A mudança recente no perfil dos alunos das federais tem deixado cada vez mais acirrada a disputa pelas aproximadamente 320 mil vagas nas 63 instituições. Maior competição implica mais estudo e, portanto, o nível dos estudantes também vem subindo, avalia Vera Cepêda, pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “Como o número de concorrentes aumentou, alunos mais escolarizados estão ingressando nas federais”, afirma.
Para Vera, as ações feitas desde 2010 para alterar o ingresso nas federais - entre elas, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e a Lei de Cotas - também contribuem para mudar o perfil dos alunos. “A dobradinha Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é importante. O aluno pode usar a mesma porta para acessar várias janelas.” Ou seja, com uma nota, pode pleitear vaga em várias cidades.
Para João Alfredo Braida, pró-reitor de Graduação da Universidade da Fronteira Sul (UFSS), a Lei de Cotas foi essencial. Mas ele teme pelo futuro. “Penso que há sérios riscos de que essas mudanças no perfil, mais próximo da sociedade brasileira, possam estagnar e até retroceder.” Para ele, com a redução de gastos públicos, pode faltar dinheiro para programas como o Pnaes. “Desse modo, a educação superior deixa de ser possível para os alunos de baixa renda que necessitam de auxílio para permanência na universidade.”
Múltiplas opções
Nos últimos anos, o Sisu tornou-se o maior aglutinador de vagas para as universidades públicas federais. O sistema considera para classificação a nota que o estudante tira no Enem. Na seleção do ano passado, apenas duas instituições federais, ambas na Região Norte do País, localizadas em Rondônia e no Pará, não ofertaram vagas pelo Sisu. Em São Paulo, a concorrida Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) usa a dobradinha Sisu/Enem para o ingresso dos novos alunos em seus cursos.