Depois de um ataque a escola, não adianta só mais polícia ou mais psicólogo


É preciso uma política de combate à violência, que inclui formação de professores e apoio aos jovens

Por Renata Cafardo
Atualização:

Não adianta autoridades prometerem apenas mais polícia ou mesmo mais psicólogos depois de outro ataque a escola, como infelizmente voltou a acontecer em São Paulo nesta segunda-feira, 23.

Desde 2022 o número de casos deu um salto e metade de todos atentados da história da educação brasileira foram nos últimos dois anos. Era preciso já ter criado - e agora acelerar - uma política de combate à violência nas escolas, que inclui formação de professores para convivência pacífica, apoio para os jovens lidarem com problemas identitários, preconceitos, frustração, ódio e ainda regulamentação do uso das redes sociais.

Após o primeiro ataque em São Paulo, em março deste ano, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que contrataria psicólogos e educadores especializados em lidar com conflitos. Foram cerca de 500 terapeutas chamados para 5.200 escolas estaduais, o que dá 1 para mais de 10 escolas. É pouco e ele mesmo reconheceu que não fez o suficiente, mas mesmo que tivesse um por escola não seria a solução completa.

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Aulas na escola de Sapopemba estão suspensas por 10 dias após ataque desta segunda-feira Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Já o edital para seleção dos chamados professores de orientação de convivência, que lidariam justamente com prevenção e mediação de conflitos, foi aberto apenas este mês pelo Estado. Os novos profissionais só entram ano que vem nas escolas.

O Ministério da Educação (MEC), do governo Luiz Inácio Lula da Silva, fez cartilha, curso, seminários, criou um procedimento de resposta rápida aos casos, mas ainda não divulgou o relatório final de um grupo de trabalho sobre violência nas escolas ou apresentou uma estratégia nacional de enfrentamento da questão.

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É um trabalho que pede urgência e que precisa ser da sociedade, não só do MEC, de um Estado, de uma escola. O que assistimos aterrorizados é resultado de anos de extremismo, de culto às armas, de desincentivo ao diálogo e encorajamento de soluções pela agressão - no Brasil e no mundo.

A solução não é fácil, mas não podemos esquecer que o problema é cotidiano. Ou seja, é preciso intervir sempre, no dia a dia da educação, nas escolas e nas famílias. A formação para uma convivência pacífica tem de chegar a todos os professores e ainda aos pais dos alunos, que vão ter também que se ver livres de seus próprios preconceitos e medos para ajudar as crianças e adolescentes.

Precisamos reconhecer que muitos de nossos alunos estão sendo alimentados pelo extremismo, pelo ódio, pela misoginia (todos os ataques no Brasil foram feitos por meninos), pela homofobia, e reagir com estímulo verdadeiro e profissional ao diálogo, à escuta de jovens muitas vezes marginalizados e inseridos em um sistema educacional precarizado. Há diversas estratégias já muito estudadas que funcionam, como assembleias, gestões escolares mais democráticas, construção da autonomia.

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E essa política maior tem que ter ainda outro foco, como cansam de repetir os especialistas: monitoramento e regulamentação do que acontece nas redes sociais, não na deep web, mas em contas do X (antigo Twitter), Tik Tok ou grupos do Discord.

Nas internet, jovens infelizmente encontram a sensação de pertencimento que não acharam na escola. Se engajam em discursos e comunidades de ódio contra mulheres, pretos, contra professores, colegas, aprendem sobre armas, numa rede macabra que busca aceitação e notoriedade.

Não é por acaso que são as escolas as atacadas. Jovens não têm matado colegas em shoppings ou bares no Brasil. E é por isso que a escola é ponto chave dessa política sistêmica de combate à violência. Mas, sozinha, ela não vai vencer.

Não adianta autoridades prometerem apenas mais polícia ou mesmo mais psicólogos depois de outro ataque a escola, como infelizmente voltou a acontecer em São Paulo nesta segunda-feira, 23.

Desde 2022 o número de casos deu um salto e metade de todos atentados da história da educação brasileira foram nos últimos dois anos. Era preciso já ter criado - e agora acelerar - uma política de combate à violência nas escolas, que inclui formação de professores para convivência pacífica, apoio para os jovens lidarem com problemas identitários, preconceitos, frustração, ódio e ainda regulamentação do uso das redes sociais.

Após o primeiro ataque em São Paulo, em março deste ano, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que contrataria psicólogos e educadores especializados em lidar com conflitos. Foram cerca de 500 terapeutas chamados para 5.200 escolas estaduais, o que dá 1 para mais de 10 escolas. É pouco e ele mesmo reconheceu que não fez o suficiente, mas mesmo que tivesse um por escola não seria a solução completa.

Aulas na escola de Sapopemba estão suspensas por 10 dias após ataque desta segunda-feira Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Já o edital para seleção dos chamados professores de orientação de convivência, que lidariam justamente com prevenção e mediação de conflitos, foi aberto apenas este mês pelo Estado. Os novos profissionais só entram ano que vem nas escolas.

O Ministério da Educação (MEC), do governo Luiz Inácio Lula da Silva, fez cartilha, curso, seminários, criou um procedimento de resposta rápida aos casos, mas ainda não divulgou o relatório final de um grupo de trabalho sobre violência nas escolas ou apresentou uma estratégia nacional de enfrentamento da questão.

É um trabalho que pede urgência e que precisa ser da sociedade, não só do MEC, de um Estado, de uma escola. O que assistimos aterrorizados é resultado de anos de extremismo, de culto às armas, de desincentivo ao diálogo e encorajamento de soluções pela agressão - no Brasil e no mundo.

A solução não é fácil, mas não podemos esquecer que o problema é cotidiano. Ou seja, é preciso intervir sempre, no dia a dia da educação, nas escolas e nas famílias. A formação para uma convivência pacífica tem de chegar a todos os professores e ainda aos pais dos alunos, que vão ter também que se ver livres de seus próprios preconceitos e medos para ajudar as crianças e adolescentes.

Precisamos reconhecer que muitos de nossos alunos estão sendo alimentados pelo extremismo, pelo ódio, pela misoginia (todos os ataques no Brasil foram feitos por meninos), pela homofobia, e reagir com estímulo verdadeiro e profissional ao diálogo, à escuta de jovens muitas vezes marginalizados e inseridos em um sistema educacional precarizado. Há diversas estratégias já muito estudadas que funcionam, como assembleias, gestões escolares mais democráticas, construção da autonomia.

E essa política maior tem que ter ainda outro foco, como cansam de repetir os especialistas: monitoramento e regulamentação do que acontece nas redes sociais, não na deep web, mas em contas do X (antigo Twitter), Tik Tok ou grupos do Discord.

Nas internet, jovens infelizmente encontram a sensação de pertencimento que não acharam na escola. Se engajam em discursos e comunidades de ódio contra mulheres, pretos, contra professores, colegas, aprendem sobre armas, numa rede macabra que busca aceitação e notoriedade.

Não é por acaso que são as escolas as atacadas. Jovens não têm matado colegas em shoppings ou bares no Brasil. E é por isso que a escola é ponto chave dessa política sistêmica de combate à violência. Mas, sozinha, ela não vai vencer.

Não adianta autoridades prometerem apenas mais polícia ou mesmo mais psicólogos depois de outro ataque a escola, como infelizmente voltou a acontecer em São Paulo nesta segunda-feira, 23.

Desde 2022 o número de casos deu um salto e metade de todos atentados da história da educação brasileira foram nos últimos dois anos. Era preciso já ter criado - e agora acelerar - uma política de combate à violência nas escolas, que inclui formação de professores para convivência pacífica, apoio para os jovens lidarem com problemas identitários, preconceitos, frustração, ódio e ainda regulamentação do uso das redes sociais.

Após o primeiro ataque em São Paulo, em março deste ano, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que contrataria psicólogos e educadores especializados em lidar com conflitos. Foram cerca de 500 terapeutas chamados para 5.200 escolas estaduais, o que dá 1 para mais de 10 escolas. É pouco e ele mesmo reconheceu que não fez o suficiente, mas mesmo que tivesse um por escola não seria a solução completa.

Aulas na escola de Sapopemba estão suspensas por 10 dias após ataque desta segunda-feira Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Já o edital para seleção dos chamados professores de orientação de convivência, que lidariam justamente com prevenção e mediação de conflitos, foi aberto apenas este mês pelo Estado. Os novos profissionais só entram ano que vem nas escolas.

O Ministério da Educação (MEC), do governo Luiz Inácio Lula da Silva, fez cartilha, curso, seminários, criou um procedimento de resposta rápida aos casos, mas ainda não divulgou o relatório final de um grupo de trabalho sobre violência nas escolas ou apresentou uma estratégia nacional de enfrentamento da questão.

É um trabalho que pede urgência e que precisa ser da sociedade, não só do MEC, de um Estado, de uma escola. O que assistimos aterrorizados é resultado de anos de extremismo, de culto às armas, de desincentivo ao diálogo e encorajamento de soluções pela agressão - no Brasil e no mundo.

A solução não é fácil, mas não podemos esquecer que o problema é cotidiano. Ou seja, é preciso intervir sempre, no dia a dia da educação, nas escolas e nas famílias. A formação para uma convivência pacífica tem de chegar a todos os professores e ainda aos pais dos alunos, que vão ter também que se ver livres de seus próprios preconceitos e medos para ajudar as crianças e adolescentes.

Precisamos reconhecer que muitos de nossos alunos estão sendo alimentados pelo extremismo, pelo ódio, pela misoginia (todos os ataques no Brasil foram feitos por meninos), pela homofobia, e reagir com estímulo verdadeiro e profissional ao diálogo, à escuta de jovens muitas vezes marginalizados e inseridos em um sistema educacional precarizado. Há diversas estratégias já muito estudadas que funcionam, como assembleias, gestões escolares mais democráticas, construção da autonomia.

E essa política maior tem que ter ainda outro foco, como cansam de repetir os especialistas: monitoramento e regulamentação do que acontece nas redes sociais, não na deep web, mas em contas do X (antigo Twitter), Tik Tok ou grupos do Discord.

Nas internet, jovens infelizmente encontram a sensação de pertencimento que não acharam na escola. Se engajam em discursos e comunidades de ódio contra mulheres, pretos, contra professores, colegas, aprendem sobre armas, numa rede macabra que busca aceitação e notoriedade.

Não é por acaso que são as escolas as atacadas. Jovens não têm matado colegas em shoppings ou bares no Brasil. E é por isso que a escola é ponto chave dessa política sistêmica de combate à violência. Mas, sozinha, ela não vai vencer.

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