"O primeiro dia do Encontro Nacional de Estudantes de Relações Internacionais (Eneri) foi animado e enriquecedor. Animado por reunir alunos dos quatro cantos do Brasil, de diferentes Estados e culturas, e todos com o mesmo intuito: confraternizar e discutir o Brasil no cenário global. E enriquecedor porque tivemos a oportunidade de ouvir dois grandes intelectuais brasileiros, o embaixador Sergio Amaral e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
O embaixador fez uma introdução à fala de Fernando Henrique, respondendo à pergunta chave: por que o Brasil demorou tanto tempo para se internacionalizar? Ele nos apresentou um pouco da história brasileira, lembrando como éramos um país provinciano e fechado com nossas políticas de substituição de importados, além de uma alta inflação associada a instabilidade econômica. Nos confidenciou também passagens únicas vividas quando era ministro no governo FHC, como uma vez em que tiveram uma reunião com Bill Clinton (ex-presidente dos EUA), e o nosso presidente comentou sobre a dificuldade de governar um país onde 230 deputados nunca haviam tirado um passaporte.
Sergio Amaral também destacou a relação Brasil-Mercosul, que tem grande potencial mas até hoje é pouco valorizada, e por isso deveríamos nos atentar mais aos nossos vizinhos. Por fim, nos revelou quão importante foi o governo de FHC, o qual nos proporcionou confiança e estabilidade, dando início a uma nova fase brasileira, de visão e experiência internacional.
Então Fernando Henrique tomou a palavra e, como excelente professor que é, nos deu uma aula de política nacional e internacional, com detalhes singulares de sua vasta experiência em altas funções no governo. Seus comentários perpassaram toda a história brasileira, desde a colonização até os dias de hoje.
Primeiramente nos explicou a necessidade que os grandes pensadores brasileiros sempre tiveram de entender o País, encontrar a nossa identidade, para que pudéssemos nos expor para o resto do mundo. Na sequência, nos revelou um exemplo pessoal. Nos anos 60, época da ditadura militar no Brasil, ele esteve exilado no Chile. Trabalhou na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), onde eram realizados muitos debates sobre o futuro da região. Segundo ele, a ambição da época dos países latino-americanos era chegar à renda de mil dólares per capita - assim, seriam nações desenvolvidas.
O ex-presidente também falou sobre quando os países começaram a ter interesse no mercado brasileiro, as dificuldades do mundo na época da guerra fria e, na posição de sociólogo, nos explicou que a globalização é o oposto do imperialismo.
Mas acho que a passagem que mais me acrescentou enquanto estudante foi quando FHC falou de seu período na Presidência. Ao ouvir a experiência dele, pude entender um pouco mais sobre o Brasil contemporâneo.
As falas de Fernando Henrique prendiam minha atenção à palestra. Entre elas posso citar sua visão de mundo e das relações internacionais, por exemplo, ao mencionar que o primeiro país a sair da atual crise está sendo o próprio Estados Unidos, por meio de uma nova revolução tecnológica e a busca de novas bases energéticas. Por fim, o ex-presidente respondeu às perguntas feitas pela plateia e nos deixou uma bela mensagem, de que política é construção e o futuro se inventa."