Para quem pode investir um pouco mais no aprendizado de um idioma e tem necessidade de adquirir fluência em um curto espaço de tempo, o mercado oferece duas opções: os programas de imersão e os de intercâmbio no exterior. E, para quem pode gastar ainda mais, existe a opção de unir as duas possibilidades.
“Juntar um intercâmbio com uma imersão pode ser uma experiência transformadora e altamente benéfica, especialmente se você busca uma aprendizagem intensa e uma vivência cultural aprofundada”, afirma Alexandre Argenta, presidente da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta).
De acordo com ele, ao realizar um intercâmbio, a pessoa já se insere em um ambiente onde o idioma é falado, mas, ao combinar essa experiência com uma imersão linguística, ela potencializa ainda mais o aprendizado. “Participar de aulas intensivas e praticar o idioma diariamente permite que você atinja fluência de forma muito mais rápida. Além disso, o intercâmbio proporciona uma vivência cultural única, mas a imersão leva isso a um nível mais profundo, permitindo que você se envolva com tradições, hábitos e valores do novo país de maneira intensiva, o que facilita sua adaptação e enriquece sua compreensão cultural”, afirma.
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Já na opinião de Marcelo Barros, CKO do CNA, não é recomendável optar pelos dois métodos de uma vez. “Acho que é uma coisa ou outra. Eu recomendaria a imersão prévia ao intercâmbio, porque aí você já chega lá com turmas mais avançadas”, avalia.
Sobre qual das opções é melhor, imersão ou intercâmbio, ele dá a resposta básica: “Depende”. “Aí você vai me perguntar: ‘Depende de quê?’ De um monte de coisa. De quanto de grana você tem, por exemplo. Mas, para mim, a primeira coisa que depende é de quem você é. Se você me fala ‘eu sou uma pessoa difícil de estabelecer relações, de fazer amizade’, diria o seguinte: vai para um país que não tem brasileiro, porque, se tem, você vai se associar aos brasileiros e não vai aprender.”
Na avaliação da diretora executiva acadêmica da Cultura Inglesa, Isabela Villas Boas, para quem prefere ficar no País, há vários tipos de imersão: integral, com 8 horas de aulas por dia, semi-integral, por um mês, ou por mais tempo. “Há programas focados principalmente na aprendizagem de inglês e há outros focados em áreas como inovação e esportes. Há colônias de férias para crianças. Enfim, o leque de opções é bem grande.”
Ela diz considerar os cursos de imersão “superválidos”, mas tem uma ressalva. “Dão a oportunidade de focar somente nisso, liberando o cérebro de outras ocupações, o que favorece a aprendizagem. São excelentes oportunidades para praticar a língua, destravar. Mas dificilmente são suficientes. Elas ajudam na aceleração da aprendizagem.”
Quanto ao intercâmbio, segundo a representante da Cultura Inglesa, os tipos são parecidos com os de imersão, só que em um outro país. “Vale a pena a partir do nível intermediário e vale mais ainda se a acomodação for em casa de famílias, pois isso amplia o conhecimento intercultural e as oportunidades de uso da língua”, diz Isabela, que assim como Barros, do CNA, recomenda ir para um país com menos brasileiros.
Alexandre Argenta concorda que todos os tipos de intercâmbio proporcionam uma experiência de imersão, “e esse é o maior benefício”. De acordo com ele, esse é o motivo de o aprendizado do idioma ocorrer de forma mais rápida e eficiente. “O estudante está imerso no ambiente e aprende constantemente, não apenas durante as aulas. Comparando com um curso de idiomas no Brasil, onde geralmente se tem uma ou duas horas de aula por semana, no intercâmbio as aulas são diárias e mais longas, normalmente o mínimo de aula por semana são 15 horas”, explica o presidente da Belta. “Além disso, o contato com o idioma acontece em todos os momentos do dia, seja no mercado, no transporte, nos restaurantes ou nas ruas. Essa prática contínua acelera o domínio do idioma e torna o aprendizado mais natural.”
Imersão no idioma e na cultura local
Comprar uma passagem aérea para outro país, planejar o percurso, reservar hostels, encher a mochila de bagagem, botá-la nas costas e ir viajar. Soa como algo maravilhoso, ainda mais se dá para aproveitar a estadia no exterior para uma imersão no idioma e na cultura local. Mas os especialistas recomendam cuidados quando for fazer o chamado “mochilão”.
“Se você já está ali, acima do nível (de inglês) A2, digamos B1, B2, é legal demais e funciona. Mas, abaixo disso, você vai passar perrengue”, avisa Marcelo Barros, do CNA.
“Se tem uma coisa que me incomoda, quando as pessoas dizem, é o seguinte: ‘Ah, eu me viro, eu não vou morrer de fome na França, na Itália, na Inglaterra, onde quer que seja, e eu falo: gente, mas você vai gastar essa grana em dólar em libra, em euro, para ‘não passar fome’, é nivelar por baixo. Então a minha recomendação é aprende direitinho, estuda, dedique um pouco de tempo, e você terá uma boa experiência”, diz ele. “Se você vai ficar no hostel, que é o lugar típico do mochileiro, a parte mais legal será você conhecer o pessoal de vários países, interagir e aprender.”
Alexandre Argenta, da Belta, diz que o mochilão é uma excelente forma de imersão no idioma “para quem está em busca de uma aventura”. “No entanto, um intercâmbio oferece uma experiência de imersão ainda mais estruturada e segura para quem deseja aprimorar o idioma enquanto conhece uma nova cultura. Diferentemente de um mochilão, o intercâmbio geralmente conta com suporte de instituições especializadas, que auxiliam desde o planejamento da viagem até a chegada no destino, garantindo orientação em relação a moradia, estudos e outras necessidades”, defende.
Já Isabela Villas Boas, da Cultura Inglesa, lembra que há outras opções de aprender um idioma no exterior além do intercâmbio e do mochilão. “Há programas de voluntariado em vários países (como a Indonésia), que aliam uma imersão no uso do inglês, por exemplo, por ser a língua na qual os voluntários do mundo inteiro se comunicam com uma ação social, que pode ser dar aula de inglês para crianças, construir casas... Isso não só ajuda no desenvolvimento da língua em si, como no desenvolvimento da competência e no letramento multicultural e competências socioemocionais. Além disso, esse tipo de experiência é muito valorizada no mercado de trabalho.”