‘O Novo Ensino Médio está produzindo uma miséria educacional’, diz especialista


Doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, Fernando Cássio defende que proposta atual seja revogada e um novo modelo pensado a partir de maior diálogo com professores e alunos

Por João Ker
Atualização:
Foto: Arquivo Pessoal
Entrevista comFernando Cássioprofessor da UFABC e membro da Rede Escola Pública e Universidade

Doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, Fernando Cássio acredita que o modelo proposto do Novo Ensino Médio “não tem salvação” e defende que a proposta seja completamente revogada. “O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria”, afirma.

Segundo Cássio, que integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o modelo proposto em 2016 e aprovado no ano seguinte “está produzindo uma tragédia e miséria educacional”. Ele defende que seja feita uma nova reforma, com maior participação popular e foco nos problemas estruturais da educação, como um plano de carreira melhor para professores e mais investimento para manter alunos em período integral na escola.

O Estadão ouviu dois especialistas sobre o tema. Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, é contrária à revogação da proposta como um todo e diz que é hora de “parar a bola no campo, reorganizar o jogo e depois continuar”. O professor Cássio se posiciona de forma oposta. Veja abaixo a entrevista.

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 ocorreu nos dias 3 e 10 de novembro;falha na correção das provas modificou cronograma de outros programas Foto: Felipe Rau/ Estadão

Por que a reforma do ensino médio deve ser revogada e não repensada? Quais são os maiores problemas intransponíveis do modelo atual?

Porque o modelo não tem salvação. Não há o que fazer. A gente tem uma reforma educacional de vastas proporções, mas ela não ataca nenhum problema estrutural da educação. Não temos proposta do que fazer para ampliar ensino técnico e profissional, nenhuma política para manter os alunos na escola em período integral ou para remunerar dignamente o trabalho dos professores. Nada disso está em questão. Ela propõe uma fragmentação curricular radical que coloca nas escolas um trambolho inadministrável. Os procedimentos de gestão são burocráticos e caóticos. No ensino superior, algumas unidades não sabem nem como gerar um histórico escolar dos alunos.

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A questão central não é nem a desigualdade entre escolas públicas e privadas, mas os mecanismos de estratificação altamente perversos que criam diferenciação dentro da própria rede pública. O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria.

Qual deve ser o modelo de ensino médio mais adequado à realidade dos jovens dessa e das próximas gerações? Já é possível pensar em alguns caminhos ou diretrizes que se adequam à realidade do Brasil?

Essa pergunta está errada. Eu não vou tirar uma proposta de ensino médio do meu bolso à revelia do que diz a sociedade. O que eu defendo é uma Conferência Nacional de Educação.

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Como deve ser feito o debate sobre um novo modelo, então? Acha que uma Conferência Nacional de Educação seria o melhor caminho para alcançar o máximo de participação popular?

A Conferência Nacional de Educação está na política nacional de participação social, é um instrumento feito nos municípios e Estados. Isso chega até o nível dos bairros. O próprio Partido dos Trabalhadores defende esse tipo de modelo, que foi criado por eles.

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Eu entendo a revogação como um ponto de partida, não chegada. Porque, objetivamente, a reforma do ensino médio está reproduzindo tragédia e miséria educacional.

Como avalia a sinalização do governo Lula de suspender o calendário de implementação da mudança? Não tem medo de que isso possa atrapalhar o aprendizado de quem já começou a mudança?

A revogação não é um botão que você aperta e volta exatamente ao que (o ensino médio) era antes. Vários Estados não implementaram as mudanças ainda, em outros elas ainda estão sendo implantadas de forma paulatina.

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A revogação e suspensão ainda é um boato, porque não tem nenhuma portaria publicada. Mas como você vai seguir com o cronograma de implementação de uma coisa que, em tese, pode mudar com o resultado de uma consulta pública? O efeito concreto dessa suspensão é nenhum. Não tem nenhum efeito a suspensão do cronograma. Nos lugares onde não foi implementado ainda, acho que suspender é algo positivo. O que eu vejo é alunos de ensino médio desesperados porque não têm aula nem conteúdo.

Doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, Fernando Cássio acredita que o modelo proposto do Novo Ensino Médio “não tem salvação” e defende que a proposta seja completamente revogada. “O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria”, afirma.

Segundo Cássio, que integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o modelo proposto em 2016 e aprovado no ano seguinte “está produzindo uma tragédia e miséria educacional”. Ele defende que seja feita uma nova reforma, com maior participação popular e foco nos problemas estruturais da educação, como um plano de carreira melhor para professores e mais investimento para manter alunos em período integral na escola.

O Estadão ouviu dois especialistas sobre o tema. Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, é contrária à revogação da proposta como um todo e diz que é hora de “parar a bola no campo, reorganizar o jogo e depois continuar”. O professor Cássio se posiciona de forma oposta. Veja abaixo a entrevista.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 ocorreu nos dias 3 e 10 de novembro;falha na correção das provas modificou cronograma de outros programas Foto: Felipe Rau/ Estadão

Por que a reforma do ensino médio deve ser revogada e não repensada? Quais são os maiores problemas intransponíveis do modelo atual?

Porque o modelo não tem salvação. Não há o que fazer. A gente tem uma reforma educacional de vastas proporções, mas ela não ataca nenhum problema estrutural da educação. Não temos proposta do que fazer para ampliar ensino técnico e profissional, nenhuma política para manter os alunos na escola em período integral ou para remunerar dignamente o trabalho dos professores. Nada disso está em questão. Ela propõe uma fragmentação curricular radical que coloca nas escolas um trambolho inadministrável. Os procedimentos de gestão são burocráticos e caóticos. No ensino superior, algumas unidades não sabem nem como gerar um histórico escolar dos alunos.

A questão central não é nem a desigualdade entre escolas públicas e privadas, mas os mecanismos de estratificação altamente perversos que criam diferenciação dentro da própria rede pública. O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria.

Qual deve ser o modelo de ensino médio mais adequado à realidade dos jovens dessa e das próximas gerações? Já é possível pensar em alguns caminhos ou diretrizes que se adequam à realidade do Brasil?

Essa pergunta está errada. Eu não vou tirar uma proposta de ensino médio do meu bolso à revelia do que diz a sociedade. O que eu defendo é uma Conferência Nacional de Educação.

Como deve ser feito o debate sobre um novo modelo, então? Acha que uma Conferência Nacional de Educação seria o melhor caminho para alcançar o máximo de participação popular?

A Conferência Nacional de Educação está na política nacional de participação social, é um instrumento feito nos municípios e Estados. Isso chega até o nível dos bairros. O próprio Partido dos Trabalhadores defende esse tipo de modelo, que foi criado por eles.

Eu entendo a revogação como um ponto de partida, não chegada. Porque, objetivamente, a reforma do ensino médio está reproduzindo tragédia e miséria educacional.

Como avalia a sinalização do governo Lula de suspender o calendário de implementação da mudança? Não tem medo de que isso possa atrapalhar o aprendizado de quem já começou a mudança?

A revogação não é um botão que você aperta e volta exatamente ao que (o ensino médio) era antes. Vários Estados não implementaram as mudanças ainda, em outros elas ainda estão sendo implantadas de forma paulatina.

A revogação e suspensão ainda é um boato, porque não tem nenhuma portaria publicada. Mas como você vai seguir com o cronograma de implementação de uma coisa que, em tese, pode mudar com o resultado de uma consulta pública? O efeito concreto dessa suspensão é nenhum. Não tem nenhum efeito a suspensão do cronograma. Nos lugares onde não foi implementado ainda, acho que suspender é algo positivo. O que eu vejo é alunos de ensino médio desesperados porque não têm aula nem conteúdo.

Doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, Fernando Cássio acredita que o modelo proposto do Novo Ensino Médio “não tem salvação” e defende que a proposta seja completamente revogada. “O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria”, afirma.

Segundo Cássio, que integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o modelo proposto em 2016 e aprovado no ano seguinte “está produzindo uma tragédia e miséria educacional”. Ele defende que seja feita uma nova reforma, com maior participação popular e foco nos problemas estruturais da educação, como um plano de carreira melhor para professores e mais investimento para manter alunos em período integral na escola.

O Estadão ouviu dois especialistas sobre o tema. Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, é contrária à revogação da proposta como um todo e diz que é hora de “parar a bola no campo, reorganizar o jogo e depois continuar”. O professor Cássio se posiciona de forma oposta. Veja abaixo a entrevista.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 ocorreu nos dias 3 e 10 de novembro;falha na correção das provas modificou cronograma de outros programas Foto: Felipe Rau/ Estadão

Por que a reforma do ensino médio deve ser revogada e não repensada? Quais são os maiores problemas intransponíveis do modelo atual?

Porque o modelo não tem salvação. Não há o que fazer. A gente tem uma reforma educacional de vastas proporções, mas ela não ataca nenhum problema estrutural da educação. Não temos proposta do que fazer para ampliar ensino técnico e profissional, nenhuma política para manter os alunos na escola em período integral ou para remunerar dignamente o trabalho dos professores. Nada disso está em questão. Ela propõe uma fragmentação curricular radical que coloca nas escolas um trambolho inadministrável. Os procedimentos de gestão são burocráticos e caóticos. No ensino superior, algumas unidades não sabem nem como gerar um histórico escolar dos alunos.

A questão central não é nem a desigualdade entre escolas públicas e privadas, mas os mecanismos de estratificação altamente perversos que criam diferenciação dentro da própria rede pública. O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria.

Qual deve ser o modelo de ensino médio mais adequado à realidade dos jovens dessa e das próximas gerações? Já é possível pensar em alguns caminhos ou diretrizes que se adequam à realidade do Brasil?

Essa pergunta está errada. Eu não vou tirar uma proposta de ensino médio do meu bolso à revelia do que diz a sociedade. O que eu defendo é uma Conferência Nacional de Educação.

Como deve ser feito o debate sobre um novo modelo, então? Acha que uma Conferência Nacional de Educação seria o melhor caminho para alcançar o máximo de participação popular?

A Conferência Nacional de Educação está na política nacional de participação social, é um instrumento feito nos municípios e Estados. Isso chega até o nível dos bairros. O próprio Partido dos Trabalhadores defende esse tipo de modelo, que foi criado por eles.

Eu entendo a revogação como um ponto de partida, não chegada. Porque, objetivamente, a reforma do ensino médio está reproduzindo tragédia e miséria educacional.

Como avalia a sinalização do governo Lula de suspender o calendário de implementação da mudança? Não tem medo de que isso possa atrapalhar o aprendizado de quem já começou a mudança?

A revogação não é um botão que você aperta e volta exatamente ao que (o ensino médio) era antes. Vários Estados não implementaram as mudanças ainda, em outros elas ainda estão sendo implantadas de forma paulatina.

A revogação e suspensão ainda é um boato, porque não tem nenhuma portaria publicada. Mas como você vai seguir com o cronograma de implementação de uma coisa que, em tese, pode mudar com o resultado de uma consulta pública? O efeito concreto dessa suspensão é nenhum. Não tem nenhum efeito a suspensão do cronograma. Nos lugares onde não foi implementado ainda, acho que suspender é algo positivo. O que eu vejo é alunos de ensino médio desesperados porque não têm aula nem conteúdo.

Doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, Fernando Cássio acredita que o modelo proposto do Novo Ensino Médio “não tem salvação” e defende que a proposta seja completamente revogada. “O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria”, afirma.

Segundo Cássio, que integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o modelo proposto em 2016 e aprovado no ano seguinte “está produzindo uma tragédia e miséria educacional”. Ele defende que seja feita uma nova reforma, com maior participação popular e foco nos problemas estruturais da educação, como um plano de carreira melhor para professores e mais investimento para manter alunos em período integral na escola.

O Estadão ouviu dois especialistas sobre o tema. Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, é contrária à revogação da proposta como um todo e diz que é hora de “parar a bola no campo, reorganizar o jogo e depois continuar”. O professor Cássio se posiciona de forma oposta. Veja abaixo a entrevista.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 ocorreu nos dias 3 e 10 de novembro;falha na correção das provas modificou cronograma de outros programas Foto: Felipe Rau/ Estadão

Por que a reforma do ensino médio deve ser revogada e não repensada? Quais são os maiores problemas intransponíveis do modelo atual?

Porque o modelo não tem salvação. Não há o que fazer. A gente tem uma reforma educacional de vastas proporções, mas ela não ataca nenhum problema estrutural da educação. Não temos proposta do que fazer para ampliar ensino técnico e profissional, nenhuma política para manter os alunos na escola em período integral ou para remunerar dignamente o trabalho dos professores. Nada disso está em questão. Ela propõe uma fragmentação curricular radical que coloca nas escolas um trambolho inadministrável. Os procedimentos de gestão são burocráticos e caóticos. No ensino superior, algumas unidades não sabem nem como gerar um histórico escolar dos alunos.

A questão central não é nem a desigualdade entre escolas públicas e privadas, mas os mecanismos de estratificação altamente perversos que criam diferenciação dentro da própria rede pública. O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria.

Qual deve ser o modelo de ensino médio mais adequado à realidade dos jovens dessa e das próximas gerações? Já é possível pensar em alguns caminhos ou diretrizes que se adequam à realidade do Brasil?

Essa pergunta está errada. Eu não vou tirar uma proposta de ensino médio do meu bolso à revelia do que diz a sociedade. O que eu defendo é uma Conferência Nacional de Educação.

Como deve ser feito o debate sobre um novo modelo, então? Acha que uma Conferência Nacional de Educação seria o melhor caminho para alcançar o máximo de participação popular?

A Conferência Nacional de Educação está na política nacional de participação social, é um instrumento feito nos municípios e Estados. Isso chega até o nível dos bairros. O próprio Partido dos Trabalhadores defende esse tipo de modelo, que foi criado por eles.

Eu entendo a revogação como um ponto de partida, não chegada. Porque, objetivamente, a reforma do ensino médio está reproduzindo tragédia e miséria educacional.

Como avalia a sinalização do governo Lula de suspender o calendário de implementação da mudança? Não tem medo de que isso possa atrapalhar o aprendizado de quem já começou a mudança?

A revogação não é um botão que você aperta e volta exatamente ao que (o ensino médio) era antes. Vários Estados não implementaram as mudanças ainda, em outros elas ainda estão sendo implantadas de forma paulatina.

A revogação e suspensão ainda é um boato, porque não tem nenhuma portaria publicada. Mas como você vai seguir com o cronograma de implementação de uma coisa que, em tese, pode mudar com o resultado de uma consulta pública? O efeito concreto dessa suspensão é nenhum. Não tem nenhum efeito a suspensão do cronograma. Nos lugares onde não foi implementado ainda, acho que suspender é algo positivo. O que eu vejo é alunos de ensino médio desesperados porque não têm aula nem conteúdo.

Doutor em Ciências pela USP e professor da UFABC, Fernando Cássio acredita que o modelo proposto do Novo Ensino Médio “não tem salvação” e defende que a proposta seja completamente revogada. “O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria”, afirma.

Segundo Cássio, que integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o modelo proposto em 2016 e aprovado no ano seguinte “está produzindo uma tragédia e miséria educacional”. Ele defende que seja feita uma nova reforma, com maior participação popular e foco nos problemas estruturais da educação, como um plano de carreira melhor para professores e mais investimento para manter alunos em período integral na escola.

O Estadão ouviu dois especialistas sobre o tema. Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, é contrária à revogação da proposta como um todo e diz que é hora de “parar a bola no campo, reorganizar o jogo e depois continuar”. O professor Cássio se posiciona de forma oposta. Veja abaixo a entrevista.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 ocorreu nos dias 3 e 10 de novembro;falha na correção das provas modificou cronograma de outros programas Foto: Felipe Rau/ Estadão

Por que a reforma do ensino médio deve ser revogada e não repensada? Quais são os maiores problemas intransponíveis do modelo atual?

Porque o modelo não tem salvação. Não há o que fazer. A gente tem uma reforma educacional de vastas proporções, mas ela não ataca nenhum problema estrutural da educação. Não temos proposta do que fazer para ampliar ensino técnico e profissional, nenhuma política para manter os alunos na escola em período integral ou para remunerar dignamente o trabalho dos professores. Nada disso está em questão. Ela propõe uma fragmentação curricular radical que coloca nas escolas um trambolho inadministrável. Os procedimentos de gestão são burocráticos e caóticos. No ensino superior, algumas unidades não sabem nem como gerar um histórico escolar dos alunos.

A questão central não é nem a desigualdade entre escolas públicas e privadas, mas os mecanismos de estratificação altamente perversos que criam diferenciação dentro da própria rede pública. O ponto básico é que a reforma é impossível de ser implementada. Não adianta dizer que tem bons princípios, se é irrealizável para a maioria.

Qual deve ser o modelo de ensino médio mais adequado à realidade dos jovens dessa e das próximas gerações? Já é possível pensar em alguns caminhos ou diretrizes que se adequam à realidade do Brasil?

Essa pergunta está errada. Eu não vou tirar uma proposta de ensino médio do meu bolso à revelia do que diz a sociedade. O que eu defendo é uma Conferência Nacional de Educação.

Como deve ser feito o debate sobre um novo modelo, então? Acha que uma Conferência Nacional de Educação seria o melhor caminho para alcançar o máximo de participação popular?

A Conferência Nacional de Educação está na política nacional de participação social, é um instrumento feito nos municípios e Estados. Isso chega até o nível dos bairros. O próprio Partido dos Trabalhadores defende esse tipo de modelo, que foi criado por eles.

Eu entendo a revogação como um ponto de partida, não chegada. Porque, objetivamente, a reforma do ensino médio está reproduzindo tragédia e miséria educacional.

Como avalia a sinalização do governo Lula de suspender o calendário de implementação da mudança? Não tem medo de que isso possa atrapalhar o aprendizado de quem já começou a mudança?

A revogação não é um botão que você aperta e volta exatamente ao que (o ensino médio) era antes. Vários Estados não implementaram as mudanças ainda, em outros elas ainda estão sendo implantadas de forma paulatina.

A revogação e suspensão ainda é um boato, porque não tem nenhuma portaria publicada. Mas como você vai seguir com o cronograma de implementação de uma coisa que, em tese, pode mudar com o resultado de uma consulta pública? O efeito concreto dessa suspensão é nenhum. Não tem nenhum efeito a suspensão do cronograma. Nos lugares onde não foi implementado ainda, acho que suspender é algo positivo. O que eu vejo é alunos de ensino médio desesperados porque não têm aula nem conteúdo.

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