A adesão a práticas de Gestão da Qualidade nas empresas, especialmente as fabris, tem levado muitas instituições educacionais a se questionarem: "Gestão da Qualidade na Educação"? Ao se transferir para a escola os modelos de Gestão da Qualidade industriais, algumas diferenças importantes devem ser compreendidas (Tribus, 1992), como:
- A escola não é uma fábrica;
- Os alunos não são o produto;
- Sua educação é o produto;
- Os clientes para o produto são vários: os próprios alunos, os pais, os futuros empregadores, a sociedade em geral;
- Os alunos precisam ser "coadministradores" da sua própria educação; e
- Não existem oportunidades para recall.
Pensando em métodos de melhoria contínua e levando em consideração que o espaço em questão é uma escola com seus alunos, abordou-se o assunto como uma das diversas atividades de capacitação programadas, que acontecem de forma frequente nos encontros pedagógicos da equipe de professores do Colégio Vital Brazil. Em uma dessas ocasiões, a Coordenação Pedagógica apresentou o Método de Melhorias - ou PDCA - e a importância de sua aplicação com foco no processo de ensino-aprendizagem.
O Ciclo PDCA (do inglês, Plan, Do, Check, Act - Planejar, Executar, Verificar, Atuar) foi criado por Walter A. Shewart na década de 1930, e popularizou-se por meio de William Edward Deming na década de 1950, com sua aplicação no Japão, o que o tornou mundialmente reconhecido.
Os professores conheceram o PDCA e entenderam de que forma poderiam utilizá-lo em seu trabalho, e como a aprendizagem dos alunos seria melhorada se as etapas do processo fossem feitas de forma cíclica.
A experiência foi muito positiva, pois, após a capacitação, observou-se de forma natural na equipe a busca por um plano de trabalho mais elaborado, com metas e objetivos de aprendizagem mais claros, atrelados a uma melhor metodologia para atingi-las, utilizando-se de práticas de ensino mais eficientes.
A verificação da aprendizagem por meio da análise dos resultados de avaliações parciais ou ao final de cada período escolar foi mais ampla e efetiva e, com isso, a tomada de ações para a implementação de melhorias ao processo de aprendizagem tornou-se constante.
Exemplificando, a professora de História do 6º ao 9º ano Claudia Cristina dos Santos Silva utilizou o ciclo PDCA em uma avaliação da seguinte forma:
P = Planejar: História da Mineração - previsto no plano de ensino;
D = Fazer/Executar: aplicação de estratégias como a de dar aos alunos acesso a notícias atuais por meio de jornais, vídeos, entre outros recursos, durante as aulas.
C = Checar/Verificar: constatou-se que, por meio de avaliação, os alunos tinham os conceitos muito bem compreendidos, porém apresentavam dificuldades em responder de forma mais completa e articulada, de acordo com o esperado para o nível em questão.
A = Atuar: correção da avaliação junto aos alunos, mostrando os erros mais acentuados, direcionando para um melhor entendimento de conteúdos e desenvolvimento de habilidades.
Ao final do processo, os alunos demonstraram evolução na aprendizagem e a maioria deles não cometeu os mesmos erros novamente.
Embora os professores sejam muitas vezes protagonistas do seu próprio método de melhoria contínua, restrita à sua disciplina, eles perceberam que, no Ciclo PDCA, a qualidade final só é alcançada se todos fizerem o seu trabalho pensando no processo e na qualidade como um todo.
O resultado consequente é a efetiva e progressiva melhoria da qualidade do ensino, sempre aliada à efetiva e progressiva aprendizagem do aluno.
Roberto Leal
Coordenador do Ensino Fundamental II.