Inteligência artificial é bem-vinda na educação, mas precisa de regulação, defendem especialistas


Encontro promovido pelo ‘Estadão’ reuniu educadores para debater o uso adequado da IA entre alunos e docentes

Por Ocimara Balmant

Durante muito tempo, um porcentual significativo de educadores argumentava que o processo educativo deveria ser feito sem o uso da inteligência artificial (IA). Hoje, ninguém mais se atreve a afirmar que isso seja possível. O desafio, portanto, é educar para o uso adequado da IA. Uma tarefa nada simples e que implica processo de regulação e de formação de alunos e docentes.

Até porque, se a questão geracional faz com que os alunos tenham mais familiaridade, não necessariamente garante uso adequado. “Temos de capacitar os professores para que (com domínio da ferramenta) estejam aptos depois a ensinar o estudante a usar a IA de forma crítica”, afirma Elzo Brito, formador de professores da área de tecnologia do Centro Paula Souza e que participou nesta terça-feira, dia 29, do Meet Point que o Estadão promoveu sobre o assunto.

Estadão promove ciclo de debates Reconstrução da Educação; da esquerda para a direita o editor Victor Vieira, Elzo Brito, Eduardo Zanini, Priscila Gonsales e Guilherme de Souza Dias. Foto: Felipe Rau/Estadão
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Quando o professor rompe preconceitos e se apropria do conhecimento, é capaz de orientar o aluno a usar a IA para além de gerar texto usando o chat GPT. E Brito dá dicas práticas: em vez de pedir uma resposta, o aluno pode orientar para que IA gere questionários, que simule problemas da vida real.

Para os docentes mais desconfiados, o educador lembra que esse receio é histórico. “Com a IA generativa, é exatamente a mesma lógica do Google e da Wikipedia. Existia um medo, mas, no fundo, o professor conhece o aluno, tem um panorama de como o estudante escreve e interage em sala de aula. Isso facilita a percepção, por exemplo, ao ler um trabalho. Ele não é enganado.”

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Nessa linha, a melhor estratégia é usar a IA como um assistente para um ensino mais personalizado e adaptado, diz Eduardo Zanini, diretor do Geekie. “Em um sistema tradicional, com muitas turmas e muitos alunos em todas as turmas, é praticamente impossível saber o que cada um precisa. Com a IA, é possível usar os dados para trazer caminhos e saídas de forma criativa. Para o que precisa mais, a ferramenta indica reforço. Para o que vai além, propõe atividades que o desafiam.”

Inclusive, um dos usos eficazes da IA, acrescenta Zanini, é no processo de inclusão escolar. No contexto das neurodivergências, por exemplo, a IA generativa possibilita que o aluno tenha o conteúdo que precisa para avançar dentro das suas possibilidades. “Quando você vai fazer uma atividade de inclusão, é para o Lucas que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e hiperfoco em animais. Daí, você gera uma questão com enunciado objetivo, imagem, poucas alternativas.”

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IA na educação profissional

Na educação profissional, saber utilizar a IA de forma adequada é prerrogativa para estudantes não apenas terem mais ferramentas de aprendizado como também para conseguir e manter a empregabilidade.

“Temos de preparar o jovem e o adulto num cenário em que a IA vai ganhar muita força. É uma cultura que precisa estar enraizada em diversas questões dentro das instituições. Hoje, com o ciclo da tecnologia cada vez mais curto, as profissões se atualizam e a educação profissional precisa seguir esse mesmo ritmo”, diz Guilherme de Souza Dias, supervisor de Tecnologias Educacionais do Senai.

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O educador explica que no Senai os currículos estão em constante atualização a partir do que os dados de bancos nacionais e internacionais mostram sobre as vagas e as competências mais buscadas pelas empresas.

Nessa educação profissional, os professores do Senai trabalham a partir de três cenários trazidos pela propagação da IA:

  • o de neutralidade, que considera as poucas profissões que não serão impactadas pela IA;
  • o de complementaridade, com atualização de competências nas propostas curriculares e criação de cursos livres;
  • e no cenário de substituição.
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“Um exemplo é o estatístico. Hoje, com base em IA, inclusive generativa, esse profissional tende a ser substituído. Mas, temos um outro perfil em ascensão, o cientista de dados. Transformar um estático em cientista de dados é um caminho mais curto e mais econômico do que começar do zero. Conseguimos aproveitar bons profissionais que em um curto espaço de tempo possam se recolocar no mercado.”

Brasil tem ainda de resolver problemas estruturais

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Usufruir dos benefícios da IA não pode prescindir de questões importantes ainda incipientes no Brasil, como a regulação, a infraestrutura das escolas brasileiras e a lógica metodológica que rege o nosso modelo educacional.

Na questão da regulação, é preciso garantir que o uso da IA respeite a privacidade e os dados dos estudantes, garantindo um equilíbrio que promova tanto a segurança quanto a inovação. A inspiração para o projeto de lei que cria o Marco Legal da Inteligência Artificial no Brasil é o modelo europeu, o continente mais avançado nessa discussão.

“Especialmente na Europa, existe um olhar muito nítido sobre como a tecnologia digital sozinha não melhora a educação”, afirma Priscila Gonsales, pesquisadora da Unicamp e diretora do Instituto Educadigital.

O Brasil, argumenta, tem ainda de resolver problemas estruturais – como professores mal remunerados, escola sem energia elétrica, sem computador e sem conexão.

Os próximos eventos do Reconstrução da Educação serão:

  • Dia 31/10 - Pais “helicópteros” e a superproteção
  • Dia 6/11 - Como educar crianças antirracistas
  • Dia 8/11 - Desinformação e fake news: Como promover uma educação midiática
  • Dia 18/11 - Evento presencial Reconstrução da Educação, no Museu do Ipiranga

Durante muito tempo, um porcentual significativo de educadores argumentava que o processo educativo deveria ser feito sem o uso da inteligência artificial (IA). Hoje, ninguém mais se atreve a afirmar que isso seja possível. O desafio, portanto, é educar para o uso adequado da IA. Uma tarefa nada simples e que implica processo de regulação e de formação de alunos e docentes.

Até porque, se a questão geracional faz com que os alunos tenham mais familiaridade, não necessariamente garante uso adequado. “Temos de capacitar os professores para que (com domínio da ferramenta) estejam aptos depois a ensinar o estudante a usar a IA de forma crítica”, afirma Elzo Brito, formador de professores da área de tecnologia do Centro Paula Souza e que participou nesta terça-feira, dia 29, do Meet Point que o Estadão promoveu sobre o assunto.

Estadão promove ciclo de debates Reconstrução da Educação; da esquerda para a direita o editor Victor Vieira, Elzo Brito, Eduardo Zanini, Priscila Gonsales e Guilherme de Souza Dias. Foto: Felipe Rau/Estadão

Quando o professor rompe preconceitos e se apropria do conhecimento, é capaz de orientar o aluno a usar a IA para além de gerar texto usando o chat GPT. E Brito dá dicas práticas: em vez de pedir uma resposta, o aluno pode orientar para que IA gere questionários, que simule problemas da vida real.

Para os docentes mais desconfiados, o educador lembra que esse receio é histórico. “Com a IA generativa, é exatamente a mesma lógica do Google e da Wikipedia. Existia um medo, mas, no fundo, o professor conhece o aluno, tem um panorama de como o estudante escreve e interage em sala de aula. Isso facilita a percepção, por exemplo, ao ler um trabalho. Ele não é enganado.”

Nessa linha, a melhor estratégia é usar a IA como um assistente para um ensino mais personalizado e adaptado, diz Eduardo Zanini, diretor do Geekie. “Em um sistema tradicional, com muitas turmas e muitos alunos em todas as turmas, é praticamente impossível saber o que cada um precisa. Com a IA, é possível usar os dados para trazer caminhos e saídas de forma criativa. Para o que precisa mais, a ferramenta indica reforço. Para o que vai além, propõe atividades que o desafiam.”

Inclusive, um dos usos eficazes da IA, acrescenta Zanini, é no processo de inclusão escolar. No contexto das neurodivergências, por exemplo, a IA generativa possibilita que o aluno tenha o conteúdo que precisa para avançar dentro das suas possibilidades. “Quando você vai fazer uma atividade de inclusão, é para o Lucas que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e hiperfoco em animais. Daí, você gera uma questão com enunciado objetivo, imagem, poucas alternativas.”

IA na educação profissional

Na educação profissional, saber utilizar a IA de forma adequada é prerrogativa para estudantes não apenas terem mais ferramentas de aprendizado como também para conseguir e manter a empregabilidade.

“Temos de preparar o jovem e o adulto num cenário em que a IA vai ganhar muita força. É uma cultura que precisa estar enraizada em diversas questões dentro das instituições. Hoje, com o ciclo da tecnologia cada vez mais curto, as profissões se atualizam e a educação profissional precisa seguir esse mesmo ritmo”, diz Guilherme de Souza Dias, supervisor de Tecnologias Educacionais do Senai.

O educador explica que no Senai os currículos estão em constante atualização a partir do que os dados de bancos nacionais e internacionais mostram sobre as vagas e as competências mais buscadas pelas empresas.

Nessa educação profissional, os professores do Senai trabalham a partir de três cenários trazidos pela propagação da IA:

  • o de neutralidade, que considera as poucas profissões que não serão impactadas pela IA;
  • o de complementaridade, com atualização de competências nas propostas curriculares e criação de cursos livres;
  • e no cenário de substituição.

“Um exemplo é o estatístico. Hoje, com base em IA, inclusive generativa, esse profissional tende a ser substituído. Mas, temos um outro perfil em ascensão, o cientista de dados. Transformar um estático em cientista de dados é um caminho mais curto e mais econômico do que começar do zero. Conseguimos aproveitar bons profissionais que em um curto espaço de tempo possam se recolocar no mercado.”

Brasil tem ainda de resolver problemas estruturais

Usufruir dos benefícios da IA não pode prescindir de questões importantes ainda incipientes no Brasil, como a regulação, a infraestrutura das escolas brasileiras e a lógica metodológica que rege o nosso modelo educacional.

Na questão da regulação, é preciso garantir que o uso da IA respeite a privacidade e os dados dos estudantes, garantindo um equilíbrio que promova tanto a segurança quanto a inovação. A inspiração para o projeto de lei que cria o Marco Legal da Inteligência Artificial no Brasil é o modelo europeu, o continente mais avançado nessa discussão.

“Especialmente na Europa, existe um olhar muito nítido sobre como a tecnologia digital sozinha não melhora a educação”, afirma Priscila Gonsales, pesquisadora da Unicamp e diretora do Instituto Educadigital.

O Brasil, argumenta, tem ainda de resolver problemas estruturais – como professores mal remunerados, escola sem energia elétrica, sem computador e sem conexão.

Os próximos eventos do Reconstrução da Educação serão:

  • Dia 31/10 - Pais “helicópteros” e a superproteção
  • Dia 6/11 - Como educar crianças antirracistas
  • Dia 8/11 - Desinformação e fake news: Como promover uma educação midiática
  • Dia 18/11 - Evento presencial Reconstrução da Educação, no Museu do Ipiranga

Durante muito tempo, um porcentual significativo de educadores argumentava que o processo educativo deveria ser feito sem o uso da inteligência artificial (IA). Hoje, ninguém mais se atreve a afirmar que isso seja possível. O desafio, portanto, é educar para o uso adequado da IA. Uma tarefa nada simples e que implica processo de regulação e de formação de alunos e docentes.

Até porque, se a questão geracional faz com que os alunos tenham mais familiaridade, não necessariamente garante uso adequado. “Temos de capacitar os professores para que (com domínio da ferramenta) estejam aptos depois a ensinar o estudante a usar a IA de forma crítica”, afirma Elzo Brito, formador de professores da área de tecnologia do Centro Paula Souza e que participou nesta terça-feira, dia 29, do Meet Point que o Estadão promoveu sobre o assunto.

Estadão promove ciclo de debates Reconstrução da Educação; da esquerda para a direita o editor Victor Vieira, Elzo Brito, Eduardo Zanini, Priscila Gonsales e Guilherme de Souza Dias. Foto: Felipe Rau/Estadão

Quando o professor rompe preconceitos e se apropria do conhecimento, é capaz de orientar o aluno a usar a IA para além de gerar texto usando o chat GPT. E Brito dá dicas práticas: em vez de pedir uma resposta, o aluno pode orientar para que IA gere questionários, que simule problemas da vida real.

Para os docentes mais desconfiados, o educador lembra que esse receio é histórico. “Com a IA generativa, é exatamente a mesma lógica do Google e da Wikipedia. Existia um medo, mas, no fundo, o professor conhece o aluno, tem um panorama de como o estudante escreve e interage em sala de aula. Isso facilita a percepção, por exemplo, ao ler um trabalho. Ele não é enganado.”

Nessa linha, a melhor estratégia é usar a IA como um assistente para um ensino mais personalizado e adaptado, diz Eduardo Zanini, diretor do Geekie. “Em um sistema tradicional, com muitas turmas e muitos alunos em todas as turmas, é praticamente impossível saber o que cada um precisa. Com a IA, é possível usar os dados para trazer caminhos e saídas de forma criativa. Para o que precisa mais, a ferramenta indica reforço. Para o que vai além, propõe atividades que o desafiam.”

Inclusive, um dos usos eficazes da IA, acrescenta Zanini, é no processo de inclusão escolar. No contexto das neurodivergências, por exemplo, a IA generativa possibilita que o aluno tenha o conteúdo que precisa para avançar dentro das suas possibilidades. “Quando você vai fazer uma atividade de inclusão, é para o Lucas que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e hiperfoco em animais. Daí, você gera uma questão com enunciado objetivo, imagem, poucas alternativas.”

IA na educação profissional

Na educação profissional, saber utilizar a IA de forma adequada é prerrogativa para estudantes não apenas terem mais ferramentas de aprendizado como também para conseguir e manter a empregabilidade.

“Temos de preparar o jovem e o adulto num cenário em que a IA vai ganhar muita força. É uma cultura que precisa estar enraizada em diversas questões dentro das instituições. Hoje, com o ciclo da tecnologia cada vez mais curto, as profissões se atualizam e a educação profissional precisa seguir esse mesmo ritmo”, diz Guilherme de Souza Dias, supervisor de Tecnologias Educacionais do Senai.

O educador explica que no Senai os currículos estão em constante atualização a partir do que os dados de bancos nacionais e internacionais mostram sobre as vagas e as competências mais buscadas pelas empresas.

Nessa educação profissional, os professores do Senai trabalham a partir de três cenários trazidos pela propagação da IA:

  • o de neutralidade, que considera as poucas profissões que não serão impactadas pela IA;
  • o de complementaridade, com atualização de competências nas propostas curriculares e criação de cursos livres;
  • e no cenário de substituição.

“Um exemplo é o estatístico. Hoje, com base em IA, inclusive generativa, esse profissional tende a ser substituído. Mas, temos um outro perfil em ascensão, o cientista de dados. Transformar um estático em cientista de dados é um caminho mais curto e mais econômico do que começar do zero. Conseguimos aproveitar bons profissionais que em um curto espaço de tempo possam se recolocar no mercado.”

Brasil tem ainda de resolver problemas estruturais

Usufruir dos benefícios da IA não pode prescindir de questões importantes ainda incipientes no Brasil, como a regulação, a infraestrutura das escolas brasileiras e a lógica metodológica que rege o nosso modelo educacional.

Na questão da regulação, é preciso garantir que o uso da IA respeite a privacidade e os dados dos estudantes, garantindo um equilíbrio que promova tanto a segurança quanto a inovação. A inspiração para o projeto de lei que cria o Marco Legal da Inteligência Artificial no Brasil é o modelo europeu, o continente mais avançado nessa discussão.

“Especialmente na Europa, existe um olhar muito nítido sobre como a tecnologia digital sozinha não melhora a educação”, afirma Priscila Gonsales, pesquisadora da Unicamp e diretora do Instituto Educadigital.

O Brasil, argumenta, tem ainda de resolver problemas estruturais – como professores mal remunerados, escola sem energia elétrica, sem computador e sem conexão.

Os próximos eventos do Reconstrução da Educação serão:

  • Dia 31/10 - Pais “helicópteros” e a superproteção
  • Dia 6/11 - Como educar crianças antirracistas
  • Dia 8/11 - Desinformação e fake news: Como promover uma educação midiática
  • Dia 18/11 - Evento presencial Reconstrução da Educação, no Museu do Ipiranga

Durante muito tempo, um porcentual significativo de educadores argumentava que o processo educativo deveria ser feito sem o uso da inteligência artificial (IA). Hoje, ninguém mais se atreve a afirmar que isso seja possível. O desafio, portanto, é educar para o uso adequado da IA. Uma tarefa nada simples e que implica processo de regulação e de formação de alunos e docentes.

Até porque, se a questão geracional faz com que os alunos tenham mais familiaridade, não necessariamente garante uso adequado. “Temos de capacitar os professores para que (com domínio da ferramenta) estejam aptos depois a ensinar o estudante a usar a IA de forma crítica”, afirma Elzo Brito, formador de professores da área de tecnologia do Centro Paula Souza e que participou nesta terça-feira, dia 29, do Meet Point que o Estadão promoveu sobre o assunto.

Estadão promove ciclo de debates Reconstrução da Educação; da esquerda para a direita o editor Victor Vieira, Elzo Brito, Eduardo Zanini, Priscila Gonsales e Guilherme de Souza Dias. Foto: Felipe Rau/Estadão

Quando o professor rompe preconceitos e se apropria do conhecimento, é capaz de orientar o aluno a usar a IA para além de gerar texto usando o chat GPT. E Brito dá dicas práticas: em vez de pedir uma resposta, o aluno pode orientar para que IA gere questionários, que simule problemas da vida real.

Para os docentes mais desconfiados, o educador lembra que esse receio é histórico. “Com a IA generativa, é exatamente a mesma lógica do Google e da Wikipedia. Existia um medo, mas, no fundo, o professor conhece o aluno, tem um panorama de como o estudante escreve e interage em sala de aula. Isso facilita a percepção, por exemplo, ao ler um trabalho. Ele não é enganado.”

Nessa linha, a melhor estratégia é usar a IA como um assistente para um ensino mais personalizado e adaptado, diz Eduardo Zanini, diretor do Geekie. “Em um sistema tradicional, com muitas turmas e muitos alunos em todas as turmas, é praticamente impossível saber o que cada um precisa. Com a IA, é possível usar os dados para trazer caminhos e saídas de forma criativa. Para o que precisa mais, a ferramenta indica reforço. Para o que vai além, propõe atividades que o desafiam.”

Inclusive, um dos usos eficazes da IA, acrescenta Zanini, é no processo de inclusão escolar. No contexto das neurodivergências, por exemplo, a IA generativa possibilita que o aluno tenha o conteúdo que precisa para avançar dentro das suas possibilidades. “Quando você vai fazer uma atividade de inclusão, é para o Lucas que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e hiperfoco em animais. Daí, você gera uma questão com enunciado objetivo, imagem, poucas alternativas.”

IA na educação profissional

Na educação profissional, saber utilizar a IA de forma adequada é prerrogativa para estudantes não apenas terem mais ferramentas de aprendizado como também para conseguir e manter a empregabilidade.

“Temos de preparar o jovem e o adulto num cenário em que a IA vai ganhar muita força. É uma cultura que precisa estar enraizada em diversas questões dentro das instituições. Hoje, com o ciclo da tecnologia cada vez mais curto, as profissões se atualizam e a educação profissional precisa seguir esse mesmo ritmo”, diz Guilherme de Souza Dias, supervisor de Tecnologias Educacionais do Senai.

O educador explica que no Senai os currículos estão em constante atualização a partir do que os dados de bancos nacionais e internacionais mostram sobre as vagas e as competências mais buscadas pelas empresas.

Nessa educação profissional, os professores do Senai trabalham a partir de três cenários trazidos pela propagação da IA:

  • o de neutralidade, que considera as poucas profissões que não serão impactadas pela IA;
  • o de complementaridade, com atualização de competências nas propostas curriculares e criação de cursos livres;
  • e no cenário de substituição.

“Um exemplo é o estatístico. Hoje, com base em IA, inclusive generativa, esse profissional tende a ser substituído. Mas, temos um outro perfil em ascensão, o cientista de dados. Transformar um estático em cientista de dados é um caminho mais curto e mais econômico do que começar do zero. Conseguimos aproveitar bons profissionais que em um curto espaço de tempo possam se recolocar no mercado.”

Brasil tem ainda de resolver problemas estruturais

Usufruir dos benefícios da IA não pode prescindir de questões importantes ainda incipientes no Brasil, como a regulação, a infraestrutura das escolas brasileiras e a lógica metodológica que rege o nosso modelo educacional.

Na questão da regulação, é preciso garantir que o uso da IA respeite a privacidade e os dados dos estudantes, garantindo um equilíbrio que promova tanto a segurança quanto a inovação. A inspiração para o projeto de lei que cria o Marco Legal da Inteligência Artificial no Brasil é o modelo europeu, o continente mais avançado nessa discussão.

“Especialmente na Europa, existe um olhar muito nítido sobre como a tecnologia digital sozinha não melhora a educação”, afirma Priscila Gonsales, pesquisadora da Unicamp e diretora do Instituto Educadigital.

O Brasil, argumenta, tem ainda de resolver problemas estruturais – como professores mal remunerados, escola sem energia elétrica, sem computador e sem conexão.

Os próximos eventos do Reconstrução da Educação serão:

  • Dia 31/10 - Pais “helicópteros” e a superproteção
  • Dia 6/11 - Como educar crianças antirracistas
  • Dia 8/11 - Desinformação e fake news: Como promover uma educação midiática
  • Dia 18/11 - Evento presencial Reconstrução da Educação, no Museu do Ipiranga

Durante muito tempo, um porcentual significativo de educadores argumentava que o processo educativo deveria ser feito sem o uso da inteligência artificial (IA). Hoje, ninguém mais se atreve a afirmar que isso seja possível. O desafio, portanto, é educar para o uso adequado da IA. Uma tarefa nada simples e que implica processo de regulação e de formação de alunos e docentes.

Até porque, se a questão geracional faz com que os alunos tenham mais familiaridade, não necessariamente garante uso adequado. “Temos de capacitar os professores para que (com domínio da ferramenta) estejam aptos depois a ensinar o estudante a usar a IA de forma crítica”, afirma Elzo Brito, formador de professores da área de tecnologia do Centro Paula Souza e que participou nesta terça-feira, dia 29, do Meet Point que o Estadão promoveu sobre o assunto.

Estadão promove ciclo de debates Reconstrução da Educação; da esquerda para a direita o editor Victor Vieira, Elzo Brito, Eduardo Zanini, Priscila Gonsales e Guilherme de Souza Dias. Foto: Felipe Rau/Estadão

Quando o professor rompe preconceitos e se apropria do conhecimento, é capaz de orientar o aluno a usar a IA para além de gerar texto usando o chat GPT. E Brito dá dicas práticas: em vez de pedir uma resposta, o aluno pode orientar para que IA gere questionários, que simule problemas da vida real.

Para os docentes mais desconfiados, o educador lembra que esse receio é histórico. “Com a IA generativa, é exatamente a mesma lógica do Google e da Wikipedia. Existia um medo, mas, no fundo, o professor conhece o aluno, tem um panorama de como o estudante escreve e interage em sala de aula. Isso facilita a percepção, por exemplo, ao ler um trabalho. Ele não é enganado.”

Nessa linha, a melhor estratégia é usar a IA como um assistente para um ensino mais personalizado e adaptado, diz Eduardo Zanini, diretor do Geekie. “Em um sistema tradicional, com muitas turmas e muitos alunos em todas as turmas, é praticamente impossível saber o que cada um precisa. Com a IA, é possível usar os dados para trazer caminhos e saídas de forma criativa. Para o que precisa mais, a ferramenta indica reforço. Para o que vai além, propõe atividades que o desafiam.”

Inclusive, um dos usos eficazes da IA, acrescenta Zanini, é no processo de inclusão escolar. No contexto das neurodivergências, por exemplo, a IA generativa possibilita que o aluno tenha o conteúdo que precisa para avançar dentro das suas possibilidades. “Quando você vai fazer uma atividade de inclusão, é para o Lucas que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e hiperfoco em animais. Daí, você gera uma questão com enunciado objetivo, imagem, poucas alternativas.”

IA na educação profissional

Na educação profissional, saber utilizar a IA de forma adequada é prerrogativa para estudantes não apenas terem mais ferramentas de aprendizado como também para conseguir e manter a empregabilidade.

“Temos de preparar o jovem e o adulto num cenário em que a IA vai ganhar muita força. É uma cultura que precisa estar enraizada em diversas questões dentro das instituições. Hoje, com o ciclo da tecnologia cada vez mais curto, as profissões se atualizam e a educação profissional precisa seguir esse mesmo ritmo”, diz Guilherme de Souza Dias, supervisor de Tecnologias Educacionais do Senai.

O educador explica que no Senai os currículos estão em constante atualização a partir do que os dados de bancos nacionais e internacionais mostram sobre as vagas e as competências mais buscadas pelas empresas.

Nessa educação profissional, os professores do Senai trabalham a partir de três cenários trazidos pela propagação da IA:

  • o de neutralidade, que considera as poucas profissões que não serão impactadas pela IA;
  • o de complementaridade, com atualização de competências nas propostas curriculares e criação de cursos livres;
  • e no cenário de substituição.

“Um exemplo é o estatístico. Hoje, com base em IA, inclusive generativa, esse profissional tende a ser substituído. Mas, temos um outro perfil em ascensão, o cientista de dados. Transformar um estático em cientista de dados é um caminho mais curto e mais econômico do que começar do zero. Conseguimos aproveitar bons profissionais que em um curto espaço de tempo possam se recolocar no mercado.”

Brasil tem ainda de resolver problemas estruturais

Usufruir dos benefícios da IA não pode prescindir de questões importantes ainda incipientes no Brasil, como a regulação, a infraestrutura das escolas brasileiras e a lógica metodológica que rege o nosso modelo educacional.

Na questão da regulação, é preciso garantir que o uso da IA respeite a privacidade e os dados dos estudantes, garantindo um equilíbrio que promova tanto a segurança quanto a inovação. A inspiração para o projeto de lei que cria o Marco Legal da Inteligência Artificial no Brasil é o modelo europeu, o continente mais avançado nessa discussão.

“Especialmente na Europa, existe um olhar muito nítido sobre como a tecnologia digital sozinha não melhora a educação”, afirma Priscila Gonsales, pesquisadora da Unicamp e diretora do Instituto Educadigital.

O Brasil, argumenta, tem ainda de resolver problemas estruturais – como professores mal remunerados, escola sem energia elétrica, sem computador e sem conexão.

Os próximos eventos do Reconstrução da Educação serão:

  • Dia 31/10 - Pais “helicópteros” e a superproteção
  • Dia 6/11 - Como educar crianças antirracistas
  • Dia 8/11 - Desinformação e fake news: Como promover uma educação midiática
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