As telas são ferramentas comuns de trabalho, especialmente no método home office, que ganhou destaque durante a pandemia da covid-19 e prossegue como estilo adotado por muitas empresas no Brasil e no mundo. No entanto, apesar da praticidade tecnológica, a exposição excessiva ao computador, celular e tablet causa preocupação em relação à saúde ocular.
O cirurgião oftalmologista Paulo Schor explica que “as telas por si só não prejudicam a saúde ocular, visto que as luzes delas não afetam os nossos olhos permanentemente. No entanto, o problema é como nos relacionamos com esses aparelhos”. Para detalhar as consequências do que chama de “acomodação”, o profissional se baseia no digital eye strain (termo em inglês que se refere a um estresse na visão).
Segundo ele, naturalmente “piscamos menos quando estamos vendo a tela do computador do que quando estamos lendo um livro em papel”, o que prejudica a lubrificação ocular. Afinal, as lágrimas agem como “hidratante” para os olhos. Por isso, mantê-los abertos por mais tempo contínuo causa ressecamento na região.
O ressecamento ocular pode se apresentar em sintomas como vermelhidão, ardência, olhos lacrimejantes e sensação de areia.
A hipermetropia - dificuldade de enxergar perto - também é uma consequência destacada pelo oftalmologista. “Se nós utilizarmos muito a visão de perto, tanto faz se é na tela do computador ou lendo livros, vamos ter um problema que se chama ‘esforço acomodativo’. (...) Nosso músculo faz força excessiva para modificar a curvatura da lente dentro dos olhos, resultando em uma visão mais borrada ou sintoma como dor na testa”, detalha.
Vale ressaltar que a miopia - dificuldade de enxergar a distância - também pode ocorrer, especialmente em crianças expostas excessivamente às telas.
Apesar de possíveis e comuns, tais condições podem ser passageiras, garante Paulo. No entanto, em caso de sintomas persistentes, o profissional destaca a importância de consultar um especialista.
Como evitar os problemas de visão
“A tela tem uma posição menos anatômica do que a posição que os livros ficam. Os livros ficam mais baixos e as telas ficam mais altas, exigindo os olhos virados mais para cima, fazendo com que fiquem mais abertos. Assim, consequentemente, piscamos menos”, explica Paulo, que também é professor associado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador adjunto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Para evitar os problemas de visão pelo uso excessivo de telas, o profissional recomenda as seguintes medidas práticas:
- Abaixar a posição da tela (manter na altura dos olhos) ;
- Afastar a tela do rosto e aumentar o zoom;
- Lembrar de piscar com mais frequência;
- Fazer o uso de colírio lubrificante (sem conservante) de venda livre durante quatro ou cinco vezes ao dia;
- Usar adequadamente o óculos de grau (em caso de pacientes com a devida recomendação oftalmológica);
- Fazer algumas pausas da tela ao longo do dia;
- Não ignorar sintomas frequentes e procurar um oftalmologista.