Opinião|Pais que fazem ‘pegadinha’ ou dão apelido: o que bullying de adultos faz com a cabeça da criança?


Excesso de beijos e abraços, quando a criança não quer, pode dificultar identificação de uma situação de abuso no futuro

Por Rosely Sayão

Nos últimos dias foi publicada uma reportagem sobre vídeos que muitos pais fazem com seus filhos pequenos e postam nas redes sociais que me chamou a atenção. Nessas situações, as crianças são submetidas a alguma das chamadas “pegadinhas” que provocam, aos olhos dos adultos, muitos risos. Boa oportunidade para falarmos do bullying de adultos contra crianças, não é?

Sou frequentemente acionada por pais que querem dicas de como orientar os filhos a agirem quando sofrem o tal bullying. Poucas vezes sou chamada a colaborar com os pais quando estes souberam que o filho realiza essa prática. E nunca – nunca mesmo – fui interpelada a respeito do tema quando os envolvidos são um ou mais adultos contra crianças ou adolescentes.

Em casos de bullying é importante que os amigos e a família sejam um suporte para a vítima Foto: Unsplash/Caleb Woods
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É como se isso não existisse, nunca acontecesse. Mas existe, ocorre com mais frequência do que muitos imaginam e muitas vezes são os próprios pais ou outros adultos da família que realizam a prática.

Vamos começar com um exemplo bem simples e frequente: apelidos dados aos filhos. Alguns desses apelidos exasperam a criança porque apontam um problema que ela tem e que não consegue resolver.

Você já deve ter tido a oportunidade de testemunhar uma situação em que pais chamam o filho pelo apelido na presença de outras pessoas, que acham graça da situação. Mas saiba que a criança fica constrangida e sofre com isso! E tem mais: além do sofrimento atual, isso pode provocar consequências até na vida adulta.

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E quando a criança comete um erro qualquer e é chamada de “burra” ou outro adjetivo pejorativo qualquer? E quando os pais costumam dizer “você sempre faz isso!”?

Vale lembrar da conhecida “profecia autorrealizável”: uma criança, de tanto ouvir alguns adjetivos que lhe são colocados por adultos ou frases que a definem, pode acabar construindo uma trajetória em seu desenvolvimento que a levará pelo caminho que, mesmo sem querer, lhe foi proposto.

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Outro exemplo que poucos reconhecem como bullying é quando um adulto - em geral mãe, pai ou parente - costuma forçar beijos ou abraços quando a criança não quer. Ora, e depois dizemos que precisamos ensinar a criança a identificar situações de abuso de adultos para se proteger?

E o que falar dos alunos que, nas escolas, são o que costumamos chamar de “bode expiatório”? Sim, em toda escola há alguns alunos que, devido a características pessoais ou atitudes já tomadas, são frequentemente associados a situações em que ocorreu algum tipo de confusão. Puro bullying, certo?

Precisamos conhecer melhor nosso comportamento com os mais novos!

Nos últimos dias foi publicada uma reportagem sobre vídeos que muitos pais fazem com seus filhos pequenos e postam nas redes sociais que me chamou a atenção. Nessas situações, as crianças são submetidas a alguma das chamadas “pegadinhas” que provocam, aos olhos dos adultos, muitos risos. Boa oportunidade para falarmos do bullying de adultos contra crianças, não é?

Sou frequentemente acionada por pais que querem dicas de como orientar os filhos a agirem quando sofrem o tal bullying. Poucas vezes sou chamada a colaborar com os pais quando estes souberam que o filho realiza essa prática. E nunca – nunca mesmo – fui interpelada a respeito do tema quando os envolvidos são um ou mais adultos contra crianças ou adolescentes.

Em casos de bullying é importante que os amigos e a família sejam um suporte para a vítima Foto: Unsplash/Caleb Woods

É como se isso não existisse, nunca acontecesse. Mas existe, ocorre com mais frequência do que muitos imaginam e muitas vezes são os próprios pais ou outros adultos da família que realizam a prática.

Vamos começar com um exemplo bem simples e frequente: apelidos dados aos filhos. Alguns desses apelidos exasperam a criança porque apontam um problema que ela tem e que não consegue resolver.

Você já deve ter tido a oportunidade de testemunhar uma situação em que pais chamam o filho pelo apelido na presença de outras pessoas, que acham graça da situação. Mas saiba que a criança fica constrangida e sofre com isso! E tem mais: além do sofrimento atual, isso pode provocar consequências até na vida adulta.

E quando a criança comete um erro qualquer e é chamada de “burra” ou outro adjetivo pejorativo qualquer? E quando os pais costumam dizer “você sempre faz isso!”?

Vale lembrar da conhecida “profecia autorrealizável”: uma criança, de tanto ouvir alguns adjetivos que lhe são colocados por adultos ou frases que a definem, pode acabar construindo uma trajetória em seu desenvolvimento que a levará pelo caminho que, mesmo sem querer, lhe foi proposto.

Outro exemplo que poucos reconhecem como bullying é quando um adulto - em geral mãe, pai ou parente - costuma forçar beijos ou abraços quando a criança não quer. Ora, e depois dizemos que precisamos ensinar a criança a identificar situações de abuso de adultos para se proteger?

E o que falar dos alunos que, nas escolas, são o que costumamos chamar de “bode expiatório”? Sim, em toda escola há alguns alunos que, devido a características pessoais ou atitudes já tomadas, são frequentemente associados a situações em que ocorreu algum tipo de confusão. Puro bullying, certo?

Precisamos conhecer melhor nosso comportamento com os mais novos!

Nos últimos dias foi publicada uma reportagem sobre vídeos que muitos pais fazem com seus filhos pequenos e postam nas redes sociais que me chamou a atenção. Nessas situações, as crianças são submetidas a alguma das chamadas “pegadinhas” que provocam, aos olhos dos adultos, muitos risos. Boa oportunidade para falarmos do bullying de adultos contra crianças, não é?

Sou frequentemente acionada por pais que querem dicas de como orientar os filhos a agirem quando sofrem o tal bullying. Poucas vezes sou chamada a colaborar com os pais quando estes souberam que o filho realiza essa prática. E nunca – nunca mesmo – fui interpelada a respeito do tema quando os envolvidos são um ou mais adultos contra crianças ou adolescentes.

Em casos de bullying é importante que os amigos e a família sejam um suporte para a vítima Foto: Unsplash/Caleb Woods

É como se isso não existisse, nunca acontecesse. Mas existe, ocorre com mais frequência do que muitos imaginam e muitas vezes são os próprios pais ou outros adultos da família que realizam a prática.

Vamos começar com um exemplo bem simples e frequente: apelidos dados aos filhos. Alguns desses apelidos exasperam a criança porque apontam um problema que ela tem e que não consegue resolver.

Você já deve ter tido a oportunidade de testemunhar uma situação em que pais chamam o filho pelo apelido na presença de outras pessoas, que acham graça da situação. Mas saiba que a criança fica constrangida e sofre com isso! E tem mais: além do sofrimento atual, isso pode provocar consequências até na vida adulta.

E quando a criança comete um erro qualquer e é chamada de “burra” ou outro adjetivo pejorativo qualquer? E quando os pais costumam dizer “você sempre faz isso!”?

Vale lembrar da conhecida “profecia autorrealizável”: uma criança, de tanto ouvir alguns adjetivos que lhe são colocados por adultos ou frases que a definem, pode acabar construindo uma trajetória em seu desenvolvimento que a levará pelo caminho que, mesmo sem querer, lhe foi proposto.

Outro exemplo que poucos reconhecem como bullying é quando um adulto - em geral mãe, pai ou parente - costuma forçar beijos ou abraços quando a criança não quer. Ora, e depois dizemos que precisamos ensinar a criança a identificar situações de abuso de adultos para se proteger?

E o que falar dos alunos que, nas escolas, são o que costumamos chamar de “bode expiatório”? Sim, em toda escola há alguns alunos que, devido a características pessoais ou atitudes já tomadas, são frequentemente associados a situações em que ocorreu algum tipo de confusão. Puro bullying, certo?

Precisamos conhecer melhor nosso comportamento com os mais novos!

Opinião por Rosely Sayão

É psicóloga, consultora educacional e autora do livro "Educação sem Blá-blá-blá"

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