Quando se pensa em diabete, pode ser comum associá-la a maus hábitos alimentares ou pensar que a doença acomete mais adultos do que crianças e jovens. Porém, a diabete tipo 1 ocorre, geralmente, na adolescência e se caracteriza por uma resposta autoimune do organismo que destrói as células do pâncreas e impede a produção de insulina para metabolizar a glicose.
A nutricionista Joanna Carollo diz que esse tipo da doença pode ser diagnosticada em crianças e adolescentes menores de 14 anos. “Por isso, devemos ligar um alerta aos sintomas e queixas apresentados pela criança, como sede e micção excessiva, visão turva, cansaço, dores de cabeça e perda de peso”, orienta.
Com o diagnóstico, a alimentação deve ser repensada, uma vez que é preciso evitar a ingestão de açúcar ou excesso de carboidratos - que se transformam em glicose no organismo. Embora o controle alimentar possa ser mais difícil na adolescência, seja pelas atividades do dia a dia ou vontades de comer ‘besteiras’, a nutricionista afirma que a dieta de um jovem diabético é, praticamente, um cardápio saudável que qualquer pessoa deveria seguir.
Alimentação. Tanto para adolescentes quanto para adultos com diabete, a preocupação com a dieta é a mesma. Porém, como entre os jovens, geralmente, não existem outras doenças crônicas relacionadas, a alimentação se torna menos restritiva.
“O cardápio deve ser equilibrado, rico em fibras e nutrientes e, principalmente, restrito em relação aos doces e refinados. A única diferença é que, por ser dependente de insulina, deverá realizar a aplicação de acordo com a ingestão alimentar”, diz Joanna.
A nutricionista orienta também dividir a alimentação em até seis pequenas refeições ao dia, geralmente a cada três horas. “O jovem não deve jamais pular refeições ou ficar muito tempo sem comer - às vezes com o intuito de evitar as aplicações de insulina -, pois isso pode levá-lo a um quadro de hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue)”, orienta.
Mas é claro que, com a correria do dia a dia, existe o risco de a alimentação não ser seguida como deveria. Para isso, a especialista orienta a busca por suplementos nutricionalmente completos que podem ser consumidos nas refeições intermediárias. “Com carboidrato de lenta absorção e fibras na composição, acabam sendo práticos, suprindo a necessidade nutricional e promovendo o controle glicêmico”, diz.
O que comer? Joanna recomenda o consumo de alimentos ricos em fibras em todas as refeições, pois esses alimentos ajudam a controlar a concentração de açúcar no sangue. Alguns alimentos podem ser substituídos por versões integrais, como farinha branca e arroz, pois demoram mais para serem convertidos em glicose.
Sucos de fruta podem ser trocados pelos in-natura, principalmente com casca. O próprio açúcar refinado e o mel podem ser substituídos por adoçantes a base de sucralose e stévia. Outra dica é trocar o leite integral pelo desnatado, pois é menos gorduroso.
Para quem não consegue largar os refrigerantes, é bom consumir a versão zero, mas a nutricionista lembra que essa versão possui alta concentração de sódio (sal) na fórmula e deve ser consumido esporadicamente.
Mas nem tudo isso vale para todos. “Essa conduta é individualizada, elaborada por um profissional capacitado que irá traçar uma estratégia nutricional para o indivíduo”, afirma Joanna.
Exercícios físicos. Praticar atividades físicas é aconselhável para todas as pessoas, mas, no caso dos diabéticos, exercitar-se ajuda a controlar a taxa de glicose no sangue além de manter a saúde em dia. Para quem tem a doença, é importante ter um acompanhamento médico, pois tanto a dieta quanto o tratamento deverão suprir as necessidades geradas pelas atividades físicas.
Apoio. “É aconselhável que os pais ou responsáveis transmitam tranquilidade em relação ao enfrentamento da doença e demonstrem aos filhos que a disciplina é o melhor caminho para ter qualidade de vida, sem abrir mão dos prazeres ocasionais”, diz a nutricionista.