Reitor ‘CEO’ e parceria com empresas: como PUC-Rio virou a melhor universidade privada do País


Projetos científicos voltados para as necessidades do mercado estão entre as iniciativas da instituição, melhor colocada entre as particulares nos últimos rankings

Por Roberta Jansen
Atualização:

Menos de dois anos à frente da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e o padre Anderson Antônio Pedroso já havia ganhado o apelido de CEO. Não era exatamente para ser um elogio, mas o reitor abraçou a provocação e a transformou em uma espécie de lema da sua gestão, que tem priorizando parcerias com a iniciativa privada e a condução de boa parte das pesquisas conforme as demandas do mercado.

“Não sou CEO de uma empresa de lucro, mas, sim, sou CEO de uma universidade sem fins lucrativos com função social fundamental e lutando contra a pobreza”, afirmou. “Alcançar a sustentabilidade é nosso objetivo. Para isso, tomamos decisões que não são fáceis, mas estratégicas. Investir na pesquisa é nosso carro-chefe, mas sem esquecer do todo e com função social específica de trazer igualdade social.”

Universidade é uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão
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Em outubro, a PUC-Rio apareceu no ranking da revista Times Higher Education como a melhor universidade privada brasileira e a terceira melhor do País, empatada com a federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A instituição também é famosa por ter abrigado alguns dos responsáveis pelos conceitos que embasaram o Plano Real nos anos 1990.

“A PUC tem um estilo diferente, com investimento grande e constante em pesquisa”, explicou o padre que voltou recentemente da China, onde fechou novas parcerias no valor de US$ 95 milhões (R$ 540 milhões).

“Temos muitas pesquisas patrocinadas, são US$ 50 milhões (cerca de R$ 285 milhões) por ano em pesquisas patrocinadas por multinacionais e indústrias diversas. Não temos lucro, mas esse investimento faz girar o nosso ecossistema”, diz ele, ao citar que o câmpus tem vários equipamentos de última geração.

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Padre Anderson Pedroso, reitor da PUC-Rio, aposta nas parcerias com a indústria para buscar sustentabilidade financeira à universidade. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Um desses laboratórios é o Biodesign Lab – parceria entre a PUC-Rio e a empresa de saúde Dasa para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em 3D aplicadas à medicina. O laboratório foi o primeiro do mundo a imprimir fetos em 3D para que pais cegos pudessem acompanhar os diferentes estágios da gestação.

Posteriormente, passou a criar impressões também de fetos com problemas congênitos. As pesquisas desenvolvidas ali estiveram por 18 vezes nas capas de revistas científicas internacionais, sobretudo no Reino Unido, Alemanha e EUA.

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“Nosso laboratório começou a ficar pequeno”, contou o coordenador do laboratório, o designer Jorge Lopes, também pesquisador do Museu Nacional, ligado à UFRJ. “Na pandemia, coordenei um grupo que começou a imprimir peças para os hospitais, como conectores de respirador, entre outras. O grupo Dasa ficou interessado em uma parceria”, acrescentou.

“Hoje trabalhamos juntos em várias frentes, não só na medicina fetal, mas também nas áreas de cardiologia, ortopedia e neurologia. A partir de exames de imagens criamos formas diferenciadas de visualização em realidade aumentada ou impressão em 3D, principalmente para cirurgias complexas”, disse o reitor.

Ao todo, a universidade mantém 120 parcerias com empresas dos mais diversos setores da economia, que financiam mais de 200 projetos. Entre os parceiros, estão Tribunal de Justiça do Rio, Petrobras, Shell, Petrogal Brasil, Equinor, Furnas Centrais Elétricas, Repsol Sinopec, CNODC, Petronas Petróleo, Total E&P do Brasil, Embraer.

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Outra parceira da universidade é a Eneva, empresa brasileira que explora e produz gás natural para gerar energia termelétrica. Para começar a perfurar poços de exploração, as empresas desse tipo costumam fazer uma prospecção do subsolo para definir onde escavar com mais chance de sucesso.

No Biodesign Lab, na PUC-Rio, cientistas imprimem fetos em 3D com problemas congênitos, como a xifopagia, para auxiliar médicos. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A principal ferramenta para isso é a sísmica de reflexão – espécie de ultrassom do subsolo – seguida da análise de algum geólogo experiente. Em média, a Eneva conseguia 30% de acerto com o método tradicional, o que é considerado um porcentual alto em relação à média mundial, de 15%.

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“A perfuração de um poço é uma das atividades mais caras da indústria de óleo e gás”, explicou o diretor de exploração, reservatório e tecnologias de baixo carbono da Eneva, Frederico Miranda. “Um dos nossos grandes desafios é, justamente, como ser mais assertivo na definição do local da perfuração, como aumentar a nossa taxa de sucesso. Em 2019 começamos a nos questionar: será que tem alguma coisa na sísmica que uma inteligência artificial consiga enxergar que eu não consigo?”

Esse questionamento foi levado ao Instituto Tecgraf, da Puc-Rio. No caso dos exames de imagem na medicina, a IA identifica padrões relacionados a problemas que o olho humano não consegue detectar, o que tem aumentado muito o sucesso nos diagnósticos médicos.

Mas o instituto da PUC propôs uma nova abordagem: em vez de tentar identificar padrões nas imagens, resolveu focar na onda sonora, na vibração captada originalmente, antes de ser transformada em imagem.

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A IA é alimentada com os padrões de vibração captados em lugares onde já se sabe que há gás natural e, a partir disso, detecta padrões semelhantes em locais ainda não explorados. Com o novo software, a empresa conseguiu aumentar a sua assertividade para 62,5% em 2022 e para 70% em 2023. O investimento original da Eneva foi de R$ 7,4 milhões.

“Esse investimento já foi inteiramente pago”, afirmou Miranda. “O projeto é muito bom, eles conseguiram entender o problema e entregar uma solução original em tempo ágil. Em seis meses, já tínhamos os primeiros resultados. Nunca vimos nada parecido.”

As parcerias renderam frutos. Já são 94 patentes, 180 marcas registradas, 102 softwares, 4 desenhos industriais registrados e 2 casos de transferência de tecnologia.

“Um dos grandes problemas do Brasil é justamente a dificuldade de conexão entre o conhecimento acadêmico e a indústria”, afirmou o economista Sérgio Besserman, ex-aluno e integrante do Conselho de Desenvolvimento da universidade. “A PUC atende ao desafio, que é o de todas as universidades brasileiras, de conectar a pesquisa com as necessidades do processo produtivo. Mas não só. Também o de conectar a academia à sociedade.”

Com apoio de ex-alunos famosos, como Besserman, Armínio Fraga, Pedro Malan, entre outros, a universidade tem também um fundo patrimonial, com expectativa de atingir R$ 500 milhões em dez anos, para financiar os seus gastos. Com essa verba, a PUC oferece a 40% de seus 12 mil alunos algum tipo de bolsa. Financia também programas sociais como o curso pré-vestibular destinado aos jovens da Rocinha, uma das maiores favelas cariocas.

Para o futuro, os planos de padre Anderson incluem um investimento pesado em inteligência artificial e o lançamento de um curso de Medicina.

“Toda essa área de Medicina, Farmácia e Fisioterapia vai avançar muito”, contou. “E também a questão da inteligência artificial para a toda a universidade. Todo curso vai ter que ter, queremos criar um ambiente tecnológico.”

Menos de dois anos à frente da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e o padre Anderson Antônio Pedroso já havia ganhado o apelido de CEO. Não era exatamente para ser um elogio, mas o reitor abraçou a provocação e a transformou em uma espécie de lema da sua gestão, que tem priorizando parcerias com a iniciativa privada e a condução de boa parte das pesquisas conforme as demandas do mercado.

“Não sou CEO de uma empresa de lucro, mas, sim, sou CEO de uma universidade sem fins lucrativos com função social fundamental e lutando contra a pobreza”, afirmou. “Alcançar a sustentabilidade é nosso objetivo. Para isso, tomamos decisões que não são fáceis, mas estratégicas. Investir na pesquisa é nosso carro-chefe, mas sem esquecer do todo e com função social específica de trazer igualdade social.”

Universidade é uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em outubro, a PUC-Rio apareceu no ranking da revista Times Higher Education como a melhor universidade privada brasileira e a terceira melhor do País, empatada com a federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A instituição também é famosa por ter abrigado alguns dos responsáveis pelos conceitos que embasaram o Plano Real nos anos 1990.

“A PUC tem um estilo diferente, com investimento grande e constante em pesquisa”, explicou o padre que voltou recentemente da China, onde fechou novas parcerias no valor de US$ 95 milhões (R$ 540 milhões).

“Temos muitas pesquisas patrocinadas, são US$ 50 milhões (cerca de R$ 285 milhões) por ano em pesquisas patrocinadas por multinacionais e indústrias diversas. Não temos lucro, mas esse investimento faz girar o nosso ecossistema”, diz ele, ao citar que o câmpus tem vários equipamentos de última geração.

Padre Anderson Pedroso, reitor da PUC-Rio, aposta nas parcerias com a indústria para buscar sustentabilidade financeira à universidade. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Um desses laboratórios é o Biodesign Lab – parceria entre a PUC-Rio e a empresa de saúde Dasa para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em 3D aplicadas à medicina. O laboratório foi o primeiro do mundo a imprimir fetos em 3D para que pais cegos pudessem acompanhar os diferentes estágios da gestação.

Posteriormente, passou a criar impressões também de fetos com problemas congênitos. As pesquisas desenvolvidas ali estiveram por 18 vezes nas capas de revistas científicas internacionais, sobretudo no Reino Unido, Alemanha e EUA.

“Nosso laboratório começou a ficar pequeno”, contou o coordenador do laboratório, o designer Jorge Lopes, também pesquisador do Museu Nacional, ligado à UFRJ. “Na pandemia, coordenei um grupo que começou a imprimir peças para os hospitais, como conectores de respirador, entre outras. O grupo Dasa ficou interessado em uma parceria”, acrescentou.

“Hoje trabalhamos juntos em várias frentes, não só na medicina fetal, mas também nas áreas de cardiologia, ortopedia e neurologia. A partir de exames de imagens criamos formas diferenciadas de visualização em realidade aumentada ou impressão em 3D, principalmente para cirurgias complexas”, disse o reitor.

Ao todo, a universidade mantém 120 parcerias com empresas dos mais diversos setores da economia, que financiam mais de 200 projetos. Entre os parceiros, estão Tribunal de Justiça do Rio, Petrobras, Shell, Petrogal Brasil, Equinor, Furnas Centrais Elétricas, Repsol Sinopec, CNODC, Petronas Petróleo, Total E&P do Brasil, Embraer.

Outra parceira da universidade é a Eneva, empresa brasileira que explora e produz gás natural para gerar energia termelétrica. Para começar a perfurar poços de exploração, as empresas desse tipo costumam fazer uma prospecção do subsolo para definir onde escavar com mais chance de sucesso.

No Biodesign Lab, na PUC-Rio, cientistas imprimem fetos em 3D com problemas congênitos, como a xifopagia, para auxiliar médicos. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A principal ferramenta para isso é a sísmica de reflexão – espécie de ultrassom do subsolo – seguida da análise de algum geólogo experiente. Em média, a Eneva conseguia 30% de acerto com o método tradicional, o que é considerado um porcentual alto em relação à média mundial, de 15%.

“A perfuração de um poço é uma das atividades mais caras da indústria de óleo e gás”, explicou o diretor de exploração, reservatório e tecnologias de baixo carbono da Eneva, Frederico Miranda. “Um dos nossos grandes desafios é, justamente, como ser mais assertivo na definição do local da perfuração, como aumentar a nossa taxa de sucesso. Em 2019 começamos a nos questionar: será que tem alguma coisa na sísmica que uma inteligência artificial consiga enxergar que eu não consigo?”

Esse questionamento foi levado ao Instituto Tecgraf, da Puc-Rio. No caso dos exames de imagem na medicina, a IA identifica padrões relacionados a problemas que o olho humano não consegue detectar, o que tem aumentado muito o sucesso nos diagnósticos médicos.

Mas o instituto da PUC propôs uma nova abordagem: em vez de tentar identificar padrões nas imagens, resolveu focar na onda sonora, na vibração captada originalmente, antes de ser transformada em imagem.

A IA é alimentada com os padrões de vibração captados em lugares onde já se sabe que há gás natural e, a partir disso, detecta padrões semelhantes em locais ainda não explorados. Com o novo software, a empresa conseguiu aumentar a sua assertividade para 62,5% em 2022 e para 70% em 2023. O investimento original da Eneva foi de R$ 7,4 milhões.

“Esse investimento já foi inteiramente pago”, afirmou Miranda. “O projeto é muito bom, eles conseguiram entender o problema e entregar uma solução original em tempo ágil. Em seis meses, já tínhamos os primeiros resultados. Nunca vimos nada parecido.”

As parcerias renderam frutos. Já são 94 patentes, 180 marcas registradas, 102 softwares, 4 desenhos industriais registrados e 2 casos de transferência de tecnologia.

“Um dos grandes problemas do Brasil é justamente a dificuldade de conexão entre o conhecimento acadêmico e a indústria”, afirmou o economista Sérgio Besserman, ex-aluno e integrante do Conselho de Desenvolvimento da universidade. “A PUC atende ao desafio, que é o de todas as universidades brasileiras, de conectar a pesquisa com as necessidades do processo produtivo. Mas não só. Também o de conectar a academia à sociedade.”

Com apoio de ex-alunos famosos, como Besserman, Armínio Fraga, Pedro Malan, entre outros, a universidade tem também um fundo patrimonial, com expectativa de atingir R$ 500 milhões em dez anos, para financiar os seus gastos. Com essa verba, a PUC oferece a 40% de seus 12 mil alunos algum tipo de bolsa. Financia também programas sociais como o curso pré-vestibular destinado aos jovens da Rocinha, uma das maiores favelas cariocas.

Para o futuro, os planos de padre Anderson incluem um investimento pesado em inteligência artificial e o lançamento de um curso de Medicina.

“Toda essa área de Medicina, Farmácia e Fisioterapia vai avançar muito”, contou. “E também a questão da inteligência artificial para a toda a universidade. Todo curso vai ter que ter, queremos criar um ambiente tecnológico.”

Menos de dois anos à frente da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e o padre Anderson Antônio Pedroso já havia ganhado o apelido de CEO. Não era exatamente para ser um elogio, mas o reitor abraçou a provocação e a transformou em uma espécie de lema da sua gestão, que tem priorizando parcerias com a iniciativa privada e a condução de boa parte das pesquisas conforme as demandas do mercado.

“Não sou CEO de uma empresa de lucro, mas, sim, sou CEO de uma universidade sem fins lucrativos com função social fundamental e lutando contra a pobreza”, afirmou. “Alcançar a sustentabilidade é nosso objetivo. Para isso, tomamos decisões que não são fáceis, mas estratégicas. Investir na pesquisa é nosso carro-chefe, mas sem esquecer do todo e com função social específica de trazer igualdade social.”

Universidade é uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em outubro, a PUC-Rio apareceu no ranking da revista Times Higher Education como a melhor universidade privada brasileira e a terceira melhor do País, empatada com a federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A instituição também é famosa por ter abrigado alguns dos responsáveis pelos conceitos que embasaram o Plano Real nos anos 1990.

“A PUC tem um estilo diferente, com investimento grande e constante em pesquisa”, explicou o padre que voltou recentemente da China, onde fechou novas parcerias no valor de US$ 95 milhões (R$ 540 milhões).

“Temos muitas pesquisas patrocinadas, são US$ 50 milhões (cerca de R$ 285 milhões) por ano em pesquisas patrocinadas por multinacionais e indústrias diversas. Não temos lucro, mas esse investimento faz girar o nosso ecossistema”, diz ele, ao citar que o câmpus tem vários equipamentos de última geração.

Padre Anderson Pedroso, reitor da PUC-Rio, aposta nas parcerias com a indústria para buscar sustentabilidade financeira à universidade. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Um desses laboratórios é o Biodesign Lab – parceria entre a PUC-Rio e a empresa de saúde Dasa para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em 3D aplicadas à medicina. O laboratório foi o primeiro do mundo a imprimir fetos em 3D para que pais cegos pudessem acompanhar os diferentes estágios da gestação.

Posteriormente, passou a criar impressões também de fetos com problemas congênitos. As pesquisas desenvolvidas ali estiveram por 18 vezes nas capas de revistas científicas internacionais, sobretudo no Reino Unido, Alemanha e EUA.

“Nosso laboratório começou a ficar pequeno”, contou o coordenador do laboratório, o designer Jorge Lopes, também pesquisador do Museu Nacional, ligado à UFRJ. “Na pandemia, coordenei um grupo que começou a imprimir peças para os hospitais, como conectores de respirador, entre outras. O grupo Dasa ficou interessado em uma parceria”, acrescentou.

“Hoje trabalhamos juntos em várias frentes, não só na medicina fetal, mas também nas áreas de cardiologia, ortopedia e neurologia. A partir de exames de imagens criamos formas diferenciadas de visualização em realidade aumentada ou impressão em 3D, principalmente para cirurgias complexas”, disse o reitor.

Ao todo, a universidade mantém 120 parcerias com empresas dos mais diversos setores da economia, que financiam mais de 200 projetos. Entre os parceiros, estão Tribunal de Justiça do Rio, Petrobras, Shell, Petrogal Brasil, Equinor, Furnas Centrais Elétricas, Repsol Sinopec, CNODC, Petronas Petróleo, Total E&P do Brasil, Embraer.

Outra parceira da universidade é a Eneva, empresa brasileira que explora e produz gás natural para gerar energia termelétrica. Para começar a perfurar poços de exploração, as empresas desse tipo costumam fazer uma prospecção do subsolo para definir onde escavar com mais chance de sucesso.

No Biodesign Lab, na PUC-Rio, cientistas imprimem fetos em 3D com problemas congênitos, como a xifopagia, para auxiliar médicos. FOTO Pedro Kirilos/Estadão Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A principal ferramenta para isso é a sísmica de reflexão – espécie de ultrassom do subsolo – seguida da análise de algum geólogo experiente. Em média, a Eneva conseguia 30% de acerto com o método tradicional, o que é considerado um porcentual alto em relação à média mundial, de 15%.

“A perfuração de um poço é uma das atividades mais caras da indústria de óleo e gás”, explicou o diretor de exploração, reservatório e tecnologias de baixo carbono da Eneva, Frederico Miranda. “Um dos nossos grandes desafios é, justamente, como ser mais assertivo na definição do local da perfuração, como aumentar a nossa taxa de sucesso. Em 2019 começamos a nos questionar: será que tem alguma coisa na sísmica que uma inteligência artificial consiga enxergar que eu não consigo?”

Esse questionamento foi levado ao Instituto Tecgraf, da Puc-Rio. No caso dos exames de imagem na medicina, a IA identifica padrões relacionados a problemas que o olho humano não consegue detectar, o que tem aumentado muito o sucesso nos diagnósticos médicos.

Mas o instituto da PUC propôs uma nova abordagem: em vez de tentar identificar padrões nas imagens, resolveu focar na onda sonora, na vibração captada originalmente, antes de ser transformada em imagem.

A IA é alimentada com os padrões de vibração captados em lugares onde já se sabe que há gás natural e, a partir disso, detecta padrões semelhantes em locais ainda não explorados. Com o novo software, a empresa conseguiu aumentar a sua assertividade para 62,5% em 2022 e para 70% em 2023. O investimento original da Eneva foi de R$ 7,4 milhões.

“Esse investimento já foi inteiramente pago”, afirmou Miranda. “O projeto é muito bom, eles conseguiram entender o problema e entregar uma solução original em tempo ágil. Em seis meses, já tínhamos os primeiros resultados. Nunca vimos nada parecido.”

As parcerias renderam frutos. Já são 94 patentes, 180 marcas registradas, 102 softwares, 4 desenhos industriais registrados e 2 casos de transferência de tecnologia.

“Um dos grandes problemas do Brasil é justamente a dificuldade de conexão entre o conhecimento acadêmico e a indústria”, afirmou o economista Sérgio Besserman, ex-aluno e integrante do Conselho de Desenvolvimento da universidade. “A PUC atende ao desafio, que é o de todas as universidades brasileiras, de conectar a pesquisa com as necessidades do processo produtivo. Mas não só. Também o de conectar a academia à sociedade.”

Com apoio de ex-alunos famosos, como Besserman, Armínio Fraga, Pedro Malan, entre outros, a universidade tem também um fundo patrimonial, com expectativa de atingir R$ 500 milhões em dez anos, para financiar os seus gastos. Com essa verba, a PUC oferece a 40% de seus 12 mil alunos algum tipo de bolsa. Financia também programas sociais como o curso pré-vestibular destinado aos jovens da Rocinha, uma das maiores favelas cariocas.

Para o futuro, os planos de padre Anderson incluem um investimento pesado em inteligência artificial e o lançamento de um curso de Medicina.

“Toda essa área de Medicina, Farmácia e Fisioterapia vai avançar muito”, contou. “E também a questão da inteligência artificial para a toda a universidade. Todo curso vai ter que ter, queremos criar um ambiente tecnológico.”

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