Quando o Enem muda e como ficam os alunos do novo ensino médio?


Exame seguirá, por hora, no formato que é apresentado desde 2009; mas maioria dos colégios se adaptou há 2 anos a novo modelo

Por Hellen Cerqueira

Com a implementação do novo ensino médio, em 2022, o Ministério da Educação anunciou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sofreria alterações em 2024. A proposta era adequar o exame ao formato de Itinerários Informativos. O primeiro dia seria de questões objetivas de múltipla escolha – com ênfase em português e matemática – e redação. Já o segundo dia seria dividido em questões objetivas e questões discursivas de acordo com os conhecimentos específicos escolhidos pelo candidato.

A mudança, contudo, foi suspensa em abril deste ano, após anúncio de uma nova reformulação do ensino médio. Isso significa que o Enem seguirá, por hora, no mesmo formato que é apresentado desde 2009, com redação e questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.

Em meio a essas reformulações e anúncios, estão estudantes que seguem um currículo dentro de sala mas precisam se preparar para uma prova que cobra os conteúdos de forma diferente.”Isso causa uma preocupação. Como é que esse Enem virá? Eles [o MEC] estão considerando o que as escolas já implantaram no novo ensino médio entre 2022 e 2023?”, pontua Talita Marcília, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

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De acordo com o Ministério da Educação, há 3,9 milhões de estudantes inscritos no Enem 2023 Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Por enquanto, para os estudantes que já estão cursando o novo ensino médio, fica a responsabilidade de conduzir estudos paralelos para dar conta, ao mesmo tempo, do Novo Ensino Médio e do Velho Enem.

Maria Luiza Novelletto Carvalho, estudante do último ano no Colégio Humboldt, fez parte de um piloto do colégio e, por isso, já começou o ensino médio no novo formato. Com elogios e críticas a esse modelo, ela gosta da possibilidade que as matérias optativas oferecem aos alunos de se aprofundarem nas áreas de conhecimento de maior interesse. Mas precisou alterar seu planejamento de estudo para conseguir se preparar para o Enem.

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“Faz três anos que estou trabalhando com essa dinâmica de novo ensino médio, mas a prova do Enem que vou realizar ainda vai seguir o modelo tradicional. Ou seja, ao mesmo tempo que nos preparamos visando novas habilidades, competências e outros métodos de aprendizagem, ainda vamos fazer uma prova tradicional de múltipla escolha”.

Maria Luiza Novelletto Carvalho, estudante do último ano no Colégio Humboldt já começou o ensino médio no novo formato Foto: COLÉGIO HUMBOLDT

Adequação do currículo escolar

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Ainda sem nenhuma luz sobre o futuro do Enem, o Colégio Humboldt optou por preservar o horário regular de aula para o currículo do Novo Ensino Médio – com formação geral básica e itinerários formativos que os alunos escolhem de acordo com seus projetos de vida.

Todavia, para não deixar o estudante desamparado quanto ao Enem, o colégio oferece aulas extras voltadas especificamente para conteúdos abordados na prova e em outros vestibulares mais procurados pelos alunos. Porém, essas aulas são eletivas, e não são todos os alunos que optam por fazê-las.

“A expectativa do colégio para quando o Enem ficar mais alinhado com a proposta de ensino médio é de que teremos diretrizes melhores sobre o ensino. Talvez a matriz de competência do Enem dê maior clareza sobre o que é a formação geral básica, o que é itinerário formativo e o que se espera desses alunos”, comenta a coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

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Na Escola Vereda, por exemplo, por ser uma instituição de período integral, a adequação foi mais simples em termos de carga horária. “Basicamente, o que se faz lá fora [no exterior] é um movimento que se tem buscado com o Novo Ensino Médio, ou seja, você diminuir o número de matérias, aumentar o tempo de estudo dos estudantes e dar áreas de aprofundamentos para esses estudantes”, explica Arthur Buzzato, diretor da instituição.

A escola estimula os alunos a fazerem redações frequentemente desde o ensino fundamental, fomentando o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio e do encadeamento de ideias. Isso irá preparar esses estudantes para os novos formatos de vestibular que estão surgindo – inclusive o Enem. Afinal, se o novo exame seguir parte das mudanças que estavam previstas anteriormente, a tendência é que os alunos enfrentem cada vez mais questões discursivas.

Já no Colégio Pentágono, os alunos recebem acompanhamento desde o primeiro ano do ensino médio para conseguirem se preparar para o Enem e outros vestibulares. “Tenho mapeado todos os alunos da terceira série e a relação de curso e faculdade que eles querem fazer. Eles foram divididos em seis grupos, considerando justamente as carreiras que eles escolheram. Esses grupos recebem uma mentoria semanal e orientação de estudos de acordo com os cursos escolhidos”, conta Diego Silva, Coordenador do Ensino Médio da Unidade Alphaville do Colégio Pentágono.

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Limbo educacional

Para o diretor pedagógico do Colégio Fibonacci, o problema da reformulação não está necessariamente na grade curricular, mas sim na falta de tempo hábil para as escolas se adequarem às mudanças. “Tanto a mudança do novo ensino médio quanto o novo formato do Enem precisam ser discutidos com mais tempo, e com um período de implantação maior. Essa mudança de direção ao longo do curso é muito prejudicial, e praticamente inviabiliza o bom trabalho”, avalia André Ricardo de Castro, diretor pedagógico do Colégio Fibonacci.

André ainda chama atenção para essa nova revisão do ensino médio. Na visão do diretor, o governo caminha numa direção de voltar a um modelo parecido com o antigo ensino médio, deixando os estudantes que já estão cursando a nova modalidade em um “limbo” educacional.

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“Nós teremos um grupo de alunos que cursou três anos em um modelo de currículo que não existia no passado e não vai existir no futuro. É o preço que a sociedade está pagando por essas mudanças de rota ao longo do trajeto”.

Como se preparar para o desconhecido?

Algo comum entre os alunos que estão se preparando para o Enem é fazer as provas anteriores. Essa foi, inclusive, uma das técnicas que ajudaram o Herbert Dias de Souza, ex-aluno do Colégio Fibonacci, a passar em medicina na Universidade São Paulo (USP) através do Enem-USP. “Tive acesso aos materiais do colégio, procurei provas antigas, busquei diferentes métodos para estudar e, o principal de todos, equilibrei estudo e vida social”.

Mas como se preparar para uma prova que nunca aconteceu? Essa é a principal preocupação dos estudantes que ainda estão no começo ou no meio do ensino médio e não sabem o que vai acontecer com o Enem nos próximos anos. Como é o caso da Catherine Zumas Quintiliano dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio da Escola Vereda.

“Ninguém tem essa prova para treinar, não dá para saber se o conteúdo será mais complexo ou não. Isso tem causado muito medo e ansiedade”. Catherine acredita que, por causa dessas incertezas, quando o novo Enem de fato for implementado vai levar a melhor quem tiver menos ansioso. “Quem conseguir lidar emocionalmente com essa prova vai se dar muito bem, principalmente nesses primeiros anos”.

Com a implementação do novo ensino médio, em 2022, o Ministério da Educação anunciou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sofreria alterações em 2024. A proposta era adequar o exame ao formato de Itinerários Informativos. O primeiro dia seria de questões objetivas de múltipla escolha – com ênfase em português e matemática – e redação. Já o segundo dia seria dividido em questões objetivas e questões discursivas de acordo com os conhecimentos específicos escolhidos pelo candidato.

A mudança, contudo, foi suspensa em abril deste ano, após anúncio de uma nova reformulação do ensino médio. Isso significa que o Enem seguirá, por hora, no mesmo formato que é apresentado desde 2009, com redação e questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.

Em meio a essas reformulações e anúncios, estão estudantes que seguem um currículo dentro de sala mas precisam se preparar para uma prova que cobra os conteúdos de forma diferente.”Isso causa uma preocupação. Como é que esse Enem virá? Eles [o MEC] estão considerando o que as escolas já implantaram no novo ensino médio entre 2022 e 2023?”, pontua Talita Marcília, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

De acordo com o Ministério da Educação, há 3,9 milhões de estudantes inscritos no Enem 2023 Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Por enquanto, para os estudantes que já estão cursando o novo ensino médio, fica a responsabilidade de conduzir estudos paralelos para dar conta, ao mesmo tempo, do Novo Ensino Médio e do Velho Enem.

Maria Luiza Novelletto Carvalho, estudante do último ano no Colégio Humboldt, fez parte de um piloto do colégio e, por isso, já começou o ensino médio no novo formato. Com elogios e críticas a esse modelo, ela gosta da possibilidade que as matérias optativas oferecem aos alunos de se aprofundarem nas áreas de conhecimento de maior interesse. Mas precisou alterar seu planejamento de estudo para conseguir se preparar para o Enem.

“Faz três anos que estou trabalhando com essa dinâmica de novo ensino médio, mas a prova do Enem que vou realizar ainda vai seguir o modelo tradicional. Ou seja, ao mesmo tempo que nos preparamos visando novas habilidades, competências e outros métodos de aprendizagem, ainda vamos fazer uma prova tradicional de múltipla escolha”.

Maria Luiza Novelletto Carvalho, estudante do último ano no Colégio Humboldt já começou o ensino médio no novo formato Foto: COLÉGIO HUMBOLDT

Adequação do currículo escolar

Ainda sem nenhuma luz sobre o futuro do Enem, o Colégio Humboldt optou por preservar o horário regular de aula para o currículo do Novo Ensino Médio – com formação geral básica e itinerários formativos que os alunos escolhem de acordo com seus projetos de vida.

Todavia, para não deixar o estudante desamparado quanto ao Enem, o colégio oferece aulas extras voltadas especificamente para conteúdos abordados na prova e em outros vestibulares mais procurados pelos alunos. Porém, essas aulas são eletivas, e não são todos os alunos que optam por fazê-las.

“A expectativa do colégio para quando o Enem ficar mais alinhado com a proposta de ensino médio é de que teremos diretrizes melhores sobre o ensino. Talvez a matriz de competência do Enem dê maior clareza sobre o que é a formação geral básica, o que é itinerário formativo e o que se espera desses alunos”, comenta a coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

Na Escola Vereda, por exemplo, por ser uma instituição de período integral, a adequação foi mais simples em termos de carga horária. “Basicamente, o que se faz lá fora [no exterior] é um movimento que se tem buscado com o Novo Ensino Médio, ou seja, você diminuir o número de matérias, aumentar o tempo de estudo dos estudantes e dar áreas de aprofundamentos para esses estudantes”, explica Arthur Buzzato, diretor da instituição.

A escola estimula os alunos a fazerem redações frequentemente desde o ensino fundamental, fomentando o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio e do encadeamento de ideias. Isso irá preparar esses estudantes para os novos formatos de vestibular que estão surgindo – inclusive o Enem. Afinal, se o novo exame seguir parte das mudanças que estavam previstas anteriormente, a tendência é que os alunos enfrentem cada vez mais questões discursivas.

Já no Colégio Pentágono, os alunos recebem acompanhamento desde o primeiro ano do ensino médio para conseguirem se preparar para o Enem e outros vestibulares. “Tenho mapeado todos os alunos da terceira série e a relação de curso e faculdade que eles querem fazer. Eles foram divididos em seis grupos, considerando justamente as carreiras que eles escolheram. Esses grupos recebem uma mentoria semanal e orientação de estudos de acordo com os cursos escolhidos”, conta Diego Silva, Coordenador do Ensino Médio da Unidade Alphaville do Colégio Pentágono.

Limbo educacional

Para o diretor pedagógico do Colégio Fibonacci, o problema da reformulação não está necessariamente na grade curricular, mas sim na falta de tempo hábil para as escolas se adequarem às mudanças. “Tanto a mudança do novo ensino médio quanto o novo formato do Enem precisam ser discutidos com mais tempo, e com um período de implantação maior. Essa mudança de direção ao longo do curso é muito prejudicial, e praticamente inviabiliza o bom trabalho”, avalia André Ricardo de Castro, diretor pedagógico do Colégio Fibonacci.

André ainda chama atenção para essa nova revisão do ensino médio. Na visão do diretor, o governo caminha numa direção de voltar a um modelo parecido com o antigo ensino médio, deixando os estudantes que já estão cursando a nova modalidade em um “limbo” educacional.

“Nós teremos um grupo de alunos que cursou três anos em um modelo de currículo que não existia no passado e não vai existir no futuro. É o preço que a sociedade está pagando por essas mudanças de rota ao longo do trajeto”.

Como se preparar para o desconhecido?

Algo comum entre os alunos que estão se preparando para o Enem é fazer as provas anteriores. Essa foi, inclusive, uma das técnicas que ajudaram o Herbert Dias de Souza, ex-aluno do Colégio Fibonacci, a passar em medicina na Universidade São Paulo (USP) através do Enem-USP. “Tive acesso aos materiais do colégio, procurei provas antigas, busquei diferentes métodos para estudar e, o principal de todos, equilibrei estudo e vida social”.

Mas como se preparar para uma prova que nunca aconteceu? Essa é a principal preocupação dos estudantes que ainda estão no começo ou no meio do ensino médio e não sabem o que vai acontecer com o Enem nos próximos anos. Como é o caso da Catherine Zumas Quintiliano dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio da Escola Vereda.

“Ninguém tem essa prova para treinar, não dá para saber se o conteúdo será mais complexo ou não. Isso tem causado muito medo e ansiedade”. Catherine acredita que, por causa dessas incertezas, quando o novo Enem de fato for implementado vai levar a melhor quem tiver menos ansioso. “Quem conseguir lidar emocionalmente com essa prova vai se dar muito bem, principalmente nesses primeiros anos”.

Com a implementação do novo ensino médio, em 2022, o Ministério da Educação anunciou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sofreria alterações em 2024. A proposta era adequar o exame ao formato de Itinerários Informativos. O primeiro dia seria de questões objetivas de múltipla escolha – com ênfase em português e matemática – e redação. Já o segundo dia seria dividido em questões objetivas e questões discursivas de acordo com os conhecimentos específicos escolhidos pelo candidato.

A mudança, contudo, foi suspensa em abril deste ano, após anúncio de uma nova reformulação do ensino médio. Isso significa que o Enem seguirá, por hora, no mesmo formato que é apresentado desde 2009, com redação e questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.

Em meio a essas reformulações e anúncios, estão estudantes que seguem um currículo dentro de sala mas precisam se preparar para uma prova que cobra os conteúdos de forma diferente.”Isso causa uma preocupação. Como é que esse Enem virá? Eles [o MEC] estão considerando o que as escolas já implantaram no novo ensino médio entre 2022 e 2023?”, pontua Talita Marcília, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

De acordo com o Ministério da Educação, há 3,9 milhões de estudantes inscritos no Enem 2023 Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Por enquanto, para os estudantes que já estão cursando o novo ensino médio, fica a responsabilidade de conduzir estudos paralelos para dar conta, ao mesmo tempo, do Novo Ensino Médio e do Velho Enem.

Maria Luiza Novelletto Carvalho, estudante do último ano no Colégio Humboldt, fez parte de um piloto do colégio e, por isso, já começou o ensino médio no novo formato. Com elogios e críticas a esse modelo, ela gosta da possibilidade que as matérias optativas oferecem aos alunos de se aprofundarem nas áreas de conhecimento de maior interesse. Mas precisou alterar seu planejamento de estudo para conseguir se preparar para o Enem.

“Faz três anos que estou trabalhando com essa dinâmica de novo ensino médio, mas a prova do Enem que vou realizar ainda vai seguir o modelo tradicional. Ou seja, ao mesmo tempo que nos preparamos visando novas habilidades, competências e outros métodos de aprendizagem, ainda vamos fazer uma prova tradicional de múltipla escolha”.

Maria Luiza Novelletto Carvalho, estudante do último ano no Colégio Humboldt já começou o ensino médio no novo formato Foto: COLÉGIO HUMBOLDT

Adequação do currículo escolar

Ainda sem nenhuma luz sobre o futuro do Enem, o Colégio Humboldt optou por preservar o horário regular de aula para o currículo do Novo Ensino Médio – com formação geral básica e itinerários formativos que os alunos escolhem de acordo com seus projetos de vida.

Todavia, para não deixar o estudante desamparado quanto ao Enem, o colégio oferece aulas extras voltadas especificamente para conteúdos abordados na prova e em outros vestibulares mais procurados pelos alunos. Porém, essas aulas são eletivas, e não são todos os alunos que optam por fazê-las.

“A expectativa do colégio para quando o Enem ficar mais alinhado com a proposta de ensino médio é de que teremos diretrizes melhores sobre o ensino. Talvez a matriz de competência do Enem dê maior clareza sobre o que é a formação geral básica, o que é itinerário formativo e o que se espera desses alunos”, comenta a coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

Na Escola Vereda, por exemplo, por ser uma instituição de período integral, a adequação foi mais simples em termos de carga horária. “Basicamente, o que se faz lá fora [no exterior] é um movimento que se tem buscado com o Novo Ensino Médio, ou seja, você diminuir o número de matérias, aumentar o tempo de estudo dos estudantes e dar áreas de aprofundamentos para esses estudantes”, explica Arthur Buzzato, diretor da instituição.

A escola estimula os alunos a fazerem redações frequentemente desde o ensino fundamental, fomentando o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio e do encadeamento de ideias. Isso irá preparar esses estudantes para os novos formatos de vestibular que estão surgindo – inclusive o Enem. Afinal, se o novo exame seguir parte das mudanças que estavam previstas anteriormente, a tendência é que os alunos enfrentem cada vez mais questões discursivas.

Já no Colégio Pentágono, os alunos recebem acompanhamento desde o primeiro ano do ensino médio para conseguirem se preparar para o Enem e outros vestibulares. “Tenho mapeado todos os alunos da terceira série e a relação de curso e faculdade que eles querem fazer. Eles foram divididos em seis grupos, considerando justamente as carreiras que eles escolheram. Esses grupos recebem uma mentoria semanal e orientação de estudos de acordo com os cursos escolhidos”, conta Diego Silva, Coordenador do Ensino Médio da Unidade Alphaville do Colégio Pentágono.

Limbo educacional

Para o diretor pedagógico do Colégio Fibonacci, o problema da reformulação não está necessariamente na grade curricular, mas sim na falta de tempo hábil para as escolas se adequarem às mudanças. “Tanto a mudança do novo ensino médio quanto o novo formato do Enem precisam ser discutidos com mais tempo, e com um período de implantação maior. Essa mudança de direção ao longo do curso é muito prejudicial, e praticamente inviabiliza o bom trabalho”, avalia André Ricardo de Castro, diretor pedagógico do Colégio Fibonacci.

André ainda chama atenção para essa nova revisão do ensino médio. Na visão do diretor, o governo caminha numa direção de voltar a um modelo parecido com o antigo ensino médio, deixando os estudantes que já estão cursando a nova modalidade em um “limbo” educacional.

“Nós teremos um grupo de alunos que cursou três anos em um modelo de currículo que não existia no passado e não vai existir no futuro. É o preço que a sociedade está pagando por essas mudanças de rota ao longo do trajeto”.

Como se preparar para o desconhecido?

Algo comum entre os alunos que estão se preparando para o Enem é fazer as provas anteriores. Essa foi, inclusive, uma das técnicas que ajudaram o Herbert Dias de Souza, ex-aluno do Colégio Fibonacci, a passar em medicina na Universidade São Paulo (USP) através do Enem-USP. “Tive acesso aos materiais do colégio, procurei provas antigas, busquei diferentes métodos para estudar e, o principal de todos, equilibrei estudo e vida social”.

Mas como se preparar para uma prova que nunca aconteceu? Essa é a principal preocupação dos estudantes que ainda estão no começo ou no meio do ensino médio e não sabem o que vai acontecer com o Enem nos próximos anos. Como é o caso da Catherine Zumas Quintiliano dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio da Escola Vereda.

“Ninguém tem essa prova para treinar, não dá para saber se o conteúdo será mais complexo ou não. Isso tem causado muito medo e ansiedade”. Catherine acredita que, por causa dessas incertezas, quando o novo Enem de fato for implementado vai levar a melhor quem tiver menos ansioso. “Quem conseguir lidar emocionalmente com essa prova vai se dar muito bem, principalmente nesses primeiros anos”.

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