Alunos do Colégio Vital Brazil participam de forma remota do do evento ONU Vital 2020
A dinâmica da vida contemporânea de um jovem de 16 anos está (ou, pelo menos, deveria estar) diretamente ligada à escola. É na escola que encontramos diariamente nossos amigos, que trocamos anseios, angústias, sonhos, projetos e, também, nos divertimos. É na escola que somos tirados da nossa zona de conforto e desafiados a debater, a pensar e a solucionar em grupo. Na escola aprendemos que o conflito não é um problema e que a diversidade de ideias é parte integrante do viver em sociedade.
O relato abaixo compartilha percepções de uma experiência vivenciada todo ano pelos estudantes do Colégio Vital Brazil, mas que em 2020 teve um tempero extra: o distanciamento social imposto pela pandemia.
Um dos propósitos do ensino é incentivar os jovens a buscarem soluções para os desafios enfrentados pela sociedade contemporânea, afinal aprendemos que aprender, além de um processo cognitivo, é também um processo social. Para nós, uma experiência que confirma essa afirmação é a ONU Vital, que nos desafia a dialogar sobre possíveis soluções na perspectiva dos mais importantes agentes da mudança: os países e seus governantes. Esse é o objetivo da simulação de uma Assembleia da ONU, promovida anualmente, entre estudantes do Ensino Médio, pelo Colégio Vital Brazil.
Obviamente, o ano de 2020 proporcionou uma nova experiência para todos envolvidos: com a pandemia da Covid-19, mudamos a ONU Vital do formato presencial para o virtual. A maior preocupação era a parte técnica, por exemplo, administrar as salas de debate, ter certeza de que todos estavam com os planos de fundo adequados (a bandeira do país ou organização representada, e, no caso da imprensa, a logomarca do evento), além de outros obstáculos que pudessem vir a aparecer. Tendo isso em vista, fizemos um teste dias antes da reunião de fato, para ter certeza de que tudo ocorreria como previsto.
A cerimônia de abertura do evento contou com um momento de resgate da importância da arte como elemento que nos aproximou apesar das distâncias, mobilizou sentimentos e nos conectou em torno de um horizonte cheio de esperança. Em seguida, o tema e os diferentes organismos foram apresentados. A edição de 2020 trouxe para a centralidade "as dimensões do bem-estar na saúde e as lições do Sars-Cov 2", com enfoque em suas implicações na economia, na educação e no meio ambiente. Os órgãos representativos foram: Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) - dividindo-se entre a área da educação básica e a CTI (Ciência, Tecnologia e Inovação); OMS (Organização Mundial da Saúde); OIT (Organização Internacional do Trabalho); e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Por meio dessas instituições, os "diplomatas", nos comitês de debates de propostas, tiveram o desafio articular suas opiniões, ao mesmo tempo em que estavam encarregados de representar importantes entidades (países) e seus respectivos interesses.
Além desse grupo, havia também a imprensa, direcionada à divulgação do evento e responsável por escrever artigos e posts em redes sociais (Twitter, Instagram e blogue do próprio Colégio), mostrando os principais acontecimentos do debate.
Provando que a adaptação a novos cenários pode apresentar boas oportunidades, a comunicação entre os diferentes diplomatas e com jornalistas acabou sendo mais fácil neste cenário de distanciamento social. Foi descartada a necessidade de contato pessoal e dada a possibilidade de, em vez de entrevistar o delegado, apenas mandar mensagens de forma privada, de modo a receber uma resposta quando possível. Os jornalistas tinham, inclusive, um grupo de Whatsapp, que, de forma nada surpreendente, estava agitado a todo momento, com dúvidas e pedidos para postagens de artigos. Além disso, houve momentos de descontração nas redes sociais.
Na conclusão da cerimônia, a mesa que coordenou o evento apresentou, de forma sistematizada, uma carta de compromisso assumida pelas nações presentes na Assembleia. Entre os compromissos assumidos, estavam o fortalecimento dos sistemas de saúde já existentes nos países e a criação de um fundo de apoio aos países pobres.
Finalmente, a experiência, assim como nos anos anteriores, estimulou um olhar crítico acerca da realidade brasileira diante da pandemia, bem como o conhecimento das soluções encontradas por diferentes países. A dinâmica da simulação nos desafiou o tempo todo a pensar coletivamente e a tomar decisões acordadas diante de situações desafiadoras. Além disso, mostrou-nos que, apesar da distância, podemos estar conectados, e que os desafios atuais pedem líderes ativos em prol do bem comum, bem como uma sociedade atenta e participativa.
Artigo elaborado por Michele Rodrigues, professora e assessora da área de Ciências Humanas do Colégio Vital Brazil, com a participação dos estudantes: Beatriz Cavalcante Pimentel, Renata Tiye Dias Katuyama e Ricardo de Ávila Mesquita.