'Na visita às escolas, pergunte como é a rotina de um dia de aula'


Essa é uma maneira de conseguir visualizar a proposta pedagógica do colégio, recomenda a educadora da faculdade especializada na formação de docentes. Também é importante questionar sobre ambientes e equipe

Por Luciana Alvarez

A melhor forma de entender se a proposta de ensino-aprendizagem de uma escola está alinhada com os valores da família é pensar em como vai ser o dia a dia do estudante, afirma Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, uma faculdade especializada na formação de docentes.

A educadora recomenda ainda que os responsáveis visitem muitas escolas - ainda que neste momento de pandemia sejam encontros virtuais - para poder comparar as possibilidades e conseguir compreender o que mais agrada nas instituições.

Qual deve ser o primeiro critério a ser considerado para a escolha de uma escola?

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O primeiro fator é a proposta pedagógica da escola, que precisa estar de acordo com a expectativa e os valores da família. Junto disso vêm outras variáveis, como localização, possibilidade financeira, coisas que tornam a escolha exequível. Às vezes os pais podem gostar muito da proposta pedagógica de uma escola ou do valor da mensalidade, mas a localização impede de botar lá. O primeiro fator é a proposta, depois tem de ver se é exequível matricular naquela escola. 

Como pais que não conhecem sobre pedagogia podem avaliar se a proposta está de acordo com os valores deles?

Esse é um grande desafio. Para começar, a busca tem de ser um processo feito com antecedência, para eles poderem definir qual é a proposta que consideram melhor. Eles precisam visitar vários colégios e conversar tanto com pessoas dentro da escola como com famílias de alunos que conheçam de outros lugares. Vai ser a partir dessas conversas que eles vão entendendo o funcionamento e a proposta. E tem uma pergunta que pode ser muito concreta para os pais entenderem a proposta pedagógica: como é a rotina de um dia de aula? Devem pedir para a pessoa que os recebe descrever essa rotina. Isso vai ajudar os pais a visualizar a proposta. Pela comparação entre diferentes propostas, eles vão perceber qual é a aquela que mais gostariam. 

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Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, uma faculdade especializada na formação de docentes Foto: Guilherme Fernandez

Para crianças que passam o dia todo na escola, há preocupações e perguntas extra?

Sim. Em primeiro lugar, o ambiente. Embora seja importante mesmo para crianças que ficam meio período, quando ela vai passar o dia inteiro no colégio, a dimensão desse ambiente vai ter ainda mais peso. A pergunta é: ela vai poder circular por vários espaços? É bastante saudável a criança circular em diferentes ambientes, já que ela vai passar o dia todo na mesma instituição. Quanto mais tempo, mais importante isso é. E a qualidade das atividades? Tem uma diversificação? Tem períodos de descanso também? A criança não precisa ser estimulada o tempo todo. Os pais devem ainda ver como vai ser a alimentação na escola, qual é o lugar onde ela vai ser feita, qual é o tipo de alimento servido. Para as pequenas, é bom saber também quem acompanha na hora das refeições. Os pais devem perguntar ainda quem são os profissionais que vão estar com essa criança. Tem troca de equipe? Ela vai estabelecer vínculos também com esses outros adultos.

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É bom para a criança passar muitos anos na mesma escola? 

Se for uma escola que ela está desde a educação infantil e tudo está acontecendo bem, essa continuidade é boa. Mas ela não é uma condição. Até porque existem bons colégios que trabalham por etapas de ensino, só ensino infantil ou só ensino médio. O importante é: se o pai está buscando uma escola de educação infantil, ele não pode ficar mirando no que ele quer no ensino médio. Ele precisa mirar naquela etapa de ensino que o filho vai estar. O que o colégio oferece está condizente com aquela fase? Porque não precisa necessariamente achar uma escola para a vida inteira. Se em outra etapa, outra for mais adequada, a troca pode ser feita. Pode ser um grande erro deixar de olhar para as necessidades daquele momento. 

No caso de ser uma mudança de escola, o que mais precisa ser pensado pelos pais?

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Se há uma troca no meio da escolaridade, a busca é a mesma, as perguntas são as mesmas, mas tem uma extra: como é feita a adaptação da criança ou do adolescente? Mesmo um pré-adolescente, quando entra no 6.º ano ou ainda depois, também precisa de uma adaptação. Não é algo somente para os pequenos. Tem de haver um trabalho de adaptação no sentido de integrar a criança na rotina da escola. 

A pandemia mudou algo no processo de procura de uma escola ou as questões fundamentais continuam as mesmas?

As questões são as mesmas. O grande dificultador agora é a falta de contato presencial com as escolas. Cada colégio está fazendo da forma que é possível, muitos têm realizado contatos online. A gente está vivendo um momento em que as decisões ainda estão em suspenso na área educacional, mas não dá para se basear nas atividades remotas, de agora, para a escolha. 

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As ações pedagógicas de cada instituição durante o momento da pandemia podem ajudar a pensar a escola?

Sim, também é importante perguntar como a escola está lidando com a situação, como foi a experiência até aqui. Fazer projeção para depois ainda está difícil, mas a gente pode analisar como o colégio lidou com isso até este momento. As escolas estão trabalhando de formas muito diferentes. A gente não tem um parâmetro para saber o que é melhor e pior. O importante é o colégio ter conseguido lidar de acordo com as necessidades da comunidade que ele atende, ter dado uma resposta boa para as pessoas.

A melhor forma de entender se a proposta de ensino-aprendizagem de uma escola está alinhada com os valores da família é pensar em como vai ser o dia a dia do estudante, afirma Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, uma faculdade especializada na formação de docentes.

A educadora recomenda ainda que os responsáveis visitem muitas escolas - ainda que neste momento de pandemia sejam encontros virtuais - para poder comparar as possibilidades e conseguir compreender o que mais agrada nas instituições.

Qual deve ser o primeiro critério a ser considerado para a escolha de uma escola?

O primeiro fator é a proposta pedagógica da escola, que precisa estar de acordo com a expectativa e os valores da família. Junto disso vêm outras variáveis, como localização, possibilidade financeira, coisas que tornam a escolha exequível. Às vezes os pais podem gostar muito da proposta pedagógica de uma escola ou do valor da mensalidade, mas a localização impede de botar lá. O primeiro fator é a proposta, depois tem de ver se é exequível matricular naquela escola. 

Como pais que não conhecem sobre pedagogia podem avaliar se a proposta está de acordo com os valores deles?

Esse é um grande desafio. Para começar, a busca tem de ser um processo feito com antecedência, para eles poderem definir qual é a proposta que consideram melhor. Eles precisam visitar vários colégios e conversar tanto com pessoas dentro da escola como com famílias de alunos que conheçam de outros lugares. Vai ser a partir dessas conversas que eles vão entendendo o funcionamento e a proposta. E tem uma pergunta que pode ser muito concreta para os pais entenderem a proposta pedagógica: como é a rotina de um dia de aula? Devem pedir para a pessoa que os recebe descrever essa rotina. Isso vai ajudar os pais a visualizar a proposta. Pela comparação entre diferentes propostas, eles vão perceber qual é a aquela que mais gostariam. 

Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, uma faculdade especializada na formação de docentes Foto: Guilherme Fernandez

Para crianças que passam o dia todo na escola, há preocupações e perguntas extra?

Sim. Em primeiro lugar, o ambiente. Embora seja importante mesmo para crianças que ficam meio período, quando ela vai passar o dia inteiro no colégio, a dimensão desse ambiente vai ter ainda mais peso. A pergunta é: ela vai poder circular por vários espaços? É bastante saudável a criança circular em diferentes ambientes, já que ela vai passar o dia todo na mesma instituição. Quanto mais tempo, mais importante isso é. E a qualidade das atividades? Tem uma diversificação? Tem períodos de descanso também? A criança não precisa ser estimulada o tempo todo. Os pais devem ainda ver como vai ser a alimentação na escola, qual é o lugar onde ela vai ser feita, qual é o tipo de alimento servido. Para as pequenas, é bom saber também quem acompanha na hora das refeições. Os pais devem perguntar ainda quem são os profissionais que vão estar com essa criança. Tem troca de equipe? Ela vai estabelecer vínculos também com esses outros adultos.

É bom para a criança passar muitos anos na mesma escola? 

Se for uma escola que ela está desde a educação infantil e tudo está acontecendo bem, essa continuidade é boa. Mas ela não é uma condição. Até porque existem bons colégios que trabalham por etapas de ensino, só ensino infantil ou só ensino médio. O importante é: se o pai está buscando uma escola de educação infantil, ele não pode ficar mirando no que ele quer no ensino médio. Ele precisa mirar naquela etapa de ensino que o filho vai estar. O que o colégio oferece está condizente com aquela fase? Porque não precisa necessariamente achar uma escola para a vida inteira. Se em outra etapa, outra for mais adequada, a troca pode ser feita. Pode ser um grande erro deixar de olhar para as necessidades daquele momento. 

No caso de ser uma mudança de escola, o que mais precisa ser pensado pelos pais?

Se há uma troca no meio da escolaridade, a busca é a mesma, as perguntas são as mesmas, mas tem uma extra: como é feita a adaptação da criança ou do adolescente? Mesmo um pré-adolescente, quando entra no 6.º ano ou ainda depois, também precisa de uma adaptação. Não é algo somente para os pequenos. Tem de haver um trabalho de adaptação no sentido de integrar a criança na rotina da escola. 

A pandemia mudou algo no processo de procura de uma escola ou as questões fundamentais continuam as mesmas?

As questões são as mesmas. O grande dificultador agora é a falta de contato presencial com as escolas. Cada colégio está fazendo da forma que é possível, muitos têm realizado contatos online. A gente está vivendo um momento em que as decisões ainda estão em suspenso na área educacional, mas não dá para se basear nas atividades remotas, de agora, para a escolha. 

As ações pedagógicas de cada instituição durante o momento da pandemia podem ajudar a pensar a escola?

Sim, também é importante perguntar como a escola está lidando com a situação, como foi a experiência até aqui. Fazer projeção para depois ainda está difícil, mas a gente pode analisar como o colégio lidou com isso até este momento. As escolas estão trabalhando de formas muito diferentes. A gente não tem um parâmetro para saber o que é melhor e pior. O importante é o colégio ter conseguido lidar de acordo com as necessidades da comunidade que ele atende, ter dado uma resposta boa para as pessoas.

A melhor forma de entender se a proposta de ensino-aprendizagem de uma escola está alinhada com os valores da família é pensar em como vai ser o dia a dia do estudante, afirma Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, uma faculdade especializada na formação de docentes.

A educadora recomenda ainda que os responsáveis visitem muitas escolas - ainda que neste momento de pandemia sejam encontros virtuais - para poder comparar as possibilidades e conseguir compreender o que mais agrada nas instituições.

Qual deve ser o primeiro critério a ser considerado para a escolha de uma escola?

O primeiro fator é a proposta pedagógica da escola, que precisa estar de acordo com a expectativa e os valores da família. Junto disso vêm outras variáveis, como localização, possibilidade financeira, coisas que tornam a escolha exequível. Às vezes os pais podem gostar muito da proposta pedagógica de uma escola ou do valor da mensalidade, mas a localização impede de botar lá. O primeiro fator é a proposta, depois tem de ver se é exequível matricular naquela escola. 

Como pais que não conhecem sobre pedagogia podem avaliar se a proposta está de acordo com os valores deles?

Esse é um grande desafio. Para começar, a busca tem de ser um processo feito com antecedência, para eles poderem definir qual é a proposta que consideram melhor. Eles precisam visitar vários colégios e conversar tanto com pessoas dentro da escola como com famílias de alunos que conheçam de outros lugares. Vai ser a partir dessas conversas que eles vão entendendo o funcionamento e a proposta. E tem uma pergunta que pode ser muito concreta para os pais entenderem a proposta pedagógica: como é a rotina de um dia de aula? Devem pedir para a pessoa que os recebe descrever essa rotina. Isso vai ajudar os pais a visualizar a proposta. Pela comparação entre diferentes propostas, eles vão perceber qual é a aquela que mais gostariam. 

Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, uma faculdade especializada na formação de docentes Foto: Guilherme Fernandez

Para crianças que passam o dia todo na escola, há preocupações e perguntas extra?

Sim. Em primeiro lugar, o ambiente. Embora seja importante mesmo para crianças que ficam meio período, quando ela vai passar o dia inteiro no colégio, a dimensão desse ambiente vai ter ainda mais peso. A pergunta é: ela vai poder circular por vários espaços? É bastante saudável a criança circular em diferentes ambientes, já que ela vai passar o dia todo na mesma instituição. Quanto mais tempo, mais importante isso é. E a qualidade das atividades? Tem uma diversificação? Tem períodos de descanso também? A criança não precisa ser estimulada o tempo todo. Os pais devem ainda ver como vai ser a alimentação na escola, qual é o lugar onde ela vai ser feita, qual é o tipo de alimento servido. Para as pequenas, é bom saber também quem acompanha na hora das refeições. Os pais devem perguntar ainda quem são os profissionais que vão estar com essa criança. Tem troca de equipe? Ela vai estabelecer vínculos também com esses outros adultos.

É bom para a criança passar muitos anos na mesma escola? 

Se for uma escola que ela está desde a educação infantil e tudo está acontecendo bem, essa continuidade é boa. Mas ela não é uma condição. Até porque existem bons colégios que trabalham por etapas de ensino, só ensino infantil ou só ensino médio. O importante é: se o pai está buscando uma escola de educação infantil, ele não pode ficar mirando no que ele quer no ensino médio. Ele precisa mirar naquela etapa de ensino que o filho vai estar. O que o colégio oferece está condizente com aquela fase? Porque não precisa necessariamente achar uma escola para a vida inteira. Se em outra etapa, outra for mais adequada, a troca pode ser feita. Pode ser um grande erro deixar de olhar para as necessidades daquele momento. 

No caso de ser uma mudança de escola, o que mais precisa ser pensado pelos pais?

Se há uma troca no meio da escolaridade, a busca é a mesma, as perguntas são as mesmas, mas tem uma extra: como é feita a adaptação da criança ou do adolescente? Mesmo um pré-adolescente, quando entra no 6.º ano ou ainda depois, também precisa de uma adaptação. Não é algo somente para os pequenos. Tem de haver um trabalho de adaptação no sentido de integrar a criança na rotina da escola. 

A pandemia mudou algo no processo de procura de uma escola ou as questões fundamentais continuam as mesmas?

As questões são as mesmas. O grande dificultador agora é a falta de contato presencial com as escolas. Cada colégio está fazendo da forma que é possível, muitos têm realizado contatos online. A gente está vivendo um momento em que as decisões ainda estão em suspenso na área educacional, mas não dá para se basear nas atividades remotas, de agora, para a escolha. 

As ações pedagógicas de cada instituição durante o momento da pandemia podem ajudar a pensar a escola?

Sim, também é importante perguntar como a escola está lidando com a situação, como foi a experiência até aqui. Fazer projeção para depois ainda está difícil, mas a gente pode analisar como o colégio lidou com isso até este momento. As escolas estão trabalhando de formas muito diferentes. A gente não tem um parâmetro para saber o que é melhor e pior. O importante é o colégio ter conseguido lidar de acordo com as necessidades da comunidade que ele atende, ter dado uma resposta boa para as pessoas.

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