Opinião|Quer que seu filho desfrute o pouco de infância que é possível hoje? Ofereça-lhe tempo ocioso


Crianças submetidas na escola – na escola, gente! – a músicas com letras erotizadas. Mas saiba que, mesmo sem ter a intenção, fazemos coisas parecidas em família também

Por Rosely Sayão

Todo dia é dia de lembrarmos: até os 12 anos incompletos, todos são crianças! Pelo jeito que a situação anda, nem as crianças pequenas são mais tratadas como crianças, não é?

Brincar é a atividade fundamental nessa época da vida. É com brincadeiras que as crianças aprendem sobre o mundo, a vida e como ela funciona; observam o que acontece ao redor e repetem, a seu modo, o que testemunharam; criam memórias afetivas; desenvolvem a criatividade e a imaginação; aprendem a conviver, a entender um pouco sobre as emoções etc. E esses são apenas alguns exemplos de como é importante a brincadeira ser a atividade principal das crianças.

Crianças precisam de tempo ocioso Foto: Felipe Rau / Estadão
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E se tem uma coisa que estraga muito o ato de brincar são os brinquedos. Como somos exagerados na quantidade de artefatos classificados como brinquedos – nem todos o são, de fato – que damos para as crianças. Há tantos no quarto que elas não conseguem escolher um. Pronto: a brincadeira nem acontece.

E os brinquedos praticamente brincam sozinhos e a criança fica de espectadora, não é? Pois de telespectadora a espectadora no dia a dia, acaba-se o tempo para brincar. Nas mãos da criança, celular e tablet viram brinquedos que atrapalham o desenvolvimento dela, sabia? E a tela da TV joga sobre a criança o mundo adulto, sem perdão.

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Outro empecilho é a falta de tempo. Brincar exige a disponibilidade de tempo e de espaço e acontece com maior frequência na companhia de outras crianças, sem muita interferência de adultos, que devem tutelar, sem conduzir a brincadeira. A falta de contato com a natureza também inibe a criança de brincar: ela já não enxerga elementos presentes no ambiente natural nem imagina como brincar com eles.

Brincar exige adultos que compreendam o mundo infantil e saibam protegê-lo dentro das possibilidades! Nem tudo o que a criança gosta faz bem a ela. Disso sabemos na teoria, mas na prática...

Na prática acontece o que vimos recentemente nas redes virtuais e nos meios de comunicação: crianças submetidas na escola – na escola, gente! – a músicas com letras erotizadas na compreensão dos adultos. Mas saiba que, mesmo sem ter a intenção, fazemos coisas parecidas em família também. É o preço que as crianças pagam por estarmos provocando o desaparecimento da infância no mundo. Quer que seu filho desfrute o pouco de infância que é possível hoje? Ofereça-lhe tempo ocioso, espaço sem grandes restrições, e deixe o resto com ele. Depois do tédio, ele irá buscar – e/ou criar – alguma brincadeira.

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*É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ

Todo dia é dia de lembrarmos: até os 12 anos incompletos, todos são crianças! Pelo jeito que a situação anda, nem as crianças pequenas são mais tratadas como crianças, não é?

Brincar é a atividade fundamental nessa época da vida. É com brincadeiras que as crianças aprendem sobre o mundo, a vida e como ela funciona; observam o que acontece ao redor e repetem, a seu modo, o que testemunharam; criam memórias afetivas; desenvolvem a criatividade e a imaginação; aprendem a conviver, a entender um pouco sobre as emoções etc. E esses são apenas alguns exemplos de como é importante a brincadeira ser a atividade principal das crianças.

Crianças precisam de tempo ocioso Foto: Felipe Rau / Estadão

E se tem uma coisa que estraga muito o ato de brincar são os brinquedos. Como somos exagerados na quantidade de artefatos classificados como brinquedos – nem todos o são, de fato – que damos para as crianças. Há tantos no quarto que elas não conseguem escolher um. Pronto: a brincadeira nem acontece.

E os brinquedos praticamente brincam sozinhos e a criança fica de espectadora, não é? Pois de telespectadora a espectadora no dia a dia, acaba-se o tempo para brincar. Nas mãos da criança, celular e tablet viram brinquedos que atrapalham o desenvolvimento dela, sabia? E a tela da TV joga sobre a criança o mundo adulto, sem perdão.

Outro empecilho é a falta de tempo. Brincar exige a disponibilidade de tempo e de espaço e acontece com maior frequência na companhia de outras crianças, sem muita interferência de adultos, que devem tutelar, sem conduzir a brincadeira. A falta de contato com a natureza também inibe a criança de brincar: ela já não enxerga elementos presentes no ambiente natural nem imagina como brincar com eles.

Brincar exige adultos que compreendam o mundo infantil e saibam protegê-lo dentro das possibilidades! Nem tudo o que a criança gosta faz bem a ela. Disso sabemos na teoria, mas na prática...

Na prática acontece o que vimos recentemente nas redes virtuais e nos meios de comunicação: crianças submetidas na escola – na escola, gente! – a músicas com letras erotizadas na compreensão dos adultos. Mas saiba que, mesmo sem ter a intenção, fazemos coisas parecidas em família também. É o preço que as crianças pagam por estarmos provocando o desaparecimento da infância no mundo. Quer que seu filho desfrute o pouco de infância que é possível hoje? Ofereça-lhe tempo ocioso, espaço sem grandes restrições, e deixe o resto com ele. Depois do tédio, ele irá buscar – e/ou criar – alguma brincadeira.

*É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ

Todo dia é dia de lembrarmos: até os 12 anos incompletos, todos são crianças! Pelo jeito que a situação anda, nem as crianças pequenas são mais tratadas como crianças, não é?

Brincar é a atividade fundamental nessa época da vida. É com brincadeiras que as crianças aprendem sobre o mundo, a vida e como ela funciona; observam o que acontece ao redor e repetem, a seu modo, o que testemunharam; criam memórias afetivas; desenvolvem a criatividade e a imaginação; aprendem a conviver, a entender um pouco sobre as emoções etc. E esses são apenas alguns exemplos de como é importante a brincadeira ser a atividade principal das crianças.

Crianças precisam de tempo ocioso Foto: Felipe Rau / Estadão

E se tem uma coisa que estraga muito o ato de brincar são os brinquedos. Como somos exagerados na quantidade de artefatos classificados como brinquedos – nem todos o são, de fato – que damos para as crianças. Há tantos no quarto que elas não conseguem escolher um. Pronto: a brincadeira nem acontece.

E os brinquedos praticamente brincam sozinhos e a criança fica de espectadora, não é? Pois de telespectadora a espectadora no dia a dia, acaba-se o tempo para brincar. Nas mãos da criança, celular e tablet viram brinquedos que atrapalham o desenvolvimento dela, sabia? E a tela da TV joga sobre a criança o mundo adulto, sem perdão.

Outro empecilho é a falta de tempo. Brincar exige a disponibilidade de tempo e de espaço e acontece com maior frequência na companhia de outras crianças, sem muita interferência de adultos, que devem tutelar, sem conduzir a brincadeira. A falta de contato com a natureza também inibe a criança de brincar: ela já não enxerga elementos presentes no ambiente natural nem imagina como brincar com eles.

Brincar exige adultos que compreendam o mundo infantil e saibam protegê-lo dentro das possibilidades! Nem tudo o que a criança gosta faz bem a ela. Disso sabemos na teoria, mas na prática...

Na prática acontece o que vimos recentemente nas redes virtuais e nos meios de comunicação: crianças submetidas na escola – na escola, gente! – a músicas com letras erotizadas na compreensão dos adultos. Mas saiba que, mesmo sem ter a intenção, fazemos coisas parecidas em família também. É o preço que as crianças pagam por estarmos provocando o desaparecimento da infância no mundo. Quer que seu filho desfrute o pouco de infância que é possível hoje? Ofereça-lhe tempo ocioso, espaço sem grandes restrições, e deixe o resto com ele. Depois do tédio, ele irá buscar – e/ou criar – alguma brincadeira.

*É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ

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Opinião por Rosely Sayão

É psicóloga, consultora educacional e autora do livro "Educação sem Blá-blá-blá"

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