Como desenvolver o País se as crianças não têm nem escorregador na escola?


Pesquisa mostra falta de brinquedos e atividade de leitura em escolas de educação infantil

Por Renata Cafardo

Pode parecer impensável, mas um terço das escolas de educação infantil do Brasil - o que quer dizer, com alunos de 0 a 5 anos - não tem sequer um escorregador. A criança pequena aprende essencialmente brincando e parte importante desse processo é poder se movimentar ao ar livre, correr, explorar, escalar, se balançar, escorregar.

Os dados fazem parte de análise inédita do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Os pesquisadores tabularam informações do Censo Escolar e respostas dadas pelos próprios diretores e professores a questionários do Ministério da Educação (MEC).

Entre os sete equipamentos considerados básicos numa escola de educação infantil, o que mais aparece no País é o tanque de areia, em 77% delas.

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Em segundo lugar, vêm a casinha e o escorregador, que estão presentes em 72% e 67% das escolas, respectivamente. Brinquedos para escalar, gira-gira, gangorra e balanço - itens quase obrigatórios em qualquer escola de elite - estão numa minoria de escolas públicas. Também só pouco mais da metade têm bebedouros ou banheiros infantis, aqueles adaptados para o tamanho da criança.

Crianças brincam em pátio de escola em São Paulo; brinquedos são essenciais para o desenvolvimento na primeira infância Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ter um pátio sem estrutura não quer dizer compensação do lado de dentro, nas salas de aula. Outra avaliação feita também pela Fundação Maria Cecília, em 2022, mostrou que 55% das turmas não realizam leitura de livros para crianças pequenas, atividade fundamental para a alfabetização, a aquisição de vocabulário, o estímulo à imaginação e à criatividade.

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O estudo da UFRJ deste ano indica agora que 15% dos professores disseram “discordar ou discordar fortemente” da afirmação “eu leio livro para as crianças todos os dias”.

Se faltar humanidade para entender quão isso é devastador para a educação de uma criança, olhemos para a economia. As pesquisas do prêmio Nobel James Heckman, ao longo das últimas décadas, mostraram que o desenvolvimento na primeira infância impulsiona o sucesso na escola e na vida - já que até os 5 anos o cérebro forma as bases das habilidades cognitivas essenciais para o futuro - e como isso é crucial para uma nação.

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“Aqueles que buscam reduzir os déficits e fortalecer a economia devem fazer investimentos significativos em educação na primeira infância”, diz o pesquisador. Para cada US$ 1 investido, ele calculou, retornam US$ 7. Heckman afirma que uma das estratégias mais eficazes para o crescimento econômico, mesmo durante crises orçamentárias, é investir no desenvolvimento de crianças pequenas em risco, ou seja, aquelas mais vulneráveis.

Segundo ele, “os custos de curto prazo são mais do que compensados pelos benefícios imediatos e de longo prazo”. Isso porque há menos necessidade de investir em serviços sociais, em sistema penal e em recuperação de aprendizagem das crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, há melhores resultados na área de saúde e aumento da autossuficiência e da produtividade das famílias.

As pesquisas desse professor de Economia da Universidade de Chicago fizeram com que o mundo todo voltasse a atenção para os pequenos cidadãos. Mas o Brasil ainda acha que é possível falar em desenvolvimento sem ter nem escorregador e livros numa escola de educação infantil.

Pode parecer impensável, mas um terço das escolas de educação infantil do Brasil - o que quer dizer, com alunos de 0 a 5 anos - não tem sequer um escorregador. A criança pequena aprende essencialmente brincando e parte importante desse processo é poder se movimentar ao ar livre, correr, explorar, escalar, se balançar, escorregar.

Os dados fazem parte de análise inédita do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Os pesquisadores tabularam informações do Censo Escolar e respostas dadas pelos próprios diretores e professores a questionários do Ministério da Educação (MEC).

Entre os sete equipamentos considerados básicos numa escola de educação infantil, o que mais aparece no País é o tanque de areia, em 77% delas.

Em segundo lugar, vêm a casinha e o escorregador, que estão presentes em 72% e 67% das escolas, respectivamente. Brinquedos para escalar, gira-gira, gangorra e balanço - itens quase obrigatórios em qualquer escola de elite - estão numa minoria de escolas públicas. Também só pouco mais da metade têm bebedouros ou banheiros infantis, aqueles adaptados para o tamanho da criança.

Crianças brincam em pátio de escola em São Paulo; brinquedos são essenciais para o desenvolvimento na primeira infância Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ter um pátio sem estrutura não quer dizer compensação do lado de dentro, nas salas de aula. Outra avaliação feita também pela Fundação Maria Cecília, em 2022, mostrou que 55% das turmas não realizam leitura de livros para crianças pequenas, atividade fundamental para a alfabetização, a aquisição de vocabulário, o estímulo à imaginação e à criatividade.

O estudo da UFRJ deste ano indica agora que 15% dos professores disseram “discordar ou discordar fortemente” da afirmação “eu leio livro para as crianças todos os dias”.

Se faltar humanidade para entender quão isso é devastador para a educação de uma criança, olhemos para a economia. As pesquisas do prêmio Nobel James Heckman, ao longo das últimas décadas, mostraram que o desenvolvimento na primeira infância impulsiona o sucesso na escola e na vida - já que até os 5 anos o cérebro forma as bases das habilidades cognitivas essenciais para o futuro - e como isso é crucial para uma nação.

“Aqueles que buscam reduzir os déficits e fortalecer a economia devem fazer investimentos significativos em educação na primeira infância”, diz o pesquisador. Para cada US$ 1 investido, ele calculou, retornam US$ 7. Heckman afirma que uma das estratégias mais eficazes para o crescimento econômico, mesmo durante crises orçamentárias, é investir no desenvolvimento de crianças pequenas em risco, ou seja, aquelas mais vulneráveis.

Segundo ele, “os custos de curto prazo são mais do que compensados pelos benefícios imediatos e de longo prazo”. Isso porque há menos necessidade de investir em serviços sociais, em sistema penal e em recuperação de aprendizagem das crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, há melhores resultados na área de saúde e aumento da autossuficiência e da produtividade das famílias.

As pesquisas desse professor de Economia da Universidade de Chicago fizeram com que o mundo todo voltasse a atenção para os pequenos cidadãos. Mas o Brasil ainda acha que é possível falar em desenvolvimento sem ter nem escorregador e livros numa escola de educação infantil.

Pode parecer impensável, mas um terço das escolas de educação infantil do Brasil - o que quer dizer, com alunos de 0 a 5 anos - não tem sequer um escorregador. A criança pequena aprende essencialmente brincando e parte importante desse processo é poder se movimentar ao ar livre, correr, explorar, escalar, se balançar, escorregar.

Os dados fazem parte de análise inédita do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Os pesquisadores tabularam informações do Censo Escolar e respostas dadas pelos próprios diretores e professores a questionários do Ministério da Educação (MEC).

Entre os sete equipamentos considerados básicos numa escola de educação infantil, o que mais aparece no País é o tanque de areia, em 77% delas.

Em segundo lugar, vêm a casinha e o escorregador, que estão presentes em 72% e 67% das escolas, respectivamente. Brinquedos para escalar, gira-gira, gangorra e balanço - itens quase obrigatórios em qualquer escola de elite - estão numa minoria de escolas públicas. Também só pouco mais da metade têm bebedouros ou banheiros infantis, aqueles adaptados para o tamanho da criança.

Crianças brincam em pátio de escola em São Paulo; brinquedos são essenciais para o desenvolvimento na primeira infância Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ter um pátio sem estrutura não quer dizer compensação do lado de dentro, nas salas de aula. Outra avaliação feita também pela Fundação Maria Cecília, em 2022, mostrou que 55% das turmas não realizam leitura de livros para crianças pequenas, atividade fundamental para a alfabetização, a aquisição de vocabulário, o estímulo à imaginação e à criatividade.

O estudo da UFRJ deste ano indica agora que 15% dos professores disseram “discordar ou discordar fortemente” da afirmação “eu leio livro para as crianças todos os dias”.

Se faltar humanidade para entender quão isso é devastador para a educação de uma criança, olhemos para a economia. As pesquisas do prêmio Nobel James Heckman, ao longo das últimas décadas, mostraram que o desenvolvimento na primeira infância impulsiona o sucesso na escola e na vida - já que até os 5 anos o cérebro forma as bases das habilidades cognitivas essenciais para o futuro - e como isso é crucial para uma nação.

“Aqueles que buscam reduzir os déficits e fortalecer a economia devem fazer investimentos significativos em educação na primeira infância”, diz o pesquisador. Para cada US$ 1 investido, ele calculou, retornam US$ 7. Heckman afirma que uma das estratégias mais eficazes para o crescimento econômico, mesmo durante crises orçamentárias, é investir no desenvolvimento de crianças pequenas em risco, ou seja, aquelas mais vulneráveis.

Segundo ele, “os custos de curto prazo são mais do que compensados pelos benefícios imediatos e de longo prazo”. Isso porque há menos necessidade de investir em serviços sociais, em sistema penal e em recuperação de aprendizagem das crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, há melhores resultados na área de saúde e aumento da autossuficiência e da produtividade das famílias.

As pesquisas desse professor de Economia da Universidade de Chicago fizeram com que o mundo todo voltasse a atenção para os pequenos cidadãos. Mas o Brasil ainda acha que é possível falar em desenvolvimento sem ter nem escorregador e livros numa escola de educação infantil.

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