Além de todas as diferenças entre os sexos, surge mais uma que pode esquentar o debate nas salas de professores: meninos aprendem mais com homens, e meninas aprendem mais com mulheres. Essa é a conclusão de um provocativo estudo feito por Thomas Dee, professor de economia na universidade de Swarthmore. Seu estudo foi publicado na segunda-feira no jornal Education Next, da Instituição Hoover. Vetado e aprovado por colegas revisores, a pesquisa de Dee passa uma luta por aceitação. Alguns profissionais de educação se questionam quanto às conclusões e a forma com que foram atingidas. Mas Dee diz que sua pesquisa apóia essa questão, de que o gênero importa quando se trata de educação. Especificamente, como ele descreve, ter um professor do sexo oposto afeta negativamente os progressos acadêmicos do estudante. "Deveríamos estar pensando com mais cuidado sobre o porquê", afirmou. Dee alerta contra conclusões precipitadas baseadas em seu trabalho. Ele não está defendendo educação de sexo único, ou qualquer outra política educacional. Ele espera que seu trabalho irá promover mais pesquisas na área do efeito do gênero e o que fazer em relação a isso. O estudo aparece em um momento em que a proporção de professores homens está em seu menor nível em 40 anos. Praticamente 80% dos professores em escolas publicas norte-americanas são mulheres. O estudo de Dee se baseia em pesquisa representativa nacional de quase 25 mil estudantes da oitava série, conduzido pelo departamento de educação em 1988. Apesar da data, a pesquisa é o estudo mais compreensivo sobre os estudantes do ensino fundamental, quando lacunas de gênero começaram a surgir, assegurou Dee. Ele examinou resultados de provas, além de relatos de professores e estudantes. Dee descobriu que ter uma professora mulher, em vez de um homem, aumenta o desempenho de garotas, e diminui o dos meninos em ciências, estudos sociais e inglês. Visto de outra forma, quando um homem comanda a classe, meninos vão melhor e meninas vão pior. O estudo descobriu que a troca de professores poderia diminuir a lacuna de desempenho entre meninos e meninas. Dee também defende que o gênero influencia as atitudes. Por exemplo, com uma professora mulher, meninos estão mais propensos a serem vistos como indisciplinados. As meninas provavelmente não seriam vistas como desatentas ou bagunceiras. Em uma classe ensinada por um homem, as meninas estariam mais propensas a dizer que a matéria ensinada não será útil no futuro. Dee diz ter isolado a influência do gênero levando em consideração muitos outros fatores que poderiam afetar o desempenho do estudante. Mas seu estudo será alvo de muitas críticas. "A informação, assim como a forma com que ele apresenta, estão longe de serem convincentes", afirmou Marcia Greenberger, co-presidente do Centro Nacional de Leia da Mulher, que trabalha em prol do progresso das mulheres. Greenberger diz que achou as conclusões de Dee questionáveis e inconsistentes. "Algumas pessoas irão reagir com veemência", afirmou Dee. "Mas tomei as dores para explicar que temos que ser cuidadosos em tirar conclusões de políticas de ensino. Por mais provocativo que possa parecer, eu realmente não tive um retorno muito negativo".