Quem sofre de apneia do sono ou ronca sente no decorrer do dia as consequências de uma noite mal dormida. São relatos de cansaço, sonolência e falta de concentração, por exemplo. Diante dessas queixas, um dentista pode identificar e tratar a doença em alguns casos.
"Para apneias leves e moderadas, o dentista é a indicação, porque só ele pode fazer os aparelhos intraorais para abrir a passagem de ar", diz Ricardo Barbosa, cirurgião-dentista especialista em odontologia do sono.
Ele explica que a apneia do sono e o ronco são distúrbios respiratórios que ocorrem por problemas mecânicos que estreitam a passagem de ar pela garganta. Se a causa é odontológica, o médico prepara uma espécie de aparelho ortodôntico que puxa a mandíbula para frente e libera a via respiratória.
Para saber o nível da doença - e se ela existe - é preciso fazer um exame chamado polissonografia. O diagnóstico é feito com base no número de vezes que a pessoa para de respirar por alguns segundos durante o sono e na quantidade de oxigenação. Até o nível 5, a apneia é considerada normal, entre 5 e 15 é leve, de 15 a 30 é moderada e acima disso, o quadro é grave.
Causas diversas, tratamentos diversos Cibele Dal Fabbro, presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Sono (ABROS), diz que há vários fatores que provocam apneia do sono. "Nunca é uma causa só. A idade, o uso de sedativos, a genética ou fatores de risco podem levar a uma maior predisposição à doença", afirma. Segundo ela, a apneia é mais frequente em homens e mais velhos.
Entre os fatores de risco, a pneumologista Luciana Palombini, especialista em medicina do sono, do Instituto do Sono, cita o aumento de peso e problemas nasais. "Quando a apneia é grave e tem a questão do excesso de peso, a chance de responder ao aparelho dos dentistas é muito baixa", afirma. Nesses casos, o tratamento feito com acompanhamento de um nutricionista ou endocrinologista para redução de gordura pode ser mais eficaz, segundo Barbosa.
Nos casos graves, os especialistas afirmam que o tratamento principal e mais eficaz é o CPAP, uma máscara respiratória que gera pressão de ar positiva e a leva para a faringe, mantendo-a aberta. Assim, a pessoa deixa de roncar e respira normalmente. Se o quadro requer uma cirurgia, um otorrinolaringologista pode ser o profissional mais indicado, por exemplo.
É importante esclarecer que cada caso deve ser diagnosticado e tratado individualmente com orientação médica. Se o dentista identificar que o problema está relacionado a doenças cardiopulmonares ou respiratórias, ele pode encaminhar o paciente para outros profissionais.
Como a apneia e o ronco são uma questão relacionada à anatomia anormal, é difícil serem solucionados definitivamente. "Ao tratar, o grau da apneia vai melhorar. Pode resolver totalmente, mas são raros os casos, porque já tem uma anatomia formada", diz a pneumologista.