Recentemente, o influenciador digital mineiro Gustavo Tubarão deixou seus fãs bastante preocupados ao publicar um vídeo no Instagram revelando que está sofrendo de paralisia de Bell. Assustado, o rapaz de 21 anos confessou que, ao ter os primeiros sintomas, sofreu crise de ansiedade, pois acreditava que se tratava de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“Fui almoçar e na hora do almoço, senti minha boca esquisita. Olhei no espelho e minha cara estava torta, como vocês podem ver esse lado direito do meu rosto estava parado. Comecei a ter uma crise de ansiedade fortíssima, me deu um ataque de pânico. Achei que estava tendo um AVC ou um derrame... Graças a Deus, tenho uns primos médicos. Estou diagnosticado com paralisia de Bell”, declarou. "Não precisam se preocupar. Estou bem. A única dor que sinto é aqui atrás da orelha", completou.
Mas o que é a paralisia de Bell? Segundo Kátia Blume, cirurgiã dentista especialista em Odontologia Estética, é uma condição na qual o nervo facial que controla a contração da musculatura do rosto leva o nervo a parar de funcionar parcialmente ou completamente.
"Popularmente, as pessoas dizem que é ocasionado por uma mudança brusca de temperatura, mas isso não é comprovado. O que se sabe e que tem mais embasamento científico é que ela é ocasionada pela inflamação do nervo facial causada principalmente por vírus, como a herpes zoster", explica.
Caso Justin Bieber
Este assunto foi bastante discutindo após vir à tona, em 10 de junho, um vídeo publicado nas redes sociais por Justin Bieber revelando que seu rosto estava parcialmente paralisado. Nele, o cantor disse que estava sofrendo de uma doença chamada síndrome de Ramsay Hunt. De acordo com a cirurgiã dentista, a paralisia de Bell também pode ser ocasionado pelo mesmo vírus que o cantor descreveu.
Os sintomas mais comuns provocados pela paralisia de Bell, segundo Kátia, são fraqueza dos músculos de um lado do rosto, dificuldade de abrir o olho e desvio da boca quando sorri. Ainda pode apresentar dores atrás do ouvido e ruídos altos.
A maioria das pessoas se recupera rapidamente dessa condição, garante a especialista: "Usa-se corticoide para diminuir a inflamação ocasionada no nervo. Antivirais também são indicados. Essa condição pode afetar qualquer pessoa, mas é mais comum em imunossupressores, diabéticos, idosos e indivíduos com a sua imunidade baixa. Levar uma vida saudável, praticar exercícios físicos e controlar o estresse é a principal maneira de evitar essa paralisia".
Investigação da doença
O neurocirurgião Felipe Mendes, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, explica que não sabe ao certo todo o mecamismo envolvido por trás do desenvolvimento dessa doença. "Mas a gente sabe que quadros de reativação viral, por exemplo, como a do vírus da herpes simples, têm uma grande contribuição, mas também outros vírus como o Epstein–Barr (vírus da família da herpes, um dos mais comuns em humanos) podem causar um quadro de paralisia facial", ressalta.
De acordo com o neurocirurgião, a doença costuma ter uma apresentação variável, ou seja, geralmente começa de uma forma súbita. "A pessoa acorda, se olha no espelho e vê que metade do rosto está estranho, diferente, assimétrica em relação ao outro lado. A gente utiliza uma escala de classificação para falar se a paralisia é mais leve, se é moderada ou grave. Essa escala vai dos graus 1 a 6. Aí, geralemente, quando existe esse processo da doença, ela tem um curso autolimitado. Geralmente com 10 a 14 dias, a grande maioria das pessoas vai sentir uma melhora. E ao longo de duas a três semenas, a grande marioria já melhora completamente", diz.
Medicamentos e recuperação
Além do corticoide, citado por Kátia Blume, medicamento muito utilizado durante a fase aguda da doença para auxiliar na redução e tempo de duração dela, outro medicamento costuma ser prescrito. "Como essa doença afeta também o movimento de piscar os olhos, a mucosa do olho pode ficar muito ressecada e, com isso, aumentar o risco de complicações oculares. Então é muito importante usar também colírios lubrificantes", destaca Felipe.
A boa notícia é que a grande maioria das pessoas vai se recupar, garante o especialista. "Mas, infelizmente, existe uma pequena parcela que pode não melhorar ou continuar piorando após 10, 14 dias. Para esse grupo de pessoas, é importante realizar uma investigação mais aprofundada. Por exemplo, fazer alguns exames de imagem como a ressonância magnética, para excluir outros tipos de problemas e doenças que podem simular uma paralisia facial, como, por exemplo, um quadro de alguma lesão ou tumor no território do nervo facial", alerta.
"Feita toda essa investigação e constatar que não encontrou nenhuma outra lesão que justifique e que seja realmente a paralisia de Bell, naquele grupo de pessoas que realmente não melhorou, a gente dispõe uma técnica cirúgica, onde é feita a retirada de uma posição de um nervo, que vai para a língua, e esse nervo é conectado ao nervo facial. Fazendo isso, aliado à uma reabilitação com fisioterapia, o resultado costuma ser bom e as pessoas que ficariam com uma sequela grave, conseguem apresentar uma melhora importante nessa assimetria, tendo uma melhor qualidade de vida", diz o neurogirurgião.