Com a chegada do inverno, os cuidados com a pele não podem ser deixados de lado, mesmo com pouca incidência solar. E para quem tem melasma, essa é uma boa época para iniciar ou intensificar o tratamento das manchas escuras.
"Durante o inverno, normalmente não tem exposição solar espontânea, intencional, o estímulo é menor. Também é mais fácil proteger a pele uma vez que a pessoa não sua muito, costuma ter lazer mais interno de modo geral", diz Flávia Addor, dermatologista titulada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Nessa época do ano, os ativos utilizados no tratamento podem ser mais fortes sem o risco de a pele sofrer com os efeitos do sol.
As manchas mais escuras que surgem na pele são resultado da hiperpigmentação. Os raios solares atuam sobre os melanócitos, células produtoras de melanina, e provocam essa coloração mais exagerada em algumas regiões. O problema acomete principalmente bochechas, testa e buço, é mais comum nas mulheres, mas pode surgir nos homens também.
Porém, não há como prever quem terá melasma ou não. As causas são multifatoriais, segundo explica Luiza Archer, dermatologista da Clínica Nutrindo Ideias. "É uma desordem pigmentar, tem componente inflamatório, disposição individual, mas não se sabe se tem fator genético", diz.
A médica acrescenta que fatores hormonais também influenciam no aparecimento das manchas, que podem surgir durante a gestação e desaparecer depois ou se formarem devido ao uso de anticoncepcional. Fato é que a exposição solar é o principal fator de risco e piora o quadro.
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Flávia explica que a faixa dos raios ultravioleta do tipo A é a mais agressiva para pessoas com melasma. Essa radiação "penetra mais na pele e é mais oxidativa, piorando ou desencadeando" as manchas. "O grande desafio é que o ultravioleta A incide sobre a Terra ao longo do dia em uma intensidade parecida e ao longo do ano também não muda muito", diz a dermatologista.
Por isso, o uso de filtro solar é muito importante todos os dias, o ano inteiro. "O protetor é meio caminho andado em qualquer tratamento de melasma", afirma Flávia. A médica destaca que a luz visível, emitida por lâmpadas e telas, também tem se mostrado como fator de hiperpigmentação. Assim, mesmo quando ficamos a maior parte do tempo em ambientes fechados, diante do computador por exemplo, é preciso reforçar a proteção com o creme.
Tratamento para melasma
A dermatologista Luiza afirma que o tratamento varia de acordo com o grau do melasma, que pode ser superficial, médio ou profundo. Quanto mais grave, mais difícil de controlar. Há diversas maneiras de tratar a condição e, a princípio, pode ser usado um creme clareador. "Pode ser manipulado ou pronto, mas indico manipulado porque é possível associar outros componentes", diz.
Ela reforça o uso do protetor solar, que deve ter fator de proteção a partir de 30 e ser reaplicado a cada quatro horas. "Mas muitos pacientes não fazem isso", pontua. Outra recomendação dela nesse quesito é o filtro solar com cor, porque reflete mais a luz, ou seja, diminui a incidência na pele. Dependendo do grau do melasma, medicamentos via oral também podem ser prescritos.
Uma vez que essas manchas não são graves e têm um fator preocupante mais voltado para a estética, há tratamentos que também podem ser feitos em consultório. Luiza cita o peeling, microagulhamento e lasers. Neste último caso, ela afirma que nem todos servem, pois alguns podem agredir ainda mais a pele. É preciso fazer uma avaliação individual e ver qual o tratamento mais indicado.
O dermatologista Murilo Drummond diz que, em geral, o melasma não some, mas pode apresentar bastante melhora com os cuidados de rotina. Mesmo que as manchas desapareçam, corre-se o risco de recidiva (retorno) caso a proteção não seja feita com frequência. "A última novidade no tratamento do melasma é a cisteamina, um creme capaz de reduzir a pigmentação da pele em 77%, de acordo com estudos divulgados no Annual Meeting, da Academia Americana de Dermatologia", diz o médico que é diretor da Clínica DrummonDermato.
Cuidados básicos para quem tem melasma
Flávia, da SBD, conta que alguns estudos indicam que o protetor solar sozinho pode clarear um pouco o melasma, mas não totalmente ou no nível desejado pela pessoa. "Ele pode prevenir a piora, a recidiva e também faz parte da terapêutica uma vez que evita que radiação chegue à pele."
Embora seja difícil não se render ao banho quentinho no inverno, Luiza recomenda que o rosto, principalmente de quem tem melasma, seja lavado com água fria. "Não há estudo comprovando, mas percebo que pacientes têm piora com o calor, pessoas que trabalham na cozinha, mexem com forno. Com o banho pode ser semelhante, e a água quente resseca a pele", afirma. "Geralmente, já não recomendamos."