Estudos mostram a ineficácia dos suplementos vitamínicos


'Certas combinações de nutrientes podem ajudar no caso de determinadas doenças, mas para a grande maioria dos adultos os resultados, quando obtidos, são mínimos', diz pesquisador

Por Jane E. Brody
 Foto: Reprodução/Pixabay

Os norte-americanos gastam mais de 30 bilhões de dólares por ano com suplementos - vitaminas, sais minerais e produtos herbáceos, entre outros -, muitos dos quais desnecessários ou de eficácia duvidosa para quem os consome. Isso representa cerca de 100 dólares para cada pessoa do país, incluindo crianças, por substâncias que quase sempre têm um valor questionável.

A sanção da Lei de Educação e Saúde do Suplemento Alimentar, em 1994, abriu as portas de um setor que pode colocar esses produtos no mercado sem ter que submeter nenhuma comprovação à Administração de Alimentos e Remédios (FDA) de que seu consumo é seguro e eficaz. A legislação permite que os itens sejam promovidos como "ajuda" à garantia da saúde de várias partes do corpo; só não devem alegar que podem prevenir, tratar ou curar algum problema, mas a escolha das palavras parece não evitar que muita gente deduza que "auxílio" se traduza por "benefício comprovado".

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Assim, após 1994, as vendas de uma série de suplementos dispararam - e porque a lei assim permitia, muitos continuaram a ser comercializados mesmo após uma pesquisa de alta qualidade comprovar que, em termos de benefícios à saúde, não eram melhores que um placebo. O governo só pode suspender as vendas de um produto específico se ele estiver no mercado e provar ser enganoso ou perigoso.

O estudo mais recente, publicado em outubro na JAMA, concluiu que o uso geral de suplementos por adultos neste país se manteve estável de 1999 a 2012, embora alguns tenham caído em desuso enquanto outros se tornaram mais populares.

Dirigida por Elizabeth D. Kantor, epidemiologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York, a análise revelou que 52% dos adultos usaram um ou mais suplementos em 2012. E pelo menos um dado se revelou surpreendente na conclusão: o número de usuários não ser maior, dada a promoção maciça em anúncios pagos e testemunhos na internet.

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O resultado reuniu as respostas das entrevistas feitas com 37.958 adultos, em casa, para a Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde, conduzida a cada dois anos entre uma amostragem representativa de norte-americanos.

No editorial intitulado "O Paradoxo do Suplemento: Benefícios Insignificantes, Consumo Intenso" que acompanha o novo relatório, Pieter A. Cohen, da Cambridge Health Alliance e Somerville Hospital Primary Care em Massachusetts, observou: "Os suplementos são essenciais para o tratamento de deficiências vitamínicas e minerais. Além disso, certas combinações de nutrientes podem ajudar no caso de determinadas doenças, como a degeneração macular causada pela idade, mas para a grande maioria dos adultos os resultados, quando obtidos, são mínimos."

Entre as mudanças na nova versão, descobriu-se que o uso de complexos multivitamínicos/minerais caiu de 37% para 31%, bem como o de vitamina C, vitamina E e selênio, talvez em resposta à conclusão da pesquisa, que provou não haver benefícios. Às vezes, as pessoas agem com sensatez quando confrontadas com provas irrefutáveis.

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Porém ele acrescenta: "Outros produtos continuaram a ser usados na mesma proporção, apesar de vários estudos comprovarem que não têm maiores benefícios que o placebo." Assim, o consumo de glucosamina e condroitina para o alívio das dores artríticas permaneceu inalterado pelos resultados negativos da triagem e as diversas análises de acompanhamento posteriores, realizadas em 2006.

Há quem estude quem usa esses suplementos e por que razão. Também baseados na Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde entre 2007-2010 com 11.956 adultos, Regan L. Bailey, do National Institutes of Health Office of Dietary Supplements, e seus colegas, resumiram, em 2013, as seguintes justificativas dadas pelos participantes da pesquisa: 45% disseram que tomavam para "melhorar" e 33% para "manter" a saúde geral. Trinta e seis por cento das mulheres tomavam cálcio para os ossos e 18% dos homens consumiam suplementos para o coração ou diminuição do colesterol. Somente 23% tomavam porque o médico tinha sugerido que o fizessem.

Talvez mais ilustrativos sejam os dados sobre as características dos usuários: a grande probabilidade é que estejam entre a fatia mais saudável da população. Têm maiores probabilidades que os não usuários de registrarem uma condição de saúde de boa a excelente, consumirem bebidas alcoólicas moderadamente, evitarem o fumo, praticarem exercícios com frequência e terem assistência médica. Outros estudos mostraram que o uso de suplementos é mais frequente entre os mais velhos, os mais magros e os que possuem níveis de educação e status socioeconômico mais altos.

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Isso significa que, para tentar determinar os possíveis benefícios de um suplemento, os pesquisadores devem controlar todas essas características com o objetivo de isolar a contribuição da substância. Analisar um grupo grande, ou mesmo acompanhar seus hábitos por décadas e descobrir que os usuários são mais saudáveis e vivem mais, não prova nada se não forem considerados outros fatores influentes sobre saúde e longevidade.

Depois de encontrar resultados equívocos ou negativos sobre os benefícios dos suplementos, em 2013, a Força-Tarefa Nacional de Serviços Preventivos, grupo independente de médicos que baseia suas sugestões somente em evidências sólidas, optou por não recomendar o uso de quaisquer complexos multivitamínicos para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer a pessoas que não tinham deficiência de nutrientes.

Tudo isso faz com que se pergunte por que as pessoas, eu incluída, optam por consumir um ou mais suplementos. Quem consome vitaminas/sais minerais diariamente geralmente justifica a decisão alegando "garantia nutricional". Sabendo que normalmente come de maneira errática ou não ingere as quantidades recomendadas de frutas, verduras e legumes, a dose extra de vitaminas e sais minerais parece a maneira mais fácil e barata de compensação.

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Só que os nutricionistas avisam que não há pílula que forneça os nutrientes contidos nos alimentos saudáveis. Por exemplo, o suplemento não contém as fibras que há nas frutas e verduras; para obter o volume diário recomendado de cálcio (1 mil miligramas para adultos, 1,2 mil para mulheres com mais de 50 anos e homens acima de 70 anos) a pílula teria que ser tão grande que seria impossível engoli-la.

Alguns consumidores não acreditam nas provas que sugerem a ausência de benefícios - e é por isso que eu continuo tomando glucosamina/condroitina, apesar de os estudos feitos até agora terem concluído que as substâncias não aliviam a artrite de joelho. A minha progrediu pouquíssimo durante as várias décadas desde que comecei a consumir a combinação, então prefiro não discutir seu sucesso aparente.

De qualquer forma, é sempre bom ter um pouco de cautela porque alguns suplementos podem ser danosos ou interferir com outros remédios. Conte para seu médico o que você toma e atente para que essas informações constem de seu histórico.

 Foto: Reprodução/Pixabay

Os norte-americanos gastam mais de 30 bilhões de dólares por ano com suplementos - vitaminas, sais minerais e produtos herbáceos, entre outros -, muitos dos quais desnecessários ou de eficácia duvidosa para quem os consome. Isso representa cerca de 100 dólares para cada pessoa do país, incluindo crianças, por substâncias que quase sempre têm um valor questionável.

A sanção da Lei de Educação e Saúde do Suplemento Alimentar, em 1994, abriu as portas de um setor que pode colocar esses produtos no mercado sem ter que submeter nenhuma comprovação à Administração de Alimentos e Remédios (FDA) de que seu consumo é seguro e eficaz. A legislação permite que os itens sejam promovidos como "ajuda" à garantia da saúde de várias partes do corpo; só não devem alegar que podem prevenir, tratar ou curar algum problema, mas a escolha das palavras parece não evitar que muita gente deduza que "auxílio" se traduza por "benefício comprovado".

Assim, após 1994, as vendas de uma série de suplementos dispararam - e porque a lei assim permitia, muitos continuaram a ser comercializados mesmo após uma pesquisa de alta qualidade comprovar que, em termos de benefícios à saúde, não eram melhores que um placebo. O governo só pode suspender as vendas de um produto específico se ele estiver no mercado e provar ser enganoso ou perigoso.

O estudo mais recente, publicado em outubro na JAMA, concluiu que o uso geral de suplementos por adultos neste país se manteve estável de 1999 a 2012, embora alguns tenham caído em desuso enquanto outros se tornaram mais populares.

Dirigida por Elizabeth D. Kantor, epidemiologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York, a análise revelou que 52% dos adultos usaram um ou mais suplementos em 2012. E pelo menos um dado se revelou surpreendente na conclusão: o número de usuários não ser maior, dada a promoção maciça em anúncios pagos e testemunhos na internet.

O resultado reuniu as respostas das entrevistas feitas com 37.958 adultos, em casa, para a Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde, conduzida a cada dois anos entre uma amostragem representativa de norte-americanos.

No editorial intitulado "O Paradoxo do Suplemento: Benefícios Insignificantes, Consumo Intenso" que acompanha o novo relatório, Pieter A. Cohen, da Cambridge Health Alliance e Somerville Hospital Primary Care em Massachusetts, observou: "Os suplementos são essenciais para o tratamento de deficiências vitamínicas e minerais. Além disso, certas combinações de nutrientes podem ajudar no caso de determinadas doenças, como a degeneração macular causada pela idade, mas para a grande maioria dos adultos os resultados, quando obtidos, são mínimos."

Entre as mudanças na nova versão, descobriu-se que o uso de complexos multivitamínicos/minerais caiu de 37% para 31%, bem como o de vitamina C, vitamina E e selênio, talvez em resposta à conclusão da pesquisa, que provou não haver benefícios. Às vezes, as pessoas agem com sensatez quando confrontadas com provas irrefutáveis.

Porém ele acrescenta: "Outros produtos continuaram a ser usados na mesma proporção, apesar de vários estudos comprovarem que não têm maiores benefícios que o placebo." Assim, o consumo de glucosamina e condroitina para o alívio das dores artríticas permaneceu inalterado pelos resultados negativos da triagem e as diversas análises de acompanhamento posteriores, realizadas em 2006.

Há quem estude quem usa esses suplementos e por que razão. Também baseados na Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde entre 2007-2010 com 11.956 adultos, Regan L. Bailey, do National Institutes of Health Office of Dietary Supplements, e seus colegas, resumiram, em 2013, as seguintes justificativas dadas pelos participantes da pesquisa: 45% disseram que tomavam para "melhorar" e 33% para "manter" a saúde geral. Trinta e seis por cento das mulheres tomavam cálcio para os ossos e 18% dos homens consumiam suplementos para o coração ou diminuição do colesterol. Somente 23% tomavam porque o médico tinha sugerido que o fizessem.

Talvez mais ilustrativos sejam os dados sobre as características dos usuários: a grande probabilidade é que estejam entre a fatia mais saudável da população. Têm maiores probabilidades que os não usuários de registrarem uma condição de saúde de boa a excelente, consumirem bebidas alcoólicas moderadamente, evitarem o fumo, praticarem exercícios com frequência e terem assistência médica. Outros estudos mostraram que o uso de suplementos é mais frequente entre os mais velhos, os mais magros e os que possuem níveis de educação e status socioeconômico mais altos.

Isso significa que, para tentar determinar os possíveis benefícios de um suplemento, os pesquisadores devem controlar todas essas características com o objetivo de isolar a contribuição da substância. Analisar um grupo grande, ou mesmo acompanhar seus hábitos por décadas e descobrir que os usuários são mais saudáveis e vivem mais, não prova nada se não forem considerados outros fatores influentes sobre saúde e longevidade.

Depois de encontrar resultados equívocos ou negativos sobre os benefícios dos suplementos, em 2013, a Força-Tarefa Nacional de Serviços Preventivos, grupo independente de médicos que baseia suas sugestões somente em evidências sólidas, optou por não recomendar o uso de quaisquer complexos multivitamínicos para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer a pessoas que não tinham deficiência de nutrientes.

Tudo isso faz com que se pergunte por que as pessoas, eu incluída, optam por consumir um ou mais suplementos. Quem consome vitaminas/sais minerais diariamente geralmente justifica a decisão alegando "garantia nutricional". Sabendo que normalmente come de maneira errática ou não ingere as quantidades recomendadas de frutas, verduras e legumes, a dose extra de vitaminas e sais minerais parece a maneira mais fácil e barata de compensação.

Só que os nutricionistas avisam que não há pílula que forneça os nutrientes contidos nos alimentos saudáveis. Por exemplo, o suplemento não contém as fibras que há nas frutas e verduras; para obter o volume diário recomendado de cálcio (1 mil miligramas para adultos, 1,2 mil para mulheres com mais de 50 anos e homens acima de 70 anos) a pílula teria que ser tão grande que seria impossível engoli-la.

Alguns consumidores não acreditam nas provas que sugerem a ausência de benefícios - e é por isso que eu continuo tomando glucosamina/condroitina, apesar de os estudos feitos até agora terem concluído que as substâncias não aliviam a artrite de joelho. A minha progrediu pouquíssimo durante as várias décadas desde que comecei a consumir a combinação, então prefiro não discutir seu sucesso aparente.

De qualquer forma, é sempre bom ter um pouco de cautela porque alguns suplementos podem ser danosos ou interferir com outros remédios. Conte para seu médico o que você toma e atente para que essas informações constem de seu histórico.

 Foto: Reprodução/Pixabay

Os norte-americanos gastam mais de 30 bilhões de dólares por ano com suplementos - vitaminas, sais minerais e produtos herbáceos, entre outros -, muitos dos quais desnecessários ou de eficácia duvidosa para quem os consome. Isso representa cerca de 100 dólares para cada pessoa do país, incluindo crianças, por substâncias que quase sempre têm um valor questionável.

A sanção da Lei de Educação e Saúde do Suplemento Alimentar, em 1994, abriu as portas de um setor que pode colocar esses produtos no mercado sem ter que submeter nenhuma comprovação à Administração de Alimentos e Remédios (FDA) de que seu consumo é seguro e eficaz. A legislação permite que os itens sejam promovidos como "ajuda" à garantia da saúde de várias partes do corpo; só não devem alegar que podem prevenir, tratar ou curar algum problema, mas a escolha das palavras parece não evitar que muita gente deduza que "auxílio" se traduza por "benefício comprovado".

Assim, após 1994, as vendas de uma série de suplementos dispararam - e porque a lei assim permitia, muitos continuaram a ser comercializados mesmo após uma pesquisa de alta qualidade comprovar que, em termos de benefícios à saúde, não eram melhores que um placebo. O governo só pode suspender as vendas de um produto específico se ele estiver no mercado e provar ser enganoso ou perigoso.

O estudo mais recente, publicado em outubro na JAMA, concluiu que o uso geral de suplementos por adultos neste país se manteve estável de 1999 a 2012, embora alguns tenham caído em desuso enquanto outros se tornaram mais populares.

Dirigida por Elizabeth D. Kantor, epidemiologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York, a análise revelou que 52% dos adultos usaram um ou mais suplementos em 2012. E pelo menos um dado se revelou surpreendente na conclusão: o número de usuários não ser maior, dada a promoção maciça em anúncios pagos e testemunhos na internet.

O resultado reuniu as respostas das entrevistas feitas com 37.958 adultos, em casa, para a Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde, conduzida a cada dois anos entre uma amostragem representativa de norte-americanos.

No editorial intitulado "O Paradoxo do Suplemento: Benefícios Insignificantes, Consumo Intenso" que acompanha o novo relatório, Pieter A. Cohen, da Cambridge Health Alliance e Somerville Hospital Primary Care em Massachusetts, observou: "Os suplementos são essenciais para o tratamento de deficiências vitamínicas e minerais. Além disso, certas combinações de nutrientes podem ajudar no caso de determinadas doenças, como a degeneração macular causada pela idade, mas para a grande maioria dos adultos os resultados, quando obtidos, são mínimos."

Entre as mudanças na nova versão, descobriu-se que o uso de complexos multivitamínicos/minerais caiu de 37% para 31%, bem como o de vitamina C, vitamina E e selênio, talvez em resposta à conclusão da pesquisa, que provou não haver benefícios. Às vezes, as pessoas agem com sensatez quando confrontadas com provas irrefutáveis.

Porém ele acrescenta: "Outros produtos continuaram a ser usados na mesma proporção, apesar de vários estudos comprovarem que não têm maiores benefícios que o placebo." Assim, o consumo de glucosamina e condroitina para o alívio das dores artríticas permaneceu inalterado pelos resultados negativos da triagem e as diversas análises de acompanhamento posteriores, realizadas em 2006.

Há quem estude quem usa esses suplementos e por que razão. Também baseados na Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde entre 2007-2010 com 11.956 adultos, Regan L. Bailey, do National Institutes of Health Office of Dietary Supplements, e seus colegas, resumiram, em 2013, as seguintes justificativas dadas pelos participantes da pesquisa: 45% disseram que tomavam para "melhorar" e 33% para "manter" a saúde geral. Trinta e seis por cento das mulheres tomavam cálcio para os ossos e 18% dos homens consumiam suplementos para o coração ou diminuição do colesterol. Somente 23% tomavam porque o médico tinha sugerido que o fizessem.

Talvez mais ilustrativos sejam os dados sobre as características dos usuários: a grande probabilidade é que estejam entre a fatia mais saudável da população. Têm maiores probabilidades que os não usuários de registrarem uma condição de saúde de boa a excelente, consumirem bebidas alcoólicas moderadamente, evitarem o fumo, praticarem exercícios com frequência e terem assistência médica. Outros estudos mostraram que o uso de suplementos é mais frequente entre os mais velhos, os mais magros e os que possuem níveis de educação e status socioeconômico mais altos.

Isso significa que, para tentar determinar os possíveis benefícios de um suplemento, os pesquisadores devem controlar todas essas características com o objetivo de isolar a contribuição da substância. Analisar um grupo grande, ou mesmo acompanhar seus hábitos por décadas e descobrir que os usuários são mais saudáveis e vivem mais, não prova nada se não forem considerados outros fatores influentes sobre saúde e longevidade.

Depois de encontrar resultados equívocos ou negativos sobre os benefícios dos suplementos, em 2013, a Força-Tarefa Nacional de Serviços Preventivos, grupo independente de médicos que baseia suas sugestões somente em evidências sólidas, optou por não recomendar o uso de quaisquer complexos multivitamínicos para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer a pessoas que não tinham deficiência de nutrientes.

Tudo isso faz com que se pergunte por que as pessoas, eu incluída, optam por consumir um ou mais suplementos. Quem consome vitaminas/sais minerais diariamente geralmente justifica a decisão alegando "garantia nutricional". Sabendo que normalmente come de maneira errática ou não ingere as quantidades recomendadas de frutas, verduras e legumes, a dose extra de vitaminas e sais minerais parece a maneira mais fácil e barata de compensação.

Só que os nutricionistas avisam que não há pílula que forneça os nutrientes contidos nos alimentos saudáveis. Por exemplo, o suplemento não contém as fibras que há nas frutas e verduras; para obter o volume diário recomendado de cálcio (1 mil miligramas para adultos, 1,2 mil para mulheres com mais de 50 anos e homens acima de 70 anos) a pílula teria que ser tão grande que seria impossível engoli-la.

Alguns consumidores não acreditam nas provas que sugerem a ausência de benefícios - e é por isso que eu continuo tomando glucosamina/condroitina, apesar de os estudos feitos até agora terem concluído que as substâncias não aliviam a artrite de joelho. A minha progrediu pouquíssimo durante as várias décadas desde que comecei a consumir a combinação, então prefiro não discutir seu sucesso aparente.

De qualquer forma, é sempre bom ter um pouco de cautela porque alguns suplementos podem ser danosos ou interferir com outros remédios. Conte para seu médico o que você toma e atente para que essas informações constem de seu histórico.

 Foto: Reprodução/Pixabay

Os norte-americanos gastam mais de 30 bilhões de dólares por ano com suplementos - vitaminas, sais minerais e produtos herbáceos, entre outros -, muitos dos quais desnecessários ou de eficácia duvidosa para quem os consome. Isso representa cerca de 100 dólares para cada pessoa do país, incluindo crianças, por substâncias que quase sempre têm um valor questionável.

A sanção da Lei de Educação e Saúde do Suplemento Alimentar, em 1994, abriu as portas de um setor que pode colocar esses produtos no mercado sem ter que submeter nenhuma comprovação à Administração de Alimentos e Remédios (FDA) de que seu consumo é seguro e eficaz. A legislação permite que os itens sejam promovidos como "ajuda" à garantia da saúde de várias partes do corpo; só não devem alegar que podem prevenir, tratar ou curar algum problema, mas a escolha das palavras parece não evitar que muita gente deduza que "auxílio" se traduza por "benefício comprovado".

Assim, após 1994, as vendas de uma série de suplementos dispararam - e porque a lei assim permitia, muitos continuaram a ser comercializados mesmo após uma pesquisa de alta qualidade comprovar que, em termos de benefícios à saúde, não eram melhores que um placebo. O governo só pode suspender as vendas de um produto específico se ele estiver no mercado e provar ser enganoso ou perigoso.

O estudo mais recente, publicado em outubro na JAMA, concluiu que o uso geral de suplementos por adultos neste país se manteve estável de 1999 a 2012, embora alguns tenham caído em desuso enquanto outros se tornaram mais populares.

Dirigida por Elizabeth D. Kantor, epidemiologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York, a análise revelou que 52% dos adultos usaram um ou mais suplementos em 2012. E pelo menos um dado se revelou surpreendente na conclusão: o número de usuários não ser maior, dada a promoção maciça em anúncios pagos e testemunhos na internet.

O resultado reuniu as respostas das entrevistas feitas com 37.958 adultos, em casa, para a Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde, conduzida a cada dois anos entre uma amostragem representativa de norte-americanos.

No editorial intitulado "O Paradoxo do Suplemento: Benefícios Insignificantes, Consumo Intenso" que acompanha o novo relatório, Pieter A. Cohen, da Cambridge Health Alliance e Somerville Hospital Primary Care em Massachusetts, observou: "Os suplementos são essenciais para o tratamento de deficiências vitamínicas e minerais. Além disso, certas combinações de nutrientes podem ajudar no caso de determinadas doenças, como a degeneração macular causada pela idade, mas para a grande maioria dos adultos os resultados, quando obtidos, são mínimos."

Entre as mudanças na nova versão, descobriu-se que o uso de complexos multivitamínicos/minerais caiu de 37% para 31%, bem como o de vitamina C, vitamina E e selênio, talvez em resposta à conclusão da pesquisa, que provou não haver benefícios. Às vezes, as pessoas agem com sensatez quando confrontadas com provas irrefutáveis.

Porém ele acrescenta: "Outros produtos continuaram a ser usados na mesma proporção, apesar de vários estudos comprovarem que não têm maiores benefícios que o placebo." Assim, o consumo de glucosamina e condroitina para o alívio das dores artríticas permaneceu inalterado pelos resultados negativos da triagem e as diversas análises de acompanhamento posteriores, realizadas em 2006.

Há quem estude quem usa esses suplementos e por que razão. Também baseados na Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde entre 2007-2010 com 11.956 adultos, Regan L. Bailey, do National Institutes of Health Office of Dietary Supplements, e seus colegas, resumiram, em 2013, as seguintes justificativas dadas pelos participantes da pesquisa: 45% disseram que tomavam para "melhorar" e 33% para "manter" a saúde geral. Trinta e seis por cento das mulheres tomavam cálcio para os ossos e 18% dos homens consumiam suplementos para o coração ou diminuição do colesterol. Somente 23% tomavam porque o médico tinha sugerido que o fizessem.

Talvez mais ilustrativos sejam os dados sobre as características dos usuários: a grande probabilidade é que estejam entre a fatia mais saudável da população. Têm maiores probabilidades que os não usuários de registrarem uma condição de saúde de boa a excelente, consumirem bebidas alcoólicas moderadamente, evitarem o fumo, praticarem exercícios com frequência e terem assistência médica. Outros estudos mostraram que o uso de suplementos é mais frequente entre os mais velhos, os mais magros e os que possuem níveis de educação e status socioeconômico mais altos.

Isso significa que, para tentar determinar os possíveis benefícios de um suplemento, os pesquisadores devem controlar todas essas características com o objetivo de isolar a contribuição da substância. Analisar um grupo grande, ou mesmo acompanhar seus hábitos por décadas e descobrir que os usuários são mais saudáveis e vivem mais, não prova nada se não forem considerados outros fatores influentes sobre saúde e longevidade.

Depois de encontrar resultados equívocos ou negativos sobre os benefícios dos suplementos, em 2013, a Força-Tarefa Nacional de Serviços Preventivos, grupo independente de médicos que baseia suas sugestões somente em evidências sólidas, optou por não recomendar o uso de quaisquer complexos multivitamínicos para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer a pessoas que não tinham deficiência de nutrientes.

Tudo isso faz com que se pergunte por que as pessoas, eu incluída, optam por consumir um ou mais suplementos. Quem consome vitaminas/sais minerais diariamente geralmente justifica a decisão alegando "garantia nutricional". Sabendo que normalmente come de maneira errática ou não ingere as quantidades recomendadas de frutas, verduras e legumes, a dose extra de vitaminas e sais minerais parece a maneira mais fácil e barata de compensação.

Só que os nutricionistas avisam que não há pílula que forneça os nutrientes contidos nos alimentos saudáveis. Por exemplo, o suplemento não contém as fibras que há nas frutas e verduras; para obter o volume diário recomendado de cálcio (1 mil miligramas para adultos, 1,2 mil para mulheres com mais de 50 anos e homens acima de 70 anos) a pílula teria que ser tão grande que seria impossível engoli-la.

Alguns consumidores não acreditam nas provas que sugerem a ausência de benefícios - e é por isso que eu continuo tomando glucosamina/condroitina, apesar de os estudos feitos até agora terem concluído que as substâncias não aliviam a artrite de joelho. A minha progrediu pouquíssimo durante as várias décadas desde que comecei a consumir a combinação, então prefiro não discutir seu sucesso aparente.

De qualquer forma, é sempre bom ter um pouco de cautela porque alguns suplementos podem ser danosos ou interferir com outros remédios. Conte para seu médico o que você toma e atente para que essas informações constem de seu histórico.

 Foto: Reprodução/Pixabay

Os norte-americanos gastam mais de 30 bilhões de dólares por ano com suplementos - vitaminas, sais minerais e produtos herbáceos, entre outros -, muitos dos quais desnecessários ou de eficácia duvidosa para quem os consome. Isso representa cerca de 100 dólares para cada pessoa do país, incluindo crianças, por substâncias que quase sempre têm um valor questionável.

A sanção da Lei de Educação e Saúde do Suplemento Alimentar, em 1994, abriu as portas de um setor que pode colocar esses produtos no mercado sem ter que submeter nenhuma comprovação à Administração de Alimentos e Remédios (FDA) de que seu consumo é seguro e eficaz. A legislação permite que os itens sejam promovidos como "ajuda" à garantia da saúde de várias partes do corpo; só não devem alegar que podem prevenir, tratar ou curar algum problema, mas a escolha das palavras parece não evitar que muita gente deduza que "auxílio" se traduza por "benefício comprovado".

Assim, após 1994, as vendas de uma série de suplementos dispararam - e porque a lei assim permitia, muitos continuaram a ser comercializados mesmo após uma pesquisa de alta qualidade comprovar que, em termos de benefícios à saúde, não eram melhores que um placebo. O governo só pode suspender as vendas de um produto específico se ele estiver no mercado e provar ser enganoso ou perigoso.

O estudo mais recente, publicado em outubro na JAMA, concluiu que o uso geral de suplementos por adultos neste país se manteve estável de 1999 a 2012, embora alguns tenham caído em desuso enquanto outros se tornaram mais populares.

Dirigida por Elizabeth D. Kantor, epidemiologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center de Nova York, a análise revelou que 52% dos adultos usaram um ou mais suplementos em 2012. E pelo menos um dado se revelou surpreendente na conclusão: o número de usuários não ser maior, dada a promoção maciça em anúncios pagos e testemunhos na internet.

O resultado reuniu as respostas das entrevistas feitas com 37.958 adultos, em casa, para a Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde, conduzida a cada dois anos entre uma amostragem representativa de norte-americanos.

No editorial intitulado "O Paradoxo do Suplemento: Benefícios Insignificantes, Consumo Intenso" que acompanha o novo relatório, Pieter A. Cohen, da Cambridge Health Alliance e Somerville Hospital Primary Care em Massachusetts, observou: "Os suplementos são essenciais para o tratamento de deficiências vitamínicas e minerais. Além disso, certas combinações de nutrientes podem ajudar no caso de determinadas doenças, como a degeneração macular causada pela idade, mas para a grande maioria dos adultos os resultados, quando obtidos, são mínimos."

Entre as mudanças na nova versão, descobriu-se que o uso de complexos multivitamínicos/minerais caiu de 37% para 31%, bem como o de vitamina C, vitamina E e selênio, talvez em resposta à conclusão da pesquisa, que provou não haver benefícios. Às vezes, as pessoas agem com sensatez quando confrontadas com provas irrefutáveis.

Porém ele acrescenta: "Outros produtos continuaram a ser usados na mesma proporção, apesar de vários estudos comprovarem que não têm maiores benefícios que o placebo." Assim, o consumo de glucosamina e condroitina para o alívio das dores artríticas permaneceu inalterado pelos resultados negativos da triagem e as diversas análises de acompanhamento posteriores, realizadas em 2006.

Há quem estude quem usa esses suplementos e por que razão. Também baseados na Pesquisa Nacional de Verificação de Nutrição e Saúde entre 2007-2010 com 11.956 adultos, Regan L. Bailey, do National Institutes of Health Office of Dietary Supplements, e seus colegas, resumiram, em 2013, as seguintes justificativas dadas pelos participantes da pesquisa: 45% disseram que tomavam para "melhorar" e 33% para "manter" a saúde geral. Trinta e seis por cento das mulheres tomavam cálcio para os ossos e 18% dos homens consumiam suplementos para o coração ou diminuição do colesterol. Somente 23% tomavam porque o médico tinha sugerido que o fizessem.

Talvez mais ilustrativos sejam os dados sobre as características dos usuários: a grande probabilidade é que estejam entre a fatia mais saudável da população. Têm maiores probabilidades que os não usuários de registrarem uma condição de saúde de boa a excelente, consumirem bebidas alcoólicas moderadamente, evitarem o fumo, praticarem exercícios com frequência e terem assistência médica. Outros estudos mostraram que o uso de suplementos é mais frequente entre os mais velhos, os mais magros e os que possuem níveis de educação e status socioeconômico mais altos.

Isso significa que, para tentar determinar os possíveis benefícios de um suplemento, os pesquisadores devem controlar todas essas características com o objetivo de isolar a contribuição da substância. Analisar um grupo grande, ou mesmo acompanhar seus hábitos por décadas e descobrir que os usuários são mais saudáveis e vivem mais, não prova nada se não forem considerados outros fatores influentes sobre saúde e longevidade.

Depois de encontrar resultados equívocos ou negativos sobre os benefícios dos suplementos, em 2013, a Força-Tarefa Nacional de Serviços Preventivos, grupo independente de médicos que baseia suas sugestões somente em evidências sólidas, optou por não recomendar o uso de quaisquer complexos multivitamínicos para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer a pessoas que não tinham deficiência de nutrientes.

Tudo isso faz com que se pergunte por que as pessoas, eu incluída, optam por consumir um ou mais suplementos. Quem consome vitaminas/sais minerais diariamente geralmente justifica a decisão alegando "garantia nutricional". Sabendo que normalmente come de maneira errática ou não ingere as quantidades recomendadas de frutas, verduras e legumes, a dose extra de vitaminas e sais minerais parece a maneira mais fácil e barata de compensação.

Só que os nutricionistas avisam que não há pílula que forneça os nutrientes contidos nos alimentos saudáveis. Por exemplo, o suplemento não contém as fibras que há nas frutas e verduras; para obter o volume diário recomendado de cálcio (1 mil miligramas para adultos, 1,2 mil para mulheres com mais de 50 anos e homens acima de 70 anos) a pílula teria que ser tão grande que seria impossível engoli-la.

Alguns consumidores não acreditam nas provas que sugerem a ausência de benefícios - e é por isso que eu continuo tomando glucosamina/condroitina, apesar de os estudos feitos até agora terem concluído que as substâncias não aliviam a artrite de joelho. A minha progrediu pouquíssimo durante as várias décadas desde que comecei a consumir a combinação, então prefiro não discutir seu sucesso aparente.

De qualquer forma, é sempre bom ter um pouco de cautela porque alguns suplementos podem ser danosos ou interferir com outros remédios. Conte para seu médico o que você toma e atente para que essas informações constem de seu histórico.

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