Entenda o que a luz solar tem a ver com casos de depressão e suicídio


Estudos sugerem que insolação é gatilho para suicídios em países do norte; relação não é clara quanto a casos de depressão

Por Felipe Saturnino
Fatores ambientais não são decisivos, mas podem influenciar casos de depressão e suicídio. Foto: RyanMcGuire/Pixabay

A depressão é um distúrbio de ordem psicológica e mental que acomete 300 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em seu pior estágio, o quadro clínico pode levar ao suicídio, situação que ocorre, em média, com 800 mil pessoas ao ano e atinge, principalmente, jovens entre 15 e 29 anos.

Segundo a cartilha da OMS, as causas da depressão, tais como as do suicídio, envolvem diversos motivos. "É uma doença clínica complexa e multifatorial", diz o psiquiatra do Hospital das Clínicas Fernando Fernandes. "Sempre há vulnerabilidade genética ou orgânica para se desenvolver depressão, porém, uma série de fatores pode influenciar a desencadear o quadro - principalmente razões psicológicas e sociais. Os fatores ambientais, apesar de terem peso, são menos importantes para desenvolver a doença."

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De fato, há países e regiões em que a depressão causada por tais fatores, chamada de depressão sazonal, acontece com alguma frequência. A razão para isso é que, com dias menos longos, a exposição à luz é menor, e o organismo fica menos disposto ou ativo. O professor da Unicamp e psiquiatra Acioly Lacerda ressalta que esses quadros - que ocorrem em função dos fatores ambientais de determinado tempo meteorológico - são diagnósticos estabelecidos e diretamente relacionados à insolação que recebe um indivíduo.

"Isso é mais comum em países de alta latitude, acima de 50º, como os do norte da Europa. Saindo do senso comum, não é a temperatura em si que está associada à prevalência de suicídio. Na verdade, o fator determinante é a baixa luminosidade", explica ele. "A baixa quantidade de luz estimula a produção de melatonina (conhecida como hormônio do sono), que baixa a energia, o metabolismo e o ânimo da pessoa. Essa alteração neurofisiológica induz comportamentos noturnos, como excesso de sono, típicos da depressão."  Segundo ele, até hoje, por exemplo, são utilizados métodos de privação do sono no tratamento contra a doença. "É algo efetivo", aponta.

O que complica a equação ou a compreensão clara da relação entre luz solar e depressão é que, segundo o Fernandes, existem quadros depressivos sazonais também durante o verão, época em que alguns países recebem mais luz solar. "Como explicar que existem casos do tipo quando isso ocorre?", pergunta ele.

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No caso do suicídio, estudos científicos sugerem que a relação com o fator da luz solar é mais clara, embora não possa ser o único a fator levado em conta.

Segundo um artigo publicado em 2002 na revista científica Epidemiology, veículo oficial da Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental, que pesquisou 27 países - 25 do norte e dois do sul - da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), há maior incidência de suicídios nos meses de verão nos hemisférios (junho no norte e em dezembro, no sul). O artigo não atribui isso diretamente à baixa produção de melatonina, o hormônio da tranquilidade, ou à serotonina, o hormônio da vigília, cuja produção aumenta com a luz do Sol, mas aponta que, pela alta correlação, a insolação funcione como gatilho para suicídios.

"Com o aumento da duração do dia, causado por maior exposição à luz do Sol, as pessoas ficam excitadas e impulsivas, o que pode disparar comportamentos suicidas", explica o austríaco Nestor Kapusta, professor da Universidade Médica de Viena e autor de uma pesquisa que analisou a relação entre suicídio e insolação. Na Áustria, ele chegou a uma conclusão similar: duração da luz solar diária e índices de suicídio estão positivamente relacionados, afirma a sua pesquisa, que analisou casos entre 1970 e 2000.

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Segundo ele, a temperatura, novamente, não é um fator de importância para que tais casos sejam analisados. "Em vez dela, o que se leva em conta é o aumento da incidência dos raios solares", conta.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Fatores ambientais não são decisivos, mas podem influenciar casos de depressão e suicídio. Foto: RyanMcGuire/Pixabay

A depressão é um distúrbio de ordem psicológica e mental que acomete 300 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em seu pior estágio, o quadro clínico pode levar ao suicídio, situação que ocorre, em média, com 800 mil pessoas ao ano e atinge, principalmente, jovens entre 15 e 29 anos.

Segundo a cartilha da OMS, as causas da depressão, tais como as do suicídio, envolvem diversos motivos. "É uma doença clínica complexa e multifatorial", diz o psiquiatra do Hospital das Clínicas Fernando Fernandes. "Sempre há vulnerabilidade genética ou orgânica para se desenvolver depressão, porém, uma série de fatores pode influenciar a desencadear o quadro - principalmente razões psicológicas e sociais. Os fatores ambientais, apesar de terem peso, são menos importantes para desenvolver a doença."

De fato, há países e regiões em que a depressão causada por tais fatores, chamada de depressão sazonal, acontece com alguma frequência. A razão para isso é que, com dias menos longos, a exposição à luz é menor, e o organismo fica menos disposto ou ativo. O professor da Unicamp e psiquiatra Acioly Lacerda ressalta que esses quadros - que ocorrem em função dos fatores ambientais de determinado tempo meteorológico - são diagnósticos estabelecidos e diretamente relacionados à insolação que recebe um indivíduo.

"Isso é mais comum em países de alta latitude, acima de 50º, como os do norte da Europa. Saindo do senso comum, não é a temperatura em si que está associada à prevalência de suicídio. Na verdade, o fator determinante é a baixa luminosidade", explica ele. "A baixa quantidade de luz estimula a produção de melatonina (conhecida como hormônio do sono), que baixa a energia, o metabolismo e o ânimo da pessoa. Essa alteração neurofisiológica induz comportamentos noturnos, como excesso de sono, típicos da depressão."  Segundo ele, até hoje, por exemplo, são utilizados métodos de privação do sono no tratamento contra a doença. "É algo efetivo", aponta.

O que complica a equação ou a compreensão clara da relação entre luz solar e depressão é que, segundo o Fernandes, existem quadros depressivos sazonais também durante o verão, época em que alguns países recebem mais luz solar. "Como explicar que existem casos do tipo quando isso ocorre?", pergunta ele.

No caso do suicídio, estudos científicos sugerem que a relação com o fator da luz solar é mais clara, embora não possa ser o único a fator levado em conta.

Segundo um artigo publicado em 2002 na revista científica Epidemiology, veículo oficial da Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental, que pesquisou 27 países - 25 do norte e dois do sul - da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), há maior incidência de suicídios nos meses de verão nos hemisférios (junho no norte e em dezembro, no sul). O artigo não atribui isso diretamente à baixa produção de melatonina, o hormônio da tranquilidade, ou à serotonina, o hormônio da vigília, cuja produção aumenta com a luz do Sol, mas aponta que, pela alta correlação, a insolação funcione como gatilho para suicídios.

"Com o aumento da duração do dia, causado por maior exposição à luz do Sol, as pessoas ficam excitadas e impulsivas, o que pode disparar comportamentos suicidas", explica o austríaco Nestor Kapusta, professor da Universidade Médica de Viena e autor de uma pesquisa que analisou a relação entre suicídio e insolação. Na Áustria, ele chegou a uma conclusão similar: duração da luz solar diária e índices de suicídio estão positivamente relacionados, afirma a sua pesquisa, que analisou casos entre 1970 e 2000.

Segundo ele, a temperatura, novamente, não é um fator de importância para que tais casos sejam analisados. "Em vez dela, o que se leva em conta é o aumento da incidência dos raios solares", conta.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Fatores ambientais não são decisivos, mas podem influenciar casos de depressão e suicídio. Foto: RyanMcGuire/Pixabay

A depressão é um distúrbio de ordem psicológica e mental que acomete 300 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em seu pior estágio, o quadro clínico pode levar ao suicídio, situação que ocorre, em média, com 800 mil pessoas ao ano e atinge, principalmente, jovens entre 15 e 29 anos.

Segundo a cartilha da OMS, as causas da depressão, tais como as do suicídio, envolvem diversos motivos. "É uma doença clínica complexa e multifatorial", diz o psiquiatra do Hospital das Clínicas Fernando Fernandes. "Sempre há vulnerabilidade genética ou orgânica para se desenvolver depressão, porém, uma série de fatores pode influenciar a desencadear o quadro - principalmente razões psicológicas e sociais. Os fatores ambientais, apesar de terem peso, são menos importantes para desenvolver a doença."

De fato, há países e regiões em que a depressão causada por tais fatores, chamada de depressão sazonal, acontece com alguma frequência. A razão para isso é que, com dias menos longos, a exposição à luz é menor, e o organismo fica menos disposto ou ativo. O professor da Unicamp e psiquiatra Acioly Lacerda ressalta que esses quadros - que ocorrem em função dos fatores ambientais de determinado tempo meteorológico - são diagnósticos estabelecidos e diretamente relacionados à insolação que recebe um indivíduo.

"Isso é mais comum em países de alta latitude, acima de 50º, como os do norte da Europa. Saindo do senso comum, não é a temperatura em si que está associada à prevalência de suicídio. Na verdade, o fator determinante é a baixa luminosidade", explica ele. "A baixa quantidade de luz estimula a produção de melatonina (conhecida como hormônio do sono), que baixa a energia, o metabolismo e o ânimo da pessoa. Essa alteração neurofisiológica induz comportamentos noturnos, como excesso de sono, típicos da depressão."  Segundo ele, até hoje, por exemplo, são utilizados métodos de privação do sono no tratamento contra a doença. "É algo efetivo", aponta.

O que complica a equação ou a compreensão clara da relação entre luz solar e depressão é que, segundo o Fernandes, existem quadros depressivos sazonais também durante o verão, época em que alguns países recebem mais luz solar. "Como explicar que existem casos do tipo quando isso ocorre?", pergunta ele.

No caso do suicídio, estudos científicos sugerem que a relação com o fator da luz solar é mais clara, embora não possa ser o único a fator levado em conta.

Segundo um artigo publicado em 2002 na revista científica Epidemiology, veículo oficial da Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental, que pesquisou 27 países - 25 do norte e dois do sul - da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), há maior incidência de suicídios nos meses de verão nos hemisférios (junho no norte e em dezembro, no sul). O artigo não atribui isso diretamente à baixa produção de melatonina, o hormônio da tranquilidade, ou à serotonina, o hormônio da vigília, cuja produção aumenta com a luz do Sol, mas aponta que, pela alta correlação, a insolação funcione como gatilho para suicídios.

"Com o aumento da duração do dia, causado por maior exposição à luz do Sol, as pessoas ficam excitadas e impulsivas, o que pode disparar comportamentos suicidas", explica o austríaco Nestor Kapusta, professor da Universidade Médica de Viena e autor de uma pesquisa que analisou a relação entre suicídio e insolação. Na Áustria, ele chegou a uma conclusão similar: duração da luz solar diária e índices de suicídio estão positivamente relacionados, afirma a sua pesquisa, que analisou casos entre 1970 e 2000.

Segundo ele, a temperatura, novamente, não é um fator de importância para que tais casos sejam analisados. "Em vez dela, o que se leva em conta é o aumento da incidência dos raios solares", conta.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

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