Pais dão nota que vale pontos no colégio


Quando se comportam bem em casa, filhos podem subir resultado obtido no semestre

Por Guilherme Guerra

Para incentivar melhor comportamento dos alunos em casa, o Colégio Brasil Objetivo, em Interlagos, propõe que os pais avaliem os filhos. Por meio de um questionário bimestral de 30 perguntas, o responsável anota se o filho tem arrumado a cama, feito a lição de casa e escovado os dentes. Ao final, é dada uma nota e, se o jovem cumpriu todas as obrigações no lar, o estudante pode ganhar até dois pontos na composição da nota.

Família Angelini, adaptada à nota em casa Foto: Bruna Angelini

A iniciativa surgiu quando a diretora Deverlene Rocha percebeu que os familiares tinham dificuldades em disciplinar o filho em casa. Aos poucos, ela e as coordenadoras notaram que cronogramas de bom comportamento na porta da geladeira surtiam pouco ou nenhum efeito. Daí resolveram apostar na nota como forma de recompensa em um sistema que o Brasil Objetivo chama de “avaliação de vida diária”, a AVD, pela qual passam todos os alunos do fundamental e médio. 

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A diretora afirma que a AVD não é apenas um método de recompensa para a criança. É uma forma de inserir a família no processo educacional. “É fazer com que o pai se torne mais participativo”, afirma. Além disso, a diretora sempre recomenda que a família não faça perguntas ao filho, e sim que observe se ele cumpre as obrigações. “Não quero que só a escola dê a nota”, comenta.

No dia a dia escolar do Brasil Objetivo, os dois pontos máximos das AVDs são somados à nota de participação em sala de aula (até 5 pontos) com a vistoria da coordenação, que pode dar até 3 pontos para aqueles que têm o caderno em dia, por exemplo. Esses 10 pontos máximos são depois somados com as avaliações mais tradicionais, como provas e trabalhos. Só então é feita a média.

Parceria

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Mas e se os pais forem exigentes ou relapsos demais nas avaliações? Deverlene confessa que esse é um ponto negativo do projeto, mas a coordenadoria faz um cruzamento de informações entre as avaliações de vida diária e o desempenho no espaço escolar. Se há uma grande discrepância durante muito tempo, o jeito é chamar a família para conversar. “A gente quer esse pai mais parceiro”, conta. Do mesmo jeito que um professor imprime subjetividade durante a avaliação de participação, o pai não consegue saber se o comportamento do filho é comum à faixa etária, por exemplo. Para a diretora, é nessa hora que a escola entra para calibrar essa dosagem.

Tatiane Angelini sentiu uma diferença positiva no filho Heitor após baixar a nota da avaliação de vida diária. Por “comodismo”, nas palavras dela, o garoto de 9 anos deixava de fazer a lição de casa ou só fazia com auxílio da mãe. Com a baixa avaliação, o comportamento mudou. “Acho interessante participar da nota do filho, sabendo que você contribuiu e houve melhora”, diz. 

“No começo, você acha a AVD um pouco diferente, mas com o passar do tempo a evolução é fantástica”, comenta a mãe. Seus outros dois filhos também estudam no Colégio Brasil Objetivo e também passam pelo crivo avaliativo da mãe, que garante que nunca deram trabalho nesse aspecto.

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Hoje, a filha mais velha, Camila, está para se formar no 3.º ano do ensino médio após passar a vida toda estudando na mesma instituição.

Nas AVDs, o conteúdo varia conforme o ciclo de educação. Do 1.º ao 5.º ano, o responsável deve avaliar se a criança conhece o trabalho do pai ou da mãe e se compreende o contexto dentro de casa. Depois, o aluno deve estar atento à vida financeira da casa e, no médio, se há preparação para o vestibular, estudo de uma segunda língua e leitura. “A gente mexe com a casa”, brinca Deverlene.

Postura

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Nos outros aspectos, no entanto, a escola é bastante tradicional. “Não tenho receio de dizer isso”, comenta a diretora. Ela exemplifica: é obrigatório o uso de uniforme, vetado calçar chinelo quando há aulas de educação física, e não fazer lição de casa perde ponto. Para ela, o mercado de trabalho vai cobrar um comportamento rígido, por isso é dever da escola já preparar o aluno para as etapas seguintes.

Para a maior parte dos alunos, o passo seguinte é o vestibular. Na visão do colégio, ir bem na prova não é uma tarefa isolada. Para garantir a vaga no ensino superior, é preciso dedicação, doutrina e cumprir horários. O amadurecimento é um fator importante na rotina de estudos e, de acordo com Deverlene, não ser uma pessoa com o quarto desorganizado já é um bom início. Por isso o colégio trabalha a relação de responsabilidade que o aluno deve ter não apenas no espaço físico do colégio, mas também em casa.

“As avaliações de vida diárias são um desenvolvimento integral”, diz Deverlene. Fazendo somente ajustes pontuais conforme a necessidade dos pais, ela diz que não há planos para alterar a metodologia das AVDs por enquanto. A diretora defende que a avaliação não pode ser só feita pela escola, e sim um trabalho conjunto para avaliar o indivíduo como um todo. “O ser humano não é um diploma, é uma junção de tudo”, afirma Deverlene.

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Professores são avaliados pelos estudantes

O Colégio Marista Arquidiocesano, na zona sul de São Paulo, trata seus professores como qualquer empresa lida com os funcionários: com metas de desempenho anuais. Pontualidade, comprometimento, planejamento, estratégia de aula e relacionamento com alunos e colegas são fatores que estão sob análise ao pensar nos objetivos de um docente da escola.

'Estamos aqui para somar. Nosso professor não está sozinha em sala', diz Wellington Nunes de Souza Foto: School Picture
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Para mensurar essas metas, a coordenadoria da escola faz com que os professores façam uma autoavaliação, enquanto os gestores avaliam o trabalho do professor a partir de critérios como pontualidade. No fim do processo, os estudantes também contribuem com a perspectiva da sala de aula. “Temos de dar um painel de informações e de desempenho profissional do professor como um todo”, conta o coordenador do ensino médio do Arquidiocesano, Welington Nunes de Souza. “Serve para que o professor perceba como está o trabalho dele”, afirma Souza.

O ensino médio do Arquidiocesano tem foco em vestibulares, em especial a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que é a prova com maior horizontalidade de conteúdo, segundo o coordenador. Além de dedicar esforços na formação do estudante, com palestras, aulas de reforço e interdisciplinaridade, a instituição de ensino colabora com a melhora da qualidade dos professores ao dar um feedback das avaliações feitas. Com o retorno avaliativo em mãos, o professor repensa a metodologia junto com a escola, como um plano de desenvolvimento individual.

Outro rumo

Souza conta que uma determinada disciplina com baixo desempenho entre os alunos teve as propostas didáticas alteradas depois que a coordenação se sentou com o docente para pensar novos métodos de ensino. “A gente identificou que o professor focava em aula expositiva e sem diálogo com os alunos”, lembra.

As mudanças didáticas, como materiais extras e rodas de discussão, aumentaram o desempenho da turma. Como consequência, o professor se sentiu fidelizado à escola pelo reconhecimento e o ambiente de trabalho e aprendizado fica favorável. “Estamos aqui pra somar”, afirma o coordenador. “Nosso professor não está sozinho na sala de aula. E quem se beneficia do processo é o aluno.” 

Para incentivar melhor comportamento dos alunos em casa, o Colégio Brasil Objetivo, em Interlagos, propõe que os pais avaliem os filhos. Por meio de um questionário bimestral de 30 perguntas, o responsável anota se o filho tem arrumado a cama, feito a lição de casa e escovado os dentes. Ao final, é dada uma nota e, se o jovem cumpriu todas as obrigações no lar, o estudante pode ganhar até dois pontos na composição da nota.

Família Angelini, adaptada à nota em casa Foto: Bruna Angelini

A iniciativa surgiu quando a diretora Deverlene Rocha percebeu que os familiares tinham dificuldades em disciplinar o filho em casa. Aos poucos, ela e as coordenadoras notaram que cronogramas de bom comportamento na porta da geladeira surtiam pouco ou nenhum efeito. Daí resolveram apostar na nota como forma de recompensa em um sistema que o Brasil Objetivo chama de “avaliação de vida diária”, a AVD, pela qual passam todos os alunos do fundamental e médio. 

A diretora afirma que a AVD não é apenas um método de recompensa para a criança. É uma forma de inserir a família no processo educacional. “É fazer com que o pai se torne mais participativo”, afirma. Além disso, a diretora sempre recomenda que a família não faça perguntas ao filho, e sim que observe se ele cumpre as obrigações. “Não quero que só a escola dê a nota”, comenta.

No dia a dia escolar do Brasil Objetivo, os dois pontos máximos das AVDs são somados à nota de participação em sala de aula (até 5 pontos) com a vistoria da coordenação, que pode dar até 3 pontos para aqueles que têm o caderno em dia, por exemplo. Esses 10 pontos máximos são depois somados com as avaliações mais tradicionais, como provas e trabalhos. Só então é feita a média.

Parceria

Mas e se os pais forem exigentes ou relapsos demais nas avaliações? Deverlene confessa que esse é um ponto negativo do projeto, mas a coordenadoria faz um cruzamento de informações entre as avaliações de vida diária e o desempenho no espaço escolar. Se há uma grande discrepância durante muito tempo, o jeito é chamar a família para conversar. “A gente quer esse pai mais parceiro”, conta. Do mesmo jeito que um professor imprime subjetividade durante a avaliação de participação, o pai não consegue saber se o comportamento do filho é comum à faixa etária, por exemplo. Para a diretora, é nessa hora que a escola entra para calibrar essa dosagem.

Tatiane Angelini sentiu uma diferença positiva no filho Heitor após baixar a nota da avaliação de vida diária. Por “comodismo”, nas palavras dela, o garoto de 9 anos deixava de fazer a lição de casa ou só fazia com auxílio da mãe. Com a baixa avaliação, o comportamento mudou. “Acho interessante participar da nota do filho, sabendo que você contribuiu e houve melhora”, diz. 

“No começo, você acha a AVD um pouco diferente, mas com o passar do tempo a evolução é fantástica”, comenta a mãe. Seus outros dois filhos também estudam no Colégio Brasil Objetivo e também passam pelo crivo avaliativo da mãe, que garante que nunca deram trabalho nesse aspecto.

Hoje, a filha mais velha, Camila, está para se formar no 3.º ano do ensino médio após passar a vida toda estudando na mesma instituição.

Nas AVDs, o conteúdo varia conforme o ciclo de educação. Do 1.º ao 5.º ano, o responsável deve avaliar se a criança conhece o trabalho do pai ou da mãe e se compreende o contexto dentro de casa. Depois, o aluno deve estar atento à vida financeira da casa e, no médio, se há preparação para o vestibular, estudo de uma segunda língua e leitura. “A gente mexe com a casa”, brinca Deverlene.

Postura

Nos outros aspectos, no entanto, a escola é bastante tradicional. “Não tenho receio de dizer isso”, comenta a diretora. Ela exemplifica: é obrigatório o uso de uniforme, vetado calçar chinelo quando há aulas de educação física, e não fazer lição de casa perde ponto. Para ela, o mercado de trabalho vai cobrar um comportamento rígido, por isso é dever da escola já preparar o aluno para as etapas seguintes.

Para a maior parte dos alunos, o passo seguinte é o vestibular. Na visão do colégio, ir bem na prova não é uma tarefa isolada. Para garantir a vaga no ensino superior, é preciso dedicação, doutrina e cumprir horários. O amadurecimento é um fator importante na rotina de estudos e, de acordo com Deverlene, não ser uma pessoa com o quarto desorganizado já é um bom início. Por isso o colégio trabalha a relação de responsabilidade que o aluno deve ter não apenas no espaço físico do colégio, mas também em casa.

“As avaliações de vida diárias são um desenvolvimento integral”, diz Deverlene. Fazendo somente ajustes pontuais conforme a necessidade dos pais, ela diz que não há planos para alterar a metodologia das AVDs por enquanto. A diretora defende que a avaliação não pode ser só feita pela escola, e sim um trabalho conjunto para avaliar o indivíduo como um todo. “O ser humano não é um diploma, é uma junção de tudo”, afirma Deverlene.

Professores são avaliados pelos estudantes

O Colégio Marista Arquidiocesano, na zona sul de São Paulo, trata seus professores como qualquer empresa lida com os funcionários: com metas de desempenho anuais. Pontualidade, comprometimento, planejamento, estratégia de aula e relacionamento com alunos e colegas são fatores que estão sob análise ao pensar nos objetivos de um docente da escola.

'Estamos aqui para somar. Nosso professor não está sozinha em sala', diz Wellington Nunes de Souza Foto: School Picture

Para mensurar essas metas, a coordenadoria da escola faz com que os professores façam uma autoavaliação, enquanto os gestores avaliam o trabalho do professor a partir de critérios como pontualidade. No fim do processo, os estudantes também contribuem com a perspectiva da sala de aula. “Temos de dar um painel de informações e de desempenho profissional do professor como um todo”, conta o coordenador do ensino médio do Arquidiocesano, Welington Nunes de Souza. “Serve para que o professor perceba como está o trabalho dele”, afirma Souza.

O ensino médio do Arquidiocesano tem foco em vestibulares, em especial a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que é a prova com maior horizontalidade de conteúdo, segundo o coordenador. Além de dedicar esforços na formação do estudante, com palestras, aulas de reforço e interdisciplinaridade, a instituição de ensino colabora com a melhora da qualidade dos professores ao dar um feedback das avaliações feitas. Com o retorno avaliativo em mãos, o professor repensa a metodologia junto com a escola, como um plano de desenvolvimento individual.

Outro rumo

Souza conta que uma determinada disciplina com baixo desempenho entre os alunos teve as propostas didáticas alteradas depois que a coordenação se sentou com o docente para pensar novos métodos de ensino. “A gente identificou que o professor focava em aula expositiva e sem diálogo com os alunos”, lembra.

As mudanças didáticas, como materiais extras e rodas de discussão, aumentaram o desempenho da turma. Como consequência, o professor se sentiu fidelizado à escola pelo reconhecimento e o ambiente de trabalho e aprendizado fica favorável. “Estamos aqui pra somar”, afirma o coordenador. “Nosso professor não está sozinho na sala de aula. E quem se beneficia do processo é o aluno.” 

Para incentivar melhor comportamento dos alunos em casa, o Colégio Brasil Objetivo, em Interlagos, propõe que os pais avaliem os filhos. Por meio de um questionário bimestral de 30 perguntas, o responsável anota se o filho tem arrumado a cama, feito a lição de casa e escovado os dentes. Ao final, é dada uma nota e, se o jovem cumpriu todas as obrigações no lar, o estudante pode ganhar até dois pontos na composição da nota.

Família Angelini, adaptada à nota em casa Foto: Bruna Angelini

A iniciativa surgiu quando a diretora Deverlene Rocha percebeu que os familiares tinham dificuldades em disciplinar o filho em casa. Aos poucos, ela e as coordenadoras notaram que cronogramas de bom comportamento na porta da geladeira surtiam pouco ou nenhum efeito. Daí resolveram apostar na nota como forma de recompensa em um sistema que o Brasil Objetivo chama de “avaliação de vida diária”, a AVD, pela qual passam todos os alunos do fundamental e médio. 

A diretora afirma que a AVD não é apenas um método de recompensa para a criança. É uma forma de inserir a família no processo educacional. “É fazer com que o pai se torne mais participativo”, afirma. Além disso, a diretora sempre recomenda que a família não faça perguntas ao filho, e sim que observe se ele cumpre as obrigações. “Não quero que só a escola dê a nota”, comenta.

No dia a dia escolar do Brasil Objetivo, os dois pontos máximos das AVDs são somados à nota de participação em sala de aula (até 5 pontos) com a vistoria da coordenação, que pode dar até 3 pontos para aqueles que têm o caderno em dia, por exemplo. Esses 10 pontos máximos são depois somados com as avaliações mais tradicionais, como provas e trabalhos. Só então é feita a média.

Parceria

Mas e se os pais forem exigentes ou relapsos demais nas avaliações? Deverlene confessa que esse é um ponto negativo do projeto, mas a coordenadoria faz um cruzamento de informações entre as avaliações de vida diária e o desempenho no espaço escolar. Se há uma grande discrepância durante muito tempo, o jeito é chamar a família para conversar. “A gente quer esse pai mais parceiro”, conta. Do mesmo jeito que um professor imprime subjetividade durante a avaliação de participação, o pai não consegue saber se o comportamento do filho é comum à faixa etária, por exemplo. Para a diretora, é nessa hora que a escola entra para calibrar essa dosagem.

Tatiane Angelini sentiu uma diferença positiva no filho Heitor após baixar a nota da avaliação de vida diária. Por “comodismo”, nas palavras dela, o garoto de 9 anos deixava de fazer a lição de casa ou só fazia com auxílio da mãe. Com a baixa avaliação, o comportamento mudou. “Acho interessante participar da nota do filho, sabendo que você contribuiu e houve melhora”, diz. 

“No começo, você acha a AVD um pouco diferente, mas com o passar do tempo a evolução é fantástica”, comenta a mãe. Seus outros dois filhos também estudam no Colégio Brasil Objetivo e também passam pelo crivo avaliativo da mãe, que garante que nunca deram trabalho nesse aspecto.

Hoje, a filha mais velha, Camila, está para se formar no 3.º ano do ensino médio após passar a vida toda estudando na mesma instituição.

Nas AVDs, o conteúdo varia conforme o ciclo de educação. Do 1.º ao 5.º ano, o responsável deve avaliar se a criança conhece o trabalho do pai ou da mãe e se compreende o contexto dentro de casa. Depois, o aluno deve estar atento à vida financeira da casa e, no médio, se há preparação para o vestibular, estudo de uma segunda língua e leitura. “A gente mexe com a casa”, brinca Deverlene.

Postura

Nos outros aspectos, no entanto, a escola é bastante tradicional. “Não tenho receio de dizer isso”, comenta a diretora. Ela exemplifica: é obrigatório o uso de uniforme, vetado calçar chinelo quando há aulas de educação física, e não fazer lição de casa perde ponto. Para ela, o mercado de trabalho vai cobrar um comportamento rígido, por isso é dever da escola já preparar o aluno para as etapas seguintes.

Para a maior parte dos alunos, o passo seguinte é o vestibular. Na visão do colégio, ir bem na prova não é uma tarefa isolada. Para garantir a vaga no ensino superior, é preciso dedicação, doutrina e cumprir horários. O amadurecimento é um fator importante na rotina de estudos e, de acordo com Deverlene, não ser uma pessoa com o quarto desorganizado já é um bom início. Por isso o colégio trabalha a relação de responsabilidade que o aluno deve ter não apenas no espaço físico do colégio, mas também em casa.

“As avaliações de vida diárias são um desenvolvimento integral”, diz Deverlene. Fazendo somente ajustes pontuais conforme a necessidade dos pais, ela diz que não há planos para alterar a metodologia das AVDs por enquanto. A diretora defende que a avaliação não pode ser só feita pela escola, e sim um trabalho conjunto para avaliar o indivíduo como um todo. “O ser humano não é um diploma, é uma junção de tudo”, afirma Deverlene.

Professores são avaliados pelos estudantes

O Colégio Marista Arquidiocesano, na zona sul de São Paulo, trata seus professores como qualquer empresa lida com os funcionários: com metas de desempenho anuais. Pontualidade, comprometimento, planejamento, estratégia de aula e relacionamento com alunos e colegas são fatores que estão sob análise ao pensar nos objetivos de um docente da escola.

'Estamos aqui para somar. Nosso professor não está sozinha em sala', diz Wellington Nunes de Souza Foto: School Picture

Para mensurar essas metas, a coordenadoria da escola faz com que os professores façam uma autoavaliação, enquanto os gestores avaliam o trabalho do professor a partir de critérios como pontualidade. No fim do processo, os estudantes também contribuem com a perspectiva da sala de aula. “Temos de dar um painel de informações e de desempenho profissional do professor como um todo”, conta o coordenador do ensino médio do Arquidiocesano, Welington Nunes de Souza. “Serve para que o professor perceba como está o trabalho dele”, afirma Souza.

O ensino médio do Arquidiocesano tem foco em vestibulares, em especial a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que é a prova com maior horizontalidade de conteúdo, segundo o coordenador. Além de dedicar esforços na formação do estudante, com palestras, aulas de reforço e interdisciplinaridade, a instituição de ensino colabora com a melhora da qualidade dos professores ao dar um feedback das avaliações feitas. Com o retorno avaliativo em mãos, o professor repensa a metodologia junto com a escola, como um plano de desenvolvimento individual.

Outro rumo

Souza conta que uma determinada disciplina com baixo desempenho entre os alunos teve as propostas didáticas alteradas depois que a coordenação se sentou com o docente para pensar novos métodos de ensino. “A gente identificou que o professor focava em aula expositiva e sem diálogo com os alunos”, lembra.

As mudanças didáticas, como materiais extras e rodas de discussão, aumentaram o desempenho da turma. Como consequência, o professor se sentiu fidelizado à escola pelo reconhecimento e o ambiente de trabalho e aprendizado fica favorável. “Estamos aqui pra somar”, afirma o coordenador. “Nosso professor não está sozinho na sala de aula. E quem se beneficia do processo é o aluno.” 

Para incentivar melhor comportamento dos alunos em casa, o Colégio Brasil Objetivo, em Interlagos, propõe que os pais avaliem os filhos. Por meio de um questionário bimestral de 30 perguntas, o responsável anota se o filho tem arrumado a cama, feito a lição de casa e escovado os dentes. Ao final, é dada uma nota e, se o jovem cumpriu todas as obrigações no lar, o estudante pode ganhar até dois pontos na composição da nota.

Família Angelini, adaptada à nota em casa Foto: Bruna Angelini

A iniciativa surgiu quando a diretora Deverlene Rocha percebeu que os familiares tinham dificuldades em disciplinar o filho em casa. Aos poucos, ela e as coordenadoras notaram que cronogramas de bom comportamento na porta da geladeira surtiam pouco ou nenhum efeito. Daí resolveram apostar na nota como forma de recompensa em um sistema que o Brasil Objetivo chama de “avaliação de vida diária”, a AVD, pela qual passam todos os alunos do fundamental e médio. 

A diretora afirma que a AVD não é apenas um método de recompensa para a criança. É uma forma de inserir a família no processo educacional. “É fazer com que o pai se torne mais participativo”, afirma. Além disso, a diretora sempre recomenda que a família não faça perguntas ao filho, e sim que observe se ele cumpre as obrigações. “Não quero que só a escola dê a nota”, comenta.

No dia a dia escolar do Brasil Objetivo, os dois pontos máximos das AVDs são somados à nota de participação em sala de aula (até 5 pontos) com a vistoria da coordenação, que pode dar até 3 pontos para aqueles que têm o caderno em dia, por exemplo. Esses 10 pontos máximos são depois somados com as avaliações mais tradicionais, como provas e trabalhos. Só então é feita a média.

Parceria

Mas e se os pais forem exigentes ou relapsos demais nas avaliações? Deverlene confessa que esse é um ponto negativo do projeto, mas a coordenadoria faz um cruzamento de informações entre as avaliações de vida diária e o desempenho no espaço escolar. Se há uma grande discrepância durante muito tempo, o jeito é chamar a família para conversar. “A gente quer esse pai mais parceiro”, conta. Do mesmo jeito que um professor imprime subjetividade durante a avaliação de participação, o pai não consegue saber se o comportamento do filho é comum à faixa etária, por exemplo. Para a diretora, é nessa hora que a escola entra para calibrar essa dosagem.

Tatiane Angelini sentiu uma diferença positiva no filho Heitor após baixar a nota da avaliação de vida diária. Por “comodismo”, nas palavras dela, o garoto de 9 anos deixava de fazer a lição de casa ou só fazia com auxílio da mãe. Com a baixa avaliação, o comportamento mudou. “Acho interessante participar da nota do filho, sabendo que você contribuiu e houve melhora”, diz. 

“No começo, você acha a AVD um pouco diferente, mas com o passar do tempo a evolução é fantástica”, comenta a mãe. Seus outros dois filhos também estudam no Colégio Brasil Objetivo e também passam pelo crivo avaliativo da mãe, que garante que nunca deram trabalho nesse aspecto.

Hoje, a filha mais velha, Camila, está para se formar no 3.º ano do ensino médio após passar a vida toda estudando na mesma instituição.

Nas AVDs, o conteúdo varia conforme o ciclo de educação. Do 1.º ao 5.º ano, o responsável deve avaliar se a criança conhece o trabalho do pai ou da mãe e se compreende o contexto dentro de casa. Depois, o aluno deve estar atento à vida financeira da casa e, no médio, se há preparação para o vestibular, estudo de uma segunda língua e leitura. “A gente mexe com a casa”, brinca Deverlene.

Postura

Nos outros aspectos, no entanto, a escola é bastante tradicional. “Não tenho receio de dizer isso”, comenta a diretora. Ela exemplifica: é obrigatório o uso de uniforme, vetado calçar chinelo quando há aulas de educação física, e não fazer lição de casa perde ponto. Para ela, o mercado de trabalho vai cobrar um comportamento rígido, por isso é dever da escola já preparar o aluno para as etapas seguintes.

Para a maior parte dos alunos, o passo seguinte é o vestibular. Na visão do colégio, ir bem na prova não é uma tarefa isolada. Para garantir a vaga no ensino superior, é preciso dedicação, doutrina e cumprir horários. O amadurecimento é um fator importante na rotina de estudos e, de acordo com Deverlene, não ser uma pessoa com o quarto desorganizado já é um bom início. Por isso o colégio trabalha a relação de responsabilidade que o aluno deve ter não apenas no espaço físico do colégio, mas também em casa.

“As avaliações de vida diárias são um desenvolvimento integral”, diz Deverlene. Fazendo somente ajustes pontuais conforme a necessidade dos pais, ela diz que não há planos para alterar a metodologia das AVDs por enquanto. A diretora defende que a avaliação não pode ser só feita pela escola, e sim um trabalho conjunto para avaliar o indivíduo como um todo. “O ser humano não é um diploma, é uma junção de tudo”, afirma Deverlene.

Professores são avaliados pelos estudantes

O Colégio Marista Arquidiocesano, na zona sul de São Paulo, trata seus professores como qualquer empresa lida com os funcionários: com metas de desempenho anuais. Pontualidade, comprometimento, planejamento, estratégia de aula e relacionamento com alunos e colegas são fatores que estão sob análise ao pensar nos objetivos de um docente da escola.

'Estamos aqui para somar. Nosso professor não está sozinha em sala', diz Wellington Nunes de Souza Foto: School Picture

Para mensurar essas metas, a coordenadoria da escola faz com que os professores façam uma autoavaliação, enquanto os gestores avaliam o trabalho do professor a partir de critérios como pontualidade. No fim do processo, os estudantes também contribuem com a perspectiva da sala de aula. “Temos de dar um painel de informações e de desempenho profissional do professor como um todo”, conta o coordenador do ensino médio do Arquidiocesano, Welington Nunes de Souza. “Serve para que o professor perceba como está o trabalho dele”, afirma Souza.

O ensino médio do Arquidiocesano tem foco em vestibulares, em especial a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que é a prova com maior horizontalidade de conteúdo, segundo o coordenador. Além de dedicar esforços na formação do estudante, com palestras, aulas de reforço e interdisciplinaridade, a instituição de ensino colabora com a melhora da qualidade dos professores ao dar um feedback das avaliações feitas. Com o retorno avaliativo em mãos, o professor repensa a metodologia junto com a escola, como um plano de desenvolvimento individual.

Outro rumo

Souza conta que uma determinada disciplina com baixo desempenho entre os alunos teve as propostas didáticas alteradas depois que a coordenação se sentou com o docente para pensar novos métodos de ensino. “A gente identificou que o professor focava em aula expositiva e sem diálogo com os alunos”, lembra.

As mudanças didáticas, como materiais extras e rodas de discussão, aumentaram o desempenho da turma. Como consequência, o professor se sentiu fidelizado à escola pelo reconhecimento e o ambiente de trabalho e aprendizado fica favorável. “Estamos aqui pra somar”, afirma o coordenador. “Nosso professor não está sozinho na sala de aula. E quem se beneficia do processo é o aluno.” 

Para incentivar melhor comportamento dos alunos em casa, o Colégio Brasil Objetivo, em Interlagos, propõe que os pais avaliem os filhos. Por meio de um questionário bimestral de 30 perguntas, o responsável anota se o filho tem arrumado a cama, feito a lição de casa e escovado os dentes. Ao final, é dada uma nota e, se o jovem cumpriu todas as obrigações no lar, o estudante pode ganhar até dois pontos na composição da nota.

Família Angelini, adaptada à nota em casa Foto: Bruna Angelini

A iniciativa surgiu quando a diretora Deverlene Rocha percebeu que os familiares tinham dificuldades em disciplinar o filho em casa. Aos poucos, ela e as coordenadoras notaram que cronogramas de bom comportamento na porta da geladeira surtiam pouco ou nenhum efeito. Daí resolveram apostar na nota como forma de recompensa em um sistema que o Brasil Objetivo chama de “avaliação de vida diária”, a AVD, pela qual passam todos os alunos do fundamental e médio. 

A diretora afirma que a AVD não é apenas um método de recompensa para a criança. É uma forma de inserir a família no processo educacional. “É fazer com que o pai se torne mais participativo”, afirma. Além disso, a diretora sempre recomenda que a família não faça perguntas ao filho, e sim que observe se ele cumpre as obrigações. “Não quero que só a escola dê a nota”, comenta.

No dia a dia escolar do Brasil Objetivo, os dois pontos máximos das AVDs são somados à nota de participação em sala de aula (até 5 pontos) com a vistoria da coordenação, que pode dar até 3 pontos para aqueles que têm o caderno em dia, por exemplo. Esses 10 pontos máximos são depois somados com as avaliações mais tradicionais, como provas e trabalhos. Só então é feita a média.

Parceria

Mas e se os pais forem exigentes ou relapsos demais nas avaliações? Deverlene confessa que esse é um ponto negativo do projeto, mas a coordenadoria faz um cruzamento de informações entre as avaliações de vida diária e o desempenho no espaço escolar. Se há uma grande discrepância durante muito tempo, o jeito é chamar a família para conversar. “A gente quer esse pai mais parceiro”, conta. Do mesmo jeito que um professor imprime subjetividade durante a avaliação de participação, o pai não consegue saber se o comportamento do filho é comum à faixa etária, por exemplo. Para a diretora, é nessa hora que a escola entra para calibrar essa dosagem.

Tatiane Angelini sentiu uma diferença positiva no filho Heitor após baixar a nota da avaliação de vida diária. Por “comodismo”, nas palavras dela, o garoto de 9 anos deixava de fazer a lição de casa ou só fazia com auxílio da mãe. Com a baixa avaliação, o comportamento mudou. “Acho interessante participar da nota do filho, sabendo que você contribuiu e houve melhora”, diz. 

“No começo, você acha a AVD um pouco diferente, mas com o passar do tempo a evolução é fantástica”, comenta a mãe. Seus outros dois filhos também estudam no Colégio Brasil Objetivo e também passam pelo crivo avaliativo da mãe, que garante que nunca deram trabalho nesse aspecto.

Hoje, a filha mais velha, Camila, está para se formar no 3.º ano do ensino médio após passar a vida toda estudando na mesma instituição.

Nas AVDs, o conteúdo varia conforme o ciclo de educação. Do 1.º ao 5.º ano, o responsável deve avaliar se a criança conhece o trabalho do pai ou da mãe e se compreende o contexto dentro de casa. Depois, o aluno deve estar atento à vida financeira da casa e, no médio, se há preparação para o vestibular, estudo de uma segunda língua e leitura. “A gente mexe com a casa”, brinca Deverlene.

Postura

Nos outros aspectos, no entanto, a escola é bastante tradicional. “Não tenho receio de dizer isso”, comenta a diretora. Ela exemplifica: é obrigatório o uso de uniforme, vetado calçar chinelo quando há aulas de educação física, e não fazer lição de casa perde ponto. Para ela, o mercado de trabalho vai cobrar um comportamento rígido, por isso é dever da escola já preparar o aluno para as etapas seguintes.

Para a maior parte dos alunos, o passo seguinte é o vestibular. Na visão do colégio, ir bem na prova não é uma tarefa isolada. Para garantir a vaga no ensino superior, é preciso dedicação, doutrina e cumprir horários. O amadurecimento é um fator importante na rotina de estudos e, de acordo com Deverlene, não ser uma pessoa com o quarto desorganizado já é um bom início. Por isso o colégio trabalha a relação de responsabilidade que o aluno deve ter não apenas no espaço físico do colégio, mas também em casa.

“As avaliações de vida diárias são um desenvolvimento integral”, diz Deverlene. Fazendo somente ajustes pontuais conforme a necessidade dos pais, ela diz que não há planos para alterar a metodologia das AVDs por enquanto. A diretora defende que a avaliação não pode ser só feita pela escola, e sim um trabalho conjunto para avaliar o indivíduo como um todo. “O ser humano não é um diploma, é uma junção de tudo”, afirma Deverlene.

Professores são avaliados pelos estudantes

O Colégio Marista Arquidiocesano, na zona sul de São Paulo, trata seus professores como qualquer empresa lida com os funcionários: com metas de desempenho anuais. Pontualidade, comprometimento, planejamento, estratégia de aula e relacionamento com alunos e colegas são fatores que estão sob análise ao pensar nos objetivos de um docente da escola.

'Estamos aqui para somar. Nosso professor não está sozinha em sala', diz Wellington Nunes de Souza Foto: School Picture

Para mensurar essas metas, a coordenadoria da escola faz com que os professores façam uma autoavaliação, enquanto os gestores avaliam o trabalho do professor a partir de critérios como pontualidade. No fim do processo, os estudantes também contribuem com a perspectiva da sala de aula. “Temos de dar um painel de informações e de desempenho profissional do professor como um todo”, conta o coordenador do ensino médio do Arquidiocesano, Welington Nunes de Souza. “Serve para que o professor perceba como está o trabalho dele”, afirma Souza.

O ensino médio do Arquidiocesano tem foco em vestibulares, em especial a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que é a prova com maior horizontalidade de conteúdo, segundo o coordenador. Além de dedicar esforços na formação do estudante, com palestras, aulas de reforço e interdisciplinaridade, a instituição de ensino colabora com a melhora da qualidade dos professores ao dar um feedback das avaliações feitas. Com o retorno avaliativo em mãos, o professor repensa a metodologia junto com a escola, como um plano de desenvolvimento individual.

Outro rumo

Souza conta que uma determinada disciplina com baixo desempenho entre os alunos teve as propostas didáticas alteradas depois que a coordenação se sentou com o docente para pensar novos métodos de ensino. “A gente identificou que o professor focava em aula expositiva e sem diálogo com os alunos”, lembra.

As mudanças didáticas, como materiais extras e rodas de discussão, aumentaram o desempenho da turma. Como consequência, o professor se sentiu fidelizado à escola pelo reconhecimento e o ambiente de trabalho e aprendizado fica favorável. “Estamos aqui pra somar”, afirma o coordenador. “Nosso professor não está sozinho na sala de aula. E quem se beneficia do processo é o aluno.” 

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