Enquanto se discute nomes de titulares, a maior conquista para a educação, por enquanto, é que a partir de 2023 haverá Ministério da Educação. O governo de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas, conseguiu a proeza de fazer a pasta não planejar políticas públicas, descontinuar o que já existia de bom, isolar-se de Estados e municípios e ser ineficiente até nas apostas inapropriadas.
Para que ninguém esqueça e não se repita: nos últimos quatro anos, a pasta foi marcada por trocas constantes de inimagináveis ministros e uma predileção por colar no ensino uma bandeira ideológica. Tornou-se palco de declarações ofensivas a professores e universidades. De absoluta inércia durante a pandemia que levou à maior crise educacional de todos os tempos. E ainda, de direcionamento das verbas da educação de acordo com a vontade de pastores. Teve até o primeiro ministro da Educação preso da história do País.
O legado de omissões e desmandos no MEC de Bolsonaro impõe maiores desafios ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A escolha do ministro (ou ministra, como parece mais provável) precisa considerar que se trata de assumir uma terra arrasada.
Além da importância de um nome reconhecido pela comunidade educacional, para deixar clara a posição central que o novo governo pretende dar à área, é preciso conhecimento técnico em gestão pública. Alguém que já saiba quais são os programas e os problemas, e possa dar celeridade às demandas mais urgentes.
Mas quando a roda começar a girar, o trabalho é longo e árduo no MEC. Na educação básica, como diz o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Francisco Soares, o novo governo “deve tratar de três temas essenciais – o que ensinar? como ensinar? como avaliar?”.
Como respostas, há a prioridade para o combate ao gigante impacto na alfabetização das crianças por causa da pandemia, mas também um olhar para o currículo do novo ensino médio, que tenta ser implementado aos trancos e barrancos. O ensino integral, como modelo de escola mais presente na vida do aluno e do professor. E avaliações cujos resultados ajudem efetivamente a consertar os erros e que possam medir competências fundamentais para a vida na sociedade contemporânea.
Eventuais diferenças de ideias na frente ampla que elegeu Lula precisam convergir para um só propósito: ensino de qualidade para todos. Mais do que nunca, isso inclui uma educação para a democracia, que ajude a fechar as rachaduras na sociedade pós-eleições.