suástica, símbolo usado pelo movimento nazista, no caderno da vítima. O colégio soube do caso pelos pais do estudante que foi alvo dos insultos.

Segundo Michele, nem todos que se estão em comunidades de ódio se envolverão em ações violentas contra outros, mas podem se realizar contra si mesmos, tentar suicídio, ser explorado sexualmente, ter sua saúde mental muito comprometida. “Os pais não têm nenhum conhecimento e muitas vezes só ficam sabendo quando a criança começa a ser chantageada ou extorquida.”

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