Novo ensino médio: qual a melhor solução para os jovens?


Em meio a contestações, é preciso agilidade do MEC para um diagnóstico do que está acontecendo nas escolas

Por Renata Cafardo

O novo ensino médio tornou-se alvo de um fogo amigo no governo Lula, daqueles que deixam a oposição feliz da vida, vendo o outro lado se matar sozinho. Se há algo bom nessa briga da esquerda contra a esquerda é fazer o Brasil olhar para os adolescentes, em especial os mais pobres, que há décadas não veem sentido na escola, abandonam ou concluem o ensino médio sem aprender nada.

Mais de 90% dos estudantes que terminam a escola no País não sabem o que se espera em Matemática e 60%, em Português. Um terço dos jovens de 19 anos nem sequer finalizou o ensino médio; entre os mais vulneráveis o índice sobe para quase a metade. Essas e outras constatações levaram a discussões que começaram há dez anos, durante governos do PT, e culminaram com uma medida provisória de Michel Temer (MDB), que instituiu o novo ensino médio – e depois virou lei. Apesar das contingências políticas do momento da proposta ajudarem a pôr fogo na briga, pós-impeachment de Dilma Rousseff (PT), havia consenso de que o currículo precisava mudar.

A reforma então definiu que parte do ensino médio seria feita com as disciplinas básicas e obrigatórias e o restante, flexível. Os estudantes teriam como se fosse um cardápio com os tais itinerários formativos, que são caminhos de estudo que poderiam escolher. Cada Estado criaria os seus, com propostas interdisciplinares, contemporâneas e próximas do interesse do jovem. Tudo isso tinha de ser feito durante o governo Bolsonaro e a pandemia. Não houve ajuda do Ministério da Educação (MEC) para formar professores para novas disciplinas, para melhorar a estrutura das escolas ou escutar estudantes. Os Estados se viraram. Hoje, mais de um ano depois do início do novo ensino médio, há algumas boas experiências, mas muitos problemas. Eles vão de itinerários com propósito duvidoso a aumento da desigualdade, com poucas e rasas opções de currículos para alunos pobres.

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Há poucas pesquisas sobre quais itinerários são oferecidos, quem são os docentes envolvidos, o que os alunos estão aprendendo. Foto: JF Diório/Estadão

Apesar de tudo isso, é difícil entender o que vai se colocar no lugar se houver a revogação do novo ensino médio, como quer um dos lados. O novo currículo não sairá de cena e a escola pública não se transformará, de repente, em um lugar de ensino crítico e transformador. Já não era assim antes, já era desigual, sem estrutura, sem aprendizagem, com professores carecendo de formação.

Lula viu que a coisa esquentou, entrou no debate semana passada e disse que o médio não vai “ficar do jeito que está”. Mas passou a bola para o ministro Camilo Santana, que abriu audiência pública e se recusa a falar em revogação, o que dependeria do Congresso.

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É preciso agilidade do MEC para um diagnóstico do que está acontecendo nas escolas. Há poucas pesquisas sobre quais itinerários são oferecidos, quem são os docentes envolvidos, o que os alunos estão aprendendo. O que se vê são protestos isolados, falas exaltadas em redes sociais. Só esse resultado vai poder indicar um redesenho da política, o apoio técnico e os recursos de que os Estados precisam para corrigir erros. Os estudantes do País, gostando ou não, já cursam o novo ensino médio, e não podem ser penalizados por uma briga sem fim.

O novo ensino médio tornou-se alvo de um fogo amigo no governo Lula, daqueles que deixam a oposição feliz da vida, vendo o outro lado se matar sozinho. Se há algo bom nessa briga da esquerda contra a esquerda é fazer o Brasil olhar para os adolescentes, em especial os mais pobres, que há décadas não veem sentido na escola, abandonam ou concluem o ensino médio sem aprender nada.

Mais de 90% dos estudantes que terminam a escola no País não sabem o que se espera em Matemática e 60%, em Português. Um terço dos jovens de 19 anos nem sequer finalizou o ensino médio; entre os mais vulneráveis o índice sobe para quase a metade. Essas e outras constatações levaram a discussões que começaram há dez anos, durante governos do PT, e culminaram com uma medida provisória de Michel Temer (MDB), que instituiu o novo ensino médio – e depois virou lei. Apesar das contingências políticas do momento da proposta ajudarem a pôr fogo na briga, pós-impeachment de Dilma Rousseff (PT), havia consenso de que o currículo precisava mudar.

A reforma então definiu que parte do ensino médio seria feita com as disciplinas básicas e obrigatórias e o restante, flexível. Os estudantes teriam como se fosse um cardápio com os tais itinerários formativos, que são caminhos de estudo que poderiam escolher. Cada Estado criaria os seus, com propostas interdisciplinares, contemporâneas e próximas do interesse do jovem. Tudo isso tinha de ser feito durante o governo Bolsonaro e a pandemia. Não houve ajuda do Ministério da Educação (MEC) para formar professores para novas disciplinas, para melhorar a estrutura das escolas ou escutar estudantes. Os Estados se viraram. Hoje, mais de um ano depois do início do novo ensino médio, há algumas boas experiências, mas muitos problemas. Eles vão de itinerários com propósito duvidoso a aumento da desigualdade, com poucas e rasas opções de currículos para alunos pobres.

Há poucas pesquisas sobre quais itinerários são oferecidos, quem são os docentes envolvidos, o que os alunos estão aprendendo. Foto: JF Diório/Estadão

Apesar de tudo isso, é difícil entender o que vai se colocar no lugar se houver a revogação do novo ensino médio, como quer um dos lados. O novo currículo não sairá de cena e a escola pública não se transformará, de repente, em um lugar de ensino crítico e transformador. Já não era assim antes, já era desigual, sem estrutura, sem aprendizagem, com professores carecendo de formação.

Lula viu que a coisa esquentou, entrou no debate semana passada e disse que o médio não vai “ficar do jeito que está”. Mas passou a bola para o ministro Camilo Santana, que abriu audiência pública e se recusa a falar em revogação, o que dependeria do Congresso.

É preciso agilidade do MEC para um diagnóstico do que está acontecendo nas escolas. Há poucas pesquisas sobre quais itinerários são oferecidos, quem são os docentes envolvidos, o que os alunos estão aprendendo. O que se vê são protestos isolados, falas exaltadas em redes sociais. Só esse resultado vai poder indicar um redesenho da política, o apoio técnico e os recursos de que os Estados precisam para corrigir erros. Os estudantes do País, gostando ou não, já cursam o novo ensino médio, e não podem ser penalizados por uma briga sem fim.

O novo ensino médio tornou-se alvo de um fogo amigo no governo Lula, daqueles que deixam a oposição feliz da vida, vendo o outro lado se matar sozinho. Se há algo bom nessa briga da esquerda contra a esquerda é fazer o Brasil olhar para os adolescentes, em especial os mais pobres, que há décadas não veem sentido na escola, abandonam ou concluem o ensino médio sem aprender nada.

Mais de 90% dos estudantes que terminam a escola no País não sabem o que se espera em Matemática e 60%, em Português. Um terço dos jovens de 19 anos nem sequer finalizou o ensino médio; entre os mais vulneráveis o índice sobe para quase a metade. Essas e outras constatações levaram a discussões que começaram há dez anos, durante governos do PT, e culminaram com uma medida provisória de Michel Temer (MDB), que instituiu o novo ensino médio – e depois virou lei. Apesar das contingências políticas do momento da proposta ajudarem a pôr fogo na briga, pós-impeachment de Dilma Rousseff (PT), havia consenso de que o currículo precisava mudar.

A reforma então definiu que parte do ensino médio seria feita com as disciplinas básicas e obrigatórias e o restante, flexível. Os estudantes teriam como se fosse um cardápio com os tais itinerários formativos, que são caminhos de estudo que poderiam escolher. Cada Estado criaria os seus, com propostas interdisciplinares, contemporâneas e próximas do interesse do jovem. Tudo isso tinha de ser feito durante o governo Bolsonaro e a pandemia. Não houve ajuda do Ministério da Educação (MEC) para formar professores para novas disciplinas, para melhorar a estrutura das escolas ou escutar estudantes. Os Estados se viraram. Hoje, mais de um ano depois do início do novo ensino médio, há algumas boas experiências, mas muitos problemas. Eles vão de itinerários com propósito duvidoso a aumento da desigualdade, com poucas e rasas opções de currículos para alunos pobres.

Há poucas pesquisas sobre quais itinerários são oferecidos, quem são os docentes envolvidos, o que os alunos estão aprendendo. Foto: JF Diório/Estadão

Apesar de tudo isso, é difícil entender o que vai se colocar no lugar se houver a revogação do novo ensino médio, como quer um dos lados. O novo currículo não sairá de cena e a escola pública não se transformará, de repente, em um lugar de ensino crítico e transformador. Já não era assim antes, já era desigual, sem estrutura, sem aprendizagem, com professores carecendo de formação.

Lula viu que a coisa esquentou, entrou no debate semana passada e disse que o médio não vai “ficar do jeito que está”. Mas passou a bola para o ministro Camilo Santana, que abriu audiência pública e se recusa a falar em revogação, o que dependeria do Congresso.

É preciso agilidade do MEC para um diagnóstico do que está acontecendo nas escolas. Há poucas pesquisas sobre quais itinerários são oferecidos, quem são os docentes envolvidos, o que os alunos estão aprendendo. O que se vê são protestos isolados, falas exaltadas em redes sociais. Só esse resultado vai poder indicar um redesenho da política, o apoio técnico e os recursos de que os Estados precisam para corrigir erros. Os estudantes do País, gostando ou não, já cursam o novo ensino médio, e não podem ser penalizados por uma briga sem fim.

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