MBA, mestrado, doutorado: quais as diferenças e como escolher?


Listamos as principais informações sobre diferentes tipos de curso de pós-graduação

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

Curso de extensão, especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado… Procurar por um curso de pós-graduação nos leva, muitas vezes, a nos deparar com uma série de possibilidades e ter de lidar com dúvidas. Seja sobre qual tipo de qualificação escolher ou até mesmo por qual área de conhecimento seguir. Afinal, se as carreiras estão mudando, como se preparar para acompanhar as transformações no mercado de trabalho e/ou para se tornar um pesquisador de excelência?

Se não há bem uma resposta pronta para essa pergunta, uma dica para encontrar um caminho é “abrir a cabeça”, explica a coordenadora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras (ECar) da Universidade de São Paulo (USP), Tania Casado. Segundo ela, não é porque alguém fez graduação em determinada área que precisa seguir com cursos de especialização no mesmo segmento. “Você precisa ter diploma de graduação, ponto. A partir disso, há, nos cursos de pós-graduação, uma gama de possibilidades, que pode e deve ser explorada”, ressalta.

Para a vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento, o ideal é que os profissionais permaneçam em “condição permanente de estudante”, independentemente da área de atuação. “A chegada da pandemia do novo coronavírus nos mostrou que os cenários mudam muito rápido e a todo momento. Com isso, é recomendável estudá-los sempre”, ressalta. Para ajudar, respondemos algumas dúvidas frequentes sobre cursos de pós-graduação e listamos as diferenças entre os principais deles.

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Curso de extensão, especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado: qual escolher? Foto: João Bittar/MEC

O que é pós-graduação?

Como o próprio nome diz, pós-graduação é um termo que compreende cursos que se dão após a graduação. Desse modo, ainda que, em alguns casos, seja equivocadamente associada somente às especializações lato sensu, a pós-graduação não é um tipo específico de aprimoramento, mas uma classificação que abarca tanto MBA, quanto cursos de mestrado e doutorado. Sejam eles presenciais ou até mesmo de ensino à distância (EAD).

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Lato sensu x stricto sensu: quais as diferenças?

Ao pesquisar por uma pós-graduação, é comum se deparar com os termos lato sensu (sentido amplo, na tradução do latim) e stricto sensu (sentido estrito). Bastante utilizadas na academia, essas expressões servem para classificar os cursos e auxiliar na compreensão de quem procura por uma nova qualificação.

Lato sensu, segundo definição do Ministério da Educação (MEC), é um termo usado para classificar especializações que têm “sentido prático-profissional”, como MBA, especializações livres e cursos de extensão. São qualificações voltadas para profissionais que estão inseridos (ou pretendem atuar) no mercado corporativo. Após concluí-los, os alunos recebem certificações.

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Já a expressão stricto sensu compreende graus acadêmicos que têm objetivo “essencialmente científico”, como mestrado e doutorado. O cursos de pós-graduação deste tipo costumam ser voltados para quem deseja se aprofundar na pesquisa e dar aula em universidades. Ao concluí-los, os pesquisadores são reconhecidos por meio de diplomas.

O que são graus acadêmicos?

Os graus acadêmicos são títulos concedidos após a conclusão das etapas de um curso de ensino superior. Dessa forma, quando um estudante se forma em uma graduação (seja tecnólogo, licenciatura ou bacharelado) ou em uma pós-graduação, recebe um reconhecimento oficial pelo encerramento do ciclo.

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Quais são os principais tipos de curso de pós-graduação?

Abaixo, listamos os principais tipos de curso de pós graduação. Primeiramente, apresentamos os cursos lato sensu e, mais abaixo, os stricto sensu:

Curso de extensão

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Tidos como os mais simples entre as alternativas de pós-graduação, os cursos de extensão costumam ter uma carga horária de, no máximo, 30 horas e focam no ensino de práticas específicas. Como, em alguns casos, não exigem sequer a graduação como pré-requisito, também são recorridos por estudantes de graduação e outras pessoas que tenham interesse no conhecimento repassado.

Especialização

Já os cursos de especialização livre — também chamados de cursos de aperfeiçoamento — são alternativas para se atualizar nas mais diferentes áreas. Com carga horária média de 120 horas, este tipo de curso pode ser útil para o aprofundamento em metodologias específicas, como planejamento estratégico ou transformação digital, por exemplo.

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MBA

Considerado o tipo de especialização lato sensu mais completo, o MBA (mestrado em administração e negócios, na sigla em inglês) é um tipo de curso que costuma abarcar temáticas de mercado, como marketing digital e gestão de pessoas. Para isso, conta com carga horária média de 360 horas.

É importante destacar que, por mais que tenha mestrado no nome original, ele é classificado no País como uma especialização na área de administração. De acordo com Tania Casado, no Brasil, o MBA ganhou uma conotação até mais abrangente, passando a se referir a especializações que tenham uma carga horária mais extensa. Por conta disso, ela ressalta a importância de ficar de olho em cursos que contam com certificação do MEC, o que, por si só, já garante uma série de parâmetros de qualidade.

Fachada do prédio da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Foto: Alex Silva

Mestrado

Quando o assunto são cursos de pós-graduação stricto sensu, a instituição mais importante pra acompanhar é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao MEC que avalia a qualidade dos cursos e distribui bolsas de estudo entre as instituições. Inclusive para estudantes de mestrado, que é o primeiro grau acadêmico stricto sensu depois da graduação.

Com duração de dois anos, o mestrado é uma etapa importante para formar pesquisadores no País. Para isso, costuma exigir, já no momento do processo seletivo, um projeto que, com o desenrolar da pesquisa, resulta em uma dissertação a ser apresentada ao final. 

A partir dos anos 2000, também se popularizou o chamado mestrado profissional, que mesmo sendo um curso stricto sensu e conferindo diploma, é um pouco mais voltado para o mercado de trabalho do que os mestrados acadêmicos. 

Doutorado

Estágio posterior ao mestrado, o doutorado tem duração de quatro anos e dá a oportunidade de um aprofundamento ainda maior em um campo de pesquisa. Para fazê-lo, também é preciso contar com um projeto em mãos que, nesse caso, vai resultar na apresentação de uma tese de pesquisa ao final do curso. Assim como no mestrado, também há a opção do doutorado profissional, que ainda é bastante incipiente.

De acordo com Tania Casado, quem deseja fazer mestrado ou doutorado deve ficar de olho nas linhas de pesquisa das universidades e nas vagas disponíveis de cada orientador. Isso porque, por melhores que sejam os alunos, a aprovação de pesquisadores em cursos de pós-graduação stricto sensu também está ligada à aderência dos projetos apresentados com as linhas de pesquisa desenvolvidas na instituição.

Pós-doutorado

Por fim, o pós-doutorado é um curso oferecido em um estágio avançado da carreira acadêmica, com duração de dois anos. Mas ele é bem diferente de mestrado e doutorado. Ao contrário do que ocorre com os dois, não existe um professor orientador ao longo da pesquisa de pós-doutorado, mas um supervisor para auxiliar no desenvolvimento do projeto. 

Destinado a pesquisadores que defenderam teses há menos de 10 anos, o pós-doutorado funciona em um formato mais livre, não exigindo acompanhamento de aulas ou apresentação de tese ao final do ciclo. Por não conferir diploma, este tipo de experiência é mais focada na troca entre pesquisadores.

Como escolher um curso de pós-graduação?

O primeiro ponto para fazer uma escolha adequada é praticar o autoconhecimento, já que “cada trajetória profissional tem esforço, ônus e bônus”, explica Tania Casado. “Nesse momento, é fundamental não se prender somente ao que você já estudou, mas observar por qual grande área de conhecimento gostaria de se desenvolver mais, absorvendo também as novidades do mercado”, diz.

Outro aspecto, de acordo com Leyla Nascimento, é pensar em quanto deseja gastar e onde se vê no futuro. Se a busca é por resultados mais rápidos, os cursos de pós-graduação lato sensu podem ser mais úteis. Mas, ao mesmo tempo, é importante que eles sejam aderentes ao que cada profissional espera para o futuro. E, nesse sentido, a prática pode agregar bastante.

“Mesmo que já tenha optado por seguir carreira acadêmica, para entender com mais clareza o que você gosta ou não, é importante buscar experiências no mercado, exercer um pouco sua atividade profissional”, destaca. Para ela, além disso, ficar atento às vagas que estão surgindo é um fator primordial para acompanhar as tendências e o que tem sido cobrado em conhecimentos de tecnologia, gestão, planejamento, entre outros.

Quando já se definiu o tipo, é hora de pesquisar a qualidade e as características gerais do curso. Nesse momento, para Tania Casado, é primordial conferir a avaliação da pós-graduação, o detalhamento do curso na página da universidade (conferindo informações do processo seletivo) e, por fim, a trajetória dos profissionais envolvidos

“Procurar o perfil do professor na Plataforma Lattes sempre ajuda muito. Assim, é possível observar com o que ele já trabalhou e o que estuda, comparando se faz sentido com o que você procura para o momento”, destaca. Ainda que não haja uma resposta pronta e cada área conte com particularidades, a recomendação é sempre se informar o máximo possível.

Curso de extensão, especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado… Procurar por um curso de pós-graduação nos leva, muitas vezes, a nos deparar com uma série de possibilidades e ter de lidar com dúvidas. Seja sobre qual tipo de qualificação escolher ou até mesmo por qual área de conhecimento seguir. Afinal, se as carreiras estão mudando, como se preparar para acompanhar as transformações no mercado de trabalho e/ou para se tornar um pesquisador de excelência?

Se não há bem uma resposta pronta para essa pergunta, uma dica para encontrar um caminho é “abrir a cabeça”, explica a coordenadora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras (ECar) da Universidade de São Paulo (USP), Tania Casado. Segundo ela, não é porque alguém fez graduação em determinada área que precisa seguir com cursos de especialização no mesmo segmento. “Você precisa ter diploma de graduação, ponto. A partir disso, há, nos cursos de pós-graduação, uma gama de possibilidades, que pode e deve ser explorada”, ressalta.

Para a vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento, o ideal é que os profissionais permaneçam em “condição permanente de estudante”, independentemente da área de atuação. “A chegada da pandemia do novo coronavírus nos mostrou que os cenários mudam muito rápido e a todo momento. Com isso, é recomendável estudá-los sempre”, ressalta. Para ajudar, respondemos algumas dúvidas frequentes sobre cursos de pós-graduação e listamos as diferenças entre os principais deles.

Curso de extensão, especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado: qual escolher? Foto: João Bittar/MEC

O que é pós-graduação?

Como o próprio nome diz, pós-graduação é um termo que compreende cursos que se dão após a graduação. Desse modo, ainda que, em alguns casos, seja equivocadamente associada somente às especializações lato sensu, a pós-graduação não é um tipo específico de aprimoramento, mas uma classificação que abarca tanto MBA, quanto cursos de mestrado e doutorado. Sejam eles presenciais ou até mesmo de ensino à distância (EAD).

Lato sensu x stricto sensu: quais as diferenças?

Ao pesquisar por uma pós-graduação, é comum se deparar com os termos lato sensu (sentido amplo, na tradução do latim) e stricto sensu (sentido estrito). Bastante utilizadas na academia, essas expressões servem para classificar os cursos e auxiliar na compreensão de quem procura por uma nova qualificação.

Lato sensu, segundo definição do Ministério da Educação (MEC), é um termo usado para classificar especializações que têm “sentido prático-profissional”, como MBA, especializações livres e cursos de extensão. São qualificações voltadas para profissionais que estão inseridos (ou pretendem atuar) no mercado corporativo. Após concluí-los, os alunos recebem certificações.

Já a expressão stricto sensu compreende graus acadêmicos que têm objetivo “essencialmente científico”, como mestrado e doutorado. O cursos de pós-graduação deste tipo costumam ser voltados para quem deseja se aprofundar na pesquisa e dar aula em universidades. Ao concluí-los, os pesquisadores são reconhecidos por meio de diplomas.

O que são graus acadêmicos?

Os graus acadêmicos são títulos concedidos após a conclusão das etapas de um curso de ensino superior. Dessa forma, quando um estudante se forma em uma graduação (seja tecnólogo, licenciatura ou bacharelado) ou em uma pós-graduação, recebe um reconhecimento oficial pelo encerramento do ciclo.

Quais são os principais tipos de curso de pós-graduação?

Abaixo, listamos os principais tipos de curso de pós graduação. Primeiramente, apresentamos os cursos lato sensu e, mais abaixo, os stricto sensu:

Curso de extensão

Tidos como os mais simples entre as alternativas de pós-graduação, os cursos de extensão costumam ter uma carga horária de, no máximo, 30 horas e focam no ensino de práticas específicas. Como, em alguns casos, não exigem sequer a graduação como pré-requisito, também são recorridos por estudantes de graduação e outras pessoas que tenham interesse no conhecimento repassado.

Especialização

Já os cursos de especialização livre — também chamados de cursos de aperfeiçoamento — são alternativas para se atualizar nas mais diferentes áreas. Com carga horária média de 120 horas, este tipo de curso pode ser útil para o aprofundamento em metodologias específicas, como planejamento estratégico ou transformação digital, por exemplo.

MBA

Considerado o tipo de especialização lato sensu mais completo, o MBA (mestrado em administração e negócios, na sigla em inglês) é um tipo de curso que costuma abarcar temáticas de mercado, como marketing digital e gestão de pessoas. Para isso, conta com carga horária média de 360 horas.

É importante destacar que, por mais que tenha mestrado no nome original, ele é classificado no País como uma especialização na área de administração. De acordo com Tania Casado, no Brasil, o MBA ganhou uma conotação até mais abrangente, passando a se referir a especializações que tenham uma carga horária mais extensa. Por conta disso, ela ressalta a importância de ficar de olho em cursos que contam com certificação do MEC, o que, por si só, já garante uma série de parâmetros de qualidade.

Fachada do prédio da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Foto: Alex Silva

Mestrado

Quando o assunto são cursos de pós-graduação stricto sensu, a instituição mais importante pra acompanhar é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao MEC que avalia a qualidade dos cursos e distribui bolsas de estudo entre as instituições. Inclusive para estudantes de mestrado, que é o primeiro grau acadêmico stricto sensu depois da graduação.

Com duração de dois anos, o mestrado é uma etapa importante para formar pesquisadores no País. Para isso, costuma exigir, já no momento do processo seletivo, um projeto que, com o desenrolar da pesquisa, resulta em uma dissertação a ser apresentada ao final. 

A partir dos anos 2000, também se popularizou o chamado mestrado profissional, que mesmo sendo um curso stricto sensu e conferindo diploma, é um pouco mais voltado para o mercado de trabalho do que os mestrados acadêmicos. 

Doutorado

Estágio posterior ao mestrado, o doutorado tem duração de quatro anos e dá a oportunidade de um aprofundamento ainda maior em um campo de pesquisa. Para fazê-lo, também é preciso contar com um projeto em mãos que, nesse caso, vai resultar na apresentação de uma tese de pesquisa ao final do curso. Assim como no mestrado, também há a opção do doutorado profissional, que ainda é bastante incipiente.

De acordo com Tania Casado, quem deseja fazer mestrado ou doutorado deve ficar de olho nas linhas de pesquisa das universidades e nas vagas disponíveis de cada orientador. Isso porque, por melhores que sejam os alunos, a aprovação de pesquisadores em cursos de pós-graduação stricto sensu também está ligada à aderência dos projetos apresentados com as linhas de pesquisa desenvolvidas na instituição.

Pós-doutorado

Por fim, o pós-doutorado é um curso oferecido em um estágio avançado da carreira acadêmica, com duração de dois anos. Mas ele é bem diferente de mestrado e doutorado. Ao contrário do que ocorre com os dois, não existe um professor orientador ao longo da pesquisa de pós-doutorado, mas um supervisor para auxiliar no desenvolvimento do projeto. 

Destinado a pesquisadores que defenderam teses há menos de 10 anos, o pós-doutorado funciona em um formato mais livre, não exigindo acompanhamento de aulas ou apresentação de tese ao final do ciclo. Por não conferir diploma, este tipo de experiência é mais focada na troca entre pesquisadores.

Como escolher um curso de pós-graduação?

O primeiro ponto para fazer uma escolha adequada é praticar o autoconhecimento, já que “cada trajetória profissional tem esforço, ônus e bônus”, explica Tania Casado. “Nesse momento, é fundamental não se prender somente ao que você já estudou, mas observar por qual grande área de conhecimento gostaria de se desenvolver mais, absorvendo também as novidades do mercado”, diz.

Outro aspecto, de acordo com Leyla Nascimento, é pensar em quanto deseja gastar e onde se vê no futuro. Se a busca é por resultados mais rápidos, os cursos de pós-graduação lato sensu podem ser mais úteis. Mas, ao mesmo tempo, é importante que eles sejam aderentes ao que cada profissional espera para o futuro. E, nesse sentido, a prática pode agregar bastante.

“Mesmo que já tenha optado por seguir carreira acadêmica, para entender com mais clareza o que você gosta ou não, é importante buscar experiências no mercado, exercer um pouco sua atividade profissional”, destaca. Para ela, além disso, ficar atento às vagas que estão surgindo é um fator primordial para acompanhar as tendências e o que tem sido cobrado em conhecimentos de tecnologia, gestão, planejamento, entre outros.

Quando já se definiu o tipo, é hora de pesquisar a qualidade e as características gerais do curso. Nesse momento, para Tania Casado, é primordial conferir a avaliação da pós-graduação, o detalhamento do curso na página da universidade (conferindo informações do processo seletivo) e, por fim, a trajetória dos profissionais envolvidos

“Procurar o perfil do professor na Plataforma Lattes sempre ajuda muito. Assim, é possível observar com o que ele já trabalhou e o que estuda, comparando se faz sentido com o que você procura para o momento”, destaca. Ainda que não haja uma resposta pronta e cada área conte com particularidades, a recomendação é sempre se informar o máximo possível.

Curso de extensão, especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado… Procurar por um curso de pós-graduação nos leva, muitas vezes, a nos deparar com uma série de possibilidades e ter de lidar com dúvidas. Seja sobre qual tipo de qualificação escolher ou até mesmo por qual área de conhecimento seguir. Afinal, se as carreiras estão mudando, como se preparar para acompanhar as transformações no mercado de trabalho e/ou para se tornar um pesquisador de excelência?

Se não há bem uma resposta pronta para essa pergunta, uma dica para encontrar um caminho é “abrir a cabeça”, explica a coordenadora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras (ECar) da Universidade de São Paulo (USP), Tania Casado. Segundo ela, não é porque alguém fez graduação em determinada área que precisa seguir com cursos de especialização no mesmo segmento. “Você precisa ter diploma de graduação, ponto. A partir disso, há, nos cursos de pós-graduação, uma gama de possibilidades, que pode e deve ser explorada”, ressalta.

Para a vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento, o ideal é que os profissionais permaneçam em “condição permanente de estudante”, independentemente da área de atuação. “A chegada da pandemia do novo coronavírus nos mostrou que os cenários mudam muito rápido e a todo momento. Com isso, é recomendável estudá-los sempre”, ressalta. Para ajudar, respondemos algumas dúvidas frequentes sobre cursos de pós-graduação e listamos as diferenças entre os principais deles.

Curso de extensão, especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado: qual escolher? Foto: João Bittar/MEC

O que é pós-graduação?

Como o próprio nome diz, pós-graduação é um termo que compreende cursos que se dão após a graduação. Desse modo, ainda que, em alguns casos, seja equivocadamente associada somente às especializações lato sensu, a pós-graduação não é um tipo específico de aprimoramento, mas uma classificação que abarca tanto MBA, quanto cursos de mestrado e doutorado. Sejam eles presenciais ou até mesmo de ensino à distância (EAD).

Lato sensu x stricto sensu: quais as diferenças?

Ao pesquisar por uma pós-graduação, é comum se deparar com os termos lato sensu (sentido amplo, na tradução do latim) e stricto sensu (sentido estrito). Bastante utilizadas na academia, essas expressões servem para classificar os cursos e auxiliar na compreensão de quem procura por uma nova qualificação.

Lato sensu, segundo definição do Ministério da Educação (MEC), é um termo usado para classificar especializações que têm “sentido prático-profissional”, como MBA, especializações livres e cursos de extensão. São qualificações voltadas para profissionais que estão inseridos (ou pretendem atuar) no mercado corporativo. Após concluí-los, os alunos recebem certificações.

Já a expressão stricto sensu compreende graus acadêmicos que têm objetivo “essencialmente científico”, como mestrado e doutorado. O cursos de pós-graduação deste tipo costumam ser voltados para quem deseja se aprofundar na pesquisa e dar aula em universidades. Ao concluí-los, os pesquisadores são reconhecidos por meio de diplomas.

O que são graus acadêmicos?

Os graus acadêmicos são títulos concedidos após a conclusão das etapas de um curso de ensino superior. Dessa forma, quando um estudante se forma em uma graduação (seja tecnólogo, licenciatura ou bacharelado) ou em uma pós-graduação, recebe um reconhecimento oficial pelo encerramento do ciclo.

Quais são os principais tipos de curso de pós-graduação?

Abaixo, listamos os principais tipos de curso de pós graduação. Primeiramente, apresentamos os cursos lato sensu e, mais abaixo, os stricto sensu:

Curso de extensão

Tidos como os mais simples entre as alternativas de pós-graduação, os cursos de extensão costumam ter uma carga horária de, no máximo, 30 horas e focam no ensino de práticas específicas. Como, em alguns casos, não exigem sequer a graduação como pré-requisito, também são recorridos por estudantes de graduação e outras pessoas que tenham interesse no conhecimento repassado.

Especialização

Já os cursos de especialização livre — também chamados de cursos de aperfeiçoamento — são alternativas para se atualizar nas mais diferentes áreas. Com carga horária média de 120 horas, este tipo de curso pode ser útil para o aprofundamento em metodologias específicas, como planejamento estratégico ou transformação digital, por exemplo.

MBA

Considerado o tipo de especialização lato sensu mais completo, o MBA (mestrado em administração e negócios, na sigla em inglês) é um tipo de curso que costuma abarcar temáticas de mercado, como marketing digital e gestão de pessoas. Para isso, conta com carga horária média de 360 horas.

É importante destacar que, por mais que tenha mestrado no nome original, ele é classificado no País como uma especialização na área de administração. De acordo com Tania Casado, no Brasil, o MBA ganhou uma conotação até mais abrangente, passando a se referir a especializações que tenham uma carga horária mais extensa. Por conta disso, ela ressalta a importância de ficar de olho em cursos que contam com certificação do MEC, o que, por si só, já garante uma série de parâmetros de qualidade.

Fachada do prédio da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Foto: Alex Silva

Mestrado

Quando o assunto são cursos de pós-graduação stricto sensu, a instituição mais importante pra acompanhar é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao MEC que avalia a qualidade dos cursos e distribui bolsas de estudo entre as instituições. Inclusive para estudantes de mestrado, que é o primeiro grau acadêmico stricto sensu depois da graduação.

Com duração de dois anos, o mestrado é uma etapa importante para formar pesquisadores no País. Para isso, costuma exigir, já no momento do processo seletivo, um projeto que, com o desenrolar da pesquisa, resulta em uma dissertação a ser apresentada ao final. 

A partir dos anos 2000, também se popularizou o chamado mestrado profissional, que mesmo sendo um curso stricto sensu e conferindo diploma, é um pouco mais voltado para o mercado de trabalho do que os mestrados acadêmicos. 

Doutorado

Estágio posterior ao mestrado, o doutorado tem duração de quatro anos e dá a oportunidade de um aprofundamento ainda maior em um campo de pesquisa. Para fazê-lo, também é preciso contar com um projeto em mãos que, nesse caso, vai resultar na apresentação de uma tese de pesquisa ao final do curso. Assim como no mestrado, também há a opção do doutorado profissional, que ainda é bastante incipiente.

De acordo com Tania Casado, quem deseja fazer mestrado ou doutorado deve ficar de olho nas linhas de pesquisa das universidades e nas vagas disponíveis de cada orientador. Isso porque, por melhores que sejam os alunos, a aprovação de pesquisadores em cursos de pós-graduação stricto sensu também está ligada à aderência dos projetos apresentados com as linhas de pesquisa desenvolvidas na instituição.

Pós-doutorado

Por fim, o pós-doutorado é um curso oferecido em um estágio avançado da carreira acadêmica, com duração de dois anos. Mas ele é bem diferente de mestrado e doutorado. Ao contrário do que ocorre com os dois, não existe um professor orientador ao longo da pesquisa de pós-doutorado, mas um supervisor para auxiliar no desenvolvimento do projeto. 

Destinado a pesquisadores que defenderam teses há menos de 10 anos, o pós-doutorado funciona em um formato mais livre, não exigindo acompanhamento de aulas ou apresentação de tese ao final do ciclo. Por não conferir diploma, este tipo de experiência é mais focada na troca entre pesquisadores.

Como escolher um curso de pós-graduação?

O primeiro ponto para fazer uma escolha adequada é praticar o autoconhecimento, já que “cada trajetória profissional tem esforço, ônus e bônus”, explica Tania Casado. “Nesse momento, é fundamental não se prender somente ao que você já estudou, mas observar por qual grande área de conhecimento gostaria de se desenvolver mais, absorvendo também as novidades do mercado”, diz.

Outro aspecto, de acordo com Leyla Nascimento, é pensar em quanto deseja gastar e onde se vê no futuro. Se a busca é por resultados mais rápidos, os cursos de pós-graduação lato sensu podem ser mais úteis. Mas, ao mesmo tempo, é importante que eles sejam aderentes ao que cada profissional espera para o futuro. E, nesse sentido, a prática pode agregar bastante.

“Mesmo que já tenha optado por seguir carreira acadêmica, para entender com mais clareza o que você gosta ou não, é importante buscar experiências no mercado, exercer um pouco sua atividade profissional”, destaca. Para ela, além disso, ficar atento às vagas que estão surgindo é um fator primordial para acompanhar as tendências e o que tem sido cobrado em conhecimentos de tecnologia, gestão, planejamento, entre outros.

Quando já se definiu o tipo, é hora de pesquisar a qualidade e as características gerais do curso. Nesse momento, para Tania Casado, é primordial conferir a avaliação da pós-graduação, o detalhamento do curso na página da universidade (conferindo informações do processo seletivo) e, por fim, a trajetória dos profissionais envolvidos

“Procurar o perfil do professor na Plataforma Lattes sempre ajuda muito. Assim, é possível observar com o que ele já trabalhou e o que estuda, comparando se faz sentido com o que você procura para o momento”, destaca. Ainda que não haja uma resposta pronta e cada área conte com particularidades, a recomendação é sempre se informar o máximo possível.

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