Vale a pena fazer curso de idioma nas férias?


Pesquisa revela que opção ocupa primeira colocação entre os produtos mais procurados em agências de intercâmbio

Por Paulo Reda

Pesquisa realizada pela Belta (Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio) revela que atualmente os principais programas comercializados por essas empresas são os relacionados a cursos de idiomas no exterior. O levantamento aponta ainda que houve um aumento de 18% no envio de estudantes para cursos no exterior no comparativo entre os anos de 2019 e 2022.

Entre os países mais procurados por brasileiros que pretendem aprimorar um idioma estrangeiro e ao mesmo tempo conhecer a cultura de outros países estão o Canadá, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Irlanda e a Austrália.

E mesmo com as mudanças na geopolítica internacional, o inglês é ainda com grande distância o idioma mais estudado pelos brasileiros em experiências de intercâmbio. De acordo com o levantamento da Belta, 84% dos entrevistados afirmaram que estudaram inglês durante seu período no exterior, contra 6,2% de espanhol e 3,7% de francês.

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Alunos do CEPE Idiomas em Córdoba, na Argentina, para estudar espanhol Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Maura Leão, diretora de relações institucionais da Belta, instituição fundada há 31 anos e que hoje conta com 47 agências associadas, os cursos de imersão em idiomas no exterior são uma ótima oportunidade de acelerar o aprendizado.

“Temos opções de cursos presenciais em outros países e também híbridos, onde parte das aulas pode ser feita online do Brasil”, destaca ela. No caso dos cursos presenciais, Maura ressalta que a carga horária normalmente varia entre 15 a 30 horas semanais. “Hoje as agências oferecem opções que atendem desde crianças e adolescentes até adultos. O formato geralmente dura de duas a quatro semanas”.

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Para Maura, é fundamental que as pessoas que optarem por um curso de imersão em idiomas no exterior ou pelo modelo híbrido não tomem essa decisão com base apenas em valores. “Aconselhamos que procurem sempre uma empresa associada à Belta, pois elas possuem credenciamento e precisam preencher requisitos básicos para funcionarem”.

As agências associadas à entidade têm atualmente parcerias com 49 escolas espalhadas por todo o mundo. “Dessa forma, é possível encontrar um programa com seu perfil, orçamento, tempo, mas com qualidade e segurança. As agências cadastradas à Belta podem ser consultadas pelo site www.belta.org.br.

De acordo com Solange Pizzo, diretora do SIS Intercâmbio Cultural, atualmente os dois modelos de cursos mais procurados por brasileiros que querem fazer imersão em idiomas no exterior são o intensivo e o executivo. “O intensivo tem classes com cerca de 10, 12 alunos. O executivo pode até ser individual”.

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Solange explica que é possível também fazer a opção por um modelo mesclado “Quando você quer um curso rápido com resultados mais imediatos, aconselhamos o modelo executivo, no qual o aluno pode ter oito, nove aulas por dia. No intensivo temos de quatro a seis aulas por dia”.

Para ela, os bons resultados desses cursos de imersão em idiomas dependem muito da disciplina do aluno. “Eles têm os finais de semana livres, mas nos outros dias é fundamental manter o foco. Ter objetivo”.

Ela ressalta ainda que durante o período do curso o aluno evite ao máximo falar português com os outros estudantes ou mesmo em programas externos, “Se estuda outro idioma o dia inteiro e a noite só fala português não adianta”.

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Solange diz que apenas pelo conteúdo os cursos online podem ser de boa qualidade, mas que quando se vai para outro país o resultado é muito melhor, pela imersão na cultura local, no idioma falado nas ruas.

Outro modelo oferecido pelo SIS é o English Help, um centro de imersão no inglês no Brasil. “Recebemos vários grupos de executivos, com cargas horárias de até 13 horas por dia de conversação. São exercícios intensivos de fluência oral e auditiva”.

De acordo com Marina Pontes, gerente de educação continuada da PUC-Campinas, esses programas são importantes para que as pessoas se mantenham sempre atualizadas, seja por meio de cursos livres ou mais estruturados.

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“A importância do idioma cresce na proporção da maior integração entre os países. Inglês hoje é quase uma obrigação e outras línguas acabam se tornando um diferencial. Se a pessoa pode fazer essas imersões no exterior é sempre melhor”, destaca ela.

Para Marina, ao participar desses programas de imersão é importante que o estudante pratique o dia todo o idioma local, tanto em sua versão culta quanto da linguagem falada nas ruas, mais informal. “Nos Estados Unidos, por exemplo, tem uma linguagem informal maior, mais gírias”, explica.

Marina ressalta que hoje para ser escolhido para uma vaga no mercado de trabalho o conhecimento de línguas estrangeiras é fundamental. “Para realizar viagens internacionais, fechar negócios. Conseguir promoções, inclusive para unidades em outros países.

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Entre as questões práticas a serem levadas em conta pelos estudantes, Marina diz que é preciso pesquisar bem a escola e o destino escolhidos. “Até mesmo o clima. Preparação burocrática é importante também”. Ela destaca ainda a relevância de se escolher um programa que realmente agrade ao estudante, não seja só obrigação, mas que também tenha aplicação prática em sua rotina profissional. Optar por cursos que tenham maleabilidade de dias e horários”.

Para tornar o curso mais interessante, Marina aconselha que é possível misturar o estudo do idioma com outros temas locais, como história da arte ou gastronomia”.

Para Gabriel Campos, sócio da Pró Vendas Consultoria Empresarial e professor de Gestão de Produtos e Serviços no MBA da PUC Campinas, porém, esses programas de imersão são aconselhados principalmente para pessoas que já tem alguma base no idioma a ser estudado. “Para se ter vivência de verdade precisa ficar por lá pelos menos seis meses. Se tiver base no idioma facilita. Não sai do básico para o avançado em período tão curto, é difícil”, ressalta.

Segundo Campos, apesar do inglês ser visto hoje quase como um pré-requisito para contratação em determinados setores do mundo corporativo, ainda existe muita gente que não domina esse idioma em nível avançado, o que explicaria a grande busca por programas de aprendizagem de inglês no exterior.

“O espanhol vem atualmente em segundo lugar. Cresceu muito a procura pelo mandarim (chinês). Tive clientes de quem fiz mentoria de carreira que relatam dificuldades para chegar em um nível bom em mandarim, que para nós ainda é bem mais difícil do que o inglês”, destaca.

Dados da pesquisa de mercado Selo Belta 2023 feita com agências de intercâmbio associadas e clientes

Principais programas comercializados pelas agências de intercâmbio

  1. Cursos de Idiomas – 2.445
  2. Curso profissional, certificado ou diploma – 1.860
  3. Curso de férias (verão\inverno) para jovens – 1.838
  4. Ensino médio – 1.764
  5. Curso de idioma com trabalho temporário – 1.476
  6. Graduação – 1.428
  7. Work experience – 1,190
  8. Pós-graduação – 1.154
  9. Trabalho voluntário – 549
  10. Au pair – 458

Principais países de destino para cursos de idiomas

  1. Canadá – 11,4%
  2. Reino Unido – 11,3%
  3. Estados Unidos – 10,7%
  4. Irlanda – 10%
  5. Austrália – 9,4%
  6. Malta – 8,1%
  7. África do Sul – 6,6%
  8. Nova Zelândia – 6,3%
  9. Espanha – 6,2%
  10. França – 5%

Idiomas estudados durante o período de intercâmbio

  1. Inglês – 84%
  2. Espanhol – 6,2%
  3. Francês – 3,7%
  4. Alemão – 2,5%
  5. Italiano – 2,5%
  6. Outros – 1,2%

Principais objetivos para investir em intercâmbio

  1. Interesse em investir em uma formação internacional\diferenciar o currículo – 1144
  2. Interesse de investir em idiomas – 636
  3. Poder realizar o sonho de conhecer países e culturas diferentes – 585
  4. Vivenciar uma experiência internacional capaz de conciliar estudo, trabalho e turismo – 585
  5. Interesse de viver fora do Brasil por determinado tempo - 501

Brasileiros valorizam experiência de imersão no idioma e cultura de outros países

Brasileiros que tiveram a oportunidade de fazer cursos de imersão em idiomas no exterior relatam que as experiências vividas durante esse período foram importantes tanto para sua formação e ascensão profissional, quanto para suas vidas pessoais e formação cultural.

Formado em Engenharia de Alimentos e atualmente trabalhando na área de vendas de uma multinacional, Guilherme Neves Trindade passou um mês na CEPE Idiomas, em Córdoba, na Argentina, para estudar espanhol, no ano passado. “Minha intenção era ir já em 2019, mas por circunstâncias de trabalho isso não foi possível”. Já com a decisão tomada, conseguiu uma bolsa parcial de estudos em 2022.

Guilherme Trindade passou um mês na Argentina para estudar espanhol e já se planeja agora para aprimorar o francês Foto: Acervo Pessoal

Guilherme já falava inglês e percebia no cotidiano de sua vida profissional a necessidade de aprender outro idioma. “Escolhi o espanhol pela questão geográfica do Continente e por ser um dos idiomas mais falados no mundo”, ressalta.

Como não tinha quase nenhum conhecimento de espanhol, Guilherme contratou uma professora colombiana para aprender os rudimentos do idioma antes de partir para a Argentina. O gestor da empresa em que estava atuando na época era chileno e também o auxiliou nessa “iniciação”. “Sempre gostei muito de línguas latinas. Na área comercial, inglês já não é mais um diferencial, é obrigatório”.

Para ele, o principal aspecto dos programas de imersão no exterior é que eles não envolvem apenas o estudo de questões gramaticais, mas todos os aspectos do idioma. Entre as dicas que dá para os interessados em fazer um curso do tipo é não ter vergonha de errar algumas coisas, especialmente quando estiver em atividades externas, longe dos professores.

“Eu fui para a Argentina aprender espanhol, mas aproveitei bastante para participar de atividades culturais e de lazer também. Conheci várias partes do país. Fazíamos excursões para outras regiões”.

De acordo com ele, na parte profissional o ganho obtido foi muito grande. “Eu mudei de emprego e na nova empresa precisavam de uma pessoa que falasse inglês, espanhol e tivesse formação técnica, o que se encaixou exatamente no meu perfil. O espanhol fez a diferença. Na área comercial existe muito intercâmbio entre profissionais dos países que falam esse idioma”, destaca.

“É diferente aprender um idioma aqui no Brasil e no país de origem. Eu consegui realmente o que queria e continuo estudando espanhol mesmo depois da imersão. Estou quase no nível avançado hoje”, afirma. Guilherme explica que em breve pretende fazer outro curso curto no exterior durante suas férias, e que o idioma escolhido agora é o francês.

O gerente de produtos Diego Geraldo participou no ano passado de um intercâmbio de imersão no idioma inglês de 30 dias durante suas férias, no Bayswater College, em Liverpool, na Inglaterra. “Eu já tinha um nível avançado de inglês, fiz aulas particulares nos últimos 5 anos. Mas faltava a convivência e, por isso, decidi ficar somente um período curto para destravar e ver se eu conseguiria me virar em situações do dia a dia. E foi muito bom”, ressalta ele.

Para Geraldo, além de conhecer a Inglaterra e alguns outros lugares da Europa, como a Escócia, a experiência foi muito importante para ver e medir o seu nível de inglês e realmente “deslanchar no idioma”.

“E foi muito proveitoso para testar situações cotidianas. Por exemplo, eu estava em um trem e mudaram os planos da viagem. Eu teria que embarcar em outro vagão e o aviso foi dado por um sistema de som ruim e por uma pessoa que não falava bem. Não entendi. Tive que pedir informação. Isso foi no início do intercâmbio”, explica.

“Já mais para o final da viagem, me lembro de outra situação. Eu estava em um pub com alguns amigos e a dona veio perguntar se estava tudo bem, se precisávamos de algo. E eu sem prestar a atenção nela respondi que não, que estava tudo certo. Pode parecer bobagem, mas foi a primeira vez na qual percebi que eu não precisava mais me esforçar pra entender. Foi natural”.

Além de aprimorar seu conhecimento de inglês, Geraldo valoriza também a possibilidade que teve de com pessoas de outras culturas, como outros latinos, árabes, orientais e europeus. “Eu uso inglês frequentemente no meu trabalho e depois disso pude fazer reuniões com clientes estrangeiros com fluência. E foi tudo muito bem. Não sei se sem o intercâmbio eu conseguiria com tanta facilidade”, destaca.

Para Rodrigo Vianna, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito, do Rio de Janeiro, é fundamental hoje em dia o desenvolvimento de um segundo, senão de um terceiro idioma, para atender as necessidades do mercado de trabalho. “Citaria o espanhol como destaque. Mas atualmente também o francês e o mandarim, destaca.

De acordo com ele, o estudo de idiomas tanto no modelo online quanto em programas de imersão no exterior são válidas, mas que vê com bons olhos a experiência de sair do país, o que agrega para o estudante informações que vão além do conteúdo acadêmico. “É uma possibilidade única de fazer networking com pessoas de diversas partes do mundo. Além disso, abre a cabeça para outras perspectivas”.

Vianna ressalta as chances de crescimento pessoal e acadêmico dos estudantes que participam desses programas, que normalmente envolvem atividades sociais e culturais, além das aulas regulares “Na opção online o aluno adquire o conhecimento, mas perde esse lado social. Mas às vezes as condições financeiras não permitem essa possibilidade de ir para o exterior”, pondera.

A FGV Direito mantém um programa de estágio de férias que possibilita a ida de estudantes da instituição para cursos de curta duração em cerca de 60 instituições parceiras espalhadas pelo mundo. “Estimulamos que os alunos façam esses estágios nos primeiros anos. Isso inclusive tem sido um fator de atração para o nosso curso de graduação, essas possibilidades internacionais”.

Vianna afirma que ainda prevalecem as escolhas por cursos de curta duração nos Estados Unidos e Europa, com predominância de aprendizado da língua inglesa. “Mas temos, por exemplo, um programa com a Sorbonne. Os estudantes fazem o curso de um ano de francês no Brasil, e os que têm melhor desempenho passam seis semanas estagiando em Paris”, destaca.

Para Danielle Santos, gerente de Internacionalização do Ecossistema Ânima, toda experiência internacional que o estudante puder vivenciar será uma boa oportunidade de desenvolvimento. “Qualquer curso de férias, seja de idioma ou de módulo internacional, agrega conhecimento ao estudante e ainda é possível conseguir uma certificação internacional para o currículo. Além da língua inglesa, o segundo idioma mais procurado é o espanhol”.

De acordo com ela, a Ânima disponibiliza atualmente dois cursos de inglês: um no Canadá e outro na Inglaterra. A formação no país europeu é mais procurada, principalmente pela facilidade de visto. Na sequência, a procura se concentra nos cursos de espanhol, com opções em Salamanca, por exemplo.

“É importante reforçar que qualquer vivência internacional abrange não só o idioma, como também a experiência em relação à prática do idioma e exercita as habilidades globais dos participantes. A vivência e a aprendizagem internacional propiciam o desenvolvimento, a flexibilidade e a adaptação frente ao novo, ressalta Danielle.

Ela também destaca a possibilidade de conciliar o estudo com o lazer nas opções oferecidas pelos parceiros. “A maior parte dos nossos programas voltados para o desenvolvimento do idioma são de meio período, ou seja, os alunos estudam no período da manhã e têm o período da tarde para fazer atividades livres, como turismo. Muitas vezes, as próprias instituições parceiras têm pacotes de atividades extracurriculares em que os participantes podem adquirir opções de passeios para outras cidades próximas aos finais de semana”, diz.

Segundo Danielle, uma peculiaridade do curso oferecido pela Ânima na Inglaterra, por exemplo, é que o aluno, se quiser, depois do programa no exterior, pode viajar pela Europa. “Oferecemos o curso de espanhol em Salamanca e o francês em Cannes, então, existe a possibilidade de conhecer outros países. No próprio curso em Cannes, o aluno pode utilizar o trem e, em menos de uma hora, já estará em Mônaco. Os programas são diversos e, por isso, são opções interessantes que se adequam ao que o aluno tem por objetivo”.

As 18 instituições da Ânima têm a página internacional e nestas plataformas, são divulgados todos os programas de internacionalização, inclusive os de idiomas. Outro exemplo de página para consulta: https://portal.anhembi.br/internacional/

Pesquisa realizada pela Belta (Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio) revela que atualmente os principais programas comercializados por essas empresas são os relacionados a cursos de idiomas no exterior. O levantamento aponta ainda que houve um aumento de 18% no envio de estudantes para cursos no exterior no comparativo entre os anos de 2019 e 2022.

Entre os países mais procurados por brasileiros que pretendem aprimorar um idioma estrangeiro e ao mesmo tempo conhecer a cultura de outros países estão o Canadá, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Irlanda e a Austrália.

E mesmo com as mudanças na geopolítica internacional, o inglês é ainda com grande distância o idioma mais estudado pelos brasileiros em experiências de intercâmbio. De acordo com o levantamento da Belta, 84% dos entrevistados afirmaram que estudaram inglês durante seu período no exterior, contra 6,2% de espanhol e 3,7% de francês.

Alunos do CEPE Idiomas em Córdoba, na Argentina, para estudar espanhol Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Maura Leão, diretora de relações institucionais da Belta, instituição fundada há 31 anos e que hoje conta com 47 agências associadas, os cursos de imersão em idiomas no exterior são uma ótima oportunidade de acelerar o aprendizado.

“Temos opções de cursos presenciais em outros países e também híbridos, onde parte das aulas pode ser feita online do Brasil”, destaca ela. No caso dos cursos presenciais, Maura ressalta que a carga horária normalmente varia entre 15 a 30 horas semanais. “Hoje as agências oferecem opções que atendem desde crianças e adolescentes até adultos. O formato geralmente dura de duas a quatro semanas”.

Para Maura, é fundamental que as pessoas que optarem por um curso de imersão em idiomas no exterior ou pelo modelo híbrido não tomem essa decisão com base apenas em valores. “Aconselhamos que procurem sempre uma empresa associada à Belta, pois elas possuem credenciamento e precisam preencher requisitos básicos para funcionarem”.

As agências associadas à entidade têm atualmente parcerias com 49 escolas espalhadas por todo o mundo. “Dessa forma, é possível encontrar um programa com seu perfil, orçamento, tempo, mas com qualidade e segurança. As agências cadastradas à Belta podem ser consultadas pelo site www.belta.org.br.

De acordo com Solange Pizzo, diretora do SIS Intercâmbio Cultural, atualmente os dois modelos de cursos mais procurados por brasileiros que querem fazer imersão em idiomas no exterior são o intensivo e o executivo. “O intensivo tem classes com cerca de 10, 12 alunos. O executivo pode até ser individual”.

Solange explica que é possível também fazer a opção por um modelo mesclado “Quando você quer um curso rápido com resultados mais imediatos, aconselhamos o modelo executivo, no qual o aluno pode ter oito, nove aulas por dia. No intensivo temos de quatro a seis aulas por dia”.

Para ela, os bons resultados desses cursos de imersão em idiomas dependem muito da disciplina do aluno. “Eles têm os finais de semana livres, mas nos outros dias é fundamental manter o foco. Ter objetivo”.

Ela ressalta ainda que durante o período do curso o aluno evite ao máximo falar português com os outros estudantes ou mesmo em programas externos, “Se estuda outro idioma o dia inteiro e a noite só fala português não adianta”.

Solange diz que apenas pelo conteúdo os cursos online podem ser de boa qualidade, mas que quando se vai para outro país o resultado é muito melhor, pela imersão na cultura local, no idioma falado nas ruas.

Outro modelo oferecido pelo SIS é o English Help, um centro de imersão no inglês no Brasil. “Recebemos vários grupos de executivos, com cargas horárias de até 13 horas por dia de conversação. São exercícios intensivos de fluência oral e auditiva”.

De acordo com Marina Pontes, gerente de educação continuada da PUC-Campinas, esses programas são importantes para que as pessoas se mantenham sempre atualizadas, seja por meio de cursos livres ou mais estruturados.

“A importância do idioma cresce na proporção da maior integração entre os países. Inglês hoje é quase uma obrigação e outras línguas acabam se tornando um diferencial. Se a pessoa pode fazer essas imersões no exterior é sempre melhor”, destaca ela.

Para Marina, ao participar desses programas de imersão é importante que o estudante pratique o dia todo o idioma local, tanto em sua versão culta quanto da linguagem falada nas ruas, mais informal. “Nos Estados Unidos, por exemplo, tem uma linguagem informal maior, mais gírias”, explica.

Marina ressalta que hoje para ser escolhido para uma vaga no mercado de trabalho o conhecimento de línguas estrangeiras é fundamental. “Para realizar viagens internacionais, fechar negócios. Conseguir promoções, inclusive para unidades em outros países.

Entre as questões práticas a serem levadas em conta pelos estudantes, Marina diz que é preciso pesquisar bem a escola e o destino escolhidos. “Até mesmo o clima. Preparação burocrática é importante também”. Ela destaca ainda a relevância de se escolher um programa que realmente agrade ao estudante, não seja só obrigação, mas que também tenha aplicação prática em sua rotina profissional. Optar por cursos que tenham maleabilidade de dias e horários”.

Para tornar o curso mais interessante, Marina aconselha que é possível misturar o estudo do idioma com outros temas locais, como história da arte ou gastronomia”.

Para Gabriel Campos, sócio da Pró Vendas Consultoria Empresarial e professor de Gestão de Produtos e Serviços no MBA da PUC Campinas, porém, esses programas de imersão são aconselhados principalmente para pessoas que já tem alguma base no idioma a ser estudado. “Para se ter vivência de verdade precisa ficar por lá pelos menos seis meses. Se tiver base no idioma facilita. Não sai do básico para o avançado em período tão curto, é difícil”, ressalta.

Segundo Campos, apesar do inglês ser visto hoje quase como um pré-requisito para contratação em determinados setores do mundo corporativo, ainda existe muita gente que não domina esse idioma em nível avançado, o que explicaria a grande busca por programas de aprendizagem de inglês no exterior.

“O espanhol vem atualmente em segundo lugar. Cresceu muito a procura pelo mandarim (chinês). Tive clientes de quem fiz mentoria de carreira que relatam dificuldades para chegar em um nível bom em mandarim, que para nós ainda é bem mais difícil do que o inglês”, destaca.

Dados da pesquisa de mercado Selo Belta 2023 feita com agências de intercâmbio associadas e clientes

Principais programas comercializados pelas agências de intercâmbio

  1. Cursos de Idiomas – 2.445
  2. Curso profissional, certificado ou diploma – 1.860
  3. Curso de férias (verão\inverno) para jovens – 1.838
  4. Ensino médio – 1.764
  5. Curso de idioma com trabalho temporário – 1.476
  6. Graduação – 1.428
  7. Work experience – 1,190
  8. Pós-graduação – 1.154
  9. Trabalho voluntário – 549
  10. Au pair – 458

Principais países de destino para cursos de idiomas

  1. Canadá – 11,4%
  2. Reino Unido – 11,3%
  3. Estados Unidos – 10,7%
  4. Irlanda – 10%
  5. Austrália – 9,4%
  6. Malta – 8,1%
  7. África do Sul – 6,6%
  8. Nova Zelândia – 6,3%
  9. Espanha – 6,2%
  10. França – 5%

Idiomas estudados durante o período de intercâmbio

  1. Inglês – 84%
  2. Espanhol – 6,2%
  3. Francês – 3,7%
  4. Alemão – 2,5%
  5. Italiano – 2,5%
  6. Outros – 1,2%

Principais objetivos para investir em intercâmbio

  1. Interesse em investir em uma formação internacional\diferenciar o currículo – 1144
  2. Interesse de investir em idiomas – 636
  3. Poder realizar o sonho de conhecer países e culturas diferentes – 585
  4. Vivenciar uma experiência internacional capaz de conciliar estudo, trabalho e turismo – 585
  5. Interesse de viver fora do Brasil por determinado tempo - 501

Brasileiros valorizam experiência de imersão no idioma e cultura de outros países

Brasileiros que tiveram a oportunidade de fazer cursos de imersão em idiomas no exterior relatam que as experiências vividas durante esse período foram importantes tanto para sua formação e ascensão profissional, quanto para suas vidas pessoais e formação cultural.

Formado em Engenharia de Alimentos e atualmente trabalhando na área de vendas de uma multinacional, Guilherme Neves Trindade passou um mês na CEPE Idiomas, em Córdoba, na Argentina, para estudar espanhol, no ano passado. “Minha intenção era ir já em 2019, mas por circunstâncias de trabalho isso não foi possível”. Já com a decisão tomada, conseguiu uma bolsa parcial de estudos em 2022.

Guilherme Trindade passou um mês na Argentina para estudar espanhol e já se planeja agora para aprimorar o francês Foto: Acervo Pessoal

Guilherme já falava inglês e percebia no cotidiano de sua vida profissional a necessidade de aprender outro idioma. “Escolhi o espanhol pela questão geográfica do Continente e por ser um dos idiomas mais falados no mundo”, ressalta.

Como não tinha quase nenhum conhecimento de espanhol, Guilherme contratou uma professora colombiana para aprender os rudimentos do idioma antes de partir para a Argentina. O gestor da empresa em que estava atuando na época era chileno e também o auxiliou nessa “iniciação”. “Sempre gostei muito de línguas latinas. Na área comercial, inglês já não é mais um diferencial, é obrigatório”.

Para ele, o principal aspecto dos programas de imersão no exterior é que eles não envolvem apenas o estudo de questões gramaticais, mas todos os aspectos do idioma. Entre as dicas que dá para os interessados em fazer um curso do tipo é não ter vergonha de errar algumas coisas, especialmente quando estiver em atividades externas, longe dos professores.

“Eu fui para a Argentina aprender espanhol, mas aproveitei bastante para participar de atividades culturais e de lazer também. Conheci várias partes do país. Fazíamos excursões para outras regiões”.

De acordo com ele, na parte profissional o ganho obtido foi muito grande. “Eu mudei de emprego e na nova empresa precisavam de uma pessoa que falasse inglês, espanhol e tivesse formação técnica, o que se encaixou exatamente no meu perfil. O espanhol fez a diferença. Na área comercial existe muito intercâmbio entre profissionais dos países que falam esse idioma”, destaca.

“É diferente aprender um idioma aqui no Brasil e no país de origem. Eu consegui realmente o que queria e continuo estudando espanhol mesmo depois da imersão. Estou quase no nível avançado hoje”, afirma. Guilherme explica que em breve pretende fazer outro curso curto no exterior durante suas férias, e que o idioma escolhido agora é o francês.

O gerente de produtos Diego Geraldo participou no ano passado de um intercâmbio de imersão no idioma inglês de 30 dias durante suas férias, no Bayswater College, em Liverpool, na Inglaterra. “Eu já tinha um nível avançado de inglês, fiz aulas particulares nos últimos 5 anos. Mas faltava a convivência e, por isso, decidi ficar somente um período curto para destravar e ver se eu conseguiria me virar em situações do dia a dia. E foi muito bom”, ressalta ele.

Para Geraldo, além de conhecer a Inglaterra e alguns outros lugares da Europa, como a Escócia, a experiência foi muito importante para ver e medir o seu nível de inglês e realmente “deslanchar no idioma”.

“E foi muito proveitoso para testar situações cotidianas. Por exemplo, eu estava em um trem e mudaram os planos da viagem. Eu teria que embarcar em outro vagão e o aviso foi dado por um sistema de som ruim e por uma pessoa que não falava bem. Não entendi. Tive que pedir informação. Isso foi no início do intercâmbio”, explica.

“Já mais para o final da viagem, me lembro de outra situação. Eu estava em um pub com alguns amigos e a dona veio perguntar se estava tudo bem, se precisávamos de algo. E eu sem prestar a atenção nela respondi que não, que estava tudo certo. Pode parecer bobagem, mas foi a primeira vez na qual percebi que eu não precisava mais me esforçar pra entender. Foi natural”.

Além de aprimorar seu conhecimento de inglês, Geraldo valoriza também a possibilidade que teve de com pessoas de outras culturas, como outros latinos, árabes, orientais e europeus. “Eu uso inglês frequentemente no meu trabalho e depois disso pude fazer reuniões com clientes estrangeiros com fluência. E foi tudo muito bem. Não sei se sem o intercâmbio eu conseguiria com tanta facilidade”, destaca.

Para Rodrigo Vianna, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito, do Rio de Janeiro, é fundamental hoje em dia o desenvolvimento de um segundo, senão de um terceiro idioma, para atender as necessidades do mercado de trabalho. “Citaria o espanhol como destaque. Mas atualmente também o francês e o mandarim, destaca.

De acordo com ele, o estudo de idiomas tanto no modelo online quanto em programas de imersão no exterior são válidas, mas que vê com bons olhos a experiência de sair do país, o que agrega para o estudante informações que vão além do conteúdo acadêmico. “É uma possibilidade única de fazer networking com pessoas de diversas partes do mundo. Além disso, abre a cabeça para outras perspectivas”.

Vianna ressalta as chances de crescimento pessoal e acadêmico dos estudantes que participam desses programas, que normalmente envolvem atividades sociais e culturais, além das aulas regulares “Na opção online o aluno adquire o conhecimento, mas perde esse lado social. Mas às vezes as condições financeiras não permitem essa possibilidade de ir para o exterior”, pondera.

A FGV Direito mantém um programa de estágio de férias que possibilita a ida de estudantes da instituição para cursos de curta duração em cerca de 60 instituições parceiras espalhadas pelo mundo. “Estimulamos que os alunos façam esses estágios nos primeiros anos. Isso inclusive tem sido um fator de atração para o nosso curso de graduação, essas possibilidades internacionais”.

Vianna afirma que ainda prevalecem as escolhas por cursos de curta duração nos Estados Unidos e Europa, com predominância de aprendizado da língua inglesa. “Mas temos, por exemplo, um programa com a Sorbonne. Os estudantes fazem o curso de um ano de francês no Brasil, e os que têm melhor desempenho passam seis semanas estagiando em Paris”, destaca.

Para Danielle Santos, gerente de Internacionalização do Ecossistema Ânima, toda experiência internacional que o estudante puder vivenciar será uma boa oportunidade de desenvolvimento. “Qualquer curso de férias, seja de idioma ou de módulo internacional, agrega conhecimento ao estudante e ainda é possível conseguir uma certificação internacional para o currículo. Além da língua inglesa, o segundo idioma mais procurado é o espanhol”.

De acordo com ela, a Ânima disponibiliza atualmente dois cursos de inglês: um no Canadá e outro na Inglaterra. A formação no país europeu é mais procurada, principalmente pela facilidade de visto. Na sequência, a procura se concentra nos cursos de espanhol, com opções em Salamanca, por exemplo.

“É importante reforçar que qualquer vivência internacional abrange não só o idioma, como também a experiência em relação à prática do idioma e exercita as habilidades globais dos participantes. A vivência e a aprendizagem internacional propiciam o desenvolvimento, a flexibilidade e a adaptação frente ao novo, ressalta Danielle.

Ela também destaca a possibilidade de conciliar o estudo com o lazer nas opções oferecidas pelos parceiros. “A maior parte dos nossos programas voltados para o desenvolvimento do idioma são de meio período, ou seja, os alunos estudam no período da manhã e têm o período da tarde para fazer atividades livres, como turismo. Muitas vezes, as próprias instituições parceiras têm pacotes de atividades extracurriculares em que os participantes podem adquirir opções de passeios para outras cidades próximas aos finais de semana”, diz.

Segundo Danielle, uma peculiaridade do curso oferecido pela Ânima na Inglaterra, por exemplo, é que o aluno, se quiser, depois do programa no exterior, pode viajar pela Europa. “Oferecemos o curso de espanhol em Salamanca e o francês em Cannes, então, existe a possibilidade de conhecer outros países. No próprio curso em Cannes, o aluno pode utilizar o trem e, em menos de uma hora, já estará em Mônaco. Os programas são diversos e, por isso, são opções interessantes que se adequam ao que o aluno tem por objetivo”.

As 18 instituições da Ânima têm a página internacional e nestas plataformas, são divulgados todos os programas de internacionalização, inclusive os de idiomas. Outro exemplo de página para consulta: https://portal.anhembi.br/internacional/

Pesquisa realizada pela Belta (Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio) revela que atualmente os principais programas comercializados por essas empresas são os relacionados a cursos de idiomas no exterior. O levantamento aponta ainda que houve um aumento de 18% no envio de estudantes para cursos no exterior no comparativo entre os anos de 2019 e 2022.

Entre os países mais procurados por brasileiros que pretendem aprimorar um idioma estrangeiro e ao mesmo tempo conhecer a cultura de outros países estão o Canadá, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Irlanda e a Austrália.

E mesmo com as mudanças na geopolítica internacional, o inglês é ainda com grande distância o idioma mais estudado pelos brasileiros em experiências de intercâmbio. De acordo com o levantamento da Belta, 84% dos entrevistados afirmaram que estudaram inglês durante seu período no exterior, contra 6,2% de espanhol e 3,7% de francês.

Alunos do CEPE Idiomas em Córdoba, na Argentina, para estudar espanhol Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Maura Leão, diretora de relações institucionais da Belta, instituição fundada há 31 anos e que hoje conta com 47 agências associadas, os cursos de imersão em idiomas no exterior são uma ótima oportunidade de acelerar o aprendizado.

“Temos opções de cursos presenciais em outros países e também híbridos, onde parte das aulas pode ser feita online do Brasil”, destaca ela. No caso dos cursos presenciais, Maura ressalta que a carga horária normalmente varia entre 15 a 30 horas semanais. “Hoje as agências oferecem opções que atendem desde crianças e adolescentes até adultos. O formato geralmente dura de duas a quatro semanas”.

Para Maura, é fundamental que as pessoas que optarem por um curso de imersão em idiomas no exterior ou pelo modelo híbrido não tomem essa decisão com base apenas em valores. “Aconselhamos que procurem sempre uma empresa associada à Belta, pois elas possuem credenciamento e precisam preencher requisitos básicos para funcionarem”.

As agências associadas à entidade têm atualmente parcerias com 49 escolas espalhadas por todo o mundo. “Dessa forma, é possível encontrar um programa com seu perfil, orçamento, tempo, mas com qualidade e segurança. As agências cadastradas à Belta podem ser consultadas pelo site www.belta.org.br.

De acordo com Solange Pizzo, diretora do SIS Intercâmbio Cultural, atualmente os dois modelos de cursos mais procurados por brasileiros que querem fazer imersão em idiomas no exterior são o intensivo e o executivo. “O intensivo tem classes com cerca de 10, 12 alunos. O executivo pode até ser individual”.

Solange explica que é possível também fazer a opção por um modelo mesclado “Quando você quer um curso rápido com resultados mais imediatos, aconselhamos o modelo executivo, no qual o aluno pode ter oito, nove aulas por dia. No intensivo temos de quatro a seis aulas por dia”.

Para ela, os bons resultados desses cursos de imersão em idiomas dependem muito da disciplina do aluno. “Eles têm os finais de semana livres, mas nos outros dias é fundamental manter o foco. Ter objetivo”.

Ela ressalta ainda que durante o período do curso o aluno evite ao máximo falar português com os outros estudantes ou mesmo em programas externos, “Se estuda outro idioma o dia inteiro e a noite só fala português não adianta”.

Solange diz que apenas pelo conteúdo os cursos online podem ser de boa qualidade, mas que quando se vai para outro país o resultado é muito melhor, pela imersão na cultura local, no idioma falado nas ruas.

Outro modelo oferecido pelo SIS é o English Help, um centro de imersão no inglês no Brasil. “Recebemos vários grupos de executivos, com cargas horárias de até 13 horas por dia de conversação. São exercícios intensivos de fluência oral e auditiva”.

De acordo com Marina Pontes, gerente de educação continuada da PUC-Campinas, esses programas são importantes para que as pessoas se mantenham sempre atualizadas, seja por meio de cursos livres ou mais estruturados.

“A importância do idioma cresce na proporção da maior integração entre os países. Inglês hoje é quase uma obrigação e outras línguas acabam se tornando um diferencial. Se a pessoa pode fazer essas imersões no exterior é sempre melhor”, destaca ela.

Para Marina, ao participar desses programas de imersão é importante que o estudante pratique o dia todo o idioma local, tanto em sua versão culta quanto da linguagem falada nas ruas, mais informal. “Nos Estados Unidos, por exemplo, tem uma linguagem informal maior, mais gírias”, explica.

Marina ressalta que hoje para ser escolhido para uma vaga no mercado de trabalho o conhecimento de línguas estrangeiras é fundamental. “Para realizar viagens internacionais, fechar negócios. Conseguir promoções, inclusive para unidades em outros países.

Entre as questões práticas a serem levadas em conta pelos estudantes, Marina diz que é preciso pesquisar bem a escola e o destino escolhidos. “Até mesmo o clima. Preparação burocrática é importante também”. Ela destaca ainda a relevância de se escolher um programa que realmente agrade ao estudante, não seja só obrigação, mas que também tenha aplicação prática em sua rotina profissional. Optar por cursos que tenham maleabilidade de dias e horários”.

Para tornar o curso mais interessante, Marina aconselha que é possível misturar o estudo do idioma com outros temas locais, como história da arte ou gastronomia”.

Para Gabriel Campos, sócio da Pró Vendas Consultoria Empresarial e professor de Gestão de Produtos e Serviços no MBA da PUC Campinas, porém, esses programas de imersão são aconselhados principalmente para pessoas que já tem alguma base no idioma a ser estudado. “Para se ter vivência de verdade precisa ficar por lá pelos menos seis meses. Se tiver base no idioma facilita. Não sai do básico para o avançado em período tão curto, é difícil”, ressalta.

Segundo Campos, apesar do inglês ser visto hoje quase como um pré-requisito para contratação em determinados setores do mundo corporativo, ainda existe muita gente que não domina esse idioma em nível avançado, o que explicaria a grande busca por programas de aprendizagem de inglês no exterior.

“O espanhol vem atualmente em segundo lugar. Cresceu muito a procura pelo mandarim (chinês). Tive clientes de quem fiz mentoria de carreira que relatam dificuldades para chegar em um nível bom em mandarim, que para nós ainda é bem mais difícil do que o inglês”, destaca.

Dados da pesquisa de mercado Selo Belta 2023 feita com agências de intercâmbio associadas e clientes

Principais programas comercializados pelas agências de intercâmbio

  1. Cursos de Idiomas – 2.445
  2. Curso profissional, certificado ou diploma – 1.860
  3. Curso de férias (verão\inverno) para jovens – 1.838
  4. Ensino médio – 1.764
  5. Curso de idioma com trabalho temporário – 1.476
  6. Graduação – 1.428
  7. Work experience – 1,190
  8. Pós-graduação – 1.154
  9. Trabalho voluntário – 549
  10. Au pair – 458

Principais países de destino para cursos de idiomas

  1. Canadá – 11,4%
  2. Reino Unido – 11,3%
  3. Estados Unidos – 10,7%
  4. Irlanda – 10%
  5. Austrália – 9,4%
  6. Malta – 8,1%
  7. África do Sul – 6,6%
  8. Nova Zelândia – 6,3%
  9. Espanha – 6,2%
  10. França – 5%

Idiomas estudados durante o período de intercâmbio

  1. Inglês – 84%
  2. Espanhol – 6,2%
  3. Francês – 3,7%
  4. Alemão – 2,5%
  5. Italiano – 2,5%
  6. Outros – 1,2%

Principais objetivos para investir em intercâmbio

  1. Interesse em investir em uma formação internacional\diferenciar o currículo – 1144
  2. Interesse de investir em idiomas – 636
  3. Poder realizar o sonho de conhecer países e culturas diferentes – 585
  4. Vivenciar uma experiência internacional capaz de conciliar estudo, trabalho e turismo – 585
  5. Interesse de viver fora do Brasil por determinado tempo - 501

Brasileiros valorizam experiência de imersão no idioma e cultura de outros países

Brasileiros que tiveram a oportunidade de fazer cursos de imersão em idiomas no exterior relatam que as experiências vividas durante esse período foram importantes tanto para sua formação e ascensão profissional, quanto para suas vidas pessoais e formação cultural.

Formado em Engenharia de Alimentos e atualmente trabalhando na área de vendas de uma multinacional, Guilherme Neves Trindade passou um mês na CEPE Idiomas, em Córdoba, na Argentina, para estudar espanhol, no ano passado. “Minha intenção era ir já em 2019, mas por circunstâncias de trabalho isso não foi possível”. Já com a decisão tomada, conseguiu uma bolsa parcial de estudos em 2022.

Guilherme Trindade passou um mês na Argentina para estudar espanhol e já se planeja agora para aprimorar o francês Foto: Acervo Pessoal

Guilherme já falava inglês e percebia no cotidiano de sua vida profissional a necessidade de aprender outro idioma. “Escolhi o espanhol pela questão geográfica do Continente e por ser um dos idiomas mais falados no mundo”, ressalta.

Como não tinha quase nenhum conhecimento de espanhol, Guilherme contratou uma professora colombiana para aprender os rudimentos do idioma antes de partir para a Argentina. O gestor da empresa em que estava atuando na época era chileno e também o auxiliou nessa “iniciação”. “Sempre gostei muito de línguas latinas. Na área comercial, inglês já não é mais um diferencial, é obrigatório”.

Para ele, o principal aspecto dos programas de imersão no exterior é que eles não envolvem apenas o estudo de questões gramaticais, mas todos os aspectos do idioma. Entre as dicas que dá para os interessados em fazer um curso do tipo é não ter vergonha de errar algumas coisas, especialmente quando estiver em atividades externas, longe dos professores.

“Eu fui para a Argentina aprender espanhol, mas aproveitei bastante para participar de atividades culturais e de lazer também. Conheci várias partes do país. Fazíamos excursões para outras regiões”.

De acordo com ele, na parte profissional o ganho obtido foi muito grande. “Eu mudei de emprego e na nova empresa precisavam de uma pessoa que falasse inglês, espanhol e tivesse formação técnica, o que se encaixou exatamente no meu perfil. O espanhol fez a diferença. Na área comercial existe muito intercâmbio entre profissionais dos países que falam esse idioma”, destaca.

“É diferente aprender um idioma aqui no Brasil e no país de origem. Eu consegui realmente o que queria e continuo estudando espanhol mesmo depois da imersão. Estou quase no nível avançado hoje”, afirma. Guilherme explica que em breve pretende fazer outro curso curto no exterior durante suas férias, e que o idioma escolhido agora é o francês.

O gerente de produtos Diego Geraldo participou no ano passado de um intercâmbio de imersão no idioma inglês de 30 dias durante suas férias, no Bayswater College, em Liverpool, na Inglaterra. “Eu já tinha um nível avançado de inglês, fiz aulas particulares nos últimos 5 anos. Mas faltava a convivência e, por isso, decidi ficar somente um período curto para destravar e ver se eu conseguiria me virar em situações do dia a dia. E foi muito bom”, ressalta ele.

Para Geraldo, além de conhecer a Inglaterra e alguns outros lugares da Europa, como a Escócia, a experiência foi muito importante para ver e medir o seu nível de inglês e realmente “deslanchar no idioma”.

“E foi muito proveitoso para testar situações cotidianas. Por exemplo, eu estava em um trem e mudaram os planos da viagem. Eu teria que embarcar em outro vagão e o aviso foi dado por um sistema de som ruim e por uma pessoa que não falava bem. Não entendi. Tive que pedir informação. Isso foi no início do intercâmbio”, explica.

“Já mais para o final da viagem, me lembro de outra situação. Eu estava em um pub com alguns amigos e a dona veio perguntar se estava tudo bem, se precisávamos de algo. E eu sem prestar a atenção nela respondi que não, que estava tudo certo. Pode parecer bobagem, mas foi a primeira vez na qual percebi que eu não precisava mais me esforçar pra entender. Foi natural”.

Além de aprimorar seu conhecimento de inglês, Geraldo valoriza também a possibilidade que teve de com pessoas de outras culturas, como outros latinos, árabes, orientais e europeus. “Eu uso inglês frequentemente no meu trabalho e depois disso pude fazer reuniões com clientes estrangeiros com fluência. E foi tudo muito bem. Não sei se sem o intercâmbio eu conseguiria com tanta facilidade”, destaca.

Para Rodrigo Vianna, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito, do Rio de Janeiro, é fundamental hoje em dia o desenvolvimento de um segundo, senão de um terceiro idioma, para atender as necessidades do mercado de trabalho. “Citaria o espanhol como destaque. Mas atualmente também o francês e o mandarim, destaca.

De acordo com ele, o estudo de idiomas tanto no modelo online quanto em programas de imersão no exterior são válidas, mas que vê com bons olhos a experiência de sair do país, o que agrega para o estudante informações que vão além do conteúdo acadêmico. “É uma possibilidade única de fazer networking com pessoas de diversas partes do mundo. Além disso, abre a cabeça para outras perspectivas”.

Vianna ressalta as chances de crescimento pessoal e acadêmico dos estudantes que participam desses programas, que normalmente envolvem atividades sociais e culturais, além das aulas regulares “Na opção online o aluno adquire o conhecimento, mas perde esse lado social. Mas às vezes as condições financeiras não permitem essa possibilidade de ir para o exterior”, pondera.

A FGV Direito mantém um programa de estágio de férias que possibilita a ida de estudantes da instituição para cursos de curta duração em cerca de 60 instituições parceiras espalhadas pelo mundo. “Estimulamos que os alunos façam esses estágios nos primeiros anos. Isso inclusive tem sido um fator de atração para o nosso curso de graduação, essas possibilidades internacionais”.

Vianna afirma que ainda prevalecem as escolhas por cursos de curta duração nos Estados Unidos e Europa, com predominância de aprendizado da língua inglesa. “Mas temos, por exemplo, um programa com a Sorbonne. Os estudantes fazem o curso de um ano de francês no Brasil, e os que têm melhor desempenho passam seis semanas estagiando em Paris”, destaca.

Para Danielle Santos, gerente de Internacionalização do Ecossistema Ânima, toda experiência internacional que o estudante puder vivenciar será uma boa oportunidade de desenvolvimento. “Qualquer curso de férias, seja de idioma ou de módulo internacional, agrega conhecimento ao estudante e ainda é possível conseguir uma certificação internacional para o currículo. Além da língua inglesa, o segundo idioma mais procurado é o espanhol”.

De acordo com ela, a Ânima disponibiliza atualmente dois cursos de inglês: um no Canadá e outro na Inglaterra. A formação no país europeu é mais procurada, principalmente pela facilidade de visto. Na sequência, a procura se concentra nos cursos de espanhol, com opções em Salamanca, por exemplo.

“É importante reforçar que qualquer vivência internacional abrange não só o idioma, como também a experiência em relação à prática do idioma e exercita as habilidades globais dos participantes. A vivência e a aprendizagem internacional propiciam o desenvolvimento, a flexibilidade e a adaptação frente ao novo, ressalta Danielle.

Ela também destaca a possibilidade de conciliar o estudo com o lazer nas opções oferecidas pelos parceiros. “A maior parte dos nossos programas voltados para o desenvolvimento do idioma são de meio período, ou seja, os alunos estudam no período da manhã e têm o período da tarde para fazer atividades livres, como turismo. Muitas vezes, as próprias instituições parceiras têm pacotes de atividades extracurriculares em que os participantes podem adquirir opções de passeios para outras cidades próximas aos finais de semana”, diz.

Segundo Danielle, uma peculiaridade do curso oferecido pela Ânima na Inglaterra, por exemplo, é que o aluno, se quiser, depois do programa no exterior, pode viajar pela Europa. “Oferecemos o curso de espanhol em Salamanca e o francês em Cannes, então, existe a possibilidade de conhecer outros países. No próprio curso em Cannes, o aluno pode utilizar o trem e, em menos de uma hora, já estará em Mônaco. Os programas são diversos e, por isso, são opções interessantes que se adequam ao que o aluno tem por objetivo”.

As 18 instituições da Ânima têm a página internacional e nestas plataformas, são divulgados todos os programas de internacionalização, inclusive os de idiomas. Outro exemplo de página para consulta: https://portal.anhembi.br/internacional/

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