Por que um projeto do Km 23 da Régis Bittencourt quer mudar a vida de quem sonha com a universidade?


Cursinho pré-vestibular oferece aulas gratuitas para jovens de escolas públicas; em cinco anos, 20 estudantes foram aprovados nas principais faculdades do País

Por Gonçalo Junior

Destino de quem quer visitar “galerias de arte a céu aberto”, lojas, antiquários e feiras de artesanato, a cidade de Embu das Artes, na região metropolitana da cidade, também é opção para estudantes do ensino médio que buscam vagas nas universidades.

O curso pré-vestibular KM 23 oferece aulas gratuitas para estudantes de Embu ou municípios vizinhos, numa ação afirmativa de acesso ao ensino superior para alunos de baixa renda, principalmente para jovens pretos, pretas e periféricos.

Aula do cursinho pré-vestibular gratuito KM 23 em Embu das Artes (SP) Foto: Abidan Henrique
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Já são cinco anos do projeto, que faz referência ao Km 23 da rodovia Regis Bittencourt, local onde nasceu. Em 2018, o estudante de Engenharia Abidan Henrique, em parceria com os amigos Caio Braga e Guilherme Anjo, oferecia mentoria e aconselhamento para vestibulandos. Os três são moradores de Embu, percorreram escolas públicas e estudaram na Universidade de São Paulo no mesmo período antes de seguirem suas carreiras.

Em parceria com a Sociedade Ecológica Amigos do Embu (SEAE), a iniciativa cresceu e se firmou como cursinho preparatório. Atualmente são atendidos 80 alunos de forma presencial. Somando-se as mentorias, aconselhamento e monitoria online, que falam sobre o mercado de trabalho e vivência universitária, são mais de 150 estudantes impactados.

O projeto enfrenta o déficit de aprendizado de alunos carentes no final do Ensino Médio. A situação é mais difícil para pretos e pardos. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2020, apenas 21,7% dos alunos pretos e 24% dos pardos apresentam aprendizado adequado em Língua Portuguesa ao final do 3º ano. Em Matemática, a defasagem é ainda maior: apenas 4,1% dos alunos pretos e 5,7% dos pardos. O cursinho já apresenta os primeiros resultados ao conseguir aprovar 20 estudantes nos principais vestibulares do País.

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O curso KM 23 já aprovou 20 alunos nos principais vestibulares do País Foto: Abidan Henrique

“Neste ano, o cursinho recebeu 360 inscrições, o que demonstra o interesse desses adolescentes em ingressar em um curso superior”, explica a presidente do cursinho Marina Martins dos Santos, aluna de História na USP.

Aos 17 anos, o vestibulando Victor da Silva Malaquias vai tentar uma vaga em História neste ano. “O Km23 vem sendo muito importante para mim. Além dos conteúdos, tenho a oportunidade de aproveitar os sábados para tirar dúvidas com os professores. Como eu estudo e trabalho, não me sobra muito tempo”, diz Malaquias.

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Curso de inglês em Harvard e discriminação no curso de Engenharia

O projeto também vai atrás dos candidatos. Na ação “E aí, jovem?”, Abidan percorre as escolas do município para contar a sua própria história. Na palestra de uma hora, ele relata como sua vida ganhou outro rumo por causa da educação. “Um dos objetivos do programa é criar referências para o aluno de escola pública, contando histórias de jovens que vieram da mesma periferia e da mesma escola pública para que eles possam se inspirar”, diz Abidan.

O engenheiro Abidan Henrique (centro) com seu pai, Oneias Oliveira, e sua mãe, Cleide Oliveira: a família chegou a estudar em conjunto para o Enem Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO
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Quando estava na 8ª série do ensino fundamental, ele conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos), entidade que viabiliza o acesso de jovens talentos de baixa renda às escolas particulares. Ele também estudou no Colégio Sidarta, em Cotia, na grande São Paulo, e foi contemplado com um curso de verão de inglês na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ainda na adolescência. Ele conseguiu entrar na USP e se formou engenheiro civil no ano passado.

Foi na Escola Politécnica que Abidan reafirmou sua negritude. Na turma de 2015, eram apenas quatro negros em uma turma de 60 alunos. O choque foi ainda maior na disputa das eleições no Grêmio Estudantil, quando começou a se firmar como uma das lideranças. Aí, percebeu a discriminação de forma mais explícita.

“Eu gostava de usar boné na faculdade. Um dia, um dos meus melhores amigos disse: ‘Abidan, parece que você está de tocaia. Parece que vai assaltar alguém’. Depois desse episódio, comecei a me distanciar de algumas pessoas. Julgavam minha vestimenta e meu cabelo”, afirmou o engenheiro.

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O Estadão mostrou como o coletivo PoliNegra ajuda no acolhimento de estudantes pretos e pretas, além de oferecer aulas de reforço para tentar diminuir o déficit educacional que os calouros carregam das escolas públicas.

O envolvimento com a política estudantil, aliado à preocupação com os problemas da sua comunidade, empurraram Abidan para a carreira política. Ele se elegeu vereador pelo PSB em 2020 como o segundo mais jovem da história de Embu aos 25 anos. Hoje, o engenheiro também é ativista por uma educação inclusiva. “Pela educação, é possível alcançar a igualdade de oportunidades. A Lei de Diretrizes e Bases contempla que o ensino precisa se guiar pela igualdade, pluralismo e consideração com a diversidade étnico racial”.

Antes de inspirar alunos das periferias, a trajetória de Abidan motivou seus próprios pais. Depois de ter sido empregada doméstica desde os 12 anos, sua mãe, Cleide Aparecida Oliveira, fez o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), conseguiu bolsas de estudo e se formou como professora.

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Após uma longa jornada profissional como marceneiro, o pai, Oneias Henrique da Silva, de 47 anos, seguiu os passos do filho e também se tornou engenheiro civil. Nessas trajetórias moldadas pelos livros, a família chegou a fazer o Enem em conjunto em 2014.

Quando Abidan ensinava a mãe sobre redações dissertativas, ele conta que estava apenas retribuindo. Aos seis anos, ele não cursou a pré-escola e acabou sendo alfabetizado pela própria dona Cleide. “Uma cena que me marcou bastante foi a primeira vez que vi minha mãe lendo e estudando”, relembra.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com os diretores e alunos do curso pré-vestibular Km 23, voltado para estudantes pretos e periféricos.

Destino de quem quer visitar “galerias de arte a céu aberto”, lojas, antiquários e feiras de artesanato, a cidade de Embu das Artes, na região metropolitana da cidade, também é opção para estudantes do ensino médio que buscam vagas nas universidades.

O curso pré-vestibular KM 23 oferece aulas gratuitas para estudantes de Embu ou municípios vizinhos, numa ação afirmativa de acesso ao ensino superior para alunos de baixa renda, principalmente para jovens pretos, pretas e periféricos.

Aula do cursinho pré-vestibular gratuito KM 23 em Embu das Artes (SP) Foto: Abidan Henrique

Já são cinco anos do projeto, que faz referência ao Km 23 da rodovia Regis Bittencourt, local onde nasceu. Em 2018, o estudante de Engenharia Abidan Henrique, em parceria com os amigos Caio Braga e Guilherme Anjo, oferecia mentoria e aconselhamento para vestibulandos. Os três são moradores de Embu, percorreram escolas públicas e estudaram na Universidade de São Paulo no mesmo período antes de seguirem suas carreiras.

Em parceria com a Sociedade Ecológica Amigos do Embu (SEAE), a iniciativa cresceu e se firmou como cursinho preparatório. Atualmente são atendidos 80 alunos de forma presencial. Somando-se as mentorias, aconselhamento e monitoria online, que falam sobre o mercado de trabalho e vivência universitária, são mais de 150 estudantes impactados.

O projeto enfrenta o déficit de aprendizado de alunos carentes no final do Ensino Médio. A situação é mais difícil para pretos e pardos. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2020, apenas 21,7% dos alunos pretos e 24% dos pardos apresentam aprendizado adequado em Língua Portuguesa ao final do 3º ano. Em Matemática, a defasagem é ainda maior: apenas 4,1% dos alunos pretos e 5,7% dos pardos. O cursinho já apresenta os primeiros resultados ao conseguir aprovar 20 estudantes nos principais vestibulares do País.

O curso KM 23 já aprovou 20 alunos nos principais vestibulares do País Foto: Abidan Henrique

“Neste ano, o cursinho recebeu 360 inscrições, o que demonstra o interesse desses adolescentes em ingressar em um curso superior”, explica a presidente do cursinho Marina Martins dos Santos, aluna de História na USP.

Aos 17 anos, o vestibulando Victor da Silva Malaquias vai tentar uma vaga em História neste ano. “O Km23 vem sendo muito importante para mim. Além dos conteúdos, tenho a oportunidade de aproveitar os sábados para tirar dúvidas com os professores. Como eu estudo e trabalho, não me sobra muito tempo”, diz Malaquias.

Curso de inglês em Harvard e discriminação no curso de Engenharia

O projeto também vai atrás dos candidatos. Na ação “E aí, jovem?”, Abidan percorre as escolas do município para contar a sua própria história. Na palestra de uma hora, ele relata como sua vida ganhou outro rumo por causa da educação. “Um dos objetivos do programa é criar referências para o aluno de escola pública, contando histórias de jovens que vieram da mesma periferia e da mesma escola pública para que eles possam se inspirar”, diz Abidan.

O engenheiro Abidan Henrique (centro) com seu pai, Oneias Oliveira, e sua mãe, Cleide Oliveira: a família chegou a estudar em conjunto para o Enem Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Quando estava na 8ª série do ensino fundamental, ele conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos), entidade que viabiliza o acesso de jovens talentos de baixa renda às escolas particulares. Ele também estudou no Colégio Sidarta, em Cotia, na grande São Paulo, e foi contemplado com um curso de verão de inglês na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ainda na adolescência. Ele conseguiu entrar na USP e se formou engenheiro civil no ano passado.

Foi na Escola Politécnica que Abidan reafirmou sua negritude. Na turma de 2015, eram apenas quatro negros em uma turma de 60 alunos. O choque foi ainda maior na disputa das eleições no Grêmio Estudantil, quando começou a se firmar como uma das lideranças. Aí, percebeu a discriminação de forma mais explícita.

“Eu gostava de usar boné na faculdade. Um dia, um dos meus melhores amigos disse: ‘Abidan, parece que você está de tocaia. Parece que vai assaltar alguém’. Depois desse episódio, comecei a me distanciar de algumas pessoas. Julgavam minha vestimenta e meu cabelo”, afirmou o engenheiro.

O Estadão mostrou como o coletivo PoliNegra ajuda no acolhimento de estudantes pretos e pretas, além de oferecer aulas de reforço para tentar diminuir o déficit educacional que os calouros carregam das escolas públicas.

O envolvimento com a política estudantil, aliado à preocupação com os problemas da sua comunidade, empurraram Abidan para a carreira política. Ele se elegeu vereador pelo PSB em 2020 como o segundo mais jovem da história de Embu aos 25 anos. Hoje, o engenheiro também é ativista por uma educação inclusiva. “Pela educação, é possível alcançar a igualdade de oportunidades. A Lei de Diretrizes e Bases contempla que o ensino precisa se guiar pela igualdade, pluralismo e consideração com a diversidade étnico racial”.

Antes de inspirar alunos das periferias, a trajetória de Abidan motivou seus próprios pais. Depois de ter sido empregada doméstica desde os 12 anos, sua mãe, Cleide Aparecida Oliveira, fez o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), conseguiu bolsas de estudo e se formou como professora.

Após uma longa jornada profissional como marceneiro, o pai, Oneias Henrique da Silva, de 47 anos, seguiu os passos do filho e também se tornou engenheiro civil. Nessas trajetórias moldadas pelos livros, a família chegou a fazer o Enem em conjunto em 2014.

Quando Abidan ensinava a mãe sobre redações dissertativas, ele conta que estava apenas retribuindo. Aos seis anos, ele não cursou a pré-escola e acabou sendo alfabetizado pela própria dona Cleide. “Uma cena que me marcou bastante foi a primeira vez que vi minha mãe lendo e estudando”, relembra.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com os diretores e alunos do curso pré-vestibular Km 23, voltado para estudantes pretos e periféricos.

Destino de quem quer visitar “galerias de arte a céu aberto”, lojas, antiquários e feiras de artesanato, a cidade de Embu das Artes, na região metropolitana da cidade, também é opção para estudantes do ensino médio que buscam vagas nas universidades.

O curso pré-vestibular KM 23 oferece aulas gratuitas para estudantes de Embu ou municípios vizinhos, numa ação afirmativa de acesso ao ensino superior para alunos de baixa renda, principalmente para jovens pretos, pretas e periféricos.

Aula do cursinho pré-vestibular gratuito KM 23 em Embu das Artes (SP) Foto: Abidan Henrique

Já são cinco anos do projeto, que faz referência ao Km 23 da rodovia Regis Bittencourt, local onde nasceu. Em 2018, o estudante de Engenharia Abidan Henrique, em parceria com os amigos Caio Braga e Guilherme Anjo, oferecia mentoria e aconselhamento para vestibulandos. Os três são moradores de Embu, percorreram escolas públicas e estudaram na Universidade de São Paulo no mesmo período antes de seguirem suas carreiras.

Em parceria com a Sociedade Ecológica Amigos do Embu (SEAE), a iniciativa cresceu e se firmou como cursinho preparatório. Atualmente são atendidos 80 alunos de forma presencial. Somando-se as mentorias, aconselhamento e monitoria online, que falam sobre o mercado de trabalho e vivência universitária, são mais de 150 estudantes impactados.

O projeto enfrenta o déficit de aprendizado de alunos carentes no final do Ensino Médio. A situação é mais difícil para pretos e pardos. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2020, apenas 21,7% dos alunos pretos e 24% dos pardos apresentam aprendizado adequado em Língua Portuguesa ao final do 3º ano. Em Matemática, a defasagem é ainda maior: apenas 4,1% dos alunos pretos e 5,7% dos pardos. O cursinho já apresenta os primeiros resultados ao conseguir aprovar 20 estudantes nos principais vestibulares do País.

O curso KM 23 já aprovou 20 alunos nos principais vestibulares do País Foto: Abidan Henrique

“Neste ano, o cursinho recebeu 360 inscrições, o que demonstra o interesse desses adolescentes em ingressar em um curso superior”, explica a presidente do cursinho Marina Martins dos Santos, aluna de História na USP.

Aos 17 anos, o vestibulando Victor da Silva Malaquias vai tentar uma vaga em História neste ano. “O Km23 vem sendo muito importante para mim. Além dos conteúdos, tenho a oportunidade de aproveitar os sábados para tirar dúvidas com os professores. Como eu estudo e trabalho, não me sobra muito tempo”, diz Malaquias.

Curso de inglês em Harvard e discriminação no curso de Engenharia

O projeto também vai atrás dos candidatos. Na ação “E aí, jovem?”, Abidan percorre as escolas do município para contar a sua própria história. Na palestra de uma hora, ele relata como sua vida ganhou outro rumo por causa da educação. “Um dos objetivos do programa é criar referências para o aluno de escola pública, contando histórias de jovens que vieram da mesma periferia e da mesma escola pública para que eles possam se inspirar”, diz Abidan.

O engenheiro Abidan Henrique (centro) com seu pai, Oneias Oliveira, e sua mãe, Cleide Oliveira: a família chegou a estudar em conjunto para o Enem Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Quando estava na 8ª série do ensino fundamental, ele conseguiu uma bolsa de estudos no Instituto Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos), entidade que viabiliza o acesso de jovens talentos de baixa renda às escolas particulares. Ele também estudou no Colégio Sidarta, em Cotia, na grande São Paulo, e foi contemplado com um curso de verão de inglês na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ainda na adolescência. Ele conseguiu entrar na USP e se formou engenheiro civil no ano passado.

Foi na Escola Politécnica que Abidan reafirmou sua negritude. Na turma de 2015, eram apenas quatro negros em uma turma de 60 alunos. O choque foi ainda maior na disputa das eleições no Grêmio Estudantil, quando começou a se firmar como uma das lideranças. Aí, percebeu a discriminação de forma mais explícita.

“Eu gostava de usar boné na faculdade. Um dia, um dos meus melhores amigos disse: ‘Abidan, parece que você está de tocaia. Parece que vai assaltar alguém’. Depois desse episódio, comecei a me distanciar de algumas pessoas. Julgavam minha vestimenta e meu cabelo”, afirmou o engenheiro.

O Estadão mostrou como o coletivo PoliNegra ajuda no acolhimento de estudantes pretos e pretas, além de oferecer aulas de reforço para tentar diminuir o déficit educacional que os calouros carregam das escolas públicas.

O envolvimento com a política estudantil, aliado à preocupação com os problemas da sua comunidade, empurraram Abidan para a carreira política. Ele se elegeu vereador pelo PSB em 2020 como o segundo mais jovem da história de Embu aos 25 anos. Hoje, o engenheiro também é ativista por uma educação inclusiva. “Pela educação, é possível alcançar a igualdade de oportunidades. A Lei de Diretrizes e Bases contempla que o ensino precisa se guiar pela igualdade, pluralismo e consideração com a diversidade étnico racial”.

Antes de inspirar alunos das periferias, a trajetória de Abidan motivou seus próprios pais. Depois de ter sido empregada doméstica desde os 12 anos, sua mãe, Cleide Aparecida Oliveira, fez o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), conseguiu bolsas de estudo e se formou como professora.

Após uma longa jornada profissional como marceneiro, o pai, Oneias Henrique da Silva, de 47 anos, seguiu os passos do filho e também se tornou engenheiro civil. Nessas trajetórias moldadas pelos livros, a família chegou a fazer o Enem em conjunto em 2014.

Quando Abidan ensinava a mãe sobre redações dissertativas, ele conta que estava apenas retribuindo. Aos seis anos, ele não cursou a pré-escola e acabou sendo alfabetizado pela própria dona Cleide. “Uma cena que me marcou bastante foi a primeira vez que vi minha mãe lendo e estudando”, relembra.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com os diretores e alunos do curso pré-vestibular Km 23, voltado para estudantes pretos e periféricos.

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