‘Pais helicóptero’ e a busca do sucesso na criação dos filhos: 5 visões de um professor de Yale


Fabrizio Zilibotti fala de como a economia influenciou a mudança da parentalidade no mundo ao longo dos anos

Por Renata Cafardo
Atualização:

O aumento da desigualdade no mundo nos últimos anos fez com que as famílias passassem a cobrar mais desempenho e superproteger crianças e jovens - chegando ao extremo dos chamados “pais helicópteros”, que interferem exageradamente nas escolhas dos filhos. É o que mostram os dados das pesquisas do economista e professor da Universidade de Yale, Fabrizio Zilibotti.

Em entrevista ao Estadão, o pesquisador comentou algumas das suas constatações sobre como a paternidade se tornou “mais intensa” nos últimos anos e como a Inteligência Artificial pode mudar esse cenário. A seguir, cinco visões do economista.

Pesquisador fala de como a superproteção acaba prejudicando a autonomia das crianças Foto: liderina/Adobe Stock
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Tempo que os pais se dedicam aos filhos

As pesquisas indicam que aumentou em mais de 3 vezes o tempo que os pais dedicam aos filhos, ante os anos 1970, ajudando em lições de casa ou com cuidado.

“Poderíamos suspeitar que os pais simplesmente aprenderam a gostar de brincar com seus filhos. Eles podem fazer isso também, mas a maior parte da nova paternidade intensiva consiste em empurrar as crianças para se tornarem realizadoras precoces.”

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Pressão pelo sucesso

“O sucesso na educação tornou-se muito mais relevante para o sucesso econômico e social futuro, o que induziu os pais a aumentar seus esforços para apoiar e pressionar os filhos a alcançar êxito escolar. Isso tem sido especialmente importante entre pais da classe média”, afirma.

“Em países com baixa desigualdade, como Suécia ou Noruega, as consequências do sucesso ou fracasso educacional são menos dramáticas do que em países como os EUA ou China, onde entrar em uma boa universidade e ter bom desempenho têm grandes efeitos no futuro sucesso econômico de uma criança.”

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“No mundo de hoje, especialmente em sociedades competitivas, os pais colocam grande esforço e dinheiro para promover o sucesso educacional de seus filhos.”

“Nos EUA, eles os empurram para atividades extracurriculares ou esportivas caras que aumentam as chances de seus filhos conseguirem admissão em boas universidades. Em países asiáticos, muitos enviam seus filhos para escolas preparatórias para se saírem bem nos exames.”

Quem são os ‘pais helicóptero’

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“Vemos os pais “helicóptero” como uma manifestação de um estilo de parentalidade autoritativo, com ênfase na proteção e interferência nas escolhas que as crianças fazem.”

“Pais autoritativos tentam influenciar o comportamento de seus filhos. Sua abordagem está associada a dialogar com eles e moldar suas opiniões e valores. Eles trabalham arduamente para motivá-los, mas essa abordagem pode às vezes sufocar a independência e a iniciativa espontânea das crianças.”

Superproteção

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“Acredito que a parentalidade “helicóptero” pode prejudicar a autonomia das crianças e limitar sua capacidade de lidar de forma independente com situações desafiadoras.”

“Vejo os jovens muitas vezes exigirem proteção contra aspectos indesejáveis da vida social. E sabemos dos crescentes problemas de saúde mental. Não deixar as crianças enfrentarem desafios só piora as coisas.”

Inteligência Artificial e paternidade

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Zilibotti credita que a inteligência artificial pode ajudar a mudar esse cenário, já que os robôs passam a dominar habilidades técnicas e substituir ocupações. “A IA pode ser menos apta a realizar tarefas que exigem imaginação e criatividade”, diz o pesquisador.

“E os pais podem perceber que sufocar a independência de seus filhos não os ajuda a ser criativos. Isso pode fazer com que a criança siga sua vocação natural, por exemplo, em vez de se tornarem todos advogados ou engenheiros.”

O aumento da desigualdade no mundo nos últimos anos fez com que as famílias passassem a cobrar mais desempenho e superproteger crianças e jovens - chegando ao extremo dos chamados “pais helicópteros”, que interferem exageradamente nas escolhas dos filhos. É o que mostram os dados das pesquisas do economista e professor da Universidade de Yale, Fabrizio Zilibotti.

Em entrevista ao Estadão, o pesquisador comentou algumas das suas constatações sobre como a paternidade se tornou “mais intensa” nos últimos anos e como a Inteligência Artificial pode mudar esse cenário. A seguir, cinco visões do economista.

Pesquisador fala de como a superproteção acaba prejudicando a autonomia das crianças Foto: liderina/Adobe Stock

Tempo que os pais se dedicam aos filhos

As pesquisas indicam que aumentou em mais de 3 vezes o tempo que os pais dedicam aos filhos, ante os anos 1970, ajudando em lições de casa ou com cuidado.

“Poderíamos suspeitar que os pais simplesmente aprenderam a gostar de brincar com seus filhos. Eles podem fazer isso também, mas a maior parte da nova paternidade intensiva consiste em empurrar as crianças para se tornarem realizadoras precoces.”

Pressão pelo sucesso

“O sucesso na educação tornou-se muito mais relevante para o sucesso econômico e social futuro, o que induziu os pais a aumentar seus esforços para apoiar e pressionar os filhos a alcançar êxito escolar. Isso tem sido especialmente importante entre pais da classe média”, afirma.

“Em países com baixa desigualdade, como Suécia ou Noruega, as consequências do sucesso ou fracasso educacional são menos dramáticas do que em países como os EUA ou China, onde entrar em uma boa universidade e ter bom desempenho têm grandes efeitos no futuro sucesso econômico de uma criança.”

“No mundo de hoje, especialmente em sociedades competitivas, os pais colocam grande esforço e dinheiro para promover o sucesso educacional de seus filhos.”

“Nos EUA, eles os empurram para atividades extracurriculares ou esportivas caras que aumentam as chances de seus filhos conseguirem admissão em boas universidades. Em países asiáticos, muitos enviam seus filhos para escolas preparatórias para se saírem bem nos exames.”

Quem são os ‘pais helicóptero’

“Vemos os pais “helicóptero” como uma manifestação de um estilo de parentalidade autoritativo, com ênfase na proteção e interferência nas escolhas que as crianças fazem.”

“Pais autoritativos tentam influenciar o comportamento de seus filhos. Sua abordagem está associada a dialogar com eles e moldar suas opiniões e valores. Eles trabalham arduamente para motivá-los, mas essa abordagem pode às vezes sufocar a independência e a iniciativa espontânea das crianças.”

Superproteção

“Acredito que a parentalidade “helicóptero” pode prejudicar a autonomia das crianças e limitar sua capacidade de lidar de forma independente com situações desafiadoras.”

“Vejo os jovens muitas vezes exigirem proteção contra aspectos indesejáveis da vida social. E sabemos dos crescentes problemas de saúde mental. Não deixar as crianças enfrentarem desafios só piora as coisas.”

Inteligência Artificial e paternidade

Zilibotti credita que a inteligência artificial pode ajudar a mudar esse cenário, já que os robôs passam a dominar habilidades técnicas e substituir ocupações. “A IA pode ser menos apta a realizar tarefas que exigem imaginação e criatividade”, diz o pesquisador.

“E os pais podem perceber que sufocar a independência de seus filhos não os ajuda a ser criativos. Isso pode fazer com que a criança siga sua vocação natural, por exemplo, em vez de se tornarem todos advogados ou engenheiros.”

O aumento da desigualdade no mundo nos últimos anos fez com que as famílias passassem a cobrar mais desempenho e superproteger crianças e jovens - chegando ao extremo dos chamados “pais helicópteros”, que interferem exageradamente nas escolhas dos filhos. É o que mostram os dados das pesquisas do economista e professor da Universidade de Yale, Fabrizio Zilibotti.

Em entrevista ao Estadão, o pesquisador comentou algumas das suas constatações sobre como a paternidade se tornou “mais intensa” nos últimos anos e como a Inteligência Artificial pode mudar esse cenário. A seguir, cinco visões do economista.

Pesquisador fala de como a superproteção acaba prejudicando a autonomia das crianças Foto: liderina/Adobe Stock

Tempo que os pais se dedicam aos filhos

As pesquisas indicam que aumentou em mais de 3 vezes o tempo que os pais dedicam aos filhos, ante os anos 1970, ajudando em lições de casa ou com cuidado.

“Poderíamos suspeitar que os pais simplesmente aprenderam a gostar de brincar com seus filhos. Eles podem fazer isso também, mas a maior parte da nova paternidade intensiva consiste em empurrar as crianças para se tornarem realizadoras precoces.”

Pressão pelo sucesso

“O sucesso na educação tornou-se muito mais relevante para o sucesso econômico e social futuro, o que induziu os pais a aumentar seus esforços para apoiar e pressionar os filhos a alcançar êxito escolar. Isso tem sido especialmente importante entre pais da classe média”, afirma.

“Em países com baixa desigualdade, como Suécia ou Noruega, as consequências do sucesso ou fracasso educacional são menos dramáticas do que em países como os EUA ou China, onde entrar em uma boa universidade e ter bom desempenho têm grandes efeitos no futuro sucesso econômico de uma criança.”

“No mundo de hoje, especialmente em sociedades competitivas, os pais colocam grande esforço e dinheiro para promover o sucesso educacional de seus filhos.”

“Nos EUA, eles os empurram para atividades extracurriculares ou esportivas caras que aumentam as chances de seus filhos conseguirem admissão em boas universidades. Em países asiáticos, muitos enviam seus filhos para escolas preparatórias para se saírem bem nos exames.”

Quem são os ‘pais helicóptero’

“Vemos os pais “helicóptero” como uma manifestação de um estilo de parentalidade autoritativo, com ênfase na proteção e interferência nas escolhas que as crianças fazem.”

“Pais autoritativos tentam influenciar o comportamento de seus filhos. Sua abordagem está associada a dialogar com eles e moldar suas opiniões e valores. Eles trabalham arduamente para motivá-los, mas essa abordagem pode às vezes sufocar a independência e a iniciativa espontânea das crianças.”

Superproteção

“Acredito que a parentalidade “helicóptero” pode prejudicar a autonomia das crianças e limitar sua capacidade de lidar de forma independente com situações desafiadoras.”

“Vejo os jovens muitas vezes exigirem proteção contra aspectos indesejáveis da vida social. E sabemos dos crescentes problemas de saúde mental. Não deixar as crianças enfrentarem desafios só piora as coisas.”

Inteligência Artificial e paternidade

Zilibotti credita que a inteligência artificial pode ajudar a mudar esse cenário, já que os robôs passam a dominar habilidades técnicas e substituir ocupações. “A IA pode ser menos apta a realizar tarefas que exigem imaginação e criatividade”, diz o pesquisador.

“E os pais podem perceber que sufocar a independência de seus filhos não os ajuda a ser criativos. Isso pode fazer com que a criança siga sua vocação natural, por exemplo, em vez de se tornarem todos advogados ou engenheiros.”

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