Obesidade e desnutrição infantil podem ser prevenidas com mudanças de hábito


Resultados da má nutrição, 44% dos países enfrentam os dois problemas ao mesmo tempo

Por Ludimila Honorato
Uma alimentação pobre em nutrientes na infância pode gerar a 'dupla carga da má nutrição': obesidade e desnutrição. Foto: Erbs55/Pixabay

Quando se fala em má nutrição infantil, pode ser comum vir à mente crianças muito magras, pequenas e que vivem em regiões de extrema pobreza. Mas a falta de uma alimentação adequada relaciona-se também com sobrepeso e obesidade, um tipo de desnutrição ligada à falta de nutrientes. Esses problemas são mundiais, mas a boa notícia é que ambos podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e políticas públicas de impacto.

De acordo com o Relatório Global da Nutrição 2016, 44% dos países vivem, ao mesmo tempo, sérios níveis de subnutrição e sobrepeso, incluindo obesidade. É a chamada 'dupla carga da má nutrição'. "Há evidências de que uma nutrição pobre resulta não apenas em subnutrição, mas em obesidade também. O que é muito preocupante é que, quando isso acontece, afeta toda a vida. Se você não consome os nutrientes certos, o cérebro e o corpo não se desenvolvem adequadamente. Isso sempre será um desafio", afirma Jeff Terry, líder global de responsabilidade social da Amway.

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As evidências a que ele se refere vêm do Malnutrition Mapping Project, um trabalho de cerca de quatro anos realizado pela empresa em parceria com a Global Alliance for Improved Nutrition (Aliança Global para Melhorar a Nutrição, em tradução livre). O objetivo é mapear e entender os fatores que levam à má nutrição ao redor do mundo e servir de base para que acadêmicos, governos, empresas e sociedade desenvolvam estratégias para combater o desafio mundial da má nutrição.

Um dos focos desse mapeamento é crianças menores de 5 anos, uma fase crítica da infância segundo Terry. "Não é apenas sobre crescer, é sobre (desenvolver) os sistemas do corpo, o respiratório, o imune, metabolismo, olhos, cabelo. Se esses sistemas não se desenvolvem completamente ou adequadamente nesses primeiros anos, só vai ficar mais difícil conforme elas vão crescendo", afirma. A nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), concorda. "É a (fase da) construção do hábito alimentar, da relação com a comida, do desenvolvimento orgânico e físico da criança. E a alimentação influencia na capacidade cognitiva, na formação óssea, desenvolvimento dos tecidos e crescimento", explica.

Ela exemplifica que, se não há ingestão de cálcio adequado, haverá comprometimento ósseo no futuro, como osteoporose. A ausência de zinco compromete crescimento e aprendizado e a falta de fibras afeta o ritmo intestinal. "Só uma alimentação equilibrada pode ajudar e fazer com que esses componentes estejam presentes", diz. De acordo com o relatório da nutrição, das 667 milhões de crianças do mundo abaixo dos 5 anos, 159 mil tem déficit de altura para a idade e 41 mil estão com sobrepeso. No Brasil, são 1,05 milhão (5,6%) de crianças fora da estatura adequada e 1,08 milhão (7,1%) acima do peso.

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Obesidade. Lara Natacci explica que a redução no consumo de alimentos naturais e o aumento de industrializados, com mais açúcar, gordura e calorias, resultam no excesso de gordura no corpo. Somando a isso o baixo nível de nutrientes e de atividades diárias, vemos crescer os casos de obesidade infantil.

A nutricionista cita o estudo Nutri Brasil, em que 60% das crianças com menos de 2 anos consomem biscoito ou bolos, 1/3 toma refrigerante ou suco com açúcar e muitas deixam de fazer refeições ou têm uma alimentação desbalanceada. "Tudo isso pode ser revertido, mas precisa de planejamento e atenção, coisa que não vemos muito", diz.

Lara indica ainda que uma criança obesa tende a ser um adulto obeso. "Existe um número de gorduras no corpo e elas podem ser alimentadas. Depende do metabolismo, de como a criança vai se desenvolver, mas se tem mais gordura e menos massa muscular, o gasto calórico é menor", explica. Outras consequências são problemas sociais, psicológicos e impactos na família, que tem de pensar no tratamento. Depois, podem surgir doenças crônicas devido ao excesso de peso, como diabete e pressão alta.

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Excesso de açúcar na infância favorece diabete e obesidade no futuro. Foto: Efraimstochter/Pixabay

Desnutrição. Crescimento deficiente é um forte indicador de desnutrição que, segundo Lara, pode relacionar-se à ausência de alimentos nutritivos ou à alimentação restritiva devido à pobreza. Há casos em que a desnutrição infantil é um reflexo da má alimentação dos pais. "As mulheres em idade fértil mudaram seus estilos de vida, dedicam menos tempo ao preparo da comida e, ao consumir alimentos variados, descuidam da alimentação e do consumo de nutrientes", diz Marianella Herrera Cuenca, diretora do Observatório Venezuelano da Saúde. Segundo a especialista, o cálcio, por exemplo, pode ajudar na perda de peso em mulheres obesas, doença crônica que pode se manifestar nos filhos.

Terry afirma que mães desnutridas são um indicador de que a criança virá ao mundo desnutrida. Por isso, tem de se "garantir que as mães sejam as mais saudáveis possíveis". Em outro ponto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde para a amamentação exclusiva até os seis meses do bebê nem sempre é seguida. "Mães desnutridas podem não criar leite ou o leite não tem os nutrientes necessários porque ela não os tem para dar ao bebê", diz. Dados apresentados por Terry mostram que apenas 41% dos bebês no Brasil foram exclusivamente amamentados com leite materno até o sexto mês de vida, prática que pode proteger e ajudar no desenvolvimento do bebê.

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Uma das marcas da Amway desenvolveu um suplemento em pó para ajudar a apoiar dietas deficientes, o Nutrilite Little Bits. "Trabalhamos atualmente com cerca de 20 Organizações Não Governamentais diferentes ao redor do mundo e três agências governamentais em 50 países para melhorar a saúde nutricional das famílias e garantir que essas crianças, dos seis meses aos 5 anos, tenham pelo menos os nutrientes que elas precisam todos os dias", conta Terry.

Desafios e soluções. A nutricionista da Asban, que é doutoranda em comportamento alimentar, indica que o principal desafio nesse cenário é fornecer às crianças uma alimentação que seja equilibrada nutricionalmente. Outro ponto é a influência do meio na maneira como a criança se alimenta. "Mas há um caminho a percorrer até lá. Enquanto isso, a participação dos pais e responsáveis é importante, comer junto com a criança, criar uma boa relação com a comida e permitir que ela participe do processo, desde a compra até o preparo do alimento", recomenda.

Segundo Terry, o trabalho global em saúde é sobre mudança de comportamento. "Dois elementos-chaves sobre obesidade e infância são: comer os alimentos certos nos horários certos e garantir que os pais estejam moldando exemplos do que comer e do que não comer", diz. "A melhor coisa para qualquer criança é comida, boas vitaminas, bons nutrientes, frutas e vegetais", afirma. O trabalho também inclui educação nutricional e conscientização sobre a importância de um alimento - não vê-lo apenas como mais um pedaço de comida -, "porque é aí que as mudanças de comportamento vêm", diz.

Uma alimentação pobre em nutrientes na infância pode gerar a 'dupla carga da má nutrição': obesidade e desnutrição. Foto: Erbs55/Pixabay

Quando se fala em má nutrição infantil, pode ser comum vir à mente crianças muito magras, pequenas e que vivem em regiões de extrema pobreza. Mas a falta de uma alimentação adequada relaciona-se também com sobrepeso e obesidade, um tipo de desnutrição ligada à falta de nutrientes. Esses problemas são mundiais, mas a boa notícia é que ambos podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e políticas públicas de impacto.

De acordo com o Relatório Global da Nutrição 2016, 44% dos países vivem, ao mesmo tempo, sérios níveis de subnutrição e sobrepeso, incluindo obesidade. É a chamada 'dupla carga da má nutrição'. "Há evidências de que uma nutrição pobre resulta não apenas em subnutrição, mas em obesidade também. O que é muito preocupante é que, quando isso acontece, afeta toda a vida. Se você não consome os nutrientes certos, o cérebro e o corpo não se desenvolvem adequadamente. Isso sempre será um desafio", afirma Jeff Terry, líder global de responsabilidade social da Amway.

As evidências a que ele se refere vêm do Malnutrition Mapping Project, um trabalho de cerca de quatro anos realizado pela empresa em parceria com a Global Alliance for Improved Nutrition (Aliança Global para Melhorar a Nutrição, em tradução livre). O objetivo é mapear e entender os fatores que levam à má nutrição ao redor do mundo e servir de base para que acadêmicos, governos, empresas e sociedade desenvolvam estratégias para combater o desafio mundial da má nutrição.

Um dos focos desse mapeamento é crianças menores de 5 anos, uma fase crítica da infância segundo Terry. "Não é apenas sobre crescer, é sobre (desenvolver) os sistemas do corpo, o respiratório, o imune, metabolismo, olhos, cabelo. Se esses sistemas não se desenvolvem completamente ou adequadamente nesses primeiros anos, só vai ficar mais difícil conforme elas vão crescendo", afirma. A nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), concorda. "É a (fase da) construção do hábito alimentar, da relação com a comida, do desenvolvimento orgânico e físico da criança. E a alimentação influencia na capacidade cognitiva, na formação óssea, desenvolvimento dos tecidos e crescimento", explica.

Ela exemplifica que, se não há ingestão de cálcio adequado, haverá comprometimento ósseo no futuro, como osteoporose. A ausência de zinco compromete crescimento e aprendizado e a falta de fibras afeta o ritmo intestinal. "Só uma alimentação equilibrada pode ajudar e fazer com que esses componentes estejam presentes", diz. De acordo com o relatório da nutrição, das 667 milhões de crianças do mundo abaixo dos 5 anos, 159 mil tem déficit de altura para a idade e 41 mil estão com sobrepeso. No Brasil, são 1,05 milhão (5,6%) de crianças fora da estatura adequada e 1,08 milhão (7,1%) acima do peso.

Obesidade. Lara Natacci explica que a redução no consumo de alimentos naturais e o aumento de industrializados, com mais açúcar, gordura e calorias, resultam no excesso de gordura no corpo. Somando a isso o baixo nível de nutrientes e de atividades diárias, vemos crescer os casos de obesidade infantil.

A nutricionista cita o estudo Nutri Brasil, em que 60% das crianças com menos de 2 anos consomem biscoito ou bolos, 1/3 toma refrigerante ou suco com açúcar e muitas deixam de fazer refeições ou têm uma alimentação desbalanceada. "Tudo isso pode ser revertido, mas precisa de planejamento e atenção, coisa que não vemos muito", diz.

Lara indica ainda que uma criança obesa tende a ser um adulto obeso. "Existe um número de gorduras no corpo e elas podem ser alimentadas. Depende do metabolismo, de como a criança vai se desenvolver, mas se tem mais gordura e menos massa muscular, o gasto calórico é menor", explica. Outras consequências são problemas sociais, psicológicos e impactos na família, que tem de pensar no tratamento. Depois, podem surgir doenças crônicas devido ao excesso de peso, como diabete e pressão alta.

Excesso de açúcar na infância favorece diabete e obesidade no futuro. Foto: Efraimstochter/Pixabay

Desnutrição. Crescimento deficiente é um forte indicador de desnutrição que, segundo Lara, pode relacionar-se à ausência de alimentos nutritivos ou à alimentação restritiva devido à pobreza. Há casos em que a desnutrição infantil é um reflexo da má alimentação dos pais. "As mulheres em idade fértil mudaram seus estilos de vida, dedicam menos tempo ao preparo da comida e, ao consumir alimentos variados, descuidam da alimentação e do consumo de nutrientes", diz Marianella Herrera Cuenca, diretora do Observatório Venezuelano da Saúde. Segundo a especialista, o cálcio, por exemplo, pode ajudar na perda de peso em mulheres obesas, doença crônica que pode se manifestar nos filhos.

Terry afirma que mães desnutridas são um indicador de que a criança virá ao mundo desnutrida. Por isso, tem de se "garantir que as mães sejam as mais saudáveis possíveis". Em outro ponto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde para a amamentação exclusiva até os seis meses do bebê nem sempre é seguida. "Mães desnutridas podem não criar leite ou o leite não tem os nutrientes necessários porque ela não os tem para dar ao bebê", diz. Dados apresentados por Terry mostram que apenas 41% dos bebês no Brasil foram exclusivamente amamentados com leite materno até o sexto mês de vida, prática que pode proteger e ajudar no desenvolvimento do bebê.

Uma das marcas da Amway desenvolveu um suplemento em pó para ajudar a apoiar dietas deficientes, o Nutrilite Little Bits. "Trabalhamos atualmente com cerca de 20 Organizações Não Governamentais diferentes ao redor do mundo e três agências governamentais em 50 países para melhorar a saúde nutricional das famílias e garantir que essas crianças, dos seis meses aos 5 anos, tenham pelo menos os nutrientes que elas precisam todos os dias", conta Terry.

Desafios e soluções. A nutricionista da Asban, que é doutoranda em comportamento alimentar, indica que o principal desafio nesse cenário é fornecer às crianças uma alimentação que seja equilibrada nutricionalmente. Outro ponto é a influência do meio na maneira como a criança se alimenta. "Mas há um caminho a percorrer até lá. Enquanto isso, a participação dos pais e responsáveis é importante, comer junto com a criança, criar uma boa relação com a comida e permitir que ela participe do processo, desde a compra até o preparo do alimento", recomenda.

Segundo Terry, o trabalho global em saúde é sobre mudança de comportamento. "Dois elementos-chaves sobre obesidade e infância são: comer os alimentos certos nos horários certos e garantir que os pais estejam moldando exemplos do que comer e do que não comer", diz. "A melhor coisa para qualquer criança é comida, boas vitaminas, bons nutrientes, frutas e vegetais", afirma. O trabalho também inclui educação nutricional e conscientização sobre a importância de um alimento - não vê-lo apenas como mais um pedaço de comida -, "porque é aí que as mudanças de comportamento vêm", diz.

Uma alimentação pobre em nutrientes na infância pode gerar a 'dupla carga da má nutrição': obesidade e desnutrição. Foto: Erbs55/Pixabay

Quando se fala em má nutrição infantil, pode ser comum vir à mente crianças muito magras, pequenas e que vivem em regiões de extrema pobreza. Mas a falta de uma alimentação adequada relaciona-se também com sobrepeso e obesidade, um tipo de desnutrição ligada à falta de nutrientes. Esses problemas são mundiais, mas a boa notícia é que ambos podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e políticas públicas de impacto.

De acordo com o Relatório Global da Nutrição 2016, 44% dos países vivem, ao mesmo tempo, sérios níveis de subnutrição e sobrepeso, incluindo obesidade. É a chamada 'dupla carga da má nutrição'. "Há evidências de que uma nutrição pobre resulta não apenas em subnutrição, mas em obesidade também. O que é muito preocupante é que, quando isso acontece, afeta toda a vida. Se você não consome os nutrientes certos, o cérebro e o corpo não se desenvolvem adequadamente. Isso sempre será um desafio", afirma Jeff Terry, líder global de responsabilidade social da Amway.

As evidências a que ele se refere vêm do Malnutrition Mapping Project, um trabalho de cerca de quatro anos realizado pela empresa em parceria com a Global Alliance for Improved Nutrition (Aliança Global para Melhorar a Nutrição, em tradução livre). O objetivo é mapear e entender os fatores que levam à má nutrição ao redor do mundo e servir de base para que acadêmicos, governos, empresas e sociedade desenvolvam estratégias para combater o desafio mundial da má nutrição.

Um dos focos desse mapeamento é crianças menores de 5 anos, uma fase crítica da infância segundo Terry. "Não é apenas sobre crescer, é sobre (desenvolver) os sistemas do corpo, o respiratório, o imune, metabolismo, olhos, cabelo. Se esses sistemas não se desenvolvem completamente ou adequadamente nesses primeiros anos, só vai ficar mais difícil conforme elas vão crescendo", afirma. A nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), concorda. "É a (fase da) construção do hábito alimentar, da relação com a comida, do desenvolvimento orgânico e físico da criança. E a alimentação influencia na capacidade cognitiva, na formação óssea, desenvolvimento dos tecidos e crescimento", explica.

Ela exemplifica que, se não há ingestão de cálcio adequado, haverá comprometimento ósseo no futuro, como osteoporose. A ausência de zinco compromete crescimento e aprendizado e a falta de fibras afeta o ritmo intestinal. "Só uma alimentação equilibrada pode ajudar e fazer com que esses componentes estejam presentes", diz. De acordo com o relatório da nutrição, das 667 milhões de crianças do mundo abaixo dos 5 anos, 159 mil tem déficit de altura para a idade e 41 mil estão com sobrepeso. No Brasil, são 1,05 milhão (5,6%) de crianças fora da estatura adequada e 1,08 milhão (7,1%) acima do peso.

Obesidade. Lara Natacci explica que a redução no consumo de alimentos naturais e o aumento de industrializados, com mais açúcar, gordura e calorias, resultam no excesso de gordura no corpo. Somando a isso o baixo nível de nutrientes e de atividades diárias, vemos crescer os casos de obesidade infantil.

A nutricionista cita o estudo Nutri Brasil, em que 60% das crianças com menos de 2 anos consomem biscoito ou bolos, 1/3 toma refrigerante ou suco com açúcar e muitas deixam de fazer refeições ou têm uma alimentação desbalanceada. "Tudo isso pode ser revertido, mas precisa de planejamento e atenção, coisa que não vemos muito", diz.

Lara indica ainda que uma criança obesa tende a ser um adulto obeso. "Existe um número de gorduras no corpo e elas podem ser alimentadas. Depende do metabolismo, de como a criança vai se desenvolver, mas se tem mais gordura e menos massa muscular, o gasto calórico é menor", explica. Outras consequências são problemas sociais, psicológicos e impactos na família, que tem de pensar no tratamento. Depois, podem surgir doenças crônicas devido ao excesso de peso, como diabete e pressão alta.

Excesso de açúcar na infância favorece diabete e obesidade no futuro. Foto: Efraimstochter/Pixabay

Desnutrição. Crescimento deficiente é um forte indicador de desnutrição que, segundo Lara, pode relacionar-se à ausência de alimentos nutritivos ou à alimentação restritiva devido à pobreza. Há casos em que a desnutrição infantil é um reflexo da má alimentação dos pais. "As mulheres em idade fértil mudaram seus estilos de vida, dedicam menos tempo ao preparo da comida e, ao consumir alimentos variados, descuidam da alimentação e do consumo de nutrientes", diz Marianella Herrera Cuenca, diretora do Observatório Venezuelano da Saúde. Segundo a especialista, o cálcio, por exemplo, pode ajudar na perda de peso em mulheres obesas, doença crônica que pode se manifestar nos filhos.

Terry afirma que mães desnutridas são um indicador de que a criança virá ao mundo desnutrida. Por isso, tem de se "garantir que as mães sejam as mais saudáveis possíveis". Em outro ponto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde para a amamentação exclusiva até os seis meses do bebê nem sempre é seguida. "Mães desnutridas podem não criar leite ou o leite não tem os nutrientes necessários porque ela não os tem para dar ao bebê", diz. Dados apresentados por Terry mostram que apenas 41% dos bebês no Brasil foram exclusivamente amamentados com leite materno até o sexto mês de vida, prática que pode proteger e ajudar no desenvolvimento do bebê.

Uma das marcas da Amway desenvolveu um suplemento em pó para ajudar a apoiar dietas deficientes, o Nutrilite Little Bits. "Trabalhamos atualmente com cerca de 20 Organizações Não Governamentais diferentes ao redor do mundo e três agências governamentais em 50 países para melhorar a saúde nutricional das famílias e garantir que essas crianças, dos seis meses aos 5 anos, tenham pelo menos os nutrientes que elas precisam todos os dias", conta Terry.

Desafios e soluções. A nutricionista da Asban, que é doutoranda em comportamento alimentar, indica que o principal desafio nesse cenário é fornecer às crianças uma alimentação que seja equilibrada nutricionalmente. Outro ponto é a influência do meio na maneira como a criança se alimenta. "Mas há um caminho a percorrer até lá. Enquanto isso, a participação dos pais e responsáveis é importante, comer junto com a criança, criar uma boa relação com a comida e permitir que ela participe do processo, desde a compra até o preparo do alimento", recomenda.

Segundo Terry, o trabalho global em saúde é sobre mudança de comportamento. "Dois elementos-chaves sobre obesidade e infância são: comer os alimentos certos nos horários certos e garantir que os pais estejam moldando exemplos do que comer e do que não comer", diz. "A melhor coisa para qualquer criança é comida, boas vitaminas, bons nutrientes, frutas e vegetais", afirma. O trabalho também inclui educação nutricional e conscientização sobre a importância de um alimento - não vê-lo apenas como mais um pedaço de comida -, "porque é aí que as mudanças de comportamento vêm", diz.

Uma alimentação pobre em nutrientes na infância pode gerar a 'dupla carga da má nutrição': obesidade e desnutrição. Foto: Erbs55/Pixabay

Quando se fala em má nutrição infantil, pode ser comum vir à mente crianças muito magras, pequenas e que vivem em regiões de extrema pobreza. Mas a falta de uma alimentação adequada relaciona-se também com sobrepeso e obesidade, um tipo de desnutrição ligada à falta de nutrientes. Esses problemas são mundiais, mas a boa notícia é que ambos podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e políticas públicas de impacto.

De acordo com o Relatório Global da Nutrição 2016, 44% dos países vivem, ao mesmo tempo, sérios níveis de subnutrição e sobrepeso, incluindo obesidade. É a chamada 'dupla carga da má nutrição'. "Há evidências de que uma nutrição pobre resulta não apenas em subnutrição, mas em obesidade também. O que é muito preocupante é que, quando isso acontece, afeta toda a vida. Se você não consome os nutrientes certos, o cérebro e o corpo não se desenvolvem adequadamente. Isso sempre será um desafio", afirma Jeff Terry, líder global de responsabilidade social da Amway.

As evidências a que ele se refere vêm do Malnutrition Mapping Project, um trabalho de cerca de quatro anos realizado pela empresa em parceria com a Global Alliance for Improved Nutrition (Aliança Global para Melhorar a Nutrição, em tradução livre). O objetivo é mapear e entender os fatores que levam à má nutrição ao redor do mundo e servir de base para que acadêmicos, governos, empresas e sociedade desenvolvam estratégias para combater o desafio mundial da má nutrição.

Um dos focos desse mapeamento é crianças menores de 5 anos, uma fase crítica da infância segundo Terry. "Não é apenas sobre crescer, é sobre (desenvolver) os sistemas do corpo, o respiratório, o imune, metabolismo, olhos, cabelo. Se esses sistemas não se desenvolvem completamente ou adequadamente nesses primeiros anos, só vai ficar mais difícil conforme elas vão crescendo", afirma. A nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), concorda. "É a (fase da) construção do hábito alimentar, da relação com a comida, do desenvolvimento orgânico e físico da criança. E a alimentação influencia na capacidade cognitiva, na formação óssea, desenvolvimento dos tecidos e crescimento", explica.

Ela exemplifica que, se não há ingestão de cálcio adequado, haverá comprometimento ósseo no futuro, como osteoporose. A ausência de zinco compromete crescimento e aprendizado e a falta de fibras afeta o ritmo intestinal. "Só uma alimentação equilibrada pode ajudar e fazer com que esses componentes estejam presentes", diz. De acordo com o relatório da nutrição, das 667 milhões de crianças do mundo abaixo dos 5 anos, 159 mil tem déficit de altura para a idade e 41 mil estão com sobrepeso. No Brasil, são 1,05 milhão (5,6%) de crianças fora da estatura adequada e 1,08 milhão (7,1%) acima do peso.

Obesidade. Lara Natacci explica que a redução no consumo de alimentos naturais e o aumento de industrializados, com mais açúcar, gordura e calorias, resultam no excesso de gordura no corpo. Somando a isso o baixo nível de nutrientes e de atividades diárias, vemos crescer os casos de obesidade infantil.

A nutricionista cita o estudo Nutri Brasil, em que 60% das crianças com menos de 2 anos consomem biscoito ou bolos, 1/3 toma refrigerante ou suco com açúcar e muitas deixam de fazer refeições ou têm uma alimentação desbalanceada. "Tudo isso pode ser revertido, mas precisa de planejamento e atenção, coisa que não vemos muito", diz.

Lara indica ainda que uma criança obesa tende a ser um adulto obeso. "Existe um número de gorduras no corpo e elas podem ser alimentadas. Depende do metabolismo, de como a criança vai se desenvolver, mas se tem mais gordura e menos massa muscular, o gasto calórico é menor", explica. Outras consequências são problemas sociais, psicológicos e impactos na família, que tem de pensar no tratamento. Depois, podem surgir doenças crônicas devido ao excesso de peso, como diabete e pressão alta.

Excesso de açúcar na infância favorece diabete e obesidade no futuro. Foto: Efraimstochter/Pixabay

Desnutrição. Crescimento deficiente é um forte indicador de desnutrição que, segundo Lara, pode relacionar-se à ausência de alimentos nutritivos ou à alimentação restritiva devido à pobreza. Há casos em que a desnutrição infantil é um reflexo da má alimentação dos pais. "As mulheres em idade fértil mudaram seus estilos de vida, dedicam menos tempo ao preparo da comida e, ao consumir alimentos variados, descuidam da alimentação e do consumo de nutrientes", diz Marianella Herrera Cuenca, diretora do Observatório Venezuelano da Saúde. Segundo a especialista, o cálcio, por exemplo, pode ajudar na perda de peso em mulheres obesas, doença crônica que pode se manifestar nos filhos.

Terry afirma que mães desnutridas são um indicador de que a criança virá ao mundo desnutrida. Por isso, tem de se "garantir que as mães sejam as mais saudáveis possíveis". Em outro ponto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde para a amamentação exclusiva até os seis meses do bebê nem sempre é seguida. "Mães desnutridas podem não criar leite ou o leite não tem os nutrientes necessários porque ela não os tem para dar ao bebê", diz. Dados apresentados por Terry mostram que apenas 41% dos bebês no Brasil foram exclusivamente amamentados com leite materno até o sexto mês de vida, prática que pode proteger e ajudar no desenvolvimento do bebê.

Uma das marcas da Amway desenvolveu um suplemento em pó para ajudar a apoiar dietas deficientes, o Nutrilite Little Bits. "Trabalhamos atualmente com cerca de 20 Organizações Não Governamentais diferentes ao redor do mundo e três agências governamentais em 50 países para melhorar a saúde nutricional das famílias e garantir que essas crianças, dos seis meses aos 5 anos, tenham pelo menos os nutrientes que elas precisam todos os dias", conta Terry.

Desafios e soluções. A nutricionista da Asban, que é doutoranda em comportamento alimentar, indica que o principal desafio nesse cenário é fornecer às crianças uma alimentação que seja equilibrada nutricionalmente. Outro ponto é a influência do meio na maneira como a criança se alimenta. "Mas há um caminho a percorrer até lá. Enquanto isso, a participação dos pais e responsáveis é importante, comer junto com a criança, criar uma boa relação com a comida e permitir que ela participe do processo, desde a compra até o preparo do alimento", recomenda.

Segundo Terry, o trabalho global em saúde é sobre mudança de comportamento. "Dois elementos-chaves sobre obesidade e infância são: comer os alimentos certos nos horários certos e garantir que os pais estejam moldando exemplos do que comer e do que não comer", diz. "A melhor coisa para qualquer criança é comida, boas vitaminas, bons nutrientes, frutas e vegetais", afirma. O trabalho também inclui educação nutricional e conscientização sobre a importância de um alimento - não vê-lo apenas como mais um pedaço de comida -, "porque é aí que as mudanças de comportamento vêm", diz.

Uma alimentação pobre em nutrientes na infância pode gerar a 'dupla carga da má nutrição': obesidade e desnutrição. Foto: Erbs55/Pixabay

Quando se fala em má nutrição infantil, pode ser comum vir à mente crianças muito magras, pequenas e que vivem em regiões de extrema pobreza. Mas a falta de uma alimentação adequada relaciona-se também com sobrepeso e obesidade, um tipo de desnutrição ligada à falta de nutrientes. Esses problemas são mundiais, mas a boa notícia é que ambos podem ser prevenidos com mudanças de hábitos e políticas públicas de impacto.

De acordo com o Relatório Global da Nutrição 2016, 44% dos países vivem, ao mesmo tempo, sérios níveis de subnutrição e sobrepeso, incluindo obesidade. É a chamada 'dupla carga da má nutrição'. "Há evidências de que uma nutrição pobre resulta não apenas em subnutrição, mas em obesidade também. O que é muito preocupante é que, quando isso acontece, afeta toda a vida. Se você não consome os nutrientes certos, o cérebro e o corpo não se desenvolvem adequadamente. Isso sempre será um desafio", afirma Jeff Terry, líder global de responsabilidade social da Amway.

As evidências a que ele se refere vêm do Malnutrition Mapping Project, um trabalho de cerca de quatro anos realizado pela empresa em parceria com a Global Alliance for Improved Nutrition (Aliança Global para Melhorar a Nutrição, em tradução livre). O objetivo é mapear e entender os fatores que levam à má nutrição ao redor do mundo e servir de base para que acadêmicos, governos, empresas e sociedade desenvolvam estratégias para combater o desafio mundial da má nutrição.

Um dos focos desse mapeamento é crianças menores de 5 anos, uma fase crítica da infância segundo Terry. "Não é apenas sobre crescer, é sobre (desenvolver) os sistemas do corpo, o respiratório, o imune, metabolismo, olhos, cabelo. Se esses sistemas não se desenvolvem completamente ou adequadamente nesses primeiros anos, só vai ficar mais difícil conforme elas vão crescendo", afirma. A nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), concorda. "É a (fase da) construção do hábito alimentar, da relação com a comida, do desenvolvimento orgânico e físico da criança. E a alimentação influencia na capacidade cognitiva, na formação óssea, desenvolvimento dos tecidos e crescimento", explica.

Ela exemplifica que, se não há ingestão de cálcio adequado, haverá comprometimento ósseo no futuro, como osteoporose. A ausência de zinco compromete crescimento e aprendizado e a falta de fibras afeta o ritmo intestinal. "Só uma alimentação equilibrada pode ajudar e fazer com que esses componentes estejam presentes", diz. De acordo com o relatório da nutrição, das 667 milhões de crianças do mundo abaixo dos 5 anos, 159 mil tem déficit de altura para a idade e 41 mil estão com sobrepeso. No Brasil, são 1,05 milhão (5,6%) de crianças fora da estatura adequada e 1,08 milhão (7,1%) acima do peso.

Obesidade. Lara Natacci explica que a redução no consumo de alimentos naturais e o aumento de industrializados, com mais açúcar, gordura e calorias, resultam no excesso de gordura no corpo. Somando a isso o baixo nível de nutrientes e de atividades diárias, vemos crescer os casos de obesidade infantil.

A nutricionista cita o estudo Nutri Brasil, em que 60% das crianças com menos de 2 anos consomem biscoito ou bolos, 1/3 toma refrigerante ou suco com açúcar e muitas deixam de fazer refeições ou têm uma alimentação desbalanceada. "Tudo isso pode ser revertido, mas precisa de planejamento e atenção, coisa que não vemos muito", diz.

Lara indica ainda que uma criança obesa tende a ser um adulto obeso. "Existe um número de gorduras no corpo e elas podem ser alimentadas. Depende do metabolismo, de como a criança vai se desenvolver, mas se tem mais gordura e menos massa muscular, o gasto calórico é menor", explica. Outras consequências são problemas sociais, psicológicos e impactos na família, que tem de pensar no tratamento. Depois, podem surgir doenças crônicas devido ao excesso de peso, como diabete e pressão alta.

Excesso de açúcar na infância favorece diabete e obesidade no futuro. Foto: Efraimstochter/Pixabay

Desnutrição. Crescimento deficiente é um forte indicador de desnutrição que, segundo Lara, pode relacionar-se à ausência de alimentos nutritivos ou à alimentação restritiva devido à pobreza. Há casos em que a desnutrição infantil é um reflexo da má alimentação dos pais. "As mulheres em idade fértil mudaram seus estilos de vida, dedicam menos tempo ao preparo da comida e, ao consumir alimentos variados, descuidam da alimentação e do consumo de nutrientes", diz Marianella Herrera Cuenca, diretora do Observatório Venezuelano da Saúde. Segundo a especialista, o cálcio, por exemplo, pode ajudar na perda de peso em mulheres obesas, doença crônica que pode se manifestar nos filhos.

Terry afirma que mães desnutridas são um indicador de que a criança virá ao mundo desnutrida. Por isso, tem de se "garantir que as mães sejam as mais saudáveis possíveis". Em outro ponto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde para a amamentação exclusiva até os seis meses do bebê nem sempre é seguida. "Mães desnutridas podem não criar leite ou o leite não tem os nutrientes necessários porque ela não os tem para dar ao bebê", diz. Dados apresentados por Terry mostram que apenas 41% dos bebês no Brasil foram exclusivamente amamentados com leite materno até o sexto mês de vida, prática que pode proteger e ajudar no desenvolvimento do bebê.

Uma das marcas da Amway desenvolveu um suplemento em pó para ajudar a apoiar dietas deficientes, o Nutrilite Little Bits. "Trabalhamos atualmente com cerca de 20 Organizações Não Governamentais diferentes ao redor do mundo e três agências governamentais em 50 países para melhorar a saúde nutricional das famílias e garantir que essas crianças, dos seis meses aos 5 anos, tenham pelo menos os nutrientes que elas precisam todos os dias", conta Terry.

Desafios e soluções. A nutricionista da Asban, que é doutoranda em comportamento alimentar, indica que o principal desafio nesse cenário é fornecer às crianças uma alimentação que seja equilibrada nutricionalmente. Outro ponto é a influência do meio na maneira como a criança se alimenta. "Mas há um caminho a percorrer até lá. Enquanto isso, a participação dos pais e responsáveis é importante, comer junto com a criança, criar uma boa relação com a comida e permitir que ela participe do processo, desde a compra até o preparo do alimento", recomenda.

Segundo Terry, o trabalho global em saúde é sobre mudança de comportamento. "Dois elementos-chaves sobre obesidade e infância são: comer os alimentos certos nos horários certos e garantir que os pais estejam moldando exemplos do que comer e do que não comer", diz. "A melhor coisa para qualquer criança é comida, boas vitaminas, bons nutrientes, frutas e vegetais", afirma. O trabalho também inclui educação nutricional e conscientização sobre a importância de um alimento - não vê-lo apenas como mais um pedaço de comida -, "porque é aí que as mudanças de comportamento vêm", diz.

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