Pesquisadora ficou em 1º na seleção do doutorado na UFRJ. E descobriu agora que está sem bolsa


Jovem estuda como o zika pode ajudar no tratamento de tumor cerebral; auxílio do governo federal é a única fonte de renda dela

Por Roberta Jansen

RIO - A gestão Jair Bolsonaro anunciou esta semana o corte de mais 5.613 bolsas de pós-graduação que seriam ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência federal de fomento à pesquisa, a partir de setembro. O congelamento soma-se a outras 6.198 bolsas que haviam sido bloqueadas no 1.º semestre.

'Sem bolsa, não dá para continuar', diz a pesquisadora da UFRJ Gabriella Pinheiro Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A medida afeta todas as bolsas que seriam ofertadas até o fim deste ano - ou seja, se não houver desbloqueio de recursos, nenhum novo auxílio será concedido este ano. O governo diz que a decisão é justificada pelo cenário fiscal adverso. 

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O Estado ouviu Gabriella Pinheiro, de 25 anos, jovem pesquisadora da Universidade Federal do Rio (UFRJ), a maior federal do País. Recém-aprovada no doutorado, ela foi surpreendida com o anúncio do congelamento do auxílio de R$ 2,2 mil que havia conquistado.

"Sem bolsa, não dá para continuar", diz ela, que estuda o potencial do vírus no tratamento de tumores e já havia perdido a chance de ter uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas em 2019. "Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

Leia a seguir o depoimento da pesquisadora Gabriella Pinheiro à reportagem:

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"Sou biomédica formada e aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, uma pós-graduação que tem conceito 7, que é a nota máxima de avaliação da Capes.

Meu projeto no doutorado era estudar o potencial do vírus zika no tratamento do tumor glioblastoma (tipo de tumor cerebral). Durante o mestrado, que defendi há dez dias, eu estudei também esse tumor intracraniano maligno, o mais maligno do cérebro. A expectativa de vida dos pacientes diagnosticados com esse tumor é de aproximadamente 15 meses porque é um tumor extremamente resistente ao tratamento.

+ LEIA TAMBÉM: Sem verba, CNPq suspende novas bolsas

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+ LEIA TAMBÉM: Como a educação virou o que virou

No doutorado, observamos que o vírus seria um potente aliado no tratamento porque é capaz de infectar as células tumorais e mata-las sem atingir as células saudáveis. O nosso objetivo era realizar exames in vitro e in vivo para descobrir os mecanismos pelos quais o vírus é capaz de infectar essas células e como as mata.

Entreguei na segunda-feira os documentos necessários para a bolsa da capes e na terça descobri que ela foi cancelada. No Brasil, para ser pesquisador, precisamos de bolsa. Mas com esse congelamento, sem a bolsa (que é de R$ 2,2 mil) é insustentável se manter na pesquisa. Conto com esse dinheiro, que é minha única fonte de renda. E quando a gente entra na pós, assina um termo de dedicação exclusiva.

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Fui pega de surpresa. A seleção (para a bolsa de doutorado) foi no final de agosto. Passei em primeiro lugar. Normalmente, quem passa em primeiro fica com a bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas), que é um pouco mais alta. Mas essa bolsa foi cortada e a secretaria me redirecionou para a bolsa da Capes. A bolsa já estava reservada para mim, mas foi cortada também.

Agora não sei o que fazer. Sem bolsa, não dá pra continuar. E o nosso projeto é de extrema importância para a saúde pública. Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

RIO - A gestão Jair Bolsonaro anunciou esta semana o corte de mais 5.613 bolsas de pós-graduação que seriam ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência federal de fomento à pesquisa, a partir de setembro. O congelamento soma-se a outras 6.198 bolsas que haviam sido bloqueadas no 1.º semestre.

'Sem bolsa, não dá para continuar', diz a pesquisadora da UFRJ Gabriella Pinheiro Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A medida afeta todas as bolsas que seriam ofertadas até o fim deste ano - ou seja, se não houver desbloqueio de recursos, nenhum novo auxílio será concedido este ano. O governo diz que a decisão é justificada pelo cenário fiscal adverso. 

O Estado ouviu Gabriella Pinheiro, de 25 anos, jovem pesquisadora da Universidade Federal do Rio (UFRJ), a maior federal do País. Recém-aprovada no doutorado, ela foi surpreendida com o anúncio do congelamento do auxílio de R$ 2,2 mil que havia conquistado.

"Sem bolsa, não dá para continuar", diz ela, que estuda o potencial do vírus no tratamento de tumores e já havia perdido a chance de ter uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas em 2019. "Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

Leia a seguir o depoimento da pesquisadora Gabriella Pinheiro à reportagem:

"Sou biomédica formada e aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, uma pós-graduação que tem conceito 7, que é a nota máxima de avaliação da Capes.

Meu projeto no doutorado era estudar o potencial do vírus zika no tratamento do tumor glioblastoma (tipo de tumor cerebral). Durante o mestrado, que defendi há dez dias, eu estudei também esse tumor intracraniano maligno, o mais maligno do cérebro. A expectativa de vida dos pacientes diagnosticados com esse tumor é de aproximadamente 15 meses porque é um tumor extremamente resistente ao tratamento.

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No doutorado, observamos que o vírus seria um potente aliado no tratamento porque é capaz de infectar as células tumorais e mata-las sem atingir as células saudáveis. O nosso objetivo era realizar exames in vitro e in vivo para descobrir os mecanismos pelos quais o vírus é capaz de infectar essas células e como as mata.

Entreguei na segunda-feira os documentos necessários para a bolsa da capes e na terça descobri que ela foi cancelada. No Brasil, para ser pesquisador, precisamos de bolsa. Mas com esse congelamento, sem a bolsa (que é de R$ 2,2 mil) é insustentável se manter na pesquisa. Conto com esse dinheiro, que é minha única fonte de renda. E quando a gente entra na pós, assina um termo de dedicação exclusiva.

Fui pega de surpresa. A seleção (para a bolsa de doutorado) foi no final de agosto. Passei em primeiro lugar. Normalmente, quem passa em primeiro fica com a bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas), que é um pouco mais alta. Mas essa bolsa foi cortada e a secretaria me redirecionou para a bolsa da Capes. A bolsa já estava reservada para mim, mas foi cortada também.

Agora não sei o que fazer. Sem bolsa, não dá pra continuar. E o nosso projeto é de extrema importância para a saúde pública. Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

RIO - A gestão Jair Bolsonaro anunciou esta semana o corte de mais 5.613 bolsas de pós-graduação que seriam ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência federal de fomento à pesquisa, a partir de setembro. O congelamento soma-se a outras 6.198 bolsas que haviam sido bloqueadas no 1.º semestre.

'Sem bolsa, não dá para continuar', diz a pesquisadora da UFRJ Gabriella Pinheiro Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A medida afeta todas as bolsas que seriam ofertadas até o fim deste ano - ou seja, se não houver desbloqueio de recursos, nenhum novo auxílio será concedido este ano. O governo diz que a decisão é justificada pelo cenário fiscal adverso. 

O Estado ouviu Gabriella Pinheiro, de 25 anos, jovem pesquisadora da Universidade Federal do Rio (UFRJ), a maior federal do País. Recém-aprovada no doutorado, ela foi surpreendida com o anúncio do congelamento do auxílio de R$ 2,2 mil que havia conquistado.

"Sem bolsa, não dá para continuar", diz ela, que estuda o potencial do vírus no tratamento de tumores e já havia perdido a chance de ter uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas em 2019. "Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

Leia a seguir o depoimento da pesquisadora Gabriella Pinheiro à reportagem:

"Sou biomédica formada e aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, uma pós-graduação que tem conceito 7, que é a nota máxima de avaliação da Capes.

Meu projeto no doutorado era estudar o potencial do vírus zika no tratamento do tumor glioblastoma (tipo de tumor cerebral). Durante o mestrado, que defendi há dez dias, eu estudei também esse tumor intracraniano maligno, o mais maligno do cérebro. A expectativa de vida dos pacientes diagnosticados com esse tumor é de aproximadamente 15 meses porque é um tumor extremamente resistente ao tratamento.

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No doutorado, observamos que o vírus seria um potente aliado no tratamento porque é capaz de infectar as células tumorais e mata-las sem atingir as células saudáveis. O nosso objetivo era realizar exames in vitro e in vivo para descobrir os mecanismos pelos quais o vírus é capaz de infectar essas células e como as mata.

Entreguei na segunda-feira os documentos necessários para a bolsa da capes e na terça descobri que ela foi cancelada. No Brasil, para ser pesquisador, precisamos de bolsa. Mas com esse congelamento, sem a bolsa (que é de R$ 2,2 mil) é insustentável se manter na pesquisa. Conto com esse dinheiro, que é minha única fonte de renda. E quando a gente entra na pós, assina um termo de dedicação exclusiva.

Fui pega de surpresa. A seleção (para a bolsa de doutorado) foi no final de agosto. Passei em primeiro lugar. Normalmente, quem passa em primeiro fica com a bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas), que é um pouco mais alta. Mas essa bolsa foi cortada e a secretaria me redirecionou para a bolsa da Capes. A bolsa já estava reservada para mim, mas foi cortada também.

Agora não sei o que fazer. Sem bolsa, não dá pra continuar. E o nosso projeto é de extrema importância para a saúde pública. Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

RIO - A gestão Jair Bolsonaro anunciou esta semana o corte de mais 5.613 bolsas de pós-graduação que seriam ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência federal de fomento à pesquisa, a partir de setembro. O congelamento soma-se a outras 6.198 bolsas que haviam sido bloqueadas no 1.º semestre.

'Sem bolsa, não dá para continuar', diz a pesquisadora da UFRJ Gabriella Pinheiro Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A medida afeta todas as bolsas que seriam ofertadas até o fim deste ano - ou seja, se não houver desbloqueio de recursos, nenhum novo auxílio será concedido este ano. O governo diz que a decisão é justificada pelo cenário fiscal adverso. 

O Estado ouviu Gabriella Pinheiro, de 25 anos, jovem pesquisadora da Universidade Federal do Rio (UFRJ), a maior federal do País. Recém-aprovada no doutorado, ela foi surpreendida com o anúncio do congelamento do auxílio de R$ 2,2 mil que havia conquistado.

"Sem bolsa, não dá para continuar", diz ela, que estuda o potencial do vírus no tratamento de tumores e já havia perdido a chance de ter uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas em 2019. "Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

Leia a seguir o depoimento da pesquisadora Gabriella Pinheiro à reportagem:

"Sou biomédica formada e aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, uma pós-graduação que tem conceito 7, que é a nota máxima de avaliação da Capes.

Meu projeto no doutorado era estudar o potencial do vírus zika no tratamento do tumor glioblastoma (tipo de tumor cerebral). Durante o mestrado, que defendi há dez dias, eu estudei também esse tumor intracraniano maligno, o mais maligno do cérebro. A expectativa de vida dos pacientes diagnosticados com esse tumor é de aproximadamente 15 meses porque é um tumor extremamente resistente ao tratamento.

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No doutorado, observamos que o vírus seria um potente aliado no tratamento porque é capaz de infectar as células tumorais e mata-las sem atingir as células saudáveis. O nosso objetivo era realizar exames in vitro e in vivo para descobrir os mecanismos pelos quais o vírus é capaz de infectar essas células e como as mata.

Entreguei na segunda-feira os documentos necessários para a bolsa da capes e na terça descobri que ela foi cancelada. No Brasil, para ser pesquisador, precisamos de bolsa. Mas com esse congelamento, sem a bolsa (que é de R$ 2,2 mil) é insustentável se manter na pesquisa. Conto com esse dinheiro, que é minha única fonte de renda. E quando a gente entra na pós, assina um termo de dedicação exclusiva.

Fui pega de surpresa. A seleção (para a bolsa de doutorado) foi no final de agosto. Passei em primeiro lugar. Normalmente, quem passa em primeiro fica com a bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que também tem sofrido com cortes de verbas), que é um pouco mais alta. Mas essa bolsa foi cortada e a secretaria me redirecionou para a bolsa da Capes. A bolsa já estava reservada para mim, mas foi cortada também.

Agora não sei o que fazer. Sem bolsa, não dá pra continuar. E o nosso projeto é de extrema importância para a saúde pública. Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."

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